Jornal Extra: Tema da novela ‘Rebelde’, esquizofrenia atinge principalmente jovens.
De repente, a vilã Lucy (Ully Lages), da novela “Rebelde”, da TV Record, começou a achar que vivia em um reality show, com câmeras que a filmavam 24 horas por dia. Em seguida, passou a acreditar que seu irmão Miguel (Thiago Amaral) era um impostor. As percepções distorcidas da realidade fizeram com que a família da menina suspeitasse: Lucy pode ser esquizofrênica. Na vida real, a doença acomete principalmente os jovens.
— A esquizofrenia está relacionada a um excesso do neurotransmissor dopamina, responsável por fazer a comunicação entre os neurônios. Esse aumento da substância atinge principalmente as regiões do cérebro ligadas às emoções, à memória e ao raciocínio — explica o psiquiatra e autor do livro “Entendendo a esquizofrenia”, Leonardo Palmeira.
As causas para que a alteração aconteça são duas. A primeira é genética: uma predisposição familiar. A segunda tem a ver com o ambiente em que o jovem vive.
— Estresse ou traumas podem ativar esses genes que causam a doença. Isso acontece na adolescência porque é um momento de maiores conflitos, dificuldades para se afirmar no estudo ou em uma profissão — afirma.
O especialista também alerta: o consumo de drogas pode desencadear o surto — que tem como principais sintomas alucinações, ilusões e pensamento desordenado, que interrompem a vida social do paciente. Estudos apontam, por exemplo que o consumo de maconha antes dos 16 anos aumenta o risco da esquizofrenia 18 vezes.
— O tratamento tem três pilares: os remédios antipsicóticos, a terapia e o apoio da família. Se esses fatores funcionarem bem, a pessoa tem chances de voltar a ter uma vida ativa normal — diz.
A atriz Ully Lages, que interpreta a personagem da novela da Record, concorda.
— É importantíssimo amor e paciência dos familiares e de amigos, além do acompanhamento de um profissional, claro — diz.
No Brasil, dois milhões de pessoas têm esquizofrenia.
Como perceber?
Introspecção
Se seu filho passou a ficar mais calado, evitando amigos e sem querer ir à escola, atenção.
Estão me seguindo
Manias de perseguição também podem indicar o início do quadro de esquizofrenia.
Agressividade
Se o adolescente ficou agressivo de repente, por motivos sem importância, procure orientação médica.
Dores no corpo
O jovem esquizofrênico pode achar que está doente, sentir dores pelo corpo, arrepios, calafrios e até relatar que está “vendo” o corpo de forma diferente.
Perda de memória
Queda de rendimento no colégio ou no trabalho e lapsos de memória frequentes podem indicar que algo não vai bem.
Fonte: Jornal Extra
Saúde mental é afetada pela economia, diz pesquisa.
A desaceleração econômica, o ritmo da vida moderna e as novas tecnologias estão começando a afetar nossa saúde mental, de acordo com uma pesquisa. Segundo os dados, publicados pelo site Female First, o número de adultos que acessaram serviços especializados de saúde mental entre 1 de abril de 2010 e 31 março de 2011, no Reino Unido, foi o maior desde que os registros começaram em 2003 e 2004, chegando a 1,25 milhões de pessoas.
O fenômeno já havia sido registrado entre os anos de 2009 e 2010 também. De acordo com nova pesquisa realizada pelo site Mootu, esse aumento pode estar relacionados a três fatores principais. O estudo revela que os adultos no Reino Unido acreditam que a crise econômica (83%), o ritmo da vida moderna (65%) e, o mais interessante, a nova tecnologia (27%) são as razões para o aumento de problemas mentais e dependências.
Os resultados foram liberados para lançar o site que oferece um novo serviço de busca por auxílio profissional. Essa é a primeira rede no Reino Unido a oferecer aconselhamento e psicoterapia via videoconferência pelo Skype.
Apesar de um crescente reconhecimento de que problemas de saúde mental são um problema no Reino Unido (dois terços dos adultos acreditam que essa questão está crescendo), um número surpreendente de pessoas admite que não iria procurar ajuda. Essa opção prevalece particularmente entre os desempregados, já que quase 50% desse grupo sofre em silêncio. No entanto, 63% dos britânicos disseram que iriam consultar um terapeuta ou conselheiro, se pudessem fazê-lo na privacidade da sua casa ou sem ter que se afastar do trabalho.
É preocupante que, mesmo com um número de celebridades conhecidas, como Sarah Harding do Aloud e o jogador de rugby Duncan Bell, enfrentarem batalhas contra depressão, mais de um quarto dos pesquisados afirmaram que não procurariam ajuda devido ao estigma associado com tais problemas e quase 60% preferiam se virar sozinhos.
Fonte: Terra
Estudo descobre mutação genética que protege contra Alzheimer.
Uma equipe internacional de cientistas descobriu uma mutação genética que protege contra o mal de Alzheimer e a perda de capacidade de aprendizagem causada pelo envelhecimento, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (11) pela revista científica “Nature”.
O grupo liderado por Kari Stefansson, do centro “deCODE Genetics”, em Reykjavik, na Islândia, estudou o genoma completo de 1.795 islandeses. Eles descobriram uma mutação em um gene chamado APP que funciona como uma defesa natural do cérebro.
Segundo os pesquisadores, essa mutação reduziria em até 40% a formação de uma substância conhecida como proteína amiloide em idosos saudáveis. Esta proteína se acumula e forma placas no cérebro dos pacientes, provocando o surgimento do mal de Alzheimer.
“Pelo que sabemos até agora, [esta mutação] representa o primeiro exemplo de uma alteração genética que confere uma proteção forte contra o mal de Alzheimer”, afirma o artigo.
Os cientistas descobriram também que esta mesma mutação freia a perda de capacidade de aprendizagem nos idosos que não sofrem do mal de Alzheimer. Por isso, o trabalho indica que os dois transtornos possam ter mecanismos no mínimo similares.
O estudo mostrou que a função cognitiva dos idosos de 80 a 100 anos portadores dessa mutação funcionava muito melhor que a daqueles que não a tinham.
Stefansson considera que o Alzheimer poderia representar o caso mais extremo de deterioração da função cognitiva relacionado à idade.
Até o momento, os cientistas descobriram 30 mutações no gene APP, 25 das quais se considera causadoras da doença em idades avançadas, mas esta é a primeira vez que se detecta uma mutação relacionada com a proteção contra o Alzheimer em idosos.
Mais de 5% dos maiores de 60 anos sofrem de algum tipo de demência e, em dois terços dos casos, se trata de Alzheimer.
Fonte: G1
Pesquisa aponta hormônio como possível tratamento da depressão
Em pesquisas com ratos, a adiponectina, hormônio também presente em humanos, se mostrou eficiente no tratamento da depressão e mostrou potencial para ser usada principalmente em pacientes que têm diabetes
Pesquisadores da Universidade do Texas descobriram que um hormônio presente nos ratos ajuda a aliviar os sintomas da depressão nesses animais. Eles testaram o papel da adiponectina, um hormônio produzido pelo tecido adiposo e também presente nos humanos, no controle da depressão. O estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Resultado: Depois dos 14 dias, os animais começaram a apresentar sinais de depressão, como um declínio na interação social. Nesses ratos, os níveis do hormônio adiponectina estavam muito menores do que o normal. A adiponectina é responsável por controlar o metabolismo do açúcar e da gordura no corpo e é capaz de atravessar a barreira hematoencefálica. Segundo os pesquisadores, ela tem propriedades antidiabéticas – quanto menor for seu nível no sangue, maiores são as chances de o indivíduo ter diabetes tipo 2. Estudos anteriores mostraram que pacientes com esse tipo de diabetes tinham duas vezes mais chance de sofrer de depressão. A partir desses dados, os cientistas resolveram pesquisar se havia alguma relação entre os níveis do hormônio e a doença.
