Excesso de calmantes camufla doenças mentais graves e crônicas.
O uso crônico, por conta própria e em doses crescentes de calmantes (benzodiazepinas, como Rivotril, Lexotan, Valium, Frontal, dentre outros) é frequente entre pessoas da terceira idade e pode esconder sintomas e um passado de doença mental não tratada adequadamente, representando um risco para essa população, que além de não ter o tratamento adequado, possui risco maior de declínio cognitivo (memória e atenção), crises de abstinência (como tremores e confusão mental) e quedas (gerando fraturas).
Sra X, 70 anos, chega ao consultório muito ansiosa, trêmula e um pouco confusa, sem conseguir precisar a temporalidade de seus relatos. Visivelmente angustiada e deprimida, conta ter tido dois episódios depressivos ao longo de sua vida, tratados pontualmente com antidepressivos, mas que foram interrompidos por conta própria. O único medicamento que manteve desde aquela época (já fazem 20 anos) foi o Rivotril. Foi precisando aumentar a dose com o tempo e o fez por conta própria, tentando buscar alívio para a ansiedade. Chegou a usar 4 comps ao dia de 2mg e hoje vem usando em média 2 comps ao dia, embora às vezes use mais ou passe alguns dias sem usar. Além das queixas emocionais, a paciente referia sentir muitos tremores de extremidades, dificuldade de equilíbrio, algumas quedas sem gravidade e muitas alterações de memória. Indagada como conseguia as receitas de Rivotril, dizia pedir a médicos de pessoas da família ou que conseguia comprar algumas vezes na farmácia sem receita.
O relato acima é real, embora tenhamos preservado a identidade da paciente. A frequência que esses pacientes comparecem ao consultório é assustadoramente frequente. Estamos aqui nos referindo a faixa-etária mais idosa, que tem menor resistência a esse tipo de medicamento, mas isso se aplica a faixa-etárias mais jovens, como 4a e 5a décadas de vida. O problema sempre envolve três questões fundamentais: (1) o uso crônico de calmantes por conta própria adia a procura pelo tratamento adequado, camuflando os sintomas, sem tratá-los; (2) como os calmantes geram dependência, o paciente vai sentindo necessidade de doses maiores e aumentando por conta própria, quase sempre variando dosagens e fazendo interrupções de uso que podem provocar síndrome de abstinência, geralmente com tremores, ansiedade, insônia e confusão mental; (3) o uso prolongado dos calmantes provoca alterações cognitivas, deixando a pessoa mais esquecida e desatenta, menos capaz para realizar as atividades do dia-a-dia.
O desafio no tratamento desses pacientes é múltiplo. Convencê-los sobre o tratamento da doença mental em questão, muitas vezes depressão, ansiedade ou bipolaridade, o que envolve usar medicamentos mais estigmatizados, como antidepressivos, estabilizadores de humor e antipsicóticos (os pacientes leigamente entendem que os calmantes são menos prejudiciais do que os outros medicamentos e, por isso, relutam muitas vezes em aceitar o tratamento). Tratar a dependência dos calmantes, que requer um desmame lento e progressivo ao tempo em que se introduz medicamentos mais específicos e eficazes para o caso. Isso exige organização, disciplina e aliança do paciente com o médico. Avaliar a capacidade cognitiva do paciente, que pode demorar a se reestabelecer depois da suspensão do calmante ou mesmo permanecer deficitária, uma vez que o uso crônico desses remédios aliado ao não tratamento das doenças mentais constituem fatores de risco para o desenvolvimento de déficits cognitivos permanentes ou progressivos, como a demência.
Esses pacientes precisam também com muita frequência do auxílio da família ou de cuidadores, para que o tratamento possa ser supervisionado cotidianamente, bem como de um acompanhamento psicoterápico, para lidar com conflitos que possam estar por trás do uso abusivo de calmantes.
Portanto, as lições de casa deste artigo são: se você conhece alguém (ou se você é a pessoa) que usa calmantes (ou tranquilizantes ou benzodiazepínicos ou remédios de tarja preta) sem prescrição e supervisão médica, alerte-o e sugira que ele procure um psiquiatra. Provavelmente ele (ou no caso você) possui uma doença mental não diagnosticada e não tratada! Caso persista nesse uso, informe-se sobre os riscos de não estar fazendo o tratamento adequado, como risco de déficit cognitivos e demência a longo prazo (que talvez não seja tão longo assim!), de sofrer acidentes ou quedas ou de síndromes de abstinência. Procure um psiquiatra para uma avaliação.
Pink Champagne: nova droga parece cristais rosa e já faz vítimas.
Um novo tipo de droga vem preocupando muitos pais no Reino Unido, mais precisamente em Manchester. Chamada Pink Champagne (“Champanhe Rosado”, em tradução livre), a variação do ecstasy já fez vítimas na cidade localizada no interior da Inglaterra.
De acordo com uma reportagem da BBC, dez jovens foram internados e um faleceu. Tudo isso em apenas um único final de semana de junho. Pode parecer um número pequeno, mas não é. Ainda mais quando lembramos que, pelo menos, 20 milhões de pessoas no mundo consumiram alguma variedade de anfetamina do tipo MDMA, muito utilizada em baladas, apenas em 2016. A informação é do relatório mais recente realizado pelo Escritório da ONU contra as Drogas e o Crime.
Assim como outras variações do ecstasy, o Pink Champagne causa uma sensação de euforia momentânea em quem toma. A pessoa se sente feliz, desinibida, com o coração batendo forte. Isso, contudo, já pode ser considerados sintomas de um possível ataque cardíaco. “Uma vez que a temperatura do corpo ultrapassa os 42º C, os órgãos param de funcionar e pode ser difícil que a pessoa se recupere”, explicou o psiquiatra Adam Winstock, fundador da organização Global Drug Survey, também em entrevista a BBC.
Anfetaminas são consideradas drogas sintetizadas modernas, pois seu auge se deu nos anos 60. Náuseas, desidratação, hipertermia e hipertensão são algumas das consequências imediatas do uso, que, a longo prazo, pode desencadear depressão e até esquizofrenia.
A última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar, divulgada pelo IBGE, em 2016, mostra que a taxa de jovens entre 13 e 15 anos que usaram drogas ilícitas aumentou de 7,3% para 9%. Na internet, é possível encontrar manuais para o uso seguro de MDMA, falando que o jovem deve usar a “bala” apenas em festas e tomar bastante água. Contudo, não existe consumo seguro de nenhuma droga, em especial das sintéticas, que causam dependência de maneira variada de pessoa para pessoa. Por ser vendido em forma de cristais, fica ainda mais difícil dosar a quantidade ingerida do ”Champanhe Rosado”, o que é bastante preocupante.
Fonte: Capricho, Ed Abril
Qualidade de genéricos no Brasil preocupa, diz CFM.
Que precisamos ter cuidado com medicamentos genéricos no Brasil, não é nenhuma novidade. Mas um órgão como o Conselho Federal de Medicina fazer o alerta através de seu portal e na revista distribuída aos médicos de todo o país é sim um fato que merece destaque! Precisamos cobrar da ANVISA maior rigor na fiscalização e o cidadão precisa denunciar genéricos de má qualidade. O telefone da ANVISA é:0800 642 9782 e o site: http://portal.anvisa.gov.br/central-de-atendimento
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A eficácia dos medicamentos genéricos produzidos no Brasil é tema de preocupação para o Conselho Federal de Medicina (CFM). O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou, em outubro de 2016, o resultado de uma auditoria realizada por solicitação do Congresso Nacional (PFC 170/2014) com base em “denúncias de profissionais de saúde e de consumidores no sentido de que a eficácia do medicamento genérico seria limitada”.
As queixas informavam, inclusive, a “necessidade de substituição dos genéricos, no meio do tratamento, por não surtirem os efeitos esperados para os princípios ativos”. Sob relatoria do ministro Bruno Dantas, a auditoria concluiu que há fragilidades no monitoramento e fiscalização realizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) dos medicamentos comercializados no País.
“É de extrema relevância termos à disposição da população múltiplos laboratórios produzindo o mesmo medicamento, que é o caso dos genéricos. No entanto, só há de fato benefício se todos os remédios disponíveis no mercado cumprirem sua função no tratamento do paciente, se efetivamente tiverem qualidade”, ressalta Hermann von Tiesenhausen, 1º secretário do CFM.
Cancelamentos
Em nota recente, publicada em resposta a notícias sobre medicamentos genéricos, a Anvisa afirmou manter seu posicionamento: “os medicamentos genéricos a que os brasileiros têm acesso são seguros”. Dados da própria autarquia revelam que, de janeiro de 2000 a agosto de 2016, 4.661 medicamentos genéricos foram registrados no País. Contudo, desse total, 861 foram cancelados, restando 3.800 medicamentos genéricos de 114 empresas detentoras de registros válidos no Brasil.
De acordo com a Anvisa, as principais vantagens dos genéricos são: “disponibilizar medicamentos de menor preço, uma vez que o medicamento genérico deve ser, no mínimo, 35% mais barato que o medicamento de referência; reduzir os preços dos medicamentos de referência, com a entrada de medicamentos concorrentes (genéricos); contribuir para aumento do acesso a medicamentos de qualidade, seguros e eficazes”.
Critérios
O medicamento genérico deve conter os mesmos princípios ativos, forma farmacêutica, dose, via de administração, posologia e indicação terapêutica do medicamento de referência, sendo, assim, intercambiável por garantir a mesma eficácia e segurança. Para entrarem no mercado, os genéricos são submetidos a testes em laboratórios credenciados pela Anvisa afim de confirmar a bioequivalência (conter idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípio ativo) e comparável biodisponibilidade (velocidade e extensão de absorção de um princípio ativo a partir de sua curva concentração/tempo na circulação sistêmica ou sua excreção na urina).
