Nova droga em teste contra o Mal de Alzheimer.
Um tratamento experimental contra o mal de Alzheimer se mostrou promissor e livre de efeitos colaterais, anunciaram pesquisadores americanos nesta quarta-feira.
A pesquisa, publicada na revista Science Translational Medicine, se baseou em uma pequena amostra de 32 pessoas e deu origem a dois ensaios clínicos mais amplos que estão agora em andamento, com mais de 3.000 indivíduos.
O tratamento utiliza um composto chamado verubecestat, desenvolvido pela gigante farmacêutica Merck, que reduz os níveis das proteínas chamadas beta-amiloides ao bloquear uma enzima conhecida como BACE1.
Nas pessoas que têm Alzheimer, as proteínas se agrupam em placas que danificam o cérebro, afetando habilidades cognitivas, especialmente a memória. A enzima desempenha um papel fundamental na produção dessas proteínas.
As 32 pessoas que participaram do primeiro ensaio clínico tinham sido diagnosticadas com Alzheimer leve ou moderado.
Laboratórios farmacêuticos estão trabalhando para desenvolver compostos que podem parar ou mesmo reverter a formação destas placas.
Até agora, os produtos desenvolvidos para neutralizar a enzima BACEI tinham efeitos colaterais muito tóxicos, como danos no fígado ou neurodegeneração grave.
Mas o verubecestat não apresentou efeitos adversos, disse Matthew Kennedy, do laboratório de pesquisa da Merck, no estado de Nova Jersey.
Os pesquisadores descobriram que uma ou duas doses do composto foram suficientes para baixar os níveis de proteína sem causar efeitos colaterais.
Os dois ensaios clínicos de Fase III em andamento, que vão avaliar a eficácia do verubecestat, serão concluídos em julho de 2017.
Se os resultados forem bons, o composto poderia ser comercializado como uma pílula em dois ou três anos.
O número de pessoas nos Estados Unidos que sofrem de Alzheimer pode ultrapassar 28 milhões em 2050, depois de toda a geração dos ‘baby boomers’ ter completado mais de 80 anos, de acordo com projeções.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) diz que 36 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem alguma forma de demência, sendo a maioria delas o mal de Alzheimer.
A previsão é que esse número dobre até 2030, ultrapassando 65,7 milhões, e triplique em 2050, para 115,4 milhões, se nenhum tratamento efetivo for encontrado nos próximos anos.
Fonte: Isto É
Pesquisa com estimulação transcraniana para pacientes com esquizofrenia.
O estudo tem por objetivo avaliar a cognição social antes e depois do tratamento com estimulação por corrente elétrica contínua, método não-invasivo e de estimulação superficial. Para conhecer melhor sobre Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC), clique aqui.
10 de Outubro - Dia Mundial da Saúde Mental.
Neste dia 10 de outubro comemoramos o Dia Mundial da Saúde Mental e a mensagem é que para recuperarmos a saúde é necessário maior protagonismo na vida e no tratamento daqueles que sofrem de algum transtorno mental.
Para se recuperar de um transtorno mental o paciente precisa passar por um processo de mudança que vai além do tratamento. Ele precisa melhorar sua saúde e bem estar no seu dia-a-dia, mudando o estilo de vida e incorporando hábitos mais saudáveis, como atividades físicas, abstinência de álcool e drogas, higiene do sono, dieta, entre outros. O objetivo inicial é viver uma vida em que ele reassuma as responsabilidades, empodere-se e se capacite para gerir sua própria vida e se esforce para alcançar seu melhor potencial.
Este processo depende de um maior protagonismo do paciente e de sua família não só em suas vidas, mas como também nos serviços que frequentam. Pesquisas recentes realizadas nos EUA e Inglaterra mostraram que a maioria dos pacientes e familiares não se sente representada pelos serviços que frequentam. Entre as críticas, existe a percepção de que os serviços não priorizam os desejos e anseios das pessoas das quais cuidam, não conhecem suficientemente bem seus objetivos e não oferecem tratamentos centrados no indivíduo. Existe uma preocupação excessiva com sintomas e doença e menos com questões sociais e familiares. Outro aspecto também citado é o pessimismo e a baixa expectativa dos profissionais de saúde mental em relação aos pacientes, o que reduz o investimento em tratamentos mais eficazes que possam ajudar o paciente a se recuperar (Fonte: Nice, 2014).
Por esta constatação e na busca de maior protagonismo e representatividade, pacientes e familiares têm se unido em torno de iniciativas par-a-par, que aos poucos têm se transformado em uma ferramenta terapêutica importante. Essas iniciativas, que em alguns casos chegam a constituir serviços alternativos às tradicionais instituições psiquiátricas, são dirigidas por pessoas que já sofreram de transtornos mentais e hoje são um modelo de recuperação, que serve de inspiração para outras pessoas (por isso o nome par-a-par, do inglês peer to peer).
Eles partem da premissa de que pacientes recuperados são experts dos transtornos mentais dos quais sofreram e podem passar adiante estratégias de enfrentamento que utilizaram para se recuperar. Servem de modelo para outros pacientes e familiares, transmitindo valores como esperança, otimismo, empoderamento e auto-eficácia, no sentido de que a recuperação é um processo de superação pessoal que parte de dentro de cada um.
Não existe uma negação da importância dos serviços e do tratamento, muito pelo contrário, a cobrança por melhores serviços e tratamentos é tida como central e fundamental para que a recuperação seja alcançada. Porém, existe o sentimento de que a recuperação pessoal vai muito além dos serviços e dos tratamentos tradicionais oferecidos hoje pela psiquiatria.