Para isso, os autores submeteram ratos a 14 dias de stress seguidos. Eles introduziram os animais em gaiolas que continham um rato maior e mais agressivo, onde foram fisicamente derrotados. Depois da derrota, os ratos permaneceram na gaiola, mas foram separados por um divisor plástico que permitia contato visual, auditório e olfativo com seu agressor. A cada 24 horas, o procedimento era repetido. No final dos 14 dias, os ratos apresentavam sintomas de depressão, como aversão ao convívio social.
Dois dias depois do último encontro com o agressor, os pesquisadores mediram os níveis de adiponectina no sangue desses ratos. A depressão coincidiu com uma queda nos níveis do hormônio no sangue.
Depois disso, os cientistas compararam o comportamento de ratos normais com ratos geneticamente modificados, que possuíam deficiência nos níveis da adiponectina. Os últimos demonstraram maior predisposição a sintomas relacionados com a depressão, como a aversão social, pouco estímulo por recompensas e desamparo, recusando oportunidades de melhorar suas circunstâncias.
Por último, os pesquisadores injetaram o hormônio no cérebro de ratos normais e diabéticos, e viram que ele teve um efeito antidepressivo. Como resultado, o estudo concluiu que a adiponectina tem um grande potencial terapêutico para tratar a depressão, principalmente em pacientes com diabetes.
Fonte: Veja
Carbonato de Lítio (Carbolitium).
O lítio (grego lithos, pedra ) é um elemento químico de símbolo Li, número atómico 3 e massa atómica 7 u, contendo na sua estrutura três protons e três electrons. Na tabela periódica dos elementos químicos, pertencente ao grupo (ou família) 1 (anteriormente chamado 1A), entre os elementos alcalinos.
Na sua forma pura, é um metal macio, de coloração branco-prateada, que se oxida rapidamente no ar ou na água. É um elemento sólido porém leve, sendo empregado especialmente na produção de ligas metálicas condutoras de calor, em baterias elétricas e, seus sais (principalmente o carbonato de lítio), no tratamento do transtorno de humor.
É um metal escasso na crosta terrestre, encontrado disperso em certas rochas, porém nunca livre, dada a sua grande reatividade. É encontrado, também, em sais naturais, águas salgadas e águas minerais.
Desde a Segunda Guerra Mundial, a produção de lítio aumentou enormemente, sendo obtido de fontes de água mineral, águas salgadas e das rochas que o contêm, sempre por eletrólise do cloreto de lítio. Os principais minerais do qual é extraído são lepidolita, petalita, espodúmena e ambligonita. Nos Estados Unidos é extraído de salinas existentes na Califórnia e Nevada, principalmente. Na América do Sul, existem salinas de lagos com alto teor de lítio no Atacama, Chile.
O carbonato de lítio (Carbolitium) foi recomendado pela primeira vez para o tratamento de transtornos de humor (na época chamados de doença afetiva endógena) em 1893 por Frederick Lange. Depois disso o carbonato de lítio foi redescoberto em 1951, quando Noack e Trautner e, posteriormente em 1954, Schou descreveram suas propriedades terapêuticas e profiláticas na mania e na depressão: “pacientes que tinham 10 a 12 episódios por ano antes do tratamento com lítio passaram após dois anos de tratamento contínuo a apresentar uma normalização das oscilações de humor, sem que as emoções normais fossem afetadas”, afirmou Shou, que também cunhou o termo “estabilizador ou normalizador de humor”.
O lítio possui efeito em diferentes neurotransmissores, como serotonina, noradrenalina, dopamina, GABA e glutamato, facilitando a neurotransmissão. Ele possui também propriedades neuroprotetoras e neurotóficas, aumentando os níveis de N-Acetil-Aspartato (NAA), marcador de viabilidade neuronal, aumentando o volume da substância cinzenta e do hipocampo em pacientes bipolares. A eficácia clínica do lítio pode, por este motivo, demorar meses ou mesmo anos para se consolidar.
Como equilibrar a eficácia do lítio com os efeitos colaterais indesejados que ocorrem com o aumento de sua concentração plasmática permanece sendo um grande desafio na prática clínica e esta decisão precisa ser individualizada para cada paciente, levando em conta sua sensibilidade e adaptação.
Gelenberg e colaboradores compararam em 1989 pacientes com níveis de lítio no sangue considerados “padrão” (0,8 a 1,0 mEq/l) com pacientes com níveis mais baixos (0,4 a 0,6 mEq/l) e verificaram que, embora os pacientes com níveis mais altos tinham uma proteção superior contra recaídas, eles abandonavam mais o tratamento por causa dos efeitos colaterais. Maj e colaboradores acompanharam 80 pacientes com diferentes níveis plasmáticos de lítio e os grupos com níveis acima de 0,4 (0,46-0,6; 0,61-0,75; 0,76-0,9) demonstraram uma redução significativa dos episódios de humor e menor morbidade.
Em 2011 participei de uma mesa redonda no Congresso Americano de Psiquiatria (APA) em Honolulu e os principais pesquisadores do transtorno bipolar na atualidade debatiam justamente sobre os benefícios do lítio em doses baixas (níveis plasmáticos até 0,6/0,8) em detrimento das doses altas (e pouco toleradas) praticadas antigamente. A conclusão é que os efeitos benéficos do lítio (que não são alcançados pelos demais estabilizadores de humor e que dependem da exposição prolongada ao lítio - > 2 anos) são sentidos mesmo por pacientes que utilizam doses baixas, mesmo que eles precisem de associações com outros estabilizadores de humor ou antipsicóticos para uma melhor prevenção de recaídas. Esses pesquisadores demonstraram preocupação com a queda de utilização do lítio em detrimento às novas medicações, apesar dos benefícios de longo prazo do lítio serem incomparáveis.
A maior parte dos pesquisadores atuais recomenda doses plasmáticas de lítio entre 0,4 e 0,8 mEq/L, que costumam ser bem toleradas pelos pacientes. A prevenção de depressão precisa de doses mais baixas (entre 0,4 e 0,6), enquanto de mania doses mais altas (0,6 a 0,8).
A dosagem de lítio deve ser obtida sempre que houver alteração da dosagem oral, piora clínica ou a cada 6 meses como rotina.
A maior parte dos efeitos colaterais do lítio é dose dependente e pode ser atenuada reduzindo a dosagem ou utilizando comprimidos de liberação controlada (Carbolitium CR) que evitam o pico plasmático. Os efeitos colaterais mais comuns são: boca seca, sede, aumento da frequência urinária, retenção de líquido, diarréia, tremores finos das mãos. Esses efeitos podem ser transitórios, reduzir com o tempo ou melhorar com a redução da dosagem.
O lítio possui alguns efeitos colaterais que aparecem no longo prazo:
Hipotireoidismo – não está comprovado que o lítio cause hipotireoidismo, porém alguns pacientes com hipotireoidismo subclínico ou predisposição a doenças da tireóide (história familiar) podem precisar de suplementação de hormônio tireoidiano depois que iniciarem o lítio. Por isso é importante solicitar de rotina os níveis de TSH, para se antecipar à necessidade do uso de hormônio tireoidiano, já que o hipotireoidismo está associado à depressão e ganho de peso. Hipotireoidismo é uma comorbidade frequente em pacientes com transtorno bipolar, mesmo naqueles que nunca usaram lítio.
