Sessão de cinema: "Dá pra fazer"


Imagine um hospital psiquiátrico na década de 70 na Itália. Imagine dezenas de pacientes crônicos que se limitavam à rotina monótona de um manicômio, que tomavam altas doses de remédios e aguardavam a vida passar. Agora imagine um sindicalista irrequieto, que fora designado a realizar alguma atividade com este grupo de pacientes para torná-los mais produtivos. É provável que este cenário possa render um bom filme e, sobretudo, uma grande lição de vida?

Pois, o que este filme propõe é uma reflexão profunda sobre os nossos preconceitos, de como é possível apostar na mudança e na superação de pessoas que aparentemente não têm passado, presente ou futuro. De como a vida, mesmo momentaneamente apagada, sem luz, sem esperança, é capaz de desabrochar em novas possibilidades, revelando realidades antes improváveis, mas capazes de ressignificar a vida de pessoas que podem resgatar a esperança, a alegria e a pulsão por vida, amor e dignidade.

E quais os ingredientes desta fábula, baseada em fatos reais? Um líder, uma pessoa disposta a estimular os outros a encontrar seus próprios potenciais, um ambiente livre de preconceitos, cheio de esperança, que permita a cada um encontrar dentro de si um sentido para permanecer vivo, para se recuperar dos males que acreditava tolir sua liberdade e capacidade de expressão, buscar uma boa razão para continuar sua caminhada, enfim, viver plenamente como qualquer outra pessoa comum.

Este filme traz uma lição de vida, nos faz refletir sobre as diferenças e como elas podem abrir novas oportunidades, antes imprevisíveis, porém deslumbrantes a medida que a pessoa decide desbravá-las. Nos faz apostar num futuro aberto, melhor, mais promissor para os que sofrem de algum transtorno mental. Nos faz engolir nossos estereótipos e estigmas e rever todo um sistema que ainda insiste em prevalecer entre nós como uma forma de “tratamento” dos pacientes com algum transtorno mental. Como o filme diz, “dá pra fazer”, desde que se esteja disposto a assumir um novo paradigma, uma nova compreensão e uma nova maneira de tratar e lidar com a pessoa com transtorno mental.

Bom filme!

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