EUA avançam em 1º teste de Alzheimer

Exame revela formação de placas no cérebro que indicam o desenvolvimento da doença, antecipando o diagnóstico.
Um comitê consultivo da FDA (Federation Drugs Administration, da sigla em inglês para a agência americana que regula remédios e alimentos) recomendou na semana passada a aprovação do primeiro teste para doença de Alzheimer. Trata-se de um exame de imagem que mostra as placas no cérebro que causam a doença. Até agora, as placas só podem ser vistas em autópsias. A aprovação pondera que os radiologistas devem entrar em consenso sobre o que dizem os exames e os médicos devem ser treinados para lê-los.
A FDA geralmente segue as indicações do comitê, e especialistas em Alzheimer afirmam que o exame seria aprovado. As condições colocadas pelo órgão não devem trazer empecilhos, segundo Daniel Skovronsky, diretor-executivo da empresa Avid Ra­­diopharmaceuticals, que produziu o exame. “Nós não sabemos exatamente o que a FDA vai querer”, disse Skovronsky. “Mas esse tipo de consenso deve levar meses, não anos.”
As placas fazem parte do critério de diagnóstico do Alzheimer – se uma pessoa com problemas de memória não tem essas placas, ela não é portadora da doença. Mas, sem as imagens, o único modo de detectar a presença delas é por meio de autópsia. “Será um grande avanço”, diz Pierre N. Ta­­riot, diretor do centro de distúrbios da memória do Banner Alzhei­­mer’s Institute, em Phoenix, EUA.
Irreversível
O teste consiste no uso de um corante que se fixa à placa no cérebro, tornando-a visível em tomografias. Esses exames teriam muita importância em uma situação comum e problemática – tentar fazer o diagnóstico quando ainda não está claro se os problemas de memória do paciente são decorrentes do Alzheimer ou de outro fator. Mesmo se a pessoa for diagnosticada como portadora da doença de Alzheimer, ainda não há tratamento que retarde ou reverta o seu avanço, embora novas drogas estejam sendo testadas para diminuir essas placas.
Os médicos afirmam que ter um diagnóstico é importante para compreender o que está por vir. Também é importante para que os familiares do paciente saibam da doença, já que o risco de desenvolver o Alzheimer é maior se seus pais ou irmãos são portadores. O parecer do comitê “foi um grande passo”, diz Reisa Sperling, diretora do centro de pesquisa em Alzheimer do Brigham and Women’s Hospital, de Boston, EUA, acrescentando que, com esses exames, os médicos não mais farão suposições sobre os dados clínicos.
Intuição
O problema envolvendo a interpretação dos indicativos surgiu porque, no estudo da Avid, radiologistas não estabeleceram um limite para determinar quando a pessoa tem um volume significativo de placas. Em vez disso, foram feitas análises em níveis. O que é necessário, na prática, é estabelecer um ponto capaz de dizer “sim” ou “não”, e distinguir entre o que seriam quantidades significativas ou não de placas. A empresa deve provar ainda que o critério é preciso e que diferentes radiologistas interpretam o mesmo exame da mesma forma.
Algumas pessoas têm placas, mas não são portadoras de Alzheimer. Então, se o exame acusar a existência delas, os médicos devem usar seu julgamento clínico ao decidir sobre os resultados, levando em conta os sintomas do paciente, segundo P. Murali Doraiswamy, pesquisador do Alzheimer na Universidade Duke e investigador clínico dos testes realizados pela Avid. Mas, se o exame não indicar a formação de placas, a solução é mais simples, afirma Doraiswamy. Significa que os médicos devem procurar outras causas para os sintomas. “Essa técnica vai permitir que médicos de família se sintam mais confiantes ao apontar o Alzheimer”, disse. “Até agora, nós tínhamos que intuir se alguém tinha placas.”
Em 2008, um comitê da FDA afirmou que, para a aprovação do uso do pigmento, a empresa deveria mostrar que os exames estavam detectando as mesmas placas encontradas na autópsia.
A Avid fez esses testes usando pessoas próximas da morte que concordaram tanto em ter as imagens da tomografia colhidas quanto as autópsias em seus cérebros. A empresa também testou jovens que, presumivelmente, não teriam essas mesmas placas no cérebro. Os exames não acusaram a existência delas entre esses jovens.
Marco
A expectativa para a aprovação do novo teste é grande. Até mesmo Norman Foster, professor de neurologia na Universidade de Utah e consultor da GE Heatlhcare, que também está desenvolvendo um exame próprio para detectar as placas, pediu a aprovação do procedimento da Avid. “Médicos ainda têm pouca confiança na própria habilidade de determinar a causa da demência e, como resultado, eles muitas vezes nem arriscam”, diz. Com isso, famílias são deixadas no limbo, sem condições de planejar o futuro ou saber se o problema que têm é Alzheimer ou, se não, acabam demorando para procurar tratamento. “Os custos preventivos são enormes”, afirma Foster. “O preço emocional é incalculável”.
O professor cita os casos de três pacientes que vinha atendendo nas últimas duas semanas e que tinham se beneficiado do exame. Um deles era um homem de 70 anos com problemas de memória e depressão. Ele foi diagnosticado como depressivo, mas só quando passou dois anos piorando ficou claro que provavelmente era portador de Alzheimer. “Eu gostaria de ter tido a capacidade de fazer um exame como esse para um diagnóstico mais precoce”, afirma Foster. “A aprovação seria um avanço histórico na neurologia e no cuidado diário de pacientes com queixas de falta de memória”. Com a recomendação do comitê, Doraiswamy afirma: “É um marco no nosso campo”.
Fonte: Gazeta do Povo – Vida e Cidadania

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