"Bullying é um problema socioecológico"
Vale a pena a leitura desta reportagem do site Bonde. Concordo plenamente com a psicóloga Susan Swearer quando ela diz que o Bullying encontra campo fértil, seja em casa, na escola ou na comunidade e alerta para o papel das redes sociais. Observo que alguns ambientes, particularmente as escolas e as famílias, podem ter uma influencia negativa na estimulação deste tipo de comportamento, por às vezes tolerar este tipo de conduta. Às vezes o bully começa em casa, numa disputa entre primos, p.ex., e continua na escola.
Apesar de ocupar recente destaque na mídia, o bullying é um fenômeno antigo. Data do início dos anos 80 um dos primeiros estudos sobre o assunto, de autoria do professor Dan Olweus, da Universidade de Bergen, Noruega. Ele investigava o caso de três jovens com idades entre 10 e 14 anos, que haviam cometido suicídio em 1982, como resultado da agressão de um bully – quem pratica o bullying.
Quase 20 anos depois, os resultados das agressões continuam tendo o mesmo fim e por este motivo o assunto tem preocupado além de pais, professores e profissionais, autoridades que buscam nas políticas públicas tentar coibir a ação dos chamados “valentões”.
“Existe uma relação entre saúde mental e bullying. Sejam os jovens agressores, vítimas, os dois (quando sofrem e praticam bullying) ou espectadores, sabemos que em muitos casos, a depressão e a ansiedade podem ser co-ocorrência de problemas. Eu sempre avalio para depressão e ansiedade quando estou trabalhando com os jovens que estão envolvidos em bullying. Bullying é um problema de saúde mental”, afirma Susan Swearer, professora na Universidade de Nebraska, nos EUA, e autora de diversos estudos sobre o tema.
De acordo com a psicóloga, o fenômeno varia de acordo com o local onde ocorre. Isto sugere que existam condições psicológicas e sociais que favorecem a ocorrência deste tipo de agressão. “Estou cada vez mais convencida de que o bullying é um problema socioecológico e que o indivíduo, a família, os pares, a escola, a comunidade e todos os fatores sociais influenciam ou não sua ocorrência”.
Neste sentido, para a autora, as intervenções devem ser elaboradas com base em dados coletados nos locais onde ocorrem. “As intervenções devem se basear em evidências. O que pergunto a alunos, pais e educadores é: Quais são as condições em sua escola (família, comunidade) que permitem a ocorrência deste tipo de agressão? Na resposta encontramos as áreas que devemos abordar em uma intervenção. Já que o fenômeno varia, cada local deve ter seus próprios dados para planejar intervenções eficazes, a fim de mudar as condições que estão alimentando o bullying em sua própria escola e comunidade”.
Falta de padrões dificulta identificação de agressor e vítima.
Segundo Susan, não existe um perfil padrão de quem será um possível bully. “Se as condições ambientais são favoráveis, então qualquer um pode ser um bully. A mãe de uma menina vítima de bullying que cometeu suicídio me disse que as garotas que agrediam sua filha eram apenas ‘crianças normais’. As condições naquela escola e naquela cidade eram um campo fértil para agressores”.
A pesquisadora aponta que existe uma dinâmica entre bullying e vitimização. De acordo com um de seus estudos, crianças que sofrem bullying em casa de seus irmãos ou parentes são mais propensas a serem bully na escola. “O que sabemos é que, se não tratadas, as crianças aprendem que praticar bullying é uma forma eficaz de conseguir o que se quer. E é provável que continuem com este comportamento na idade adulta. Assim, é fundamental intervir e parar o bullying durante os anos em idade escolar”.
Da mesma forma, não existe um perfil das crianças mais propensas a cometer suicídio como resultado do bullying, por exemplo. “No livro Bullycide in America (‘Bullycídio na América’, 2007), mães de crianças vítimas de bullying que haviam cometido suicídio compartilham suas histórias e todas são diferentes. Em comum, apenas o trágico desfecho”. Segundo Susan, existe uma conexão entre sofrer bullying e desenvolver depressão, e a depressão é um fator de risco para o suicídio. “Desta forma, pais e educadores devem prestar atenção em crianças com sinais e sintomas de depressão”.
Tecnologia impacta bullying de forma negativa.
“Computadores, telefones celulares, sites e redes sociais são condições que permitem que o bullying ocorra. O que antes se limitava a um encontro cara a cara e em locais específicos, agora pode acontecer durante 24 horas, sete dias por semana”. Uma maneira indicada por Susan de proteger as crianças é limitar ou monitorar o uso destas tecnologias. “Eu pergunto aos pais: você deixaria sua filha de 12 anos andar sozinha por um beco escuro? Então, por que a deixa usar o computador e mandar mensagens de texto sem acompanhar?”. Para a psicóloga, pais e filhos não conseguem perceber o lado negativo da tecnologia e das redes sociais.
→ Fonte
>Dr.Leonardo,
Será que eu poderia assistir uma palestra do grupo de esquizofrenia que se reune na rua venceslau bras, ufrj, aos sabados? Gostaria de assistir apenas como ouvinte, nao quero me inscrever nem participar apenas assistir somente um sabado, seria possivel?
>Infelizmente só estamos recebendo familiares e pacientes com transtorno mental grave. Desculpe!
>eu já mudei de turma quando estudava na escola por não aguentar ver um colega da mesma sala ser torturado com bylling pois eu também nada pude fazer, não consegui mudar aquela situação!
Talvez, isto ocorra por uma questão,entre outras, do egoísmo humano que não se coloca no lugar do próximo.Quem sabe ensinar ética seja um passo em direção a nossa possível utopia de amor e respeito ao próximo. Claro que o capitalismo não favorece essa a gentileza e a delicadeza do ser,penso que ao oposto, estimulada as competições comparativas, mas devemos tentar ainda assim:
" Utopia […] ella está en el horizonte. Me acerco dos pasos, ella se aleja dos pasos. Camino diez pasos y el horizonte se corre diez pasos más allá. Por mucho que yo camine, nunca la alcanzaré. Para que sirve la utopia? Para eso sirve: para caminar"
– Fernando Birri citado por Eduardo Galeano in Las palabras andantes – Página 310, de Eduardo Galeano, José Borges – Publicado por Siglo XXI, 1994
ah, Dr. Leonardo, muito obrigada por toda a sua dedicação com a nossa família!
Nunca irei esquecer!
com carinho, Juliana Gelmini