Ganho de peso – o mecanismo de ganho de peso é desconhecido, acredita-se que no inicio do tratamento possa estar relacionado à retenção de líquido (geralmente são ganhos inferiores a 3kg). O ajuste da dosagem ou diuréticos de alça ou poupadores de potássio podem aliviar este efeito. Aproximadamente um quarto dos pacientes tem um ganho de peso entre 5 e 10%. Nestes casos é preciso indicar uma dieta com restrição de carboidratos, exercícios e dosar os hormônios tireoidianos.
Função renal – o lítio é completamente eliminado pelos rins, por isso a necessidade de monitoramento da função renal. Problemas renais decorrentes do uso de lítio são muito raros, mas pacientes com hipertensão arterial, doença renal preexistente ou problemas familiares ou ambientais que possam acometer os rins devem ser monitorados com mais cuidado. A dosagem de creatinina no sangue deve ser pedida de rotina e pacientes com resultados acima de 1,6 mg/dl devem ser encaminhados à avaliação pelo especialista. Não existem estudos que demonstrem efeitos isolados do lítio na usência de outros fatores de risco para doenças renais.
Problemas dermatológicos – acne, não é muito frequente e costuma ser transitória, respondendo bem ao tratamento tópico para acne.
Toxicidade – existe um risco de intoxicação pelo lítio quando a dosagem plasmática excede 1,5 mEq/l. Isto pode ocorrer quando o paciente ingere dosagens acima das recomendadas pelo médico ou quando ocorre desidratação. Por isso o paciente precisa estar consciente da necessidade de ingerir bastante líquido, principalmente quando a perda for significativa (atividades físicas e calor). O recomendado é de 2 a 3 litros de água por dial. Outro ponto que o paciente precisa saber é que anti-inflamatórios e diuréticos podem aumentar a concentração do lítio no sangue e que antes de tomá-los deve consultar o seu médico. Os riscos de intoxicação são pequenos quando o paciente é mantido em dosagens de litio no sangue até 0,8mEq/l.
Os sinais de intoxicação são principalmente do SNC, como perda de equilíbrio, dificuldade de andar, tremores amplos (ataxia), além de náuseas e vômitos. Neste caso o paciente deve procurar a emergência de um hospital, pois precisa receber hidratação venosa e cuidados médicos.
Situações especiais:
Gravidez – o risco de teratogenia (malformações fetais) com o lítio é baixo. A anomalia mais conhecida é uma malformação cardíaca chamada anomalia de Ebstein, cujo risco é de 1 em cada 1.000 a 1 em cada 2.000 nascidos vivos. Mesmo assim recomenda-se a redução ou suspensão temporária do lítio para as mulheres que quiserem engravidar ao menos no primeiro trimestre de gestação. Depois disso o lítio é seguro e não tem sido relacionado a outras malformações. Ele deve ser interrompido dois dias antes do parto para prevenir intoxicação pelo lítio no recém-nascido, embora dosagens de lítio menores do que 0,3 mEq/l raramente causem intoxicação no neonato. O lítio deve ser descontinuado ao longo de semanas, pois a interrupção abrupta coloca a mulher em risco de recaída, principalmente no pós-parto, quando aumentam os riscos de depressão ou psicose pós-parto (o risco pode ser de 50-75%).
Amamentação – o lítio não recomendável na amamentação, pois de 24 a 72% da concentração materna de lítio é encontrada também no leite materno. Existem outras opções mais seguras e que a mulher pode continuar amamentando seu bebê. As mulheres que não puderem ficar sem o lítio por piora do quadro devem ser orientadas a não amamentar seu filho.
O Carbonato de lítio é comercializado no Brasil pelo laboratório Eurofarma na forma de liberação imediata (Carbolitium) e de liberação controlada (Carbolitium CR) e pelo laboratório Moksha8 na forma de liberação imediata (Carbolim).
Castigos físicos aumentam chances de crianças apresentarem distúrbios mentais na vida adulta
Já são conhecidos os danos que maus tratos graves, como abuso sexual, podem causar à saúde mental das crianças. Nova pesquisa demonstra que bater e empurrar também podem desencadear abuso de álcool e drogas, transtorno de ansiedade e outros problemas de comportamento.
Punições físicas aplicadas pelos pais para disciplinar os filhos podem desencadear uma série de problemas mentais entre as crianças ao longo da vida. Segundo um novo estudo publicado nesta segunda-feira na revista Pediatrics, agressões — mesmo que não sejam as formas mais graves de abuso, como sexual ou negligência, comprovadamente prejudiciais à saúde mental — como empurrar, bater e agarrar, estão associadas a distúrbios de ansiedade e de personalidade.
Segundo os autores do trabalho, está clara a relação entre maus tratos às crianças, tanto físicos e emocionais quanto abuso sexual, e problemas emocionais apresentados por elas durante a vida adulta. No entanto, de acordo com eles, pouco foi estudado sobre os efeitos negativos das punições físicas que são usadas como uma forma de castigo, para a saúde mental dos indivíduos.
Para a pesquisa, uma equipe da Universidade de McMaster, no Canadá, se baseou em dados de 600 americanos inscritos no Exame Nacional de Epidemiologia em Álcool e Condições Relacionadas, dos Estados Unidos, que coletou dados de 34.653 pessoas maiores do que 20 anos entre 2004 e 2005. Os autores observaram que entre 2% e 7% dos distúrbios mentais apresentados pelos participantes -- entre eles os transtornos de humor, ansiedade, bulimia, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e abuso de álcool e drogas -- foram atribuídos a punições físicas na infância.
Os autores da pesquisa explicam que, embora essa porcentagem pareça pequena, ela já é suficiente para mostrar que os castigos físicos podem ser considerados como fatores de risco para problemas mentais. Eles acreditam que esses resultados reforçam a ideia de que reduzir o castigo físico pode ajudar a diminuir a prevalência de transtornos mentais na população em geral.
Brasil — Uma pesquisa divulgada em junho pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo indicou que um em cada cinco brasileiros sofreu punição física regular, ou seja, ao menos uma vez por semana, na infância, e que pouco mais de 70% apanharam ao menos uma vez quando crianças. O levantamento, feito em 2010 com 4.025 pessoas de onze capitais do país, também mostrou que os indivíduos que relataram sofrer mais punições físicas apresentavam mais chances de adotar a violência na criação de seus filhos.
Fonte: Veja
Leia também: Pesquisa diz que maus-tratos na infância alteram genes do estresse em adultos.
EUA aprovam nova droga contra a obesidade
Após 13 anos sem aprovar novos remédios para a obesidade, a FDA liberou ontem a comercialização do Belviq (cloridrato de lorcaserina).
Fabricado pela Arena Pharmaceuticals, o remédio age ativando um receptor de serotonina no cérebro, o 2C. Esse mecanismo colabora para a diminuição do apetite e para a sensação de saciedade após as refeições.
O cloridrato de lorcaserina foi aprovado para pacientes com sobrepeso e obesos, com IMC (índice de massa corporal) a partir de 27 e pelo menos uma complicação ligada ao excesso de peso, como pressão alta e diabetes.
Estudos viram que usuários do remédio tiveram perda média de 3,7% do peso. Ou seja, alguém com 100 kg conseguiria emagrecer, em média, menos de 4 kg.
