Estigma e violência.
O estigma é a carga mais pesada que uma pessoa com doença mental carrega. O estigma afeta oportunidades de moradia, emprego e socialização. Apesar dos esforços em seu combate, permanecem pouco explorados os motivos que levam a ele.
Uma constatação inicial é de que o estigma contra as pessoas com doenças mentais aumentou nos últimos 50 anos. Pesquisadores norte-americanos compararam as concepções da população geral sobre a doença mental nos anos de 1950 e 1996 e verificaram que, apesar de uma maior compreensão em 1996, as pessoas tinham mais preconceito do que em 1950. Quando eles compararam com a situação de 2006, viram que os avanços da ciência que fizeram da década de 90 a “década do cérebro” ajudaram a reduzir a discriminação, porém o estigma continuava alto entre os americanos. Embora a neurociência seja uma ferramenta importante para o combate ao estigma, os índices de discriminação permanecem relativamente fixos na população.
Uma razão para isso parece ser a associação entre doença mental e violência. Os estudos que mostraram um aumento do estigma também identificaram um aumento na percepção da violência de doentes mentais pela população. Surpreendentemente esta não parece ser a razão para o estigma na década de 50, já que os estudos demonstraram que a principal razão para a discriminação nesta época era a falta de informação e não a sensação de perigo em relação aos pacientes.
Reportagens de jornais relacionando crimes a doentes mentais têm aumentado muito nas ultimas décadas e isto contribuiu para alimentar esta sensação na sociedade. A associação entre um crime de grande repercussão e a doença mental produz um rótulo muito forte nas pessoas e destrói todos os avanços que uma campanha anti-estigma de uma década poderia alcançar, constatam alguns pesquisadores.
Os episódios de violência cometidos por pessoas mentalmente enfermas são raros quando comparados à violência cotidiana, porém quando ocorrem tem uma repercussão muito maior. O comportamento agressivo pode ocorrer no início de um episódio psicótico e normalmente está associado à falta de tratamento e suporte psicossocial.
Um estudo com 802 pacientes mostrou que os violentos tinham quase duas vezes mais chance de não terem aderido ao tratamento do que os não violentos. Vários estudos confirmaram que o tratamento com antipsicóticos reduz o comportamento agressivo nos pacientes. O reconhecimento e o tratamento precoce dos pacientes podem ser, portanto, medidas úteis tanto para reduzir os casos de violência associados à doença mental como para combater o estigma na sociedade.
Campanhas anti-estigma têm repetido sistematicamente constatações verdadeiras de que “a maior parte dos atos violentos não são cometidos por pessoas mentalmente enfermas”, “pacientes são mais vítimas do que atores de algum tipo de violência” e “a maioria dos pacientes não é violenta”, porém esta estratégia não tem sido eficaz para reduzir o estigma na população. Estas afirmações não contradizem ou negam o fato de que uma minoria dos pacientes pode se tornar violenta se não for tratada e esta minoria é uma causa importante do estigma contra os doentes mentais.
Após a deputada Gabrielle Gifford ser baleada em Tucson, Arizona, por um homem que saiu atirando a esmo, uma mulher esquizofrênica escreveu para o presidente Obama: “Eu estou muito preocupada com o problema das pessoas com doença mental grave que não são tratadas neste país. Quando violentas, elas mancham a nossa reputação. Eu sinto isto na pele… Por favor, cuide para que tragédias como esta não se repitam.”
No Brasil, o assassinato de 12 crianças numa escola em Realengo, no Rio de Janeiro, e a conclusão infundada e precipitadamente divulgada pela mídia de que o assassino seria esquizofrênico causou reação semelhante. O portal recebeu algumas mensagens de pacientes e familiares, alguns repudiando o diagnóstico do assassino e outros preocupados com o efeito que o episódio teria sobre o estigma contra os doentes mentais.
O Jornal O Globo traz uma reportagem de capa em que afirma que peritos concluíram que o atirador Anders Breivik, que matou 77 pessoas na Noruega em julho deste ano, seria esquizofrênico.
O Estado precisa cuidar dessas pessoas que estão em risco, oferecer apoio e tratamento antecipando-se a possíveis tragédias. Seria uma maneira de prevenir que crimes cometidos por pessoas mentalmente doentes ocorram e ganhem a mídia. Dificilmente campanhas anti-estigma terão sucesso diante do efeito que notícias como estas têm sobre as pessoas.
→ Fonte: este texto foi baseado no artigo publicado na revista Schizophrenia Bulletin “Stigma and Violence: Isn´t it time to connect the dots?” por E. Fuller Torrey em setembro de 2011.
É de extrema urgência e importancia que façam pesquisa a nível da saúde mental nós portadores de transtorno mentais vivemos com o estigma da doença e no meu casos e de muitos sofremos dentro da própria familia esse preconceito e discriminação que agora tem nome “PSICOFOBIA”.Preciso de apoio para levar ao Senado minha historia que é em nome de tantas outras que existe no mundo afim de que aprovem a emenda 472 do Código Penal onde criminaliza a Psicofobia.A associação Brasileira de Psiquiatria promove uma campanha mas é talvez muito mal divulgada ou não levada a sério afinal não somos lixo humano.Aqui na Bahia já denunciei no Ministério Publico mas descaracterizam e desqualificam meus processos.Viver com a exclusao familiar ser impedida de conviver com os filhos e agora minha neta de 07 anos é pior que conviver com as limitações do trasntorno bipolar;Toc etc tão divulgado na mídia pelos artistas Roberto Carlos; Maurico Matar;Rita Lee;Cassia Kiss e outros.NÃO SOMOS A DOENÇA SOMOS PESSOAS… Tem a lei 10.216/2001 que não esta sendo respeitada e os CAPS aqui na BAHIA não tem psiquiatras suficientes que atendam a demanda.É obrigação do Poder Publico que implante meios que supra essa carência.Afinal somos discriminados por não ter psiquiatra nos tratam como se fossemos um perigo para a familia e para a sociedade.A Saúde Mental no Pais esta na UTI…um caos é preciso levar a sério afinal ninguém esta livre de um surto psicótico nesse mundo cheio de exigencias violência e injustiças.Vanuzia Carneiro 48 anos Salvador Bahia Brasil (vanuziacarneiro@gmail.com) (71)9199-1354 tim “CAMPANHA CONTRA A PSICOFOBIA”