FONTE: CFM
Instagram é a pior rede para a saúde mental dos adolescentes.
As redes sociais mais populares são fonte de inumeráveis benefícios e vantagens para seus usuários, mas também geram efeitos colaterais pouco saudáveis. Um novo estudo, realizado entre jovens britânicos, aborda um problema muito particular: o bem-estar e a saúde mental dos usuários de tais serviços. Segundo esse trabalho, o Instagram poderia acabar sendo a rede social mais nociva entre os adolescentes, por seu impacto na saúde psicológica dessa faixa etária mais vulnerável. Atrás dele, embora também com notas negativas, estariam Snapchat, Facebook e Twitter. A única rede avaliada positivamente é o YouTube, o portal de vídeos da gigante Alphabet.
“O Instagram leva facilmente meninas e mulheres a sentirem que se seus corpos não são suficientemente bons”, denuncia um dos jovens
“Os jovens que passam mais de duas horas por dia em redes sociais como Facebook, Twitter e Instagram estão mais propensos a sofrerem problemas de saúde mental, sobretudo angústia e sintomas de ansiedade e depressão”, diz o estudo, realizado pela Real Sociedade de Saúde Pública do Reino Unido e pela Universidade de Cambridge. Para analisar o possível impacto sobre a juventude britânica, os especialistas estudaram as atitudes de 1.500 indivíduos de 14 a 24 anos nessas redes.
Foram levados em conta 14 fatores, tanto positivos como negativos, nos quais as redes sociais poderiam impactar a vida dessa faixa etária, na qual a personalidade ainda está em formação. O Instagram foi reprovado em sete desses aspectos, pois os jovens reconheciam que esse aplicativo de compartilhamento de fotos afeta muito negativamente a sua autoestima (imagem corporal), as horas de sono (algo associado a vários transtornos decorrentes de dormir pouco) e seu medo de ser excluído de eventos sociais (conhecido pela sigla inglesa FoMO). Além disso, consideram que o Instagram estimula o assédio digital, gera ansiedade e, em menor medida, sintomas depressivos e sensação de solidão.
“O Instagram leva facilmente meninas e mulheres a sentirem que se seus corpos não são suficientemente bons, enquanto as pessoas adicionam filtros e editam suas imagens para que pareçam perfeitas”, afirma um dos jovens estudados. “O assédio digital anônimo sobre temas pessoais através do Twitter me levou a me autolesionar e a ter medo de ir à escola. O assédio no Instagram me levou a tentar suicídio e também a me lesionar. As duas redes me fizeram experimentar episódios depressivos e ansiedade”, relata um menor de 16 anos que participou do estudo.
“Ser adolescente já é suficientemente difícil, mas as pressões que os jovens enfrentam on-line são sem dúvida exclusivas desta geração digital”, afirmam os autores
O Snapchat obtém notas quase tão negativas quanto o Instagram, embora seja mais prejudicial para as horas de sono e para a ansiedade social decorrente da exclusão de eventos sociais. No ranking negativo segue-se o Facebook, que é a rede mais propícia ao assédio, segundo o estudo. O Twitter melhora levemente as notas das redes anteriores e quase compensa seus efeitos negativos com suas contribuições positivas. O YouTube, finalmente, obtém a aprovação, porque seus efeitos tóxicos são mais escassos, conforme a pesquisa, salvo no caso das horas de sono – esse portal de vídeos é o que menos deixa os jovens dormirem.
Nem tudo é ruim nessas redes: seus aspectos mais positivos foram a capacidade de conscientização (sobretudo no YouTube), de expressão e busca de uma identidade própria (Instagram) e de criar comunidades e encontrar apoio emocional (Facebook).
“Ser adolescente já é suficientemente difícil, mas as pressões que os jovens enfrentam on-line são sem dúvida exclusivas desta geração digital. É de vital importância intervirmos impondo medidas preventivas", dizem as autoras do estudo. O relatório propõe algumas dessas medidas, como que os usuários recebam uma notificação do próprio aplicativo avisando sobre o excesso de uso, que a rede alerte quando uma foto for manipulada ou que sejam feitas campanhas de informação sobre esses riscos no âmbito escolar.
Fonte: El País
Jornalista narra em autobiografia como é conviver com a bipolaridade
Hoje, é comum ouvir piadinhas sobre bipolaridade. Mas o que significa ser bipolar? Talvez eu possa ajudar contando um pouco do que tenho passado até aqui. Em meu livro Me Diga Quem Eu Sou, falo um pouco de como é a minha experiência com este transtorno de humor. Fui diagnosticada aos 21 anos, mas já sofria de depressão intercalada com períodos de uma alegria sem razão de ser desde os 14. Tudo começou com a separação de corpos de meus pais; no entanto, desde muito pequenina, eu era bastante introspectiva. Na adolescência, mesmo passando por episódios de depressão em que afundava em minha cama, consegui ser a melhor de minha turma na escola.
Quando o médico me deu o diagnóstico de bipolar, disse que o meu caso era bastante sério. Contrariando qualquer timidez, meu primeiro surto (aos 21 anos) foi bombástico, com direito a prisão e dias e noites em claro pela paradisíaca Florianópolis, experimentando o delírio de me achar uma enviada divina. Inspirada no livro Do Jardim do Éden à Era de Aquarius, que lera aos 19 na casa de um colega do curso de Oceanologia em Rio Grande, me imaginava numa sociedade evoluída onde eu exterminaria o mal. Foram dias de um cansaço descomunal, em que perambulei insana pelas praias me envolvendo em situações perigosas e inusitadas.
Eu morava em Canoas e viajara com uma vizinha para Floripa. Ela, apavorada, chamou meu pai e ele foi me buscar de carro com uma amiga. Minha família não entendia o que estava acontecendo comigo e me internaram no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Depois de tudo, viria o retorno à realidade dentro do setor psiquiátrico e o recomeço. Assim aconteceu por inúmeras vezes. Era só observar os sintomas: pensamento acelerado, falta de sono e ideias absurdas recorrentes. Várias vezes, eu me expus sem a mínima noção de perigo e só saí ilesa nem sei como. A cada exposição, uma nova internação e um novo recomeçar. Assim foi em Florianópolis, onde, depois de tudo, até os policiais ficaram meus amigos.
Teve a vez em que dormi na praia de Canasvieiras e algumas amigas só foram me encontrar no outro dia pela manhã; o Carnaval em Pelotas, onde fui expulsa de um retiro espiritual e jogada na rua sozinha em plena madrugada; a noite em que escapei de três homens mal-intencionados por uma fração de segundos na praia do Cassino; ou quando, em surto, busquei pela minha sobrinha imaginária entre os jovens que se divertiam na noite de um final de semana em uma avenida movimentada da cidade. Meus surtos eram intercalados por períodos de sanidade em que eu voltava à faculdade de Jornalismo e me envolvia com questões sociais, como meio ambiente, direitos humanos e comunicação alternativa. Também nesses momentos eu buscava um mundo ideal e acabava me perdendo mais adiante em meus devaneios pelo fato de a realidade não corresponder ao que eu almejava.
Em certa ocasião, fui ao Rio de Janeiro e lá conheci uma turista alemã. Passeamos pela cidade sem que ela percebesse que eu estava surtada. Tempos depois, ela me mandou um cartão-postal. Respondi no meu inglês macarrônico, dizendo que na época eu estava maluca. Acho que ela não entendeu nada. Talvez porque eu estabelecia diálogos internos: explicando melhor, eu não falava dos meus pensamentos absurdos. Guardava-os para mim. Já imaginei que poderia me transformar num cavalo ou que entabulava um diálogo com uma baleia que, na realidade, era um imenso tronco de árvore. Já experimentei desde o frio numa cela de um hospital público até o conforto de uma piscina numa clínica particular. Os dois me privaram da liberdade. Tomei uma quantidade absurda de remédios, entre os quais o lítio se destacou. Passei por 10 internações e mais duas recentemente, com um intervalo de 10 anos.
Nesse intervalo, conheci meu marido, que tem sido meu grande companheiro nesta caminhada. As duas internações mais recentes foram muito doloridas, e ele sempre esteve ao meu lado. Fizesse chuva ou sol, nunca faltou a nenhuma visita. Precisei trocar de medicação, porque o lítio estava me intoxicando. Meu humor ficou instável e acabei discutindo com uma colega no trabalho. Aquele acesso de raiva ia contra tudo o que eu buscava naquele momento, inspirada em ideias de amor e compaixão do budismo. Eu passara por um intervalo de 10 anos em uma condição estabilizada e achava que tudo estava se encaminhando para um futuro de sanidade. Mas, de repente, tudo mudou.
Após essa discussão, me senti muito frágil e comecei a ter sentimentos de perseguição. Eu me afastei do trabalho, tomei uns comprimidos a mais e fui internada pela 11ª vez. Meu marido fez questão de me internar numa ala privada para que eu não tivesse que conviver com as usuárias de crack. Recebo alta, volto ao trabalho, mas o sentimento de perseguição continua e sou internada pela 12ª vez após ingerir comprimidos com um litro de vinho tinto seco. Meu marido me leva desacordada para o Pronto Socorro e fica ao meu lado até eu despertar. Volto mais uma vez ao trabalho, mas não consigo me adaptar. Estou com 50 anos e surge a possibilidade de eu me aposentar. Este não é o destino que imaginei para mim, mas a minha bipolaridade se mostrou muito séria.
Quando escrevi Me Diga Quem Eu Sou, estava num momento bom de minha vida. Sei de pessoas com este transtorno de humor que têm uma vida relativamente normal desde que bem medicados. Eu também fui assim. Hoje tomo Aripiprazol e Depakene (ácido volproico). Estou até bem do ponto de vista químico, mas emocionalmente me sinto bastante triste. Talvez seja a hora de recomeçar novamente com outros padrões de felicidade. Quem sabe escrevendo e assim explicitando este meu jeito diferente de sentir. Assim como eu, muitos outros bipolares gostariam de ser ouvidos, aceitos e de contribuírem de alguma forma.