Algumas iniciativas vêm crescendo e se tornando populares no mundo todo, inclusive no Brasil, através de grupos de apoio comunitários liderados por pacientes e familiares, como os que acontecem no Rio de Janeiro (clique aqui e saiba mais). Veja algumas iniciativas pelo mundo:
- NAMI – National Alliance on Mental Illness (http://www.nami.org): reúne 300 mil famílias só nos EUA. Estão presentes nos EUA, México, Porto Rico, Canadá e Itália.
- WRAP – Wellness and Recovery Action Plan (http://mentalhealthrecovery.com): alcança milhões de pacientes em todos estados americanos e outros países anglo-saxões.
- B.R.I.D.G.E.S. – Building Recovery of Individual Dreams and Goals through Education and Support (http://www.recoverywithinreach.org/learningaboutrecovery/bridges): presentes em 12 estados americanos e no Canadá.
- BRIDGE Mental Health (http://www.bridgementalhealth.org): Há 30 anos em Londres, possuem uma universidade que ensina recuperação pessoal a pacientes e oferecem grupos de suporte par-a-par.
- Living Room (http://www.gjcpp.org/en/article.php?issue=15&article=74): criado no Arizona, EUA, é um serviço alternativo à internação psiquiátrica para lidar com a crise.
- PRCR – Peer Run Crisis Respites (http://www.power2u.org/crisis-alternatives.html): presente nos EUA, Inglaterra, Alemanha e Nova Zelândia, oferece alternativas à internação psiquiátrica para lidar com situações de crise.
- HARP – Health anda Recovery Peer (https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2856811/): manual para intervenção através de 6 sessões administradas por pares ajuda participantes a manejar de forma efetiva sua doença.
- Tantas outras: possivelmente existem tantas outras iniciativas de apoio par-a-par espalhadas pelo mundo e que não conseguimos levantar somente pela internet. Os países que mais empregam essas iniciativas são EUA, Canadá, países da Europa (Inglaterra, Dinamarca, Suécia, Irlanda, Alemanha, Itália, etc), Austrália e Nova Zelândia.
Essas iniciativas têm em comum tratar o sujeito que sofre com algum transtorno mental levando, principalmente, em consideração sua pessoa, sua história, seus objetivos, sua força interior e suas capacidades e, menos, a doença da qual está sofrendo. Todas elas abraçam o conceito de recuperação pessoal (do inglês: recovery – saiba mais, clicando aqui) e defendem que para uma pessoa se recuperar ela precisa se capacitar. Para isso, a informação (psicoeducação) e o apoio por pares (estratégias eficazes de enfrentamento) são elementos cruciais, que permitem o empoderamento, recuperar o otimismo e a esperança e persistir na jornada de superação que cada um irá trilhar daqui para frente (leia o depoimento de quem se recuperou desta forma, clicando aqui).
Setembro amarelo chama atenção sobre o suicídio e sua prevenção.
"Às vezes tem um suicida na sua frente e você não vê".
Foi o que escreveu num pedaço de papel o motoboy que se atirou dias atrás do 17º andar do Fórum Trabalhista de São Paulo. Ele levou junto o filho de 4 anos, para perplexidade da família e dos amigos. O trágico bilhete resume uma questão incômoda. Quem experimenta um sofrimento profundo, daqueles difíceis de suportar, não sabe por vezes como lidar com tanta dor. Em boa parte dos casos se recolhe, omite a opressão que vai no peito e inicia uma jornada solitária que parece sem volta. Essa situação é mais frequente do que se imagina. E por falta de informação, muitos não conseguem imaginar que haja uma saída.
A Organização Mundial da Saúde afirma que em pelo menos 90% dos casos o suicídio é prevenível, porque está associado a psicopatologias diagnosticáveis e tratáveis, principalmente a depressão. A tristeza faz parte da vida, e nos ajuda crescer emocional e espiritualmente. A tristeza persistente inspira cuidado e atenção. Pessoas deprimidas tendem a se isolar, não interagem socialmente, parecem desmotivadas, anestesiadas, sem iniciativa. Por vezes chegam a verbalizar o quanto a vida lhes parece um fardo. Quem passa por essa experiência difícil - e principalmente parentes, amigos e pessoas próximas - devem prestar atenção aos sinais e, se for o caso, procurar ajuda.
Há opções de assistência gratuita nos Caps (Centros de Atenção Psicossocial), postos de saúde e clínica da família, além de serviços oferecidos por universidades ou entidades classistas ligadas a psiquiatras e psicólogos. Mesmo quando se trata de um outro problema qualquer (angústia, ansiedade, solidão, etc) os próprios profissionais de saúde costumam recomendar (com o aval do Ministério da Saúde) que se recorra ao CVV, o Centro de Valorização da Vida, organização voluntária sem ligações políticas ou religiosas, que desde 1962 realiza de forma gratuita, um serviço de apoio emocional e prevenção do suicídio por telefone (141) ou por um chat (CVV.com.br). Os voluntários do CVV não são terapeutas, mas oferecem algo precioso num mundo onde é anda vez mais difícil encontrar alguém que se disponha a ouvir um desabafo sem julgamentos, sem receitas prontas sobre como se sentir melhor, e guardando-se absoluto sigilo em relação ao que é conversado. São aproximadamente 800 mil ligações por ano sem grandes apoios ou divulgação nas mídias, o que confirma a importância desse serviço.
Neste mês celebra-se em todo o mundo mais uma edição do Setembro Amarelo, uma campanha que pretende quebrar o tabu em torno do assunto e levar à população informação relevante em favor da vida. Seminários, palestras, jornadas científicas e artísticas, monumentos iluminados de amarelo em várias cidades, entre outras ações, pretendem despertar no grande público o senso de urgência em relação a estes que tanto sofrem.
