24 de Maio: por mais engajamento social para a recuperação da esquizofrenia.
O Recovery enquanto movimento que muda a concepção de recuperação da esquizofrenia oferece um novo paradigma com marcas profundas e inovadoras, desafiando abordagens tradicionais que tratam a subjetividade como uma questão puramente individual ou experiencial. Em vez disso, propõe que a subjetividade deve ser compreendida dentro de um contexto social e experiencial, argumentando que as narrativas de recuperação não são apenas relatos pessoais, mas também manifestações de experiências sociais que moldam a identidade e a agência dos indivíduos.
Abordagens fenomenológicas e narrativistas que podem minimizar o papel ativo dos indivíduos na construção de suas identidades devem ser vistas com cautela e dentro de um contexto social amplo. Essas abordagens, ao focarem demasiadamente na experiência vivida ou na coerência narrativa, podem ignorar a complexa interação entre o indivíduo e o contexto social mais amplo em que ele está inserido.
A questão da “autoridade da primeira pessoa”, um conceito que, segundo autores, deve ser ampliado para incluir não apenas estados mentais individuais, mas também a autoridade do indivíduo enquanto pessoa que interage com o social. Isso significa que as pessoas em recuperação têm a capacidade de influenciar e transformar as normas sociais, mesmo enquanto lutam com seus próprios desafios internos.
A noção de uma “gramática da recuperação” é central para o argumento. Esta gramática é vista como um conjunto de regras sociais que governa como a recuperação é entendida e vivida, permitindo que os indivíduos articulem suas experiências de maneira que faça sentido tanto para eles quanto para os outros. Isso implica que a recuperação não é simplesmente um retorno a um estado anterior de saúde mental, mas um processo de redescoberta e reconstituição do eu em colaboração com o ambiente social.
Por fim, a compreensão da recuperação, enquanto Recovery, da esquizofrenia pode fornecer insights valiosos sobre a natureza da subjetividade humana em geral, destacando a importância das interações sociais e das instituições na formação da identidade pessoal. Essa perspectiva pode enriquecer tanto o campo da filosofia quanto o da prática clínica, promovendo abordagens mais holísticas e inclusivas no tratamento de doenças mentais graves. Com a palavra os sujeitos que sofrem, mas, sobretudo, a voz das comunidades das quais fazem parte!