Pude sentir isso no lançamento do livro na Livraria Cultura em Porto Alegre. Duas pessoas me falaram da dificuldade de não serem compreendidos, das oscilações de humor e das ameaças de suicídio. Nem sempre ser bipolar foi tão ruim assim. Confesso que, no princípio, eu sentia um fascínio pela química feroz de meu cérebro, que me levava a uma euforia fantástica. Mesmo pagando um preço muito alto por tudo isso, eu me sentia especial. Com as perdas decorrentes pelo caminho, esse sentimento foi diminuindo aos poucos. Hoje, confesso que me sinto um tanto perdida diante da situação em que a vida me colocou ou que me coloquei. Tenho o apoio da minha família e do meu marido e a admiração de pessoas que leram o meu livro, mas me sinto triste. Preciso me reinventar como a bipolar que já viajou sozinha para o Espírito Santo com uma mochila cheia de remédios e de esperança para fazer o seu trabalho de conclusão da faculdade de Jornalismo. Lá estava eu em Regência, na foz do Rio Doce quando ainda não contaminado pela lama maldita que veio matando tudo. Eu tinha 27 anos. Entrevistei e convivi com técnicos do projeto Tamar (Tartarugas Marinhas) e habitantes do local. Foi uma grande aventura. Tinha dias e horas marcadas para falar com meu psiquiatra que estava a milhares de quilômetros de distância, em Porto Alegre.
Agora, a vida me apresenta outra aventura: a de reunir forças para continuar sabendo que não sou uma enviada divina; muito pelo contrário, sou frágil e é daí que preciso tirar uma forma mais suave de viver, sem tantas oscilações. E quanto àquelas piadinhas sobre bipolaridade, é melhor nem pensar. Embora elas estejam por aí, só quem vive na carne sabe com é. Aos 21 anos, um psiquiatra me disse que havia vários estágios de bipolaridade e que o meu era muito sério ao ponto de talvez eu não voltar. Voltei para contar a minha história, para desmistificar certos preconceitos, para não me sentir só. Talvez, mesmo assim, eu não seja compreendida, mas eu entendo, pois até hoje venho tentando me descobrir.
Fonte:Revista Donna
13 alertas sobre a série "13 Reasons Why", da Netflix.
Excelente o alerta do colega Prof. Luis Fernando Tófoli. Embora tenha achado a série uma boa obra de ficção e de considerar importante que se levante o debate em torno do bullying e de outros temas como machismo e abuso sexual na adolescência, concordo que seja preocupante a forma como a série apresenta o suicídio de sua personagem principal. Desaconselho a série para adolescentes e sugiro aos pais que abordem o assunto com seus filhos que assistiram aos episódios. Vale a pena ler as ponderações do psiquiatra.
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Lançada no fim de março, a série 13 reasons why, da Netflix, conquistou popularidade rapidamente e ensejou uma infinidade de análises e comentários sobre o principal (e delicado) conteúdo abordado na trama: o suicídio de uma adolescente. A produção da cantora Selena Gomez inspirada homônimo no livro de Jay Asher - expandido e transposto para as telas pelas mãos do premiado dramaturgo Brian Yorkey - narra as razões pelas quais uma colegial diz ter sido levada a tirar a própria vida. Gravadas em fitas cassetes e enviadas postumamente, as mensagens responsabilizam os colegas de convívio pelo desfecho trágico.
O tom de culpabilização coletiva e a abordagem crua - com direito a cenas explícitas de estupro e do próprio ato do suicídio - despertaram reflexão sobre a forma de tocar no assunto em uma produção audiovisual. Enquanto houve quem ressaltasse a tentativa benéfica de promover uma conscientização sobre a influência de bullying, assédio, machismo, violência e omissão na decisão de se matar, surgiram ponderações em torno do impacto nocivo provocado pelo tratamento dispensado ao tema central pelo seriado.
As críticas negativas veem na "glamourização" do suicídio e na utilização do autoextermínio como instrumento de vingança fatores de propensão ao chamado efeito Werther - termo científico pelo qual a publicidade de um caso notável serve de estímulo a novas ocorrências. Pessoas fragilizadas psicologicamente seriam mais inclinadas a vivenciar de forma negativa a forma como o suicídio é representado em 13 reasons why.
Psiquiatra, professor-doutor do Departamento de Psicologia Médica e psiquiatra da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Luís Fernando Tófoli elaborou 13 parágrafos para alertar sobre a série. O texto elenca fatores de risco, condena a abordagem do programa sob a luz da academia e faz advertência a pessoas em situação de vulnerabilidade.
Veja a lista elaborada pelo professor:
13 Parágrafos de Alerta sobre 13 reasons why para pais, educadores e profissionais de saúde
Luís Fernando Tófoli
1. A alardeada série da Netflix, “13 Reasons Why”, baseada em um livro homônimo de Jay Asher (publicado no Brasil como “Os 13 Porquês”), aborda uma série de questões sérias: bullying no ensino médio, machismo, LGBTfobia, abuso sexual e, de uma forma geral, a difícil missão de adolescer. A série, porém, é focada em uma questão central, pivô de toda a história: o suicídio de uma jovem de 17 anos, Hanna Baker, que faz 13 gravações em fitas cassetes, apontando o dedo as pessoas que a desapontaram em seu calvário na High School de uma pequena cidade americana.
2. Eu me vi na obrigação de assistir a todo o seriado para poder trazer algumas informações para pais e profissionais de saúde e educação. Não vou me estender na qualidade artística, até porque não é minha função aqui, eu penso. No entanto, afianço que apesar da tensão que prende a assistência até a resolução do mistério, os episódios são longos e cansativos demais. A sensação final é de ser chantageado a aguentar a narrativa arrastada só para poder saber por qual razão o protagonista e bom-moço Clay Jensen foi incluído nas fitas de Hannah.
3. A razão principal pela qual eu escrevo estes parágrafos é para focar na questão crucial de uma peça de ficção construída sobre um suicídio adolescente. O suicídio está entre as principais causas de morte na adolescência, competindo com acidentes causados por veículos e, no caso de países como o Brasil, violência armada. Como um agente de formação no campo da Psiquiatria e da Saúde Mental, me vejo na obrigação de fazer alguns comentários – e, porque não, alguns alertas – sobre esta série.
4. Há sinais preocupantes de que as taxas de suicídios de jovens estão crescendo no mundo e no Brasil. O país, aliás, está na contramão das estatísticas no mundo: também os índices gerais estão subindo – e já o estavam antes da crise econômica – ao invés de cair. Há várias hipóteses sobre o que pode estar levando isso a acontecer, mas acho que o mais importante é frisar que nunca tivemos uma campanha nacional responsável de prevenção do suicídio – apesar do reconhecidamente importante papel do voluntariado do CVV-Centro de Valorização da Vida – e de haver documentação sobre formas de se fazer essa política pública de maneira eficiente.
5. Meu ponto principal neste texto não é estragar a série ou dar spoiler, e sim de que pais, educadores e adolescentes estejam cientes de que o programa tem o potencial de causar danos a pessoas que estão emocionalmente fragilizadas e que poderão, sim, ser influenciadas negativamente. Não é absurdo inclusive considerar que, para algumas pessoas, a série possa induzir ao suicídio. Portanto, pessoas em situações de risco deveriam ser desencorajadas a assistir a série. Não estou sozinho nisso, já há pelo menos um crítico no Brasil, o Pablo Villaça, que explicitamente está recomendando que não se assista ao seriado (https://goo.gl/Z2Op17).
6. O principal erro da série é, de longe, mostrar o suicídio de Hannah. A cena, que acontece no episódio final, é absolutamente desnecessária na narrativa e claramente contrária ao que apregoam os manuais que discutem prevenção de suicídio e mídia. Chega a ser absurdo que os autores da série ignorem completamente o que indicam explicitamente as recomendações da Sociedade Americana para Prevenção do Suicídio, que foram publicadas após a morte do ator Robin Williams (https://goo.gl/vAQkg6) e cheguem à cara de pau de tocar (não neste episódio) a música “Hey, Hey”, de Neil Young, que foi citada na carta suicida do músico Kurt Cobain (https://goo.gl/droI3I).
7. É verdade que as recomendações são em geral destinadas à imprensa, mas chega a ser absurdo que os realizadores de uma produção sobre o tema não tenham se informado sobre os impactos do que é conhecido como ‘efeito Werther’ – cujo nome vem de uma obra de arte e não de uma ação de imprensa. O efeito é baseado no suposto impacto de Os Sofrimentos do Jovem Werther, livro do século XVIII que alçou Goethe à fama (https://goo.gl/2h4N8U).
8. Embora o aumento de suicídios na Alemanha atribuídos ao livro jamais possa ser objetivamente medido, há já um consenso entre suicidologistas de que o fenômeno sofre contágio pela mídia e de que há maneiras pelas quais ele não deva ser retratado. Uma delas, e na qual a série fracassa desgraçadamente, é em não romantizar ou embelezar um suicídio. Evitar a divulgação de cartas suicidas é outro ponto – e é desnecessário dizer que a série toda é uma enorme carta suicida, que embora ficcional, é ouvida pela voz da protagonista, a narradora póstuma da história.