A prevenção do suicídio não é apenas assunto de profissionais de saúde ou ONGs humanitárias. Todos estamos sendo chamados a fazer algo pelos que estão em situação de risco e, por vezes, nem sabem disso. Se a vida é o bem mais precioso que existe, protegê-la é o que empresta sentido à palavra "Humanidade". Aproximadamente 32 pessoas se matam todos os dias no Brasil. Em todo mundo esse número chega a 2.200. Onde a mobilização em favor da vida cria redes de cuidado e atenção, esses números caem drasticamente. Vamos virar esse jogo? Depende de nós!
Fonte: G1
Acesse a cartela sobre suicídio da campanha Setembro Amarelo! - CLIQUE AQUI
Afastamento do trabalho por estresse cresce com a crise econômica brasileira.
Os números da Previdência Social advertem: a crise econômica já faz mal à saúde do brasileiro.
A participação das doenças mentais nos afastamentos associados ao trabalho subiu de 4% para quase 5% das licenças nos últimos três anos.
Algumas delas, como transtornos ansiosos e reação grave ao estresse, cresceram ainda mais -com taxas de expansão na casa dos 30% nesse mesmo período.
São sintomas de uma relação já observada e medida em países desenvolvidos: recessões prolongadas, como a que o Brasil atravessa agora, afetam a saúde mental da população, com fortes prejuízos sociais e econômicos.
Pesquisas recentes mostram que a crise financeira global, que estourou em 2008, provocou aumento da incidência de doenças como depressão e da taxa de suicídio em vários países.
Os dados mais recentes de saúde no Brasil ainda não foram computados, mas o relato de especialistas e as estatísticas da Previdência já indicam efeitos da atual contração econômica brasileira, que já dura dois anos.
DEMANDA
Há uma procura crescente por auxílios-doença, principalmente psiquiátricos, desde o fim do ano passado, disse o presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos, Francisco Cardoso.
"Os pedidos de auxílio-doença costumam aumentar em períodos de crise. Vimos isso, por exemplo, no período de crises que ocorreu entre 1999 e 2001", afirmou.
Para Marco Pérez, diretor do departamento de saúde ocupacional da Secretaria de Políticas de Previdência Social, ainda é cedo para verificar o efetivo impacto da recessão nas estatísticas de afastamento do trabalho.
Mas ele disse esperar que esse efeito possa aparecer. "Não há a menor dúvida de que uma crise econômica gera impactos sobre os aspectos emocionais e afetivos de uma pessoa", afirmou.
Em 2009, ano em que o Brasil sentiu os efeitos da crise global com mais intensidade, também houve um salto nesses afastamentos -cujo nome técnico é auxílio-doença acidentário.
A causa mais visível do estresse provocado por uma crise econômica é a ameaça do desemprego. Entre o início de 2014 e o primeiro trimestre deste ano, o número de desocupados, de acordo com as estatísticas do IBGE, aumentou de 7 milhões para mais de 11 milhões de pessoas.
"Além da perda do emprego, o risco de ficar desempregado também tem impacto na vida emocional", disse Pérez.
Esse efeito da sobrecarga de trabalho e da perspectiva de ser atingido por cortes na saúde mental de quem continua empregado foi verificado pelo professor Jörg Huber, do Centro de Pesquisa em Saúde na Universidade de Brighton (Inglaterra), em estudo após a crise de 2008/2009 no Reino Unido.
Segundo ele, crescem os sintomas de estresse, ansiedade e depressão.
"Nossas pesquisas indicam que até 40% dos adultos apresentaram sintomas de saúde mental debilitada após a crise global de 2008/2009 no Reino Unido. Quanto maior o impacto no ambiente de trabalho, mais fortes os efeitos na saúde", afirmou Pérez à Folha.
O estresse prolongado pode causar ainda problemas como diabetes e doenças cardíacas. Mas nem todo o mundo é afetado, ressalta Huber. "Alguns grupos têm graus mais altos de resiliência, se adaptam melhor à adversidade."
PRODUTIVIDADE
A consequência da piora na saúde mental para o país, além da óbvia perda de qualidade de vida, é um aumento dos gastos públicos e privados com saúde e uma menor capacidade de crescimento no longo prazo.
Para Cardoso, da ANMP, muitos beneficiários que entram em afastamento acabam não voltando ao mercado. "Quanto mais tempo a pessoa fica recebendo o benefício, mais difícil se torna tirá-la. Muitos cultivam a doença, deixando de tomar, por exemplo, medidas que poderiam ajudá-la a superar o problema e voltar ao trabalho."
Em relatório intitulado "O impacto das crises econômicas na saúde mental", publicado em 2011, a Organização Mundial da Saúde alertou as autoridades europeias para a necessidade de agir a fim de mitigar os efeitos da recessão.
"Enquanto as crises econômicas podem ter efeitos na saúde mental, problemas de saúde mental também têm efeitos significativos sobre a economia. As consequências ocorrem, principalmente, sob a forma de perda de produtividade", diz o relatório.
"Os transtornos mentais graves muitas vezes começam na adolescência ou com jovens adultos, o que faz com que a perda de produtividade possa ter longa duração."
Segundo dados da consultoria farmacêutica IMS Health, também aumentou o consumo de medicamentos antidepressivos e estabilizadores de humor, notadamente a partir de 2015.
Desde o ano passado, o ritmo de vendas desses medicamentos é superior ao do total da indústria farmacêutica.
Cresce a procura por remédio contra depressão - Veja o gráfico
Parte desse aumento pode ser creditada à maior incidência de doenças mentais. Porém, a quebra de patentes de alguns medicamentos barateou remédios e pode ter facilitado o acesso dos consumidores a eles.
Fonte: Folha de SP
Entrevista do Dr. Leonardo Palmeira no Programa Ligado em Saúde sobre Recuperação de um Transtorno Mental.