"É uma perda modesta. Sem dúvida, entre as opções que eles tinham para aprovar, a locaserina é a que menos emagrecia", avalia Rosana Radominski, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).
Segundo ela, porém, mesmo com o emagrecimento pouco expressivo, o remédio pode ser benéfico para alguns pacientes, uma vez que ele ajuda a controlar problemas associados à obesidade, como pressão alta e complicações metabólicas.
O novo remédio não deve ser usado por grávidas e, em combinação com alguns remédios, como certos antidepressivos, pode causar sérios efeitos adversos. "O Belviq também pode causar distúrbios de atenção ou memória", diz a FDA.
A última droga contra a obesidade aprovada pela agência havia sido o Xenical, da Roche, em 1999. Um dos efeitos colaterais da droga é o excesso perceptível de gordura eliminada nas fezes.
"A FDA demora mais a aprovar as drogas contra a obesidade porque há uma série de exigências muito rígidas contra os efeitos colaterais. Afinal, esses medicamentos agem no sistema nervoso central", diz Rosana.
Com a maior população de obesos do planeta, os Estados Unidos estão enfrentando uma pressão grande para a liberação de novas drogas contra o distúrbio.
Fonte: Folha de SP
Ganho de peso com medicações psiquiátricas.
Sem sombra de dúvida este é o efeito colateral mais temido e menos tolerado por pacientes que estão em tratamento com medicações psiquiátricas. Por este motivo decidi escrever mais sobre o tema, com as informações e orientações que costumo passar aos meus pacientes.
Primeiramente é preciso entender que este efeito colateral é o mais pessoal de todos, o que significa que um mesmo medicamento pode provocar ganho de peso em uns e não em outros. Geralmente alguns aspectos individuais contribuem para esta diferença:
- Facilidade para ganhar peso: algumas pessoas têm mais facilidade de engordar do que outras. Isto pode ser determinado geneticamente, por questões hormonais e do metabolismo de cada um, por hábitos como dieta e atividades físicas, por doenças pré-existentes, dentre outros motivos. Neste caso pacientes com maior facilidade para ganhar peso terão também mais risco de engordar com alguns medicamentos.
- Sedentarismo: a falta do hábito de uma atividade física regular, ao menos quatro vezes na semana, contribui para o aumento de peso, mesmo que o paciente não esteja em uso de medicações ou tenha modificado sua dieta, portanto, pacientes sedentários terão também maior probabilidade de ganho de peso com o tratamento.
- Hábito alimentar: pacientes que não costumam se alimentar em horários regulares ou fazem longos períodos de intervalo entre as alimentações estão mais sujeitos ao ganho de peso, pois o organismo quando passa muito tempo sem receber alimento entende que o mesmo está escasso, que passará por privações e o resultado é um aumento do apetite para carboidratos, gorduras e açucares (alimentos com maior teor calórico que permitem o armazenamento de gorduras no tecido adiposo). Todo o indivíduo com fome fará em sua próxima refeição escolha por carboidratos ou terá mais vontade de “beliscar” doces e salgados com alto teor calórico (isto pode ocorrer sem que o paciente se dê conta). A melhor dica é se alimentar de 3 em 3 horas em pequenas quantidades ou interpor às principais refeições (café, almoço e jantar) uma fruta ou um lanche leve. Os pacientes que comem espaçadamente, fazem apenas uma ou duas grandes refeições ao dia ou são “beliscadores” tenderão a ganhar peso também com as medicações psiquiátricas.
- Compulsão alimentar: indivíduos obesos ou com sobrepeso que já tenham dificuldade para controlar o peso por apresentar algum transtorno alimentar, seja compulsão alimentar periódica, bulimia ou anorexia nervosa, precisam tratar do transtorno alimentar independentemente de tratarem também do outro transtorno mental. Da mesma forma os pacientes que descontam a ansiedade na comida (geralmente “beliscadores compulsivos”) precisam relatar ao médico este sintoma para um tratamento específico.
- O próprio transtorno: existem transtornos psiquiátricos que causam aumento de peso, p.ex. transtorno bipolar, algumas formas de depressão (principalmente as ansiosas), outros transtornos de ansiedade e, claro, os transtornos alimentares. A melhor forma de perder peso é tratar o transtorno de base.
Em segundo lugar deve-se ter em mente que o fato de um medicamento “poder causar ganho de peso” não deve inviabilizar o tratamento. A grande maioria dos medicamentos psiquiátricos pode provocar ganho de peso. Um maior exemplo disso é a fluoxetina, antidepressivo usado com frequência por endocrinologistas para emagrecimento. Embora a fluoxetina cause emagrecimento nos primeiros meses, por um efeito colateral de enjoo e perda do apetite, a maioria dos pacientes ganha peso após 1 ano de uso da fluoxetina.
Se você for se preocupar mais com o possível efeito colateral do que com o efeito terapêutico do medicamento, não vai conseguir se tratar. Você pode iniciar o medicamento e paralelamente monitorar seu peso. Em caso de ganho de peso, deve relatar ao médico e discutir com ele as alternativas, sem precisar abrir mão do seu tratamento e de sua estabilidade.
Muitos argumentam que aumentando o peso sentir-se-ão pior psicologicamente (com o que concordo plenamente, não é agradável para ninguém ganhar peso!). Porém é preciso considerar que este ganho pode ser transitório, que você pode vir a perder peso novamente e, por se sentir melhor de seu transtorno de base, conseguir manter hábitos de vida mais saudáveis e compatíveis também com um corpo mais em forma.
Costuma ser assim com grande parte dos medicamentos psiquiátricos que causam aumento do peso. Após um período, que geralmente não ultrapassa os 6 meses, esse ganho se estabiliza e o paciente começa a perder. Claro que no início do tratamento, dependendo do ritmo de ganho de peso, será possível decidir se podemos ou não aguardar este prazo.
Portanto:
1) Não se desespere ou desista do tratamento antes de tentá-lo. Você pode estar “queimando” um medicamento que pode fazer grande diferença no seu transtorno e você nem sabe ainda se ele terá ou não consequências no seu peso.
2) Não se deixe levar por fóruns na internet, geralmente as pessoas que postam lá são as que estão insatisfeitas com o medicamento ou não o toleraram.
3) Lembre-se de que cada caso é um caso. Existem pessoas que ganham peso, outras que perdem, outras que ganham por um período e depois perdem, enfim, você só poderá perceber qual o seu caso se experimentar o medicamento.
4) Seu médico vai ouvi-lo e acompanhá-lo passo a passo, caso esteja ganhando peso além do esperado isto será considerado e alternativas serão discutidas com você.
5) Procure fazer a sua parte: faça uma atividade física regular, cuide de sua dieta, não passe muito tempo sem se alimentar, se estiver beliscando muito, peça uma ajuda para controlar este comportamento, dose seus hormônios, pesquise se existem outras causas para o ganho de peso.
Não vamos fazer do ganho de peso mais um tabu para não cuidar da saúde mental. Já basta a resistência de aceitar o transtorno e a necessidade de tratamento psiquiátrico. Juntos podemos encontrar as alternativas e vencer o problema.
Suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens no mundo.
Uma série de estudos publicada no periódico "Lancet" chama a atenção para um assunto tabu: o suicídio.
Segundo um dos artigos, essa é a primeira causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos. Entre os homens, o suicídio ocupa o terceiro lugar, depois de acidentes de trânsito e da violência.