9. Outro problema sério da história, especialmente para os sobreviventes (esse é o termo utilizado para os parentes e entes queridos de quem se suicida), é a ideia da culpabilização do suicídio. Grande parte da tensão da série gira em torno de quem é a “culpa” pelo suicídio de Hannah: ela, seus amigos, a escola (que é processada pelos pais da menina), a sociedade. Os especialistas entendem que a busca por culpados é dolorosa e improdutiva. O suicídio é, na sua imensa maioria das vezes, um ato complexo, desesperado e ambíguo, e achar que ele possa ter responsabilidade atribuível é equivaler sua narrativa à de um crime. Embora isso seja compreensível em uma peça de ficção, isso é muito deletério na discussão do tema no mundo real, onde ele de fato os suicídios acontecem.
10. Dois fatos chamam a atenção ainda, como erros essenciais da produção. Um é não tocar a questão do adoecimento mental, uma vez que a maioria das pessoas que se suicidam apresentam transtornos mentais. O suicídio de Hannah é discutido – como sói frequentemente aos americanos, um povo obcecado pela pretensa liberdade de escolha – como uma “opção”, esquecendo que na grande maioria das vezes a pessoa está aprisionada por um cenário falseado de opções causado pelo seu estado mental. O outro fato é a impressão passada pela narrativa – em especial no último episódio – de que buscar por ajuda é inefetivo, quando isso pode ser a diferença, literalmente, entre a vida e a morte.
11. Ainda sobre pedir ajuda, a divulgação da série pretende vender a ideia de conscientização – contando, no Brasil, inclusive com o apoio do CVV. Durante todos os 13 episódios que assisti no Netflix, no entanto, não há qualquer sinal, indicação ou legenda que aponte a hotline do CVV no Brasil (141) ou o seu site (http://www.cvv.org.br) para pessoas que necessitem de apoio e estejam assistindo a história. Após o fim da trama há um extra, meio documentário, meio making of que fala sobre prevenção de suicídio, mas seria necessário, no mínimo, divulgar meios de socorro no início e no fim de cada episódio.
12. Nunca é demais lembrar que indagar uma pessoa sobre seu risco de suicídio não aumenta a chance dele acontecer e pode ser a atitude salvadora em diversos casos. Isso é particularmente importante para profissionais de saúde e de educação, que têm muito medo de fazer essa pergunta. Na maioria das vezes, para um potencial suicida, essa pode ser a oportunidade de compartilhar seu desespero e abrir a chance para uma ajuda efetiva.
13. Concluindo, a premissa de “13 Reasons Why” é excelente: discutir a crueldade cotidiana dos jovens (que me parece ser a mesma crueldade dos humanos, embora em uma fase particularmente frágil da vida) e como ela pode nos afetar de forma devastadora, em alguns casos. No entanto, infelizmente, por negligência ou por pura arrogância, a série acaba fazendo provavelmente um desserviço maior do que sua beneficência. A oportunidade perdida de se discutir suicídio de uma forma cuidadosa se perdeu em meio ao hype, infelizmente.
Parágrafo adicional motivado por alguns comentários (considerem como a 14ª gravação, rs): 14. Gostaria de frisar que não defendo de maneira alguma a censura ou a proibição da série, e muito menos que se evite o debate das questões seríssimas do bullying, da violência de gênero e do estupro. A questão é de, sem querer ofender quem amou a série, refletirmos juntos se alguns cuidados poderiam ser tomados para evitar o prejuízo a pessoas fragilizadas. Elas são a minoria da população, mas o impacto já foi medido e mais de um estudo sobre o efeito Werther. A pergunta aqui é: será que o meu entretenimento vale a vida de alguém? Será que ao recusar ao olhar os vacilos da produção da série eu não estarei contribuindo de alguma forma para o suicídio de alguma Hannah da vida real? Grato a todo mundo pelo interesse.
Fonte: Diário de Pernambuco
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Autora lança livro sobre sua experiência com a bipolaridade.
Helena Gayer é funcionária pública na prefeitura de Pelotas. Depois de cursar um ano de oceanografia, mudou de área e se formou em jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. “Sou bipolar. Fui diagnosticada quando tinha 21 anos. Ou seja, vivo entre dois mundos. Nunca sei para que lado estou indo até mergulhar num dos extremos.”
De maneira sincera e sem poupar detalhes, Helena depõe sobre sua vida com o transtorno de bipolaridade. Em uma narrativa não linear, a autora percorre da infância até a vida adulta retratando as crises de mania e depressão com crueza, minúcia e fervor. Na quarta-feira, 19 de abril, às 19hs ela lança na Livraria Cultura/Bourbon Country, o livro onde dividiu a doença em fases.
Crises e diagnóstico
Quando adolescente, Helena sofria uma oscilação radical de humor e passou por intensos episódios de depressão, especialmente depois da separação de corpos dos pais. Aos 21 anos, depois do primeiro surto de mania, foi diagnosticada com o transtorno de bipolaridade. Em algumas dessas crises, Helena correu risco de morte e abusos.
“Voltei a frequentar o Submarino Amarelo, agora de forma mais intensa. Passava dias inteiros gravitando ao redor do bar como um satélite insano e obcecado. Minha trajetória só foi interrompida na noite em que comecei a esbravejar com uma cliente. Ela era mais uma entidade maligna. Dessa vez o dono se irritou e me expulsou do bar com um golpe de alguma arte marcial que até hoje não identifiquei. Só sei que me pegou pelos braços e me fez voar como uma pena.”
Internações
Cada uma dessas crises foi seguida de uma internação. Foram dez ao longo da vida da autora, que as relata com intensidade:
“As internações me vêm à mente como um pesadelo vívido. Através da pequena janela gradeada chegava a esperança em forma de raios de sol. A cela era fria, só havia uma cama de ferro e um colchão. Nada transmitia aconchego, conforto. Tudo era punição, castigo, violência.”
Medicação
Helena também descreve os efeitos colaterais da forte medicação em seu organismo, especialmente os do lítio:
“O efeito colateral do uso de lítio se manifesta inicialmente no tremor das mãos. (…) Me lembro dos almoços no restaurante universitário em que eu tinha de controlar a mão para que o garfo não fosse parar fora da boca.”
Superação
A autora apresenta um relato íntimo sobre como é viver, sobreviver e constantemente se rearranjar nessa realidade tão dura e tantas vezes negligenciada. Ao se abrir e descrever com detalhes as inúmeras tentativas de ter uma vida normal, ela deixa escapar um pedido para que se tenha um olhar mais apurado em direção à pessoa com transtorno psiquiátrico, não só à doença.
Antes de esse livro ser publicado, ela estava há dez anos sem passar por internações, o que foi possível graças a um longo processo de autoconhecimento e a incrível capacidade de renascer após cada crise.
“Apesar de não ter uma imagem imaculada, aprendi que a capacidade de se reerguer é o grande trunfo de um bipolar e, no meu caso, essa foi a maior prova de amor por mim mesma.”
Fonte: Felipe Vieira, jornalista.
Estimulação magnética é nova aposta para tratar bipolaridade.
Desde 2012, a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em casos de depressão uni e bipolar, de alucinação auditiva em esquizofrenia e no planejamento de neurocirurgia.
Terapia por estimulação magnética do crânio pode ser nova aliada no tratamento de pacientes bipolares. O estudo, publicado recentemente na revista científica Nature foi realizado por pesquisadores brasileiros no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e mostrou que o “deep TMS”, equipamento de estimulação magnética profunda, semelhante àquelas cadeiras de salão de beleza com secador embutido, pode ser ministrado em conjunto com os medicamentos em pacientes em fase depressiva da doença, potencializando os resultados, de acordo com informações do Uol.
Os neurônios são estimulados a partir de ondas magnéticas produzidas por corrente elétrica biológica, ajudando na produção da química necessária para o tratamento. No entanto, a técnica não substitui a medicação. “A doença é crônica, como diabetes e hipertensão. Parar o remédio, nesta doença, o risco de recaída é praticamente certo. O tratamento magnético seria uma opção para potencializar”, explica o médico psiquiatra Diego Tavares ao UOL Notícias.
Casos estudados
No estudo, o aparelho foi testado em cinquenta pacientes bipolares da mesma faixa etária, que foram separados em grupos de acordo com suas diferentes medicações, como lítio, antipsicótico e anticonvulsivo. Apenas um grupo recebeu a terapia magnética, em sessões de vinte minutos, todos os dias durante quatro semanas. Ao final, a escala de níveis de depressão foi avaliada. Os resultados foram avaliados a partir de questionários preenchidos pelos pacientes, nos quais analisavam atividades e reações em seu cotidiano, como crises de pânico, choro, desânimo e pensamentos suicidas.
Desde 2012, a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em casos de depressão uni e bipolar, de alucinação auditiva em esquizofrenia e no planejamento de neurocirurgia. “A estimulação magnética até hoje tem função reconhecida para a fase depressiva. Mas ela não tem eficácia nas outras fases e não previne a crise, apenas trata os sintomas”, explica Moacyr Alexandro Rosa, diretor do Instituto de Pesquisas Avançadas em Neuroestimulação e professor da Unifesp.
Contraindicações
A terapia, por ter o procedimento semelhante ao da ressonância magnética, não é recomendada para pacientes epilépticos, com próteses de metal na cabeça ou implantes cocleares. No entanto, poucos efeitos colaterais foram apresentados. “O único incômodo relatado pelos pacientes foi um formigamento na região onde a estimulação estava sendo feita. Diferente de enjoos, tontura e outros efeitos causados por remédios”, conta Tavares.
Transtorno bipolar
A doença não tem cura e costuma dar os primeiros sinais durante a adolescência ou no início da vida adulta, causando alterações severas de humor, entre períodos de depressão e euforia. De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, a condição afeta entre 3% a 8% da população.
Com o decorrer dos estudos, Tavares acredita que a terapia poderá, no futuro, servir como uma alternativa para aqueles que não podem tomar remédios, como gestantes e pacientes em tratamento de quimioterapia.