O psiquiatra Leonardo Palmeira fala sobre o novo conceito de recuperação, o de recuperação pessoal, que parte da perspectiva do paciente e inclui uma visão mais otimista e esperançosa dos transtornos mentais, como esquizofrenia e transtorno bipolar, o que hoje é considerado essencial para a recuperação.
Ele enfatiza que é importante que pacientes e familiares compreendam melhor a doença, aceitem melhor suas vulnerabilidades e se engajem num processo que envolve a capacitação para enfrentamento do problema, aumento da resiliência através de terapias e grupos de suporte e, finalmente, o empoderamento, encarando que é fundamental que pessoas envolvidas tomem para si o desafio de se recuperarem.
Pessoas mais empoderadas têm maior chance de aderir ao tratamento, de buscar uma vida mais saudável, de fazer melhores escolhas sociais e de ter atividades sociais e ocupacionais mais significativas. Tratamentos médicos e psicossociais precisam incorporar este novo conceito para se abrirem mais para a opinião dos pacientes e dos seus familiares, compartilhando as decisões, compreendendo melhor os objetivos do paciente e trabalhando mais em pareceria para conquistar os objetivos traçados por eles.
Programa Ligado em Saúde
TV Canal Saúde, Fiocruz, 27/06/16
Apresentação: Marcela Morato
Treinamento cognitivo para pessoas com esquizofrenia.
O Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB), através do Programa Academia do Cérebro, está realizando um estudo sobre treinamento cognitivo em pacientes com esquizofrenia.
Os pesquisadores estão recrutando pacientes com diagnóstico de esquizofrenia para participarem de um treinamento cognitivo de 40 horas (sessões de uma hora cada), que pode ser realizado no IPUB ou na casa do paciente através de um computador com acesso à internet.
O paciente será avaliado antes, durante e após o treinamento para conhecer melhor sua cognição, seus sintomas e sua qualidade de vida, além de alguns parâmetros laboratoriais.
O objetivo é avaliar um método de treinamento cognitivo que ajude o paciente a melhorar problemas de memória, concentração e aprendizado, que tanto interferem nas atividades produtivas dos pacientes.
A participação é totalmente voluntária e gratuita. Maiores informações pelo telefone (21) 3938-5588 ou pelo e-mail neuroufrj@gmail.com
Estudos abordam o significado da recuperação pessoal (“recovery”) na esquizofrenia.
Recuperação pessoal (do inglês, “recovery”) é um conceito que vem sendo difundido no mundo todo e aplicado pela maioria dos países desenvolvidos na estruturação dos seus serviços de saúde mental.
Um estudo apresentado no Congresso da Sociedade Internacional de Pesquisa em Esquizofrenia em abril deste ano, em Florença, por pesquisadores da Universidade de Dublin comparou pacientes em recuperação com pacientes não recuperados depois de 20 anos do primeiro episódio psicótico e concluiu, depois de entrevistas semi-estruturadas de 45 a 90 minutos de duração, que a recuperação pessoal pode ser definida como um processo de gradativa maturação no qual o tempo, o empoderamento e a autoria pessoal (self-agency) do paciente interagem entre si, permitindo que a pessoa aprenda sobre si mesma, sobre sua doença e sobre sua vida. A personalidade do indivíduo parece interagir com o ambiente de forma a aumentar a sua resiliência, que, finalmente, influencia positivamente todo o processo de recuperação pessoal (O’Keeffe et al: A Provisional Qualitative Analysis of the Meaning of and Influences on Recovery According to People Diagnosed with a First Episode Psychosis 20 Years Ago and Their Family members/partners, SIRS 2016).
Componentes da recuperação pessoal (recovery)
Capacitação e auto-gerenciamento
- Identificar indicadores de melhora
- Procurar ajuda/suporte
- Manejar o estresse
Motivação para engajar-se na vida
- Esperança
- Propósito e significado
- Estrutura e equilíbrio
Empoderamento e autoria pessoal (self-agency)
- Compreender a doença
- Outras auto-percepções (perceber-se a si mesmo)
- Controle da doença e da vida
Perceber os benefícios do trabalho de recuperação pessoal
- Relacionamentos recíprocos
- Recuperação clínica
- Liberdade e independência
Diferenças entre pessoas recuperadas e não recuperadas
O mesmo grupo de pesquisadores apresentou outro trabalho, de metanálise, revisando os conceitos de recuperação pessoal de 12 estudos, chegando aos fatores que apoiam ou inibem a recuperação pessoal em diferentes esferas, como pessoal, familiar, do serviço de saúde mental e da sociedade como um todo.
(O’Keeffe et al: A Systematic Review and Meta-Synthesis of Service Users’ Perceptions of the Meaning of and Influences on Recovery in Psychosis, SIRS 2016).
A recuperação pessoal é um processo que depende da busca ativa por parte do paciente, auxiliado pelo seu tratamento, pelas pessoas que o cercam, pelas atividades que lhe dão prazer, sabendo viver um dia de cada vez, com seus diferentes desafios, sem perder a perspectiva de longo prazo e tendo como horizonte seus objetivos que o levarão a uma vida plena e significativa.
A recuperação precisa ser construída e referendada no dia-a-dia, nas suas atitudes, crenças, nas escolhas e decisões, mesmo em relação às atividades corriqueiras da vida. O paciente precisa buscar um sentimento de poder e auto-determinação, acreditar e ter esperança na sua recuperação e num futuro melhor, esses serão os alicerces para que ele tome as decisões corretas voltadas ao seu bem estar e ao desenvolvimento das habilidades de enfrentamento da doença, que lhe serão muito úteis para superar os obstáculos que ainda estão por vir. Esse é um processo lento e gradual, porém acumulativo, de aprendizado, amadurecimento e auto-conhecimento, que podem ajudá-lo a sair definitivamente de um estado de maior vulnerabilidade para um estado de resiliência e fortalecimento.
