Dissertação de Mestrado – Dr. Leonardo Palmeira.

A presente dissertação reúne estudos qualitativos baseados na fenomenologia hermenêutica e na análise temática com o objetivo de analisar a trajetória do programa até o presente momento à luz da evolução da consciência social e política de seus membros, particularmente dos usuários, que foram aumentando progressivamente sua participação, assumindo um papel de protagonismo e agenciamento pessoal no seu processo de recovery e no exercício coletivo da cidadania e da participação comunitária, formando uma grande rede de apoio, resistência e luta por direitos e contra a descriminação.

A incorporação das técnicas de educação, comunicação e interação pelos membros do programa permitiu o desenvolvimento de um lugar de fala, de construção de conhecimento, de solução de problemas e de consciência social, em que todos tiveram igualdade de oportunidade de participação, num modelo não hierarquizado, em que o poder é distribuído entre todos os membros, com base no construtivismo social, respeitando e legitimando as experiências individuais no processo de construção do conhecimento e de novas realidades para o grupo e para si próprio.

Isso permitiu que os membros alcançassem uma maior consciência histórica e política do processo que vivenciam, produzindo novas formas de subjetivação e, consequentemente, de possibilidades e potencialidades que os fortaleceram enquanto grupo/movimento social, ampliando seu escopo de ação, seu poder de contratualidade e sua inserção comunitária, condizentes com os princípios fundamentais e norteadores da reforma psiquiátrica brasileira. Este movimento pode levar a desdobramentos e iniciativas que contribuam para a mudança da cultura psiquiátrica na sociedade, angariando forças de luta e resistência política, bem como novas formas de reabilitação psicossocial, em que a tutela e a coerção tenham cada vez menos espaço e a inserção comunitária e o pleno exercício da cidadania sejam cada vez mais possíveis.


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