Fonte: Veja.com
Estimulação magnética transcraniana: estudo brasileiro mostra eficácia semelhante entre métodos.
A Estimulação Magnética Transcraniana repetitiva é um método seguro e eficaz no tratamento de diferentes transtornos psiquiátricos. É uma forma complementar à medicação de estimular o cérebro a responder melhor aos tratamentos, não invasiva e indolor. Este estudo mostra que não existe uma diferença ainda clara entre os diferentes métodos de estimulação, porém os casos pesquisados são muito heterogêneos clinicamente, fazendo-se necessários novos estudos, preferencialmente randomizados e controlados. É um campo em ascensão na psiquiatria e neurologia, cujo acesso ainda precisa ser ampliado (leia mais sobre EMTr).
Diversos estudos já apontaram a estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr) como uma opção viável de tratamento não medicamentoso para depressão, mas pouco se sabe sobre a eficácia comparativa e a tolerabilidade das diversas modalidades de EMTr utilizadas hoje na psiquiatria.
Agora, uma revisão sistemática e meta-análise em rede conduzida por um grupo de pesquisadores brasileiros reuniu 81 estudos clínicos randomizados comparando a eficácia e a tolerabilidade de diferentes modalidades de EMTr no tratamento agudo de episódios de depressão maior, e mostrou que não há um método significativamente mais eficaz, mas apenas uma discreta superioridade da EMTr bilateral e da EMTr de baixa-frequência precedida por priming – uma estimulação de baixa-frequência precedida por um breve período de estimulação em alta-frequência.
O estudo, que teve como autor principal o psiquiatra Andre Brunoni, do Laboratório de Neurociências da Universidade de São Paulo (USP), foi publicado on-line no final de dezembro no periódico JAMA Psychiatry.
Os efeitos da estimulação magnética transcraniana repetitiva vêm sendo estudados em diversas doenças e condições como Parkinson, dor, autismo, dependência química, compulsão alimentar e até mesmo na reabilitação após acidente vascular encefálico. Mas é nos casos de depressão maior resistente a medicamentos que os resultados vêm se mostrando mais robustos.
A EMTr é usada para induzir mudanças na atividade cerebral por meio de indução eletromagnética aplicada em diferentes frequências e de forma não invasiva. Embora o mecanismo exato de ação da EMTr na depressão ainda seja objeto de estudo, a hipótese mais aceita é de que técnica ajudaria a restabelecer a atividade normal do córtex pré-fontal dorsolateral – que se altera durante a depressão.
O estudo
Com o objetivo de obter uma hierarquia de tratamento que fosse clinicamente significativa, Brunoni e colaboradores decidiram comparar diferentes tipos de estimulação magnética transcraniana utilizando a revisão sistemática e a meta-análise em rede para sintetizar os dados dos estudos analisados.
"Enquanto a meta-análise tradicional permite a comparação de uma intervenção versus outra, ou mesmo uma intervenção versus placebo, a meta-análise de rede permite que várias intervenções sejam comparadas simultaneamente, o que garante mais força ao estudo", disse o Dr. Brunoni em entrevista ao Medscape.
Os 81 estudos clínicos randomizados que fizeram parte da análise foram reunidos a partir de buscas nas bases PubMed/MEDLINE, EMBASE, PsycInfo e Web of Science. Foram incluídos apenas estudos que envolveram pacientes com diagnóstico primário de episódio depressivo agudo unipolar ou bipolar, e que compararam ao menos dois tipos de estimulação magnética transcraniana repetitiva. A maioria dos estudos recrutou apenas pacientes com depressão resistente a medicamentos (74,1%), realizou de 10 a 15 sessões de EMTr (69,1%) e usou a técnica como uma terapia complementar (69,1%), em geral com conjunto com o uso de antidepressivos. A maioria dos pacientes era do sexo feminino (59,1%) com uma idade média de 46 anos.
Como desfecho primário Dr. Brunoni e colegas estabeleceram as taxas de resposta –definidas como melhora de 50% ou mais em relação ao início do estudo. As taxas de remissão foram o desfecho secundário, definido como um escore de 7 ou menos na Hamilton Depression Rating Scale (HDSR)-17, de 8 ou menos na HDSR-21, ou de 10 ou menos na Montgomery-Asberg Depression Rating Scale.
Resultados
A meta-análise em rede mostrou que as intervenções mais efetivas do que o placebo foram priming de baixa-frequência (odds ratio, OR, de 4,66; IC de 95%, 1,70 - 12,77), bilateral (OR de 3,96; IC de 95%, 2,37 - 6,60), alta-frequência (OR de 3,07; IC de 95%, 2,24 - 4,21), estimulação θ-burst (OR de 2,54; IC de 95%, 1,07 - 6,05), e baixa-frequência (OR de 2,37; IC de 95%, 1,52 - 3,68). Modalidades mais recentes de EMTr (acelerada, sincronizada e profunda) não foram mais efetivas do que placebo. Com exceção da estimulação θ-burst versus placebo, resultados similares foram obtidos para remissão.
A hierarquização relativa estimada para os tratamentos sugeriu que as modalidades bilateral e de baixa-frequência precedida por priming possam ser as intervenções mais eficazes e aceitáveis entre todas as estratégias de EMTr, observam os autores, acrescentando que os resultados de muitos dos estudos analisados eram imprecisos e que haviam relativamente poucos abordando intervenções distintas de baixa-frequência, alta-frequência e bilateral.
O achados, apontou o Dr. Brunoni, vão ao encontro de resultados que já vêm sendo vistos na literatura, e podem influenciar a prática clínica atual apontando, a partir de características específicas de cada modalidade, qual delas se adapta melhor às necessidades e preferências individuais de cada paciente.
"Um bom exemplo é o caso da estimulação θ-burst: uma sessão dela demora cerca de seis minutos, em vez dos 30 minutos necessários para as estimulações de alta e vaixa frequência tradicionais", explicou o pesquisador ao Medscape.
"Grande heterogeneidade"
Convidado pelo Medscape a comentar o estudo, o psiquiatra brasileiro Dr. Marcelo Berlim, professor associado do Departamento de Psiquiatria da McGill University, em Québec (Canadá), disse que o trabalho "ressaltou a grande heterogeneidade entre os estudos clínicos incluídos na análise".
"A meta-análise de rede é mais uma forma de análise dos dados. Em termos de desfecho clínico, não há nada que já não tenha sido demonstrado: todos são melhores do que placebo e nenhum deles é significativamente melhor do que os outros. O que precisamos agora e de pesquisas comparando as mesmas coisas, para ver o que se confirma como melhor", disse o Dr. Berlim, que é diretor da Clínica de Pesquisa em Neuromodulação do Douglas Institute, em Québec, onde também pesquisa a EMTr na depressão maior.
Baixo acesso
Partindo de uma premissa de medicina baseada em evidências, o tratamento não medicamentoso da depressão hoje no Brasil e no mundo é limitado a basicamente terapia cognitivo-comportamental, eletroconvulsoterapia e estimulação magnética transcraniana. No Brasil a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já aprovou o uso de EMTr superficial e profunda para o tratamento da depressão, mas a disponibilidade apenas na rede privada e o alto preço das sessões (são feitas pelo menos 10) limitam o acesso.
"Os aparelhos são importados, a legislação brasileira exige que um médico opere essas máquinas e isso tudo faz com que o custo médio por sessão seja por volta de R$ 400. Isso faz com que menos de 1% das pessoas que poderiam se beneficiar desse tratamento não farmacológico de fato tenham acesso a ele", disse o Dr. Brunoni.
Fonte: Medscape
Mais de 75 mil afastados do trabalho por depressão em 2016.
OMS alerta que, até 2020, mal será a doença mais incapacitante do mundo
Tachada de mal do século, a depressão é responsável por retirar do mercado de trabalho milhares de profissionais todos os anos. No ano passado, 75,3 mil trabalhadores foram afastados em razão do mal, com direito a recebimento de auxílio-doença em casos episódicos ou recorrentes. Eles representaram 37,8% de todas as licenças em 2016 motivadas por transtornos mentais e comportamentais, que incluem não só a depressão, como estresse, ansiedade, transtornos bipolares, esquizofrenia e transtornos mentais relacionados ao consumo de álcool e cocaína. No ano passado, mais de 199 mil pessoas se ausentaram do mercado e receberam benefícios relacionados a estas enfermidades, o que supera o total registrado em 2015, de 170,8 mil.
Entre 2009 e 2015 (únicos dados disponíveis), quase 97 mil pessoas foram aposentadas por invalidez em razão de transtornos mentais e comportamentais, com destaque para depressão, distúrbios de ansiedade e estresse pós-traumático. Ao todo, esses novos benefícios representam, hoje, uma conta de R$ 113,3 milhões anuais aos cofres públicos.
Para os especialistas, a situação evidencia a necessidade de colocar esse tipo de transtorno no topo da lista de preocupações para políticas públicas e de empresas. A própria Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que, até 2020, a depressão será a doença mais incapacitante do mundo. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) estima que entre 20% e 25% da população tiveram, têm ou terão um quadro de depressão em algum momento da vida.
Para Leonardo Rolim, especialista em Previdência, as políticas públicas falham pois não se preocupam em reintegrar os profissionais no ambiente de trabalho. Segundo ele, apenas 5% dos trabalhadores afastados são reabilitados no emprego:
— Os números são muito grandes, e há uma falha na reabilitação. Mesmo quando volta, o trabalhador demora muito. O Estado gastaria menos reintegrando esse trabalhador do que pagando benefícios por muitos anos.
Ao longo dos seus 32 anos, Manoela Serra já conviveu com episódios depressivos várias vezes. Ela foi diagnosticada com transtorno bipolar em 2009, aos 25 anos. Isso faz com que tenha de conviver com ciclos de euforia e outros em que mergulha em depressão profunda. O primeiro episódio depressivo ocorreu quando ela tinha 15 anos.