Programa Sem Censura - 19 de Abril de 2016.
Dr. Leonardo Palmeira fala da importância dos tratamentos psicossociais e das possibilidades de cada paciente dentro de um novo paradigma, a recuperação pessoal, em que o paciente se torna mais consciente, desenvolve a sua auto-crítica, sua resiliência e se empodera para ser capaz de planejar sua vida e tomar as decisões necessárias para se recuperar. Ele cita a psicoeducação de família, através de seminários e grupos de auto-ajuda, a psicoterapia individual e o apoio ao trabalho e ao estudo como terapias chaves nesse processo. O psiquiatra fala também do trabalho que desenvolve no Instituto de Psiquiatria da UFRJ e dos grupos comunitários que foram criados a partir do Programa de Psicoeducação e que hoje oferecem uma rede de suporte gratuita em bairros do Rio de Janeiro de forma autônoma e independente. O trabalho foi apresentado neste mês no congresso mundial sobre esquizofrenia em Florença.
O cineasta, diretor do filme a ser lançado nesta semana sobre a vida da Nise da Silveira, Roberto Berliner conta a história da psiquiatra e como foi passar dois meses no hospital do Engenho de Dentro convivendo com os pacientes e filmando o longa-metragem.
Programa Sem Censura
TV Brasil, 19/04/16
Apresentação: Leda Nagle
Curso de capacitação para cuidadores em saúde mental.
Estão abertas inscrições para um curso de capacitação de cuidadores em saúde mental organizado pela colega Fortunée Nigri, profissional séria e bastante qualificada. É uma oportunidade para aqueles que possuem cuidadores prestando serviços a algum familiar de encaminhá-los para se aperfeiçoarem e adquirirem mais conhecimento na área. A profissão de cuidador em saúde mental requer, além de sensibilidade e aptidão, noções básicas de saúde mental, psicologia, terapia ocupacional e capacidade de escuta e reflexão de suas práticas. A atitude de um cuidador tem reflexos diretos na saúde mental e física do paciente. Portanto, não percam essa oportunidade!
Chega ao Brasil a Vortioxetina, primeiro antidepressivo multimodal para o tratamento da depressão.
Comercializado nos EUA e Europa desde 2014, a Vortioxetina chega ao Brasil esta semana com o nome de fantasia Brintellix, comercializado pelo laboratório dinamarquês Lundbeck.
Todos sabemos que os estados depressivos cursam com uma redução da serotonina cerebral e que antidepressivos ajudam a regular os níveis de serotonina. Mas o que nem todos sabem é que outros neurotransmissores podem ser igualmente importantes na depressão e que somente aumentar os níveis de serotonina no cérebro pode não ser suficiente para a remissão de todos os sintomas depressivos.
Entre os antidepressivos mais modernos estão aqueles que agem sobre dois sistemas de neurotransmissão ao mesmo tempo, a serotonina e a noradrenalina. São conhecidos como duais e costumam ser mais eficazes do que os que agem somente no sistema da serotonina.
Desde setembro de 2013 o FDA, órgão máximo nos EUA para a regulação de medicamentos, aprovou a Vortioxetina, medicamento com um mecanismo de ação totalmente inovador, para o tratamento da depressão. Essa substância possui ação diferenciada em receptores de serotonina, agindo como inibidor, antagonista, agonista ou agonista parcial em diferentes subtipos de receptores (veja a figura). Essa ação diferenciada permite que ele tenha ação modulatória indireta em diversos sistemas de neurotransmissão, como serotonina, noradrenalina, dopamina, GABA, histamina e acetilcolina, agindo em diferentes sistemas de neurotransmissão.
Os estudos com a Vortioxetina mostram eficácia em diferentes sintomas depressivos e ansiosos, melhorando a função cognitiva, como memória, aprendizado e função executiva, sendo melhor tolerado do que os seus antecessores, sem efeitos indesejáveis sobre o peso e a função sexual e mais fácil de interromper, por não causar sintomas de descontinuação.
Um estudo duplo-cego realizado com pacientes deprimidos na Ásia no ano passado comparou a Vortioxetina com a Venlafaxina (antidepressivo dual) e verificou que a Vortioxetina foi tão eficaz quanto à Venlafaxina no tratamento da depressão, sendo que os pacientes interromperam menos o tratamento com a Vortioxetina, devido à menor incidência de efeitos colaterais (Fonte: http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1185/03007995.2015.1014028). Porém são necessários mais estudos comparativos com outros antidepressivos para comprovação da superioridade quanto à eficácia clínica.
Comercializado nos EUA e Europa desde 2014, a Vortioxetina chega ao Brasil esta semana com o nome de fantasia Berintellix, comercializado pelo laboratório dinamarquês Lundbeck.
Falha imunológica pode ser uma das causas da esquizofrenia.
Cientistas americanos descobriram que o risco de esquizofrenia nos jovens está ligado a um determinado gene do sistema imunológico que controla o processo conhecido como "poda sináptica", a redução de células de conexão cerebral que não são mais necessárias ao corpo. Publicada na última quarta-feira (27) no periódico Nature, o estudo foi recebido como um importante marco no desenvolvimento de métodos para o diagnóstico precoce da doença e novos tratamentos.
Realizada por neurocientistas e geneticistas de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), a pesquisa analisou 29.000 casos de esquizofrenia, 36.000 pessoas sem a doença e 700 cérebros de pacientes que morreram em decorrência da esquizofrenia. Eles colheram informações de cerca de 22 países do globo e identificaram, durante a pesquisa, o papel decisivo do gene C4 (ou componente complementar 4).