No Brasil, o suicídio é a terceira causa de morte entre jovens, ficando atrás de acidentes e homicídios.
"As taxas sempre foram maiores na terceira idade. Hoje a gente observa que, entre os jovens, elas sobem assustadoramente", afirma Alexandrina Meleiro, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.
Entre os jovens, a taxa multiplicou-se por dez de 1980 a 2000: de 0,4 para 4 a cada 100 mil pessoas.
Segundo o estudo, os adolescentes evitam procurar ajuda por temerem o estigma e que rumores sobre seus pensamentos suicidas se espalhem pela escola.
Há outra mudança no perfil dos que cometem suicídio. O risco, que sempre foi maior entre homens, tem aumentado entre as meninas.
Segundo Meleiro, isso se deve a gestações precoces e não desejadas, prostituição e abuso de drogas.
SILÊNCIO
O problema, porém, é negligenciado, como mostram dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). A entidade afirma que os casos de suicídio aumentaram 60% nos últimos 45 anos e que 1 milhão de pessoas no mundo morrem dessa forma por ano.
No Brasil, estima-se que ocorram 24 suicídios por dia. O número de tentativas é até 20 vezes maior que o de mortes.
"O suicídio é uma epidemia silenciosa. E o preconceito em torno das doenças mentais faz com que as pessoas não procurem ajuda", diz Meleiro. Cerca de 90% dos suicídios estão ligados a transtornos mentais.
Segundo a OMS, pouco tem sido feito em termos de prevenção. Os pesquisadores, da Universidade de Oxford e da Universidade Stirling, na Escócia, dizem que mais pesquisas são necessárias para compreender os fatores de risco e melhorar a prevenção.
Uma estratégia é limitar o acesso a meios que facilitem o suicídio, como armas.
Meleiro diz ainda que as pessoas costumam dar sinais antes de uma tentativa. "Acredita-se que perguntar se a pessoa tem pensamentos suicidas vai estimulá-la, mas isso pode levá-la a procurar ajuda."
A psiquiatra da infância e da adolescência Jackeline Giusti, do Hospital das Clínicas da USP, afirma que é importante prestar atenção a sinais de automutilação nos adolescentes, porque a prática aumenta o risco de suicídio.
"Professores, clínicos e pediatras têm que ficar atentos a essa possibilidade e investigar. É um sinal de que algo não está legal e merece cuidados. Em geral os adolecescentes que se mutilam são deprimidos, têm ansiedade e têm uma dificuldade enorme pra dizer o que estão sentindo ou para pedir ajuda."
Fonte: Folha de São Paulo
Leia também:
Sinais que devem servir de alerta para o risco de suicídio
Suicídio - Tragédia Silenciosa
Sinais que devem servir de alerta para o risco de suicídio.
O suicídio é mais comum em jovens e depois na meia idade. Em jovens está quase sempre associado a transtornos psiquiátricos não diagnosticados ou não tratados ou a características de personalidade em que o indivíduo não possui recursos emocionais para lidar com as perdas ou com a sobrecarga emocional e acaba agindo impulsivamente e pondo fim precocemente à vida.
Na meia vida entram em jogo outros fatores ambientais, como perdas, endividamento, desemprego, mas a saúde mental muitas vezes é negligenciada.
Uma coisa importante: o tratamento psiquiátrico previne o suicídio! Afirmo isso, pois existem estudos com medicamentos capazes de proteger o paciente dessas ideias e, na prática, vemos muitos pacientes melhorando das ideias de suicídio quando começam a se tratar. Este efeito ocorre já no início do tratamento, antes mesmo que o paciente se recupere plenamente do transtorno mental, o que sabemos pode demorar um pouco mais.
Existem alguns sinais que devem servir de alerta e os pais não devem temer abordar o assunto abertamente, pois muitas vezes essas pessoas precisam e querem muito ajuda, mas ao mesmo tempo têm muito medo e preconceito. Para elas, saber que para as ideias de suicídio existe tratamento é um alento.
- distanciamento emocional e social (começa a ir mal na escola, desinteressa pelas atividades corriqueiras, pelos amigos ou pela família);
- reações extremadas de raiva, seja dirigida a terceiros ou a si próprio (auto-mutilação, ferir-se mesmo que de forma aparentemente despropositada);
- conflitos existenciais;
- bullying;
- interesse crescente por temas que envolvem violência, armas de fogo e morte (muitos procuram na internet por meios de se matar);
- ser displicente ou inconsequente com sua integridade física e segurança;
- sinais frequentes de alterações de humor: depressão, ansiedade, irritabilidade;
- distanciamento da realidade, avaliações deturpadas de eventos que ocorreram (p.ex. ideias de perseguição ou de culpa demasiada por algo que aparentemente não foi culpado).
Esses sinais servem de alerta para a necessidade de uma avaliação médica, não são específicos ou significam a eminência de uma tentativa de suicídio. O psiquiatra irá avaliar o paciente e seu contexto sócio-familiar para um diagnóstico mais assertivo do caso. O objetivo é que pais e educadores possam ter um papel preventivo na procura de tratamento o quanto antes, pois o suicídio muitas vezes é uma complicação de um transtorno mental não tratado a tempo.
Leia também:
Suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens no mundo.
Suicídio: tragédia silenciosa
Chega ao Brasil o Saphris, novo antipsicótico com indicação na esquizofrenia e no TBH.
Chega este mês no Brasil um novo antipsicótico com indicação no tratamento da esquizofrenia e do transtorno bipolar. É o maleato de asenapina (nome comercial Saphris – laboratório Lundbeck), já comercializado nos EUA há 2 anos. A asenapina é do grupo dos antipsicóticos atípicos ou de segunda geração e o único de administração sublingual.
Em estudos comparativos com a risperidona (Risperdal) e a olanzapina (Zyprexa), a asenapina foi igualmente eficaz no controle dos sintomas positivos e negativos da esquizofrenia, bem como da mania e dos episódios mistos (depressão com mania) no transtorno bipolar.
A asenapina também mostrou-se eficaz no tratamento do transtorno bipolar e da esquizofrenia a longo prazo, bem como em pacientes esquizofrênicos com sintomas negativos predominantes (estudos de 26 a 52 semanas).
Seu perfil de tolerabilidade nos estudos que avaliaram a asenapina em comparação com risperidona e olanzapina é bom, com baixa incidência de efeitos extrapiramidais (tipo parkinsoniano), menor ganho de peso e pouca influência no colesterol, triglicerídeos, enzimas hepáticas e glicemia de jejum. Os efeitos colaterais mais comuns foram: dormência transitória na língua ou na boca após a administração, sonolência, insônia, náuseas, ansiedade e inquietação.
O Saphris está sendo comercializado na forma de comprimidos de 5mg em embalagens com 60 comprimidos. Está prevista também a comercialização de comprimidos de 10mg. Ele deve ser administrado duas vezes ao dia na forma sublingual, desintegrando-se em alguns segundos quando em contato com a saliva. O comprimido deve ser manuseado com as mãos secas e não deve ser mastigado ou engolido, pois isto altera a absorção. É recomendado que o paciente não beba água ou ingira alimentos por 10 minutos após a administração, pois isso também pode comprometer a biodisponibilidade.
Leia também:
Antipsicóticos surgem como alternativas eficazes no tratamento dos transtornos de humor
Depressão na gravidez e no pós-parto.