No mercado de trabalho, pulou de emprego em emprego, sem se firmar em razão das consequências do transtorno. Além de apatia e insegurança, ela sofria fortes enxaquecas e esofagite. Em alguns dos vários empregos pelos quais passou, chegou a desenvolver síndrome do pânico.
— No início, ficava animada, inspirada, acumulava turnos. É a euforia bipolar. Até um dia em que, de uma hora para a outra, vinha a depressão. Ficava incomodada, com mania de perseguição, achava que não era boa o suficiente, chorava, tinha enxaqueca. O coração disparava e eu entrava num estado de nervos em que achava que ia morrer. A depressão é isso: uma sensação de morte — conta.
Quando a depressão começava, ela era obrigada a levar atestados para se manter afastada. Embora avalie que foi compreendida pelos patrões, quando os atestados se tornavam mais frequentes, não restava outra opção a não ser recorrer ao INSS ou pedir demissão. Nesse ciclo, ela se demitiu de empregos de garçonete, caixa, vendedora, atendente de casa de câmbio e companhia aérea. Diante da falta de uma estrutura de apoio, a alta rotatividade do profissional no mercado de trabalho é um dos efeitos da doença.
Segundo Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, a capacidade de trabalho e todas as outras funções do corpo ficam abaixo do normal em uma pessoa deprimida:
— Todas as funções da pessoa com depressão estão para baixo: a capacidade de trabalho, insegurança, falta de vaidade, a pessoa se sente feia, se sente péssima, sem condições de trabalho, perde as forças, a vontade. Fica sem concentração por causa das alterações do sono. Como trabalhar oito horas após noites seguidas de insônia? Como trabalhar com sonolência excessiva?
Profissões com maior incidência
Depois do diagnóstico, Manoela passou a se tratar corretamente e consegue ter um controle maior das crises, com a ajuda de medicação. Hoje, é escritora e transformou sua história em livro, “O Diário Bipolar”, e dá palestras sobre o tema.
Parte dos problemas que chegam ao INSS foram desencadeados por fatores relacionados ao próprio ambiente de trabalho. De todo o pessoal afastado no ano passado por transtornos de comportamento em geral, ao menos 10,6 mil foram considerados acidentes de trabalho, ou seja, tiveram o ambiente profissional como um dos agentes desencadeadores da doença.
Para casos específicos de depressão, episódicos ou recorrentes, foram 3,4 mil auxílios por acidente de trabalho. Os números, porém, podem ser bem maiores. Parte dos especialistas destaca que há risco de subnotificação, diante da dificuldade em comprovar o papel do ambiente de trabalho na ocorrência de episódios depressivos. Mesmo assim, há profissões que são conhecidas por terem mais afastamentos e aposentadorias ligadas a transtornos dessa natureza. É o caso do mercado financeiro, dos controladores de voo, dos profissionais da área de segurança, juízes, jornalistas e médicos.
Na avaliação de Rolim, em casos de acidente de trabalho, deveria haver algum tipo de ação para que o empregador compense o INSS, já que o ambiente foi considerado um fator que desencadeou a doença.
Por transtornos em decorrência de uso de psicoativos, sobretudo álcool e cocaína, foram 240 afastamentos considerados acidente de trabalho em 2016. Outros 34,2 mil receberam o auxílio previdenciário, quando não há conexão com o ambiente de trabalho. Procurado para falar sobre o assunto, o Ministério da Previdência não comentou.
Carga exaustiva de trabalho
Uma das diretoras da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT), Rosylane Rocha explica que a depressão é uma doença, com um componente genético, que pode ser desencadeada por uma série de fatores, como o contexto social ou um determinado evento de vida da pessoa. Uma vez que exista a predisposição para a doença, uma carga exaustiva e recorrente de trabalho, um ambiente muito estressante ou uma situação de estresse pós traumático, por exemplo, podem fazer com que o trabalho seja o fator responsável por desencadear o problema. É nesses casos em que os benefícios são considerados acidente de trabalho.
— Esses casos ocorrem quando o médico entende que há uma contribuição relevante do ambiente de emprego para o quadro, a ponto de que, sem isso, a depressão não eclodiria — explica.
Para o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, o trabalho pode, de fato, ter impacto sobre a saúde do trabalhador:
— O termo “estresse” vem da física, para você medir o estresse de uma ponte, por exemplo. Se passar mais peso do que o previsto, a ponte estressa e rompe. Com o ser humano é a mesma coisa. Se ele passa a trabalhar 12h por dia, por exemplo, vai se estressar e romper, quebrar.
Médicos e policiais estão entre profissões que mais sofrem com depressão
Apesar de ser uma doença universal, a depressão e os transtornos mentais e comportamentais afetam de maneira diferente as mais diversas carreiras. No Brasil, as profissões que mais são impactadas pelo mal são seis, sendo elas: controladores de voo, profissionais da área de segurança, juízes, jornalistas, médicos e as profissões relacionadas ao mercado financeiro.
Os números, porém, podem ser bem maiores. Segundo especialistas, há risco de subnotificação, diante da dificuldade em comprovar o papel do ambiente de trabalho na ocorrência de episódios depressivos.
Fonte: O Globo
Depressão faz tão mal ao coração quanto obesidade e colesterol.
Pensar que 15% das mortes do coração pode ser causada por depressão é alarmante! Diagnosticar e tratar depressão deixa de ser uma medida apenas terapêutica e passa a ser uma medida de prevenção de saúde pública necessária, visto o número elevado de mortes cardiovasculares no mundo. Estamos preparados para dar conta do recado? A depressão pode atingir até 25% da população ao longo da vida!
Mente afeta o corpo
Em mais uma descoberta que desvenda os mecanismos de interação entre a mente e o corpo, acaba de ser demonstrado que, na depressão, o estado mental não é tudo o que é afetado - a depressão também compromete a fisiologia corporal.
O que se demonstrou é que a depressão representa um risco para doenças cardiovasculares tão grande quanto níveis elevados de colesterol ou obesidade.
A descoberta foi feita pela equipe do professor Karl-Heinz Ladwig, do Centro Helmholtz de Munique (Alemanha).
Depressão e risco cardíaco
Ladwig e sua equipe analisaram dados de 3.428 pacientes homens, com idades entre 45 e 74 anos, e observaram seu comportamento e sua saúde ao longo de um período de dez anos.
Eles se concentraram especificamente na comparação do impacto da depressão e dos quatro principais fatores de risco cardiovascular sobre a saúde dos voluntários.
"Nossa investigação mostrou que o risco de uma doença cardiovascular fatal devido à depressão é quase tão grande quanto o risco devido a níveis elevados de colesterol ou obesidade," resumiu Ladwig.
Os resultados mostraram que apenas a hipertensão arterial e o tabagismo estão associados com um risco cardiovascular maior do que a depressão.
Mortes por depressão
Extrapolando o resultado para os dados epidemiológicos, a equipe calcula que, na população em geral, a depressão pode estar sendo responsável por cerca de 15% das mortes cardiovasculares.
"Isto é comparável a outros fatores de risco, como hipercolesterolemia, obesidade e tabagismo", afirma Ladwig - os fatores que o pesquisador cita causam de 8 a 21% das mortes cardiovasculares.
Os resultados foram publicados na revista Atherosclerosis.
Fonte: Diário da Saúde
Depressão aumenta risco de morte por câncer.
Mais de 160 mil pessoas tiveram saúde monitorada na pesquisa no Reino Unido
Pessoas que sofrem de depressão ou ansiedade podem ter mais risco de morte causada por alguns tipos de câncer, segundo um estudo publicado nesta quinta-feira. A análise da ficha clínica de mais de 160.000 adultos na Inglaterra e em Gales mostrou que os que declararam que sofriam problemas psicológicos eram mais propensos a morrer de câncer de cólon, próstata e pâncreas.
Os pesquisadores ressaltaram que se trata de uma constatação estatística e que isso não significa que exista um vínculo causa-efeito entre o estado psíquico de uma pessoa e o câncer. Mas estes resultados se somam a vários indícios que apontam a existência de interações entre a saúde física e a saúde mental, afirmou o artigo publicado na revista British Medical Journal (BMJ).
Várias pesquisas já apontaram a existência de uma relação entre os sintomas da depressão e os transtornos de ansiedade e a incidência de doenças cardiovasculares. Mas até agora as tentativas de demonstrar um possível vínculo com o câncer tiveram resultados pouco claros, explicaram os especialistas, um grupo de cientistas do University College de Londres, da Universidade de Edimburgo e de Sydney.
A equipe, dirigida por David Batty, epidemiologista da University College de Londres, analisou 16 estudos que realizaram um acompanhamento de uma determinada população no longo prazo. Do total de 163.363 pessoas acompanhadas, um grupo composto por indivíduos de mais de 16 anos e que não tinham câncer no início do estudo, 4.353 morreram por esta patologia durante as observações.
Os pesquisadores centraram seu estudo nos casos de câncer que dependem dos hormônios ou que estão ligados ao estilo de vida. Vários estudos sugerem que, efetivamente, o desequilíbrio hormonal que gera a depressão conduz a uma produção mais elevada de cortisol e inibe os mecanismos naturais de reparação do DNA, o que enfraquece as defesas diante do câncer.
Também há dados de que entre as pessoas depressivas é mais comum o tabagismo, o consumo de álcool e a obesidade, três fatores de risco para o câncer. Segundo a análise realizada, as pessoas que sofriam sintomas de depressão e ansiedade tinham uma incidência 80% mais alta de morrer de câncer de cólon, e eram duas vezes mais propensas a falecer de um câncer de próstata, de pâncreas ou de esôfago.