Localizado no cromossomo 6, o gene C4 sinaliza quais sinapses - conexões cerebrais que transmitem dados de um neurônio a outro - devem ser eliminadas durante o processo normal de "poda sináptica". O que os pesquisadores perceberam foi que, em pacientes com esquizofrenia, uma única variação do C4 na sequência do DNA pode levar à eliminação de células que deveriam continuar em funcionamento, resultando em perda de massa cinzenta. "O gene está marcando sinapses demais, e elas estão sendo devoradas" explicou Beth Stevens, neurocientista do Children's Hospital and Broad e co-autora da pesquisa.
"Pela primeira vez a origem da esquizofrenia não é mais uma completa 'caixa preta'. Estudos recentes sobre o mecanismo biológico do câncer têm levado a muitos novos tratamentos", disse Eric Lander, diretor do Board Institute, instituto do MIT que liderou as pesquisas. A esquizofrenia, que tem como principal sintoma a psicose, afeta mais de 25 milhões de pessoas no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). O estudo publicado na Nature não indica que a cura da doença esteja próxima - seus mecanismos patogênicos ainda intrigam médicos e cientistas -, mas traz informações importantes para outras pesquisas nos campos da neurociência e genética.
Fonte: Veja.com
Os efeitos 13 anos depois da mudança de nome da esquizofrenia no Japão.
Em 2002 a Associação Nacional de Famílias de Doentes Mentais do Japão solicitou à Sociedade Japonesa de Psiquiatria e Neurologia a mudança de nome da esquizofrenia, por considerar que o termo era estigmatizante e ligado a uma visão negativa e pessimista da doença, interferindo com a recuperação daqueles que dela padeciam. O nome foi, então, alterado para Distúrbio da Integração.
Treze anos depois a mudança de nome fez com que o estigma no Japão fosse reduzido, que mais diagnósticos fossem feitos e que pacientes e famílias aceitassem melhor a doença. As pessoas mais jovens, mais da metade, chegam a reconhecer que os dois termos retratam doenças distintas.
Porém, este efeito de longo prazo está seriamente ameaçado, pois a mídia japonesa continua publicando conteúdos negativos relacionados ao novo nome da mesma forma como antes faziam com a esquizofrenia. Um estudo japonês mostrou que embora menos estigmatizante que outrora, a “nova” esquizofrenia está associada a maior estigma do que doenças como depressão e diabetes.
O estudo avaliou 51 789 artigos de jornais e 1106 textos de telejornais japoneses entre 1985 e 2013 que trataram das doenças esquizofrenia, depressão e diabetes. Depois de 2002, 97% dos artigos só usavam o novo termo, Distúrbio da Integração, para retratar a esquizofrenia.
Os autores constataram que a quantidade de artigos sobre esquizofrenia e depressão aumentou mais do que sobre diabetes, inclusive depois de 2003, sendo que houve mais artigos sobre esquizofrenia do que sobre depressão entre 2000 e 2005, época em que o nome da doença mudou.
Ao analisarem as 20 palavras mais utilizadas nos artigos, os autores constataram que aqueles relacionados à esquizofrenia continham mais palavras associadas à violência, crime, suicídio e auto-flagelo do que nos artigos sobre depressão e diabetes (31,5% vs 16% vs 8,2%, respectivamente).
Os autores concluem que, apesar da mudança de nome, houve pouca diferença na forma como a mídia aborda a doença, com conteúdo focado mais em casos de violência e crime do que, p.ex., nos impactos positivos da mudança de nome. O estudo japonês traz resultados semelhantes aos estudos na Inglaterra e nos EUA, que também encontraram uma associação forte dos artigos de jornais e outras mídias ao atribuírem à esquizofrenia crimes e violência, desconsiderando outros fatores associados, como situação econômico-financeira, adversidades familiares e abuso de drogas e álcool.
Os autores temem que, como a mídia possui grande influência sobre o estigma dos transtornos mentais, isso possa comprometer a redução do estigma que fora alcançado com a mudança do nome da esquizofrenia para Distúrbio da Integração. Artigos sobre esquizofrenia deveriam focar mais nos aspectos positivos, como informação médica sobre a doença, casos que se recuperaram e voltaram a trabalhar e a ter uma vida normal, e os aspectos negativos deveriam ser analisados à luz de outros fatores do ambiente capazes de gerar violência, não os atribuindo exclusivamente à doença.
Artigo: Shinsuke Koike, Sosei Yamaguchi, Yasutaka Ojio, Kazusa Ohta, and Shuntaro Ando. Effect of Name Change of Schizophrenia on Mass Media Between 1985 and 2013 in Japan: A Text Data Mining Analysis. Schizophr Bull first published online November 26, 2015 doi:10.1093/schbul/sbv159
Grupos comunitários de Auto-Ajuda do Rio de Janeiro participam de debate na UFRJ. Assista!
No dia 5 de dezembro ocorreu no Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB) um debate com familiares e pacientes que participam dos 3 grupos comunitários de auto-ajuda da cidade do Rio de Janeiro. Os grupos são resultado do trabalho do Programa de Psicoeducação de Família do Instituto de Psiquiatria da UFRJ, desde 2011, realizado pelos psiquiatras Alexandre Keusen, Leonardo Palmeira e Elias Carim e a psicóloga Olga Leão.
O grupo Abra Sua Mente, primeiro a ser formado em 2013, na Tijuca, e os grupos Mentes em Ação, no Centro, e É Possível, no Catete, ambos a partir de fevereiro de 2015, debateram com a plateia temas como recuperação, empoderamento, resiliência, o papel da família, a importância da informação e do apoio par a par, dentre outros temas que cercam os transtornos mentais severos, particularmente a esquizofrenia. Pacientes puderam dar seu depoimento, de como esse trabalho em grupo os ajudou a melhorar.