Depressão durante a gravidez é um problema sério: primeiro tira da mãe a oportunidade de curtir a gestação e interfere precocemente na relação que se estabelecerá entre a mãe e o bebê no puerpério, afinal a gestação daquela criança ficará marcada pela tristeza e pela angústia. Em segundo lugar, existem estudos que correlacionam depressão materna na gravidez com problemas obstétricos no parto, problemas para o desenvolvimento emocional e intelectual do bebê e também é fator de risco para outros problemas mentais no futuro daquela criança.
Depressão na gravidez é sempre um alerta também para a qualidade da vida desta mãe e de seu filho no pós-parto, pois é comum que a depressão se agrave após o parto. A maioria das mulheres que desenvolveram depressão pós-parto já tinha sinais de depressão na gravidez. Cuidar desta mãe durante a gravidez é fundamental para a prevenção e o tratamento da depressão pós-parto, quando as mudanças hormonais são mais marcantes.
Um dado preocupante é que a grande maioria das mulheres depressivas resiste a procurar o psiquiatra enquanto grávidas por crença de que a medicação poderá fazer mal ao feto e também retarda muito a procura por ajuda no puerpério. Geralmente chega ao consultório com quadros graves e muitos prejuízos para as relações com o seu bebê e sua família.
O que é preciso saber é que depressão na gravidez pode fazer mais mal ao feto do que a medicação que se utiliza para o tratamento. Da mesma forma, uma mãe deprimida amamentando seu filho forçosamente ou irritada, sem saber lidar com a sobrecarga do puerpério, fará muito mais mal ao bebê (e a si própria) e prejudicará a relação com este filho de forma muito mais contundente do que se procurasse tratamento a tempo.
É necessário esclarecer que existem medicamentos que podem ser utilizados na gestação e na amamentação, não se justificando protelar o tratamento. A mãe e a família precisam se conscientizar deste grave problema de saúde pública a fim de prevenir complicações e sequelas que relacionamentos precocemente perturbados por transtornos emocionais tratáveis podem trazer para a convivência familiar no futuro.
Sinais de depressão na gravidez ou puerpério que devem alertar para a necessidade de procurar tratamento:
- tristeza, angústia, crises de choro ou maior labilidade (emocionar-se muito facilmente com tudo)
- insônia e/ou aumento do sono diurno
- irritabilidade, intolerância, pavio curto, agressividade
- pensamentos de desesperança, de que não será ou não é boa mãe, de que o filho é um estorvo, um castigo, sentimento de culpa, rejeição ao bebê, idéias de suicídio ou tipo "se a vida me levasse não me importaria".
- distúrbio do apetite (ausência ou aumento do apetite além do normal)
- cansaço além do normal, desânimo, não vê prazer ou graça em nada
- não consegue cuidar da casa e do bebê, torna-se desorganizada ou negligente com as coisas
Leia também:
Depressão Pós-Parto – Estudos sobre a Interação Mãe-Bebê na Depressão Pós-parto
Depressão e Transtorno Bipolar em Foco
Short-cuts: sonolência excessiva está relacionada com obesidade, depressão e estresse.
Esta queixa é muito frequente nos consultórios e está relacionada à baixa qualidade de sono noturno que ocorrem na depressão (por redução do sono REM), no estresse (por demora a iniciar o sono, geralmente associado a ruminações ou pensamentos residuais do dia) e na obesidade (como p.ex. por apneia do sono). É importante ressaltar que distúrbios do sono tanto podem ser consequência de um transtorno emocional, como podem predispor a pessoa a transtornos mentais no futuro, principalmente os transtorno de humor. Que tipo de transtorno a pessoa poderá desenvolver no futuro dependerá também de sua predisposição e vulnerabilidade individual, tanto biológica como psicossocial, portanto, dependendo do caso, estou me referindo inclusive aos transtornos mentais graves, como transtorno bipolar e psicoses. A conclusão a que se chega é a seguinte: procure ajuda médica tão logo observe sonolência excessiva ao longo do dia ou padrões alterados de sono. A prevenção é o melhor caminho!
***
A obesidade e a depressão são os principais culpados pelo excesso de sonolência sentida por determinadas pessoas ao longo do dia. Essa é a conclusão que uma equipe de pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, chegou após realizar três estudos sobre o assunto. Todos os trabalhos serão apresentados nesta quarta-feira no SLEEP 2012, o encontro anual das Sociedades de Sono Associadas (APSS, na sigla em inglês), na cidade americana de Boston.
Em um dos trabalhos, 222 adultos que relatavam sentir sonolência excessiva durante o dia foram acompanhados ao longo de sete anos. Ao compararem as características dos participantes no início e no final do estudo, os pesquisadores observaram que aqueles que tinham obesidade ou depressão tinham mais chances de sofrerem com o problema da sonolência por mais tempo. Esse trabalho foi semelhante ao segundo estudo dos autores, que acompanhou 103 voluntários e chegou à mesma conclusão.
Na terceira pesquisa da equipe, os pesquisadores avaliaram 1.741 adultos e concluíram que aqueles que relatavam sentir muita sonolência e fadiga durante o dia também eram mais propensos a terem excesso de peso e sofrer de stress emocional.
“A sonolência excessiva se tornou uma epidemia, assim como a obesidade e o stress psicossocial. Os distúrbios do sono, do peso e a depressão deveriam ser nossas prioridades em termos de prevenção às complicações médicas e aos riscos de acidente apresentados pela sonolência durante o dia”, diz o coordenador das pesquisas Alexandros Vgontzas.
Fonte: Veja On Line
Quando a mente cai em tentação: estudo identifica área do cérebro capaz de agir de forma disciplinada.
A pessoa está extremamente determinada a não sair da dieta. Mas eis que uma barra de chocolate aparece à sua frente e, em questões de segundos, é devorada. O resultado é um dia inteiro de remorso pela frente, com uma pergunta que não sai da cabeça: por que fiz isso? Do ponto de vista neurocerebral, existe um culpado: o córtex prefrontal dorsolateral. Assim como os anjinhos dos desenhos animados, que fazem de tudo para evitar que alguém caia em tentação, essa região do cérebro é responsável pela tomada de decisões sensatas. Quando, porém, ela fica menos ativada, o risco de sair da linha é grande. Surge então o diabinho, que instiga a pessoa a agir de forma impensada.
Embora cientistas já tenham feito essa relação anteriormente, pela primeira vez ela foi comprovada com imagens. O neurocientista William Hedgcock, da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, observou, em exames de ressonância magnética funcional, o padrão de ativação do cérebro em situações nas quais os voluntários agiam dentro do esperado e naquelas em que perdiam o controle.
O cientista, que também é especialista em neuromarketing, explica que há uma área do cérebro, chamada córtex cingulado anterior, que reconhece uma situação na qual o autocontrole é exigido. Essa região não indica o que fazer, mas funciona como um alerta. Por exemplo, se a pessoa que está em dieta entra em uma sala em que há pizzas, hambúrgueres e pratos mais leves, como saladas, o córtex cingulado anterior é ativado, em um sinal de que há escolhas a serem feitas, sendo que algumas podem ser melhores que outras.
No teste realizado com voluntários, eles ficaram deitados dentro da máquina de ressonância e executaram duas tarefas relacionadas ao autocontrole. “A primeira tinha a ver com o controle da atenção. Eles tinham de manter os olhos fixados na figura de uma cruz no meio de uma tela, enquanto apareciam várias palavras, que deveriam ignorar. A segunda foi uma tarefa de escolha. Os participantes tinham de optar se atenderiam ao pedido de olhar apenas para a cruz ou se desviariam os olhos para ler as palavras. Estávamos interessados especialmente nessa segunda tarefa”, relata Hedgcock.
