Tal pai, tal filho?

Duas reportagens recentes abordaram o efeito que quadros psiquiátricos nos pais podem ter sobre os filhos, trazendo consequências negativas para a saúde mental dos pequenos, seja já na infância ou, posteriormente, na adolescência e vida adulta. Vale a leitura e a reflexão.

Pais depressivos batem mais em crianças de até um ano

Depressão pós-parto da mãe e desemprego do pai são as causas do comportamento violento

Pais depressivos tendem a bater muito mais em seus filhos pequenos do que os pais que não sofrem do problema. Uma pesquisa divulgada nesta semana apontou que ao menos 40% dos pais que sofrem da doença batem nos filhos de até um ano, contra 13% dos pais que não apresentam a depressão. O estudo foi divulgado no jornal Pediatrics.

Uma das causas apontadas, segundo o autor do estudo, Neal Davis, da Universidade de Michigan, indica problemas de depressão pós-parto e a depressão pela falta de emprego.

– A depressão entre pais está fortemente vinculada às taxas de desemprego, que são muito maiores agora do que uma década atrás.

E a depressão pós-parto, mais comum em mulheres, tem potencial de atingir até 25% delas após o parto, segundo estimativas. Nos casos mais graves, levam a comportamentos extremos, que fazem as mães matarem os próprios filhos.
O resultado partiu de uma análise de dados de 1.746 pais extraídos de um exame realizado em 16 grandes cidades dos EUA, entre os anos de 1999-2000. Os homens foram questionados sobre sintomas de depressão, hábito de bater nos filhos e suas interações com crianças de até 1 ano.

Globalmente, 7% deles já tinham expressado sintomas recentes de depressão.

A Academia Americana de Pediatria e especialistas em desenvolvimento infantil advertem contra bater em crianças de qualquer idade. Outros estudos têm mostrado que as crianças que são espancadas correm risco de serem abusadas fisicamente e se tornarem agressivas.

Os pesquisadores disseram que palmada é especialmente preocupante em crianças, porque a medida corretiva tem muito mais chance de machucar a criança, sem ajudar, de fato, em sua educação. “[as crianças] não conseguem entender a conexão entre seu comportamento e a subsequente punição”, diz Davis. Fonte: R7.com


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Depressão de pais pode prejudicar os filhos

Pais deprimidos podem ser negativos em relação aos seus filhos, fazendo com que eles se estressem mais facilmente.

A descoberta foi feita em um estudo que tinha como objetivo analisar a relação entre o temperamento nos primeiros anos de vida da criança e os riscos de desenvolvimento de depressão. Como a depressão infantil é uma doença rara nos anos iniciais, as crianças começaram a participar do estudo quando tinham três anos, para que os cientistas pudessem acompanhar o desenvolvimento da doença caso ela surgisse.

Como no período inicial do estudo nenhuma das crianças apresentava sinais de depressão, os cientistas fizeram experimentos para medir como situações estressantes as afetavam. Intercalando os experimentos com jogos e atividades divertidas, os pesquisadores analisaram o comportamento dos participantes enquanto eles lidavam com o estresse ou a frustração. Em um teste, a criança era deixada sozinha em uma sala onde entrava um homem estranho que tentava conversar com ela. Em outro, ela recebia uma caixa transparente com um brinquedo trancado dentro e um molho de chaves que não tinha a chave que podia abrir a fechadura. Após os experimentos os pesquisadores mediram os níveis de cortisol – o hormônio do estresse – em amostras de saliva das crianças.

As mães foram mais presentes no estudo. Poucos pais participaram do estudo, e por isso não foi possível analisar bem como eles lidavam com seus filhos. As mulheres foram avaliadas enquanto interagiam com a criança em atividades e tarefas. Atenção especial foi dada a qualquer hostilidade que a mãe dirigisse à criança, como comentários negativos ou sinais de raiva e frustração.

Os resultados dos testes mostraram que as crianças que tinham os níveis mais altos de estresse eram filhas de mães que tiveram depressão nos primeiros três anos de vida do filho. As crianças de mães que tinham comportamentos hostis durante as atividades compartilhadas apresentaram o mesmo resultado.

O estudo sugere uma abordagem das formas como a depressão dos pais pode afetar a criança e até mesmo levá-la a desenvolver a doença. A co-autora da pesquisa Lea Dougherty, da Universidade de Maryland, acha que a descoberta é “bem esperançosa, porque se nós nos concentramos nos cuidados dos pais, nós podemos realmente intervir cedo e ajudar pais com depressão crônica quando eles têm filhos”. Fonte: UOL

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