Esse encontro é um convite à reflexão de todos, de como é possível viver com mais otimismo e esperança, apesar das adversidades, e que é possível sim ser feliz e buscar cada vez mais a harmonia da convivência e uma melhor qualidade de vida. Para tornar tudo isso realidade, o apoio mútuo através desta rede de suporte é fundamental.
Vida longa para os grupos de auto-ajuda da cidade do Rio de Janeiro!
https://www.youtube.com/watch?v=5NFivgprQR8
Conheça os grupos:
• GRUPO "ABRA A SUA MENTE": Igreja Batista Itacuruça - Praça Barão de Corumbá, 49, Tijuca.
→ Descrição: o grupo é composto de familiares e pacientes e se reúne uma vez por mês em datas específicas, aos sábados pela manhã. Para maiores informações contactar um dos coordenadores do grupo - Amaury (tel: 7235-2882 / e-mail: amaurycavalcanti@outlook.com) e Wilson (tel: 98907-3347 / e-mail: wrfraga@ig.com.br)
• GRUPO "É POSSIVEL!": Rua do Catete n. 311, sala cobertura 01, Largo do Machado, Catete.
→ Descrição: o grupo é composto de familiares e se reúne uma vez por mês em datas específicas, aos sábados pela manhã. Para maiores informações contactar um dos coordenadores do grupo - Clarice Nunes (tels: 2245-5568; 99923-3429) e Pedro Nin Ferreira (tel.: 2210-1256) ou pelo e-mail: familiaresepossivel@gmail.com
• GRUPO "MENTES EM AÇÃO": Rua Sete de Setembro 151/153, acesso por dentro da loja Casa da Criança, Centro do Rio.
→ Descrição: o grupo é composto de familiares e se reúne a cada quinze dias em datas específicas, aos sábados pela manhã. Para maiores informações contactar um dos coordenadores do grupo - Luiza Lins (tel.: 99236-1268 / e-mail: luizalins@bol.com.br) e Gustavo Meano (e-mail: gustavomeano@gmail.com).
Facebook: https://www.facebook.com/mentesemacao
Website: http://www.mentesemacao.org
Matéria da BBC com participação do Dr. Leonardo Palmeira.
Equipe da BBC veio ao Rio observar o trabalho do psiquiatra Vitor Pordeus, que acredita seja capaz de curar a esquizofrenia através do teatro. Ele trabalha no Hospital Municipal Nise da Silveira com pacientes com esquizofrenia e outros transtornos mentais e diz constatar a melhora de seus pacientes a medida em que eles participam da companhia teatral criada por ele. Eles se apresentam com regularidade no calçadão do Arpoador, na Praia de Ipanema. Vitor diz inclusive que consegue reduzir os remédios de seus pacientes com o teatro.
Dr Leonardo Palmeira foi consultado pela reportagem da BBC e afirmou que, embora o teatro e as artes sejam benéficos no tratamento de transtornos mentais, isoladamente eles não podem ser considerados curativos. "A esquizofrenia requer um tratamento mais abrangente, em que medicamentos, psicoterapia e outras estratégias de recuperação, incluindo o teatro e outras expressões artísticas, agem em conjunto. Falar em cura seria exagerado", diz.
→ Clique aqui para assistir ao vídeo (em inglês).
Tratamentos coordenados para recuperação da esquizofrenia foram superiores aos tratamentos centrados na medicação, afirma estudo.
Um estudo norte-americano publicado hoje no periódico American Journal os Psychiatry confirma que o tratamento com medicamentos, terapia de família, psicoterapia individual e suporte para trabalho e estudo é superior em vários aspectos ao tratamento usual, centrado na medicação. Os pacientes tiveram melhora da qualidade de vida, dos sintomas, engajaram-se mais em atividades como trabalho e estudo do que aqueles que só tomaram medicamentos.
O Portal Entendendo a Esquizofrenia teve acesso ao estudo e divulga, em primeira mão, os detalhes sobre a metodologia e os resultados.
Este estudo é uma parte de um programa maior do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA (foto), chamado RAISE, que se preocupa fundamentalmente com a recuperação de pessoas que estejam sofrendo um primeiro episódio esquizofrênico. O objetivo é encurtar a demora com que pessoas com essa doença esperam para receber tratamento, em média de um a um ano e meio de atraso, e possibilitar que elas se recuperem o mais rapidamente possível, sem sofrer com as complicações e os sintomas crônicos que ocorrem quando o tratamento não é dispensado adequadamente.
A ideia do projeto é desenvolver em todo EUA um tratamento integrado, centrado nas pessoas e na família, de forma a não só promover a melhoria dos sintomas, mas, mais do que isso, possibilitar que essas pessoas possam se recuperar funcionalmente da doença, voltar às suas atividades, estudar, trabalhar, se socializar e viver sua vida de forma independente e autônoma.
Este estudo, conhecido por RAISE-ETP (Early Treatment Program), recrutou 404 pessoas entre 15 e 40 anos de idade, em 34 centros de tratamento comunitário de 21 estados, que tivessem experimentado um único episódio psicótico e não tivessem tomado medicamento antipsicótico por mais de 6 meses.
As clínicas de tratamento foram divididas em dois grupos: o primeiro grupo ofereceu um tratamento experimental chamado NAVIGATE, que incluía 4 intervenções principais: medicação, psicoeducação de família, psicoterapia individual focada na resiliência e ajuda/suporte no emprego e nos estudo. Todos os tratamentos foram ofertados considerando um modelo de decisão compartilhada e a preferência do paciente e os profissionais receberam um treinamento para aplica-lo. O segundo grupo, chamado de “atenção comunitária”, ofereceu o tratamento usual, com medicamentos e outros tratamentos de acordo com a disponibilidade dos serviços, como já era de praxe. Todos os grupos foram tratados ao longo de dois anos.
