Presidenciáveis ignoram a saúde mental

Leiam a carta da Associação Brasileira de Psiquiatria sobre a omissão dos candidatos a presidente em relação aos temas da Saúde Mental. Em agosto o Portal Entendendo a Esquizofrenia enviou carta aos candidatos e somente Plínio Sampaio (PSOL) respondeu às perguntas sobre a assistência psiquiátrica no Brasil. A entrevista dele está aqui no blog e também no Portal!
Provocados pela ABP, os candidatos à presidência mais bem colocados nas pesquisas se omitiram em relação aos seus planos para a saúde mental.
Prestes a eleger um novo Presidente da República, a população brasileira tem o direito de conhecer as propostas de quem se apresenta como seu possível representante durante os próximos quatro anos. Dentro deste raciocínio e para garantir que os seus associados tenham o maior número de informações no que diz respeito às ideias referentes às políticas públicas de saúde mental, a Associação Brasileira de Psiquiatria entrou em contato com os três candidatos que atualmente lideram as pesquisas de intenção de votos: Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva.
Ciente dos compromissos que envolvem os candidatos em uma campanha presidencial foi elaborada uma entrevista com perguntas diretas para, ao mesmo tempo, abordar os principais temas de interesse da Psiquiatria e permitir ao candidato praticidade para atender à solicitação da ABP. O questionário indagou sobre os planos de cada um para melhorar a assistência em saúde mental em geral, suas propostas específicas para o tratamento do crescente número de dependentes em drogas (lícitas e ilícitas), além da avaliação sobre o atual cenário do setor.
Mesmo com a insistência, nenhum candidato se prontificou a abordar o tema. Silenciar-se sobre a omissão destes candidatos, que pretendem liderar o Brasil em seu crescimento em todas as esferas sociais, seria tão, ou mais, preocupante que o silêncio dos presidenciáveis. É obrigação da Associação Brasileira de Psiquiatria representar seus 6 mil associados e fazer valer a sua voz para contribuir para a elaboração e aperfeiçoamento de uma política pública eficaz à prática profissional dos médicos psiquiatras e aos doentes mentais.
Cumprindo com o seu papel, o presidente da ABP, João Alberto Carvalho, se posicionou quanto a insensibilidade dos candidatos com relação ao tema. “A falta de resposta dos candidatos é apenas um sinalizador de como a assistência em saúde mental recebe pouca atenção do Estado. Esta não é a atitude esperada por aqueles que almejam alcançar uma posição de cunho democrático”, lamentou.
“Faz parte da nossa consciência que o papel de uma instituição médica não se limita a defender interesses profissionais. É nossa obrigação também atuar para a melhoria da saúde da população. Infelizmente, como é possível perceber, os verdadeiros responsáveis por oferecer cidadania aos brasileiros estão menos preocupados do que os psiquiatras com o bem-estar da sociedade”, diz João Alberto Carvalho.
Contudo, o presidente da ABP garante que a instituição não pode se afastar do debate político e insistir em sua permanente luta para aperfeiçoar as políticas públicas relacionadas à saúde mental.
Ele lembra que nos últimos anos a instituição tem lutado pela construção de uma rede de atendimento integrada, balanceada e hierarquizada, como a preconizada pela Organização Mundial de Saúde. Alerta para a importância da atenção primária, aponta equívocos e soluções no tratamento de dependes químicos e discute meios mais efetivos de financiamento, entre outros pontos. Essa discussão, aliás, foi levada ao Ministério Público diante da indiferença do Governo. “Sobretudo sempre procuramos restabelecer o debate pautado por critérios técnicos”, resume o presidente da ABP.
Infelizmente, a omissão dos principais candidatos à presidência sobre o assunto não é um bom sinal.
Fonte: Associação Brasileira de Psiquiatria

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