Nos dois casos, o córtex cingulado anterior se manteve ativado da mesma maneira, indicando que os participantes foram alertados por seus cérebros de que eles estavam diante de situações envolvidas com opções. Além disso, o córtex prefrontal dorsolateral – o “anjinho” que ajuda a fazer a coisa certa – mostrou estar em atividade. No segundo teste, porém, essa região se comportou de forma diferente. Os voluntários, já cansados, perderam o autocontrole e admitiram que não sabiam mais se olhavam para a cruz ou para as palavras. Nesses casos, o córtex prefrontal dorsolateral quase não foi diagnosticado nas imagens, de tão fraca a sua ativação.
Intervenções Segundo Hedgcock, o autocontrole é como uma fonte, que pode se esgotar. Isso significa que tentações em excesso diminuem a atividade do córtex prefrontal dorsolateral. “Não sabemos, somente com os dados do nosso estudo, se essa pode ser uma questão fisiológica. Porém, outras pesquisas já indicaram que algumas pessoas têm, naturalmente, uma menor atividade nessa região. Por exemplo, como essa é uma área que se desenvolve mais tarde, crianças têm uma capacidade menor nesse sentido. O envelhecimento também pode diminuir a atividade do córtex prefrontal dorsolateral, fazendo com que alguns idosos tenham menos autocontrole. Mas são especulações, não temos provas disso”, ressalta.
Apesar de o excesso de opções ou de tentações inibir a tomada de decisões acertadas, isso não significa que as pessoas, necessariamente, vão falhar quando estão determinadas a fazer alguma coisa que consideram importante. “É possível aumentar a motivação ou a força de vontade para lutar contra a falta de controle. No nosso teste, encorajamos as pessoas a pensarem em maneiras de exercer o autocontrole no futuro e elas disseram que isso ajudou”, diz o pesquisador.
Hedgcock conta que há diversas formas de fazer isso e uma delas é aprender a lidar com consequências desagradáveis. “Se você está de dieta e quer evitar comer um determinado tipo de comida, como fast-food, por exemplo, pode combinar com um amigo de pagar para ele toda vez que cair em tentação. Essa pena é uma consequência real da sua perda de autocontrole, então você vai se treinando a tomar a decisão acertada. Mas existem diversos tipos de intervenção que podem ser aplicados”, afirma.
Dedicação Para Thomas F. Denson, psicólogo da Universidade de New South Wales, na Austrália, treinar o autocontrole é como aprender a tocar piano: requer bastante prática e dedicação. Recentemente, ele escreveu um artigo sobre o assunto, no qual reforça a importância de exercer a força de vontade diariamente. “A falta de autocontrole está muito fortemente ligada à violência e à agressão. Muitos pesquisadores têm buscado estratégias para lidar com isso”, alerta. Denson acredita que o treino é uma boa maneira para lidar com comportamentos impulsivos.
Em um estudo, ele pediu que os voluntários destros passassem a usar mais a mão esquerda e vice-versa, durante duas semanas. “Eles tinham de fazer isso em tarefas cotidianas, que são basicamente automáticas, como girar a maçaneta da porta ou usar o mouse do computador”, conta. “No começo, é difícil, mas, aos poucos, as pessoas vão adquirindo prática. Então, da mesma forma, é possível praticar o autocontrole para coisas importantes, como corrigir uma postura errada ou não estourar toda vez que seu colega de trabalho faz uma coisa que te desagrada”, diz.
William Hedgcock acredita que sua pesquisa de neuroimagem, que deverá ser publicada em janeiro do ano que vem no Journal of Consumer Psychology, poderá ajudar no desenvolvimento de novas abordagens para lidar com o autocontrole. “O interessante de ver como o cérebro se comporta durante a falta de autocontrole é justamente poder estudar uma maneira de fazer com que essa falha seja consertada. Em casos graves, como vício em álcool ou drogas, dados sobre a ativação cerebral podem ajudar, inclusive, em intervenções farmacológicas. Mas mais pesquisas precisam ser feitas antes disso”, ressalta.
Fonte: Correio Braziliense
Bebês prematuros têm mais chances de desenvolver problemas psiquiátricos
Bebês prematuros têm mais chance de desenvolver uma saúde mental mais frágil ao longo da vida, afirma um estudo feito por pesquisadores britânicos e suecos. Desordem bipolar, depressão e psicose estão entre os problemas mais prováveis, sugere o trabalho, publicado nos Arquivos de Psiquiatria Geral.
Os riscos de que esses distúrbios sejam desenvolvidos são pequenos também entre os prematuros, mas ocorrem com mais incidência neste grupo que em pessoas que passaram nove meses na barriga das mães antes de nascer. Especialistas, por sua vez, dizem que houve nos últimos anos avanços significativos no processo de cuidado de bebês prematuros - que são aproximadamente um em cada 13 crianças recém-nascidas.
Os pesquisadores do Instituto de Psiquiatria do King's College, de Londres, e do Karolinska Institute, de Estocolmo, analisaram dados de 1,3 milhão de pessoas nascidas na Suécia entre 1973 e 1985. Eles descobriram que cerca de 10,5 mil pessoas deram entrada em hospitais para tratar desordens psiquiátricas, e que destas, 580 eram prematuras.
De acordo com os especialistas, crianças que permaneceram 40 semanas - o período regular de 9 meses - na barriga de suas mães tiveram duas chances em mil de desenvolver esses distúrbios. Para os que a gestação durou 36 semanas, as chances foram de quatro em mil. Para os de 32 semanas, foram de seis em mil. Alguns dos bebês prematuros tiveram setes vezes mais chances de desenvolver desordem bipolar e quase três vezes mais de sofrer de depressão.
Chiara Norsati, uma das pesquisadoras, disse que os números reais, porém, podem ser ainda maiores, já que nem todos que desenvolveram os distúrbios podem ter procurado hospitais. Ela, porém, afirmou que a maioria dos bebês que nascem antes dos nove meses é perfeitamente saudável.
"Não acho que os pais devem se preocupar, mas sabemos que se o bebê é prematuro, é mais vulnerável a uma série de variáveis psiquiátricas e talvez deva ser monitorado caso demonstre sinai de problemas", disse, acrescentando que a "interrupção da gestação" pode afetar o desenvolvimento cerebral o feto.
Fonte: O Estado de São Paulo
Leia também: Da Hiperatividade à Doença Mental: O Desenvolvimento da Criança e os Mecanismos de Adoecimento Psíquico.
Casamento deixa as pessoas mais felizes
Pessoas casadas tendem a ser mais felizes a longo prazo do que os solteiros, sugere um novo estudo feito na Michigan State University. A pesquisa, publicada na edição online do Journal of Research in Personality, revela que embora o casamento não torne ninguém mais feliz do que era quando solteiro, parece proteger contra o declínio que ocorre na felicidade ao longo da vida adulta.
"Nosso estudo sugere que as pessoas, em média, são mais felizes do que teriam sido se não tivessem se casado", diz Stevie C.Y. Yap, pesquisador do departamento de psicologia da universidade.
Yap, Ivana Anusic e Richard Lucas estudaram dados de milhares de participantes em uma pesquisa de longo prazo. Eles queriam definir se a personalidade ajuda as pessoas a se adaptar a grandes eventos da vida, incluindo o casamento.