Os pesquisadores ajustaram estatisticamente os efeitos de distorção atribuídos ao modo de vida, sexo, idade, peso e situação socioeconômica. Os especialistas indicaram que também não é possível excluir uma causalidade inversa, ou seja, que a depressão seja provocada pelos sintomas de um câncer que ainda não foi diagnosticado. É preciso realizar outras pesquisas para entender mais sobre a relação do câncer e suas possíveis causas, disse Batty.
Fonte: O Globo
Um depoimento serve de alerta para depressão pós-parto.
“Eu me sentia fora de controle; nada estava bom para ela, nada.”
Uma mãe foi elogiada por fazer um relato sobre sua depressão pós-parto, na esperança de que isso possa ajudar outras mães que possam estar sofrendo com isso.
Suzanne Brack, na Irlanda, disse que os sentimentos que ela teve por sua filha não foram iguais ao que ela sentiu por seu filho logo depois de este nascer.
Nos dias seguintes ao parto, disse Brack, ela aparentava estar muito bem, mas, por dentro, não estava.
“A ideia de enfrentar mais um dia com minha filha, de ter que atender às necessidades dela o tempo todo, me parecia um fardo tremendo”, ela escreveu no Facebook em 6 de dezembro.
“Os dias iam passando e a rotina era a mesma: o choro constante e agudo dela na minha cabeça, e eu sem poder fazer nada sem carregá-la no colo.
“Eu a odiava, mas não podia deixar que o mundo percebesse.”
Brack disse que passava o dia chorando, mas, quando havia qualquer pessoa por perto, cercava-se de um muro invisível para ocultar o que estava sentindo realmente.
“Eu pensava comigo mesma: ‘Estou fracassando como mãe, eu a odeio, qual é o meu problema?’”, Brack contou.
“Eu me sentia fora de controle; nada estava bom para ela, nada. Era uma choradeira constante, toda hora ela queria atenção, eu mal tinha tempo para tomar banho. Eu não me conhecia mais. Estava afundando.”
A mãe contou que não recebeu muito apoio porque não teve coragem de contar à sua família ou a seu companheiro o que estava acontecendo, com medo de que pensassem que ela tinha enlouquecido.
Ela detalhou os pensamentos negativos que passaram por sua cabeça, incluindo culpar sua filha por estragar a relação que ela tinha com seu filho.
“Um dia eu gritei com ela quando ela estava no carrinho: berrei ‘cala a boca!’ a plenos pulmões e me afastei dela, indo para o sofá”, prosseguiu Brack.
Depois de quatro meses, ela decidiu procurar ajuda. Telefonou ao médico e disse que não estava mais dando conta. Ela foi levada ao hospital e recebeu o diagnóstico de depressão pós-natal.Desde então ela vem recebendo apoio profissional e percebeu que calar a respeito do que estava sofrendo não ajudou em nada.
“Quero que as pessoas entendam o sentido de saúde mental – que um transtorno pode acontecer com qualquer pessoa, e você precisa combatê-lo”, disse Brack. “Não existe nada melhor do que sair bem do outro lado.”
“A mente é a coisa mais poderosa que existe. Todo o mundo trava uma batalha, quer seja pequena ou grande, e precisamos ter mais consciência disso.
“Se alguém se identifica com aquilo pelo qual passei, saiba que é sempre melhor se abrir sobre isso. Eu ainda estou lutando, mas estou superando. Cada passo andado é um passo adiante.”
Suzanne Brack foi elogiada por abrir-se para contar sua história.
“Obrigada por compartilhar sua história, Suzanne, você é tão corajosa”, escreveu uma mulher.”
“Eu sou mãe, já tive depressão pós-parto três vezes e sei como isso pode ser terrível, mas estou melhor agora. Continue a lutar. Precisamos de mais gente como você para promover a conscientização sobre esse problema.”
Outra mulher comentou: “Obrigada Suzanne, você é uma inspiração. Era exatamente isso que eu precisava ouvir hoje para finalmente me convencer a buscar ajuda.”
Fonte: Huffpost Brasil
Leia Mais sobre Depressão Pós-parto no Blog do Dr. Leonardo Palmeira
Projeto Entrelaços e a força da família e do paciente na sua recuperação.
Em 17 de dezembro de 2016 foi realizado no Instituto de Psiquiatria da UFRJ – IPUB um evento de comemoração dos 7 anos do Projeto Entrelaços, projeto que já criou no Rio de Janeiro quatro grupos comunitários de apoio a famílias com membros com algum transtorno mental severo, como esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo e transtorno bipolar. Os grupos são formados a partir de um programa de psicoeducação realizado no IPUB, que consiste de uma etapa de acolhimento e entrevistas, uma segunda etapa de seminários sobre os transtornos mentais e uma terceira etapa de encontros em grupos para debater soluções para os problemas cotidianos. Os familiares e pacientes que concluem essas etapas reúnem condições de manter os encontros na comunidade, recebendo novas famílias e desenvolvendo um trabalho conhecido como par-a-par (do inglês “peer to peer”), a quarta etapa deste projeto. O objetivo é ampliar uma rede de apoio emocional e social para essas pessoas, fora dos serviços assistenciais tradicionais.
A segunda atividade foi uma mesa redonda em comemoração aos 7 anos do Projeto Entrelaços, coordenada pelo psiquiatra e coordenador do Projeto Entrelaços, Alexandre Keusen, com objetivo de discutir o papel da família e dos grupos de apoio a familiares e pacientes no cenário atual da saúde mental no Brasil. Três iniciativas foram debatidas, o Projeto Entrelaços, pelo psiquiatra Leonardo Palmeira, o Projeto Familiares Parceiros do Cuidado, pelo psiquiatra Pedro Gabriel Delgado, e o Projeto Transversões, pela psicóloga Marcela Weck. A enfermeira Silvana Barreto, do Grupo Construindo Horizontes, recém-formado pelo Projeto Entrelaços, deu seu testemunho sobre a transformação que o projeto trouxe para sua vida e para o relacionamento com sua mãe, que sofre de esquizofrenia.
Assista à primeira atividade do encontro!
Comunidade de Fala dá voz a pacientes que se recuperaram.
Em 17 de dezembro de 2016 foi realizado no Instituto de Psiquiatria da UFRJ - IPUB um evento de comemoração dos 7 anos do Projeto Entrelaços, projeto que já criou no Rio de Janeiro quatro grupos comunitários de apoio a famílias com membros com algum transtorno mental severo, como esquizofrenia, transtorno esquizoafetivo e transtorno bipolar. Os grupos são formados a partir de um programa de psicoeducação realizado no IPUB, que consiste de uma etapa de acolhimento e entrevistas, uma segunda etapa de seminários sobre os transtornos mentais e uma terceira etapa de encontros em grupos para debater soluções para os problemas cotidianos. Os familiares e pacientes que concluem essas etapas reúnem condições de manter os encontros na comunidade, recebendo novas famílias e desenvolvendo um trabalho conhecido como par-a-par (do inglês "peer to peer"), a quarta etapa deste projeto. O objetivo é ampliar uma rede de apoio emocional e social para essas pessoas, fora dos serviços assistenciais tradicionais.
Na primeira atividade, o Evento Entrelaços recebeu como convidado a Comunidade de Fala, idealizada pelo jornalista e ativista americano no campo da saúde mental Richard Weingarten, que esteve pessoalmente no Brasil coordenando o projeto. A Comunidade de Fala tem como objetivo dar voz a pacientes que se recuperaram de um transtorno mental grave, transmitindo conhecimento, otimismo e esperança para outras pessoas que adoeceram. Os pacientes Madalena e Luis Eduardo, chamados por eles de usuários de saúde mental, falaram de suas experiências e de como conseguiram superar os obstáculos da doença e dar a volta por cima.
Assista à segunda atividade do encontro!
Entrelaços - Evento no IPUB para as famílias.
Famílias que convivem com membros com algum transtorno mental severo se uniram através do Programa de Atenção do Instituto de Psiquiatria da UFRJ/IPUB e hoje constituem uma rede de apoio comunitária apoiando outras famílias, entrelaçando experiências, conhecimentos e, sobretudo, otimismo e esperança.
Evento Comemorativo de Fim de Ano
Sábado, 17/12/16
8:30 - 10:00h - Apresentação do filme Vida em Família (dir. Ken Loach, 1971)
10:00-10:20h - Coffee break
10:20 - 11:20h - Apresentação da Comunidade da Fala
11:20 - 12:50h - Mesa redonda: Projeto de atenção às famílias com membros com transtornos mentais severos - 7 anos de experiência no IPUB.
Silvana Barreto - Grupo Construindo Horizontes
Leonardo Palmeira - IPUB/UFRJ
Marcela Weck - Sec. Municipal de Saúde do RJ
Pedro Gabriel Delgado - IPUB/UFRJ
12:50-13:00h - Encerramento
Alexandre Keusen - IPUB/UFRJ
Após o evento ocorrerá a entrega dos banners ao novo grupo "Construindo Horizontes"
Local: Auditório Leme Lopes - Instituto de Psiquiatria da UFRJ
Av. Venceslau Braz 71 - fundos, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ
Público-alvo: familiares, pacientes e profissionais de saúde
Entrada Gratuita
Estudo associa o uso da pílula anticoncepcional à depressão.
Entrevistamos autor de pesquisa dinamarquesa que acompanhou mulheres usuárias de pílula por mais de uma década. Ginecologista brasileira elogia evidências.
A depressão é um fenômeno multifatorial e complexo – que envolve a interação entre nosso corpo, hormônios, a genética, fases e acontecimentos da vida, meio social, cultural, uso de álcool e drogas… Não à toa que dificilmente uma única área do conhecimento vai dar conta do entendimento do fenômeno, mas um estudo publicado recentemente no prestigiado JAMA Psychiatry, publicação científica da Associação Médica Americana, testou uma associação há muito comentada, mas pouco testada: aquela entre contraceptivos hormonais e depressão.
