Sexismo pode ser causa de depressão em mulheres mais jovens.
Um estudo recente, desenvolvido no Reino Unido, revelou que mulheres entre 16 e 30 anos têm até cinco vezes mais chance de desenvolver depressão clínica devido ao sexismo – tipo de preconceito ou discriminação baseada exclusivamente no gênero ou sexo de uma pessoa.
As participantes da pesquisa contaram que sofreram mais assédio em ambientes como trabalho, escola, transporte público e táxi, sendo que 82% experienciou assédio sexual na rua. Todas acrescentaram ainda que os efeitos do sofrimento psicológico que tiveram duraram por, pelo menos, quatro anos.
Sexismo contra mulheres
A pesquisa foi realizada como uma parceria entre a organização Young Woman’s Trust e a University College of London. Para chegar à conclusão final, o estudo definiu o conceito de sexismo a ideia de “sentir-se insegura, evitar certos locais, ser insultada, ameaçada ou atacada fisicamente por ser mulher”.
No estudo, foram coletados dados de 2.995 mulheres, com idades entre 16 e 93 anos, do Reino Unido. O resultado parcial mostrou que as participantes mais jovens (até 30 anos) sofriam mais sexismo e tinham maiores impactos na saúde mental do que mulheres mais velhas.
Em termos de comparação, 24% das mulheres de 16 a 30 anos afirmaram ter sofrido sexismo no último ano, enquanto apenas 17% das mulheres com mais de 30 alegaram ter experienciado o preconceito de gênero no mesmo período.
Vítimas de sexismo
Em um relato anônimo, uma das mulheres entrevistadas afirmou que se isolou socialmente nos momentos em que sua ansiedade estava mais elevada e deixou de ver amigos por meses. Ela também deixou empregos e passou a evitar certos locais em sua cidade natal.
Outra participante relatou que sofreu com os efeitos do estresse e da ansiedade gerados em grande parte como resultado do sexismo que sofreu no ambiente de trabalho. “Eu temia ir trabalhar todas as manhãs e isso afetava tanto minha saúde mental quanto física”, disse.
Sexismo e saúde mental
Sophie Walker, diretora do Young Women’s Trust, afirmou que este estudo mostra que existe uma “clara e danosa” relação entre sexismo e a saúde mental das mulheres jovens dos dias atuais.
“O que muitas vezes é confundido como falta de confiança em mulheres jovens é, na verdade, uma crise na saúde mental causada por uma sociedade sexista. O sexismo está afetando profundamente a vida das jovens, sua liberdade econômica e sua saúde”, disse.
Ela declarou ainda que os serviços de saúde tradicionais não são acessíveis ou apropriados para abrigar as demandas das mulheres jovens. “Há necessidade de serviços de saúde mental para mulheres jovens mais especializados, além de investimentos em serviços para combater a violência contra mulheres e meninas”.
Por fim, Walker acrescentou que é preciso impedir que os danos causados pelo sexismo perdurem por anos em mulheres jovens, sendo importante tratar o problema de maneira mais completa. “Se você tentar ignorá-lo e não abordá-lo, ele apodrece e os problemas permeiam outras áreas da sua vida”.
Fonte: R7