A resposta, essencialmente, foi não: traços de personalidade como consciência não ajudam as pessoas a lidar com acontecimentos como perder o emprego ou ter um filho.
"Estudos anteriores sugerem que a personalidade é importante em como as pessoas reagem a importantes acontecimentos", diz Yap. "Mas nós descobrimos que não há efeitos consistentes da personalidade em como as pessoas reagem e se adaptam a esses acontecimentos", diz ele.
Em geral, participantes com idades similares que não eram casados mostraram um declínio gradual na felicidade com a passagem dos anos. Aqueles que eram casados, no entanto, não seguiram essa tendência. Isso não quer dizer que o casamento aumentou o nível de satifação, observa Yap, mas pelo menos deixou o nível estável.
Fonte: Estado de São Paulo
Estudo investiga uso de remédio para tensão entre mulheres
A maioria das mulheres que fazem uso indevido de ansiolíticos compra os medicamentos com receita médica, mas apesar de serem acompanhadas por um profissional de saúde não recebem orientação adequada sobre os riscos do uso prolongado desse tipo de droga.
As conclusões estão em um artigo publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O estudo qualitativo, financiado pela Fapesp e coordenado por Ana Regina Noto, entrevistou 33 mulheres entre 18 e 60 anos com o objetivo de compreender os padrões de uso indevido de benzodiazepínicos.
Essa classe de medicamentos – da qual fazem parte o Rivotril, o Dormonid e o Alprazolam – é indicada principalmente para tratar quadros de ansiedade e insônia. Seu uso por mais de quatro semanas, contudo, não é recomendado pelo risco de desenvolvimento de dependência.
No estudo da Unifesp, foram definidos como uso indevido os casos de pacientes que compraram o medicamento sem prescrição médica ou que consumiram a droga em quantidades ou prazos superiores ao recomendado.
“Levantamentos epidemiológicos têm indicado com frequência o uso abusivo de benzodiazepínicos e decidimos investigar esse fenômeno com mais profundidade. Optamos pelas mulheres porque é a população que esses estudos apontam como a de maior consumo”, contou Ana Regina.
Das 33 mulheres entrevistadas, 24 disseram receber acompanhamento médico e 30 afirmaram comprar o medicamento com receita apropriada. No entanto, apenas cinco entrevistadas souberam mencionar as principais orientações que devem ser dadas sobre o consumo de benzodiazepínicos: não usar em associação com o álcool, não dirigir sob o efeito da droga e o risco de dependência associado ao uso prolongado.
“Os benzodiazepínicos são drogas depressoras do sistema nervoso central e, se consumidas com álcool, esse efeito é potencializado. Isso diminui a coordenação motora e aumenta as chances de a paciente se envolver em vários tipos de acidente. É uma importante causa de queda entre os idosos”, afirmou a pesquisadora.
A maioria das entrevistadas afirmou usar a droga por períodos superiores ao recomendado. O tempo mencionado variou entre 50 dias e 37 anos, sendo que a mediana foi de sete anos. Apesar disso, apenas 16 mulheres reconheceram ser dependentes e a maioria afirmou que prefere assumir os riscos do uso crônico para manter os benefícios proporcionados pela droga.
“Alguns estudos sugerem que o uso de benzodiazepínicos ao longo de muitos anos pode trazer prejuízos cognitivos, afetando principalmente a memória. Mas a dependência em si já é um grande problema, pois faz com que a paciente perca sua autonomia e a capacidade de controlar seu próprio comportamento”, disse Ana Regina.
No artigo, algumas pacientes relatam sentir desespero e angústia ao perceber que os comprimidos estão acabando e ao pensar que teriam de ficar sem o medicamento. Dizem ainda sentir irritação e dificuldade para dormir quando estão sem a droga.
Segundo Ana Regina, a maioria das pesquisas científicas tem como tema o consumo de drogas ilegais, como crack, cocaína e maconha, mas também é preciso dar atenção ao uso de psicotrópicos vendidos na forma de medicamentos.
“O uso abusivo desse tipo de droga não é tão valorizado na sociedade, mas acontece. Os dependentes existem e não são identificados. Há subnotificação”, afirmou.
O relato das pacientes indica também que uma parcela dos médicos tem consciência do uso abusivo e facilita o acesso ao medicamento. “Nós tínhamos uma hipótese de que essas mulheres adquiriam os medicamentos de forma clandestina, mas não foi o observado. A maioria passa por um médico e consegue a receita”, disse a pesquisadora.
As pacientes, completou, desenvolvem estratégias ao longo do tempo para garantir o acesso à droga. “Vão mudando de médico ou já procuram um profissional que elas sabem que vai prescrever o medicamento. Elas vão aprendendo a fazer a queixa. Já sabem que com um determinado discurso vão conseguir a receita.”
Quando questionados sobre por que continuam prescrevendo a droga nesses casos, contou a pesquisadora, os médicos afirmam não existir alternativas na rede pública de saúde para lidar com a ansiedade e a insônia de suas pacientes.
“Seria preciso proporcionar acesso a atividades como ioga, meditação e outras técnicas de relaxamento. Além disso, é necessário conscientizar os médicos para que possam orientar adequadamente as pacientes.”
Fonte: Exame.com
Brasil registra remédio que pode prevenir HIV
O remédio Truvada, que recebeu o aval da comissão consultora da agência sanitária dos EUA para ser usado na prevenção de infecção pelo HIV, foi registrado no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O antirretroviral é produzido pela Gilead.
Isso não significa, porém, que a droga passará automaticamente a ser usada no Brasil para tratamento de pacientes com HIV ou indicada antes de relações sexuais desprotegidas com parceiros soropositivos ou com situação sorológica desconhecida.
"O governo precisa discutir qual estratégia será adotada para o medicamento e chamar a sociedade para esse debate", diz Jorge Beloqui, do Grupo Incentivo à Vida de São Paulo.
No início do mês, uma comissão ligada ao FDA recomendou a indicação do uso da droga, uma combinação de tenofovir com emtricitabina na prevenção da aids. Isso permitiria que pessoas não contaminadas pudessem manter relações com soropositivos sem usar preservativo.
O remédio já é usado em vários países no tratamento de pacientes com aids. Se a autorização for concedida pelo FDA, a fabricante poderá também indicar o remédio para prevenir a infecção. O Departamento de DST Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde afirmou que o registro da Anvisa não vai modificar, no momento, a estratégia brasileira de combate à doença.
O assessor do departamento, Ronaldo Hallal, argumenta que, embora alguns estudos mostrem que o remédio exerce um papel protetor, não está claro, ainda, como isso seria aplicado em uma ação de saúde pública.
Beloqui avalia que qualquer mudança na política de tratamento no País deveria ser precedida de pesquisas de aceitação e estudos-piloto. "É um assunto delicado. Claro que o remédio não pode ser usado em larga escala", comentou. Mas ele considera ser preciso avaliar a eficácia do uso do remédio como prevenção entre grupos com risco acrescido, como homens que fazem sexo com homens, por determinados períodos da vida.
Mário Scheffer, presidente do Grupo pela Vidda, elogia a cautela adotada pelo governo nesse debate. "Acho prematuro falar em adoção do remédio, até porque a Emea, a agência europeia, também não opinou sobre o tema." Ele diz, no entanto, que a discussão deve ocorrer. "Talvez para grupos altamente vulneráveis, uma seleção rigorosa. Mas não sem antes a realização de um estudo-piloto. Pessoas que usam o remédio têm de fazer acompanhamento periódico", pondera.
Fonte: Estado de São Paulo