Afinal, se algumas mulheres se queixam de oscilações de humor após uso do anticoncepcional no consultório, se a tensão pré-menstrual é caracterizada por oscilações de humor (e têm hormônios como gatilho), por que não estudar o impacto de contraceptivos hormonais na depressão, fenômeno que atinge duas vezes mais mulheres que homens? Cerca de 350 milhões de pessoas vivem com depressão no mundo e mulheres figuram entre as principais acometidas, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. Apesar disso, poucos são os estudos que tentam entender o porquê dessa maior prevalência entre elas.
“Apesar de evidências da influência da contracepção hormonal no humor de algumas mulheres, a associação entre o uso da pílula e distúrbios do humor permanece pouco estudada”, pontuaram os autores da pesquisa do JAMA.
A pesquisa mostrou que há um risco aumentado para a depressão com o uso de hormônios para a prevenção da gravidez, mesmo entre os métodos mais modernos. O risco varia de 23% a 100%, a depender do método. O levantamento, no entanto, mostra uma relação – e não uma associação causal direta. E o que isso significa?
O estudo não prova que pílulas e métodos hormonais causam a depressão, mas verifica que o medicamento pode figurar como um fator de risco – mais ou menos quando dizemos que o consumo de gordura está associado à maior prevalência de doenças cardiovasculares, mas não que ela é única e exclusivamente o responsável por ela – e nem que essa é uma relação igual para a todo mundo.
No fim das contas, o que o estudo traz é uma relação relevante que precisa ser avaliada caso a caso – a depender do desejo de cada mulher e dos potenciais custos e benefícios da escolha.
Para analisarmos o levantamento, Saúde!Brasileiros entrevistou um dos autores do estudo, o dinamarquês Øjvind Lidegaard, professor da Universidade de Copenhague e chefe de Ginecologia e Obstetrícia de hospital vinculado à universidade.
Também entrevistamos Halana Faria, ginecologista em São Paulo e em Florianópolis e mestra pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Halana atua no Coletivo Feminista Sexualidade em Saúde, ONG que tem a atenção médica humanizada a mulheres como foco desde 1981.
Halana classificou a evidência como ótima e mencionou a idoneidade e o tempo de análise da pesquisa como um fator importante para a relevância dos achados. “O artigo é excelente. Uma coorte com mais de um milhão de mulheres com seguimento de 13 anos, e sem conflitos de interesse na sua condução”, diz. “A evidência é de ótima qualidade. Além disso, é muito difícil vermos estudos sobre contracepção não sendo financiado por laboratórios farmacêuticos”, conclui.
De fato, o estudo é sério e significativo. Mais de 1.000.000 de mulheres foram acompanhadas por mais de uma década: de janeiro de 2000 a dezembro de 2013. Elas eram excluídas do estudo se tinham diagnóstico prévio de depressão ou de outro distúrbio psiquiátrico significativo, se já tomavam ou estavam tomando antidepressivos, se tiveram câncer, se passaram por tratamento para fertilidade ou se sofreram trombose.
O estudo também tinha um grupo-controle de mulheres que não faziam uso de pílulas anticoncepcionais. Resultado: aquelas que faziam uso de contraceptivos hormonais têm de 1.23 (23%) a 2 (100%) vezes mais chance de ter depressão que as não usuárias, a depender do método adotado.
O estudo fez o cálculo por meio do risco relativo. Ele é calculado tendo como base o grupo-controle (não usuárias de métodos hormonais). É uma medida que extrai o risco de uma “população normal” da população estudada, com o objetivo de isolar o fator de risco. Por exemplo, suponhamos que estamos estudando o risco de infarto entre fumantes. Queremos saber o quanto o “cigarro” adiciona de risco para os indivíduos. Calculamos, então, primeiro o risco entre fumantes; depois, entre não fumantes e, por fim, dividimos um pelo outro. Se a chance de um fumante sofrer um infarto é de 20% e a de um não fumante é de 10%; então, o risco relativo de infarto associado ao cigarro é igual a 2. Fumantes têm duas vezes mais chance de infarto que não fumantes.
Assim, com o “cigarro” aqui sendo a pílula, o risco relativo encontrado foi:
Pílulas orais – risco relativo aumentado de 23% (RR 1.23)
Pílulas de progesterona – 34% (RR 1.34)
Adesivo de norelgestromina – 100% (RR 2.0)
Anel vaginal (etonogestrel) – 60% (RR 1.6)
DIU hormonal de Levonogestrel – 40% (RR 1.4)
Os achados vão na direção do que já se sabe sobre a influência dos hormônios no humor. É senso comum tanto para a ciência, quanto para a população, que eles têm um papel importante nas oscilações que ocorrem na tensão pré-menstrual, por exemplo.
“O estrógeno melhora o humor da mulher, enquanto a progesterona faz exatamente o oposto. Essa é a razão pela qual algumas mulheres ficam de mau humor antes da menstruação. Nesse período, os níveis de progesterona estão altos”, explica Øjvind Lidegaard, ao Saúde!Brasileiros.
A ginecologista Halana Faria diz que os resultados são consistentes com o que se percebe na prática clínica e no consultório. “Essas evidências corroboram, inclusive, a sensação de muitas mulheres que descrevem ficarem ‘fora de si’, chorosas, apáticas, sem energia, com perda de libido.”
Ela diz que muitas mulheres têm se queixado de perda de libido e alterações emocionais. Mais atualmente, relata a médica, um grande número delas andam preocupadas com os relatos de efeitos colaterais graves que tem vindo à tona através de reportagens e de redes sociais, como a trombose.
Um outro achado a pesquisa é o fato de mulheres mais jovens serem mais sensíveis à pílula que mulheres mais velhas. Lidegaard explica que, embora o risco aumentado tenha sido encontrado em todas as faixas etárias, a sensibilidade à pílula cai depois dos 20 anos.
Fonte: Saúde!Brasileiros
Nota do Dr. Leonardo Palmeira: este estudo não deve desencorajar mulheres de utilizarem métodos contraceptivos. Ele serve de alerta para que mulheres observem melhor seu humor e suas emoções antes e durante o uso dos contraceptivos orais e busquem avaliação especializada, seja com seu ginecologista ou com um psiquiatra. Mulheres mais suscetíveis podem apresentar sintomas de humor com a própria variação hormonal característica dos ciclos menstruais e não ser algo restrito ao uso de pílulas anticoncepcionais.
Livro procura desmistificar a esquizofrenia entre os psiquiatras.
O livro "Casos de Superação em Esquizofrenia", organizado pelos psiquiatras Rodrigo Bressan, Ary Gadelha e Géder Grohs, reune casos reais de boa evolução escritos por psiquiatras de diferentes estados brasileiros com o objetivo de mudar a percepção dos demais psiquiatras sobre a esquizofrenia. O livro foi lançado durante o Congresso Brasileiro de Psiquiatria no último final de semana.
Uma doença que carrega o estigma de doença mais grave da psiquiatria, conceituada na maioria das vezes como uma doença crônica e incurável, da qual a maioria dos pacientes jamais se recupera, sofre preconceito não só da sociedade, mas da própria classe médica e dos profissionais de saúde mental. Em admitindo isso como verdade absoluta, profissionais podem deixar de investir tudo que precisam no cuidado com os pacientes, perder a esperança na recuperação e reforçar um pessimismo que é contraproducente para quem precisa superar a doença.
Os casos publicados no livro contam histórias de pacientes que se recuperaram com o tratamento, apesar da doença e de anos enfrentando dificuldades, mas que conseguiram afinal superá-la e retomar suas vidas, voltando a trabalhar, estudar, a se relacionar e a viver com dignidade em suas comunidades.
O livro traz a mensagem da recuperação pessoal como algo tangível e provável para aqueles pacientes que se tratam adequadamente.
Apesar de ser um livro para psiquiatras e profissionais de saúde que tratam a esquizofrenia, ele possui uma linguagem acessível e pode servir a pacientes e familiares como exemplo de casos que deram certo, ajudando a inspirar novos tratamentos.
A esperança é um ingrediente primordial para quem deseja se recuperar, semear este sentimento entre profissionais e pacientes parece ser o caminho para se buscar melhores tratamentos e oportunidades para aqueles que sofrem com a doença.
Informações técnicas
Formato: 14X21
Peso: 0,18 kg
Páginas: 104
ISBN: 9788582713686
Ano: 2017
Sumário
Introdução
Capítulo 1. Com minhas próprias mãos
Capítulo 2. Sou mais forte que meus sintomas
Capítulo 3. Retomando a profissão
Capítulo 4. O papel do afeto no diagnóstico e no tratamento
Capítulo 5. Jackson, cinco anos bem
Capítulo 6. Diminuindo o risco de suicídio
Capítulo 7. Doutor
Capítulo 8. Erik e sua volta ao brasil
Capítulo 9. Antipsicótico de longa ação e empoderamento
Capítulo 10. Ex-bad boy
Capítulo 11. O ponta direito tímido
Capítulo 12. Um reencontro consigo e com a família
Capítulo 13. A história da senhora sia
Capítulo 14. Medo de enlouquecer
Capítulo 15. O sonho de ser professora
Capítulo 16. Alto funcionamento com baixo insight
Capítulo 17. O homem dos signos: um cara muito legal!
Capítulo 18. Da cronicidade ao inusitado da normalidade
Capítulo 19. Agora ouvindo as melodias e lendo as partituras
Capítulo 20. O aspirante a pastor
Capítulo 21. Ajudando o próximo
Capítulo 22. Superando as limitações
Capítulo 23. A árvore que floresceu
Capítulo 24. Olhos azuis
Capítulo 25. Uma mente persistente
Conclusão