Para avaliar os pacientes foram utilizadas escalas de qualidade de vida, escala de sintomas positivos e negativos da esquizofrenia, dentre outras. 223 pacientes participaram do tratamento NAVIGATE, enquanto 181 do tratamento usual.
Resultados
Os pacientes que receberam o tratamento NAVIGATE ficaram em média seis meses mais tempo no tratamento do que o grupo que recebeu o tratamento usual, tiveram maior ganho em atividades como trabalho e escola, melhoraram mais dos sintomas positivos e negativos e tiveram melhor qualidade de vida.
Um achado interessante é que pacientes com menor tempo de doença (menos do que 74 semanas) aceitaram melhor o tratamento NAVIGATE, como também tiveram maiores benefícios, com melhor qualidade de vida e maior redução de sintomas positivos e negativos da esquizofrenia quando comparados ao grupo com mais tempo de doença.
Este estudo é o primeiro nos EUA a coordenar diferentes modalidades de tratamento em diferentes centros de saúde mental e o primeiro no mundo com essa abrangência de avaliação clínica e social. Os pacientes que permaneceram no estudo serão acompanhados até concluírem 5 anos de tratamento para averiguar se os benefícios se mantém a longo prazo.
Os autores acreditam que os benefícios do tratamento NAVIGATE tenham relação com o modelo de cuidado centrado na pessoa, através de decisões compartilhadas, onde são levadas em conta as preferências do paciente, além da cobertura do aspecto familiar (através da psicoeducação), do pessoal (trabalhando a resiliência de cada um) e do auxílio nas atividades como trabalho e estudo.
Entenda melhor os conceitos que envolvem a Recuperação pessoal de quem sofre esquizofrenia, CLIQUE AQUI
Estudo: http://ajp.psychiatryonline.org/doi/full/10.1176/appi.ajp.2015.15050632
Cariprazina é aprovada pelo FDA como o mais novo tratamento para Esquizofrenia e Transtorno Bipolar.
Um novo antipsicótico para tratar sintomas negativos persistentes da esquizofrenia e melhorar o funcionamento global dos pacientes acaba de ser aprovado pelo FDA, órgão máximo de regulação dos EUA. O medicamento Vraylar (cariprazina) já foi testado em 1754 pacientes com esquizofrenia em três estudos e mostrou ser eficaz em reduzir os sintomas da esquizofrenia. O medicamento também recebeu a aprovação para o tratamento do Transtorno Bipolar.
No estudo de fase 3, anterior à aprovação, a cariprazina foi comparada com a risperidona em 461 pacientes, mostrando ser mais eficaz do que ela no tratamento dos sintomas negativos, como apatia, isolamento social e embotamento afetivo, tendo eficácia semelhante no combate aos sintomas positivos, por atuar também em receptores de dopamina.
“O importante é que a cariprazina foi significativamente mais eficaz do que a risperidona não somente melhorando os sintomas, mas também o funcionamento social dos pacientes”, afirmou György Németh, director medico do laboratório Gedeon Richter, que desenvolveu o medicamento.
Isso pode ter um grande impacto na qualidade de vida dos pacientes. O estudo foi apresentado durante o 28º Congresso da Sociedade Européia de Neuropsicofarmacologia, em agosto passado.
A cariprazina é um antipsicótico diferente dos de segunda geração, por apresentar uma atividade agonista parcial dos receptores D2 e D3, ao invés da tradicional ação antagonista em receptores D2. Neste sentido ele se assemelha ao aripirazol, já comercializado, inclusive no Brasil, embora este não tenha a ação nos receptores D3. Acredita-se que por isso a cariprazina possa ter melhor atuação nos sintomas negativos e cognitivos.
O medicamento deve estar disponível nas farmácias norte-americanas nos próximos meses, mas não existe ainda uma previsão de chegada ao mercado brasileiro.
Nova droga é testada contra Alzheimer
Um novo tipo de droga para combater o Alzheimer tem se mostrado promissor quando administrado em pessoas nos estágios iniciais da doença, anunciou o laboratório farmacêutico Eli Lilly nesta quarta-feira (22).
Conhecida como Solanezumab, o medicamento é um anticorpo monoclonal que potencialmente tem capacidade de impedir o desenvolvimento das placas de proteínas beta-amilóide que se formam no cérebro e provocam a doença.
O Alzheimer afeta 44 milhões de pessoas em todo o mundo e que não tem nenhum tratamento eficaz. Numa primeira fase, em 2012, o Solanezumab não teve resultados positivos, se mostrando tão eficaz quando os placebos de açúcar nos testes clínicos.
Um editorial no "New England Journal of Medicine" de 2014 indicou que, um quarto dos pacientes estudados nos primeiros ensaios podiam ter demência, mas não o Alzheimer, e que os ensaios científicos deveriam continuar em pessoas com Alzheimer confirmado.
Resultados
Desta vez, os pesquisadores realizaram ensaios randomizados controlados, duplo cego, envolvendo 1.322 pessoas com doença de Alzheimer em estágio inicial.
Alguns receberam o medicamento imediatamente, outros depois de um período de dois anos. Médicos e pacientes não sabiam quem recebia pílula de açúcar ou da droga real.
Quando os pesquisadores compararam a função cognitiva dos dois grupos, após dois anos do estudo, a diferença foi "estatisticamente significativa", segundo Eli Lilly em um comunicado.
Se comprovado, será o primeiro tratamento a ser capaz de impedir o avanço desta doença neurológica degenerativa, desde que detectada precocemente.
O estudo foi publicado na revista "Alzheimer's and Dementia: Translational Research and Clinical Interventions", e foi discutido na Conferência Anual da Associação de Alzheimer na capital dos Estados Unidos.
Fonte: G1