EUA dão sinal verde para primeira droga que previne a aids

O FDA, órgão do governo americano que controla drogas e alimentos, se mostrou favorável a um estudo que recomenda o uso de um remédio comumente usado para combater o vírus do HIV e que pode ajudar na prevenção da AIDS em pessoas saudáveis. A pílula, chamada Truvada, se mostrou segura e eficiente para prevenir a doença contanto que seja tomada todos os dias.
A cúpula do FDA fará uma reunião na quinta-feira para discutir se o Truvada deve ser aprovado para pessoas com maior risco de contrair o HIV por meio do sexo. O relatório favorável do órgão à pílula sugere que ela vai se tornar o primeiro remédio aprovado para prevenir o HIV em pessoas com alto risco.
Apesar do parecer positivo, os relatores do FDA disseram que os pacientes precisam ser disciplinados em relação à ingestão diária do medicamento. Nos testes clínicos, nem todas as pessoas se comprometeram com a rotina. "No mundo real, as pessoas podem se esquecer de tomar o remédio mais até do que nos testes clínicos", informou o relatório do FDA.
A reunião do órgão americano votará se o Truvada deve ser aprovado para homens de qualquer orientação sexual, homens e mulheres em relacionamentos com parceiros infectados e outras pessoas sob risco de contrair o vírus por meio de atividade sexual. Apesar de o FDA não ser obrigado a seguir a conclusão das reuniões, raramente ele se posiciona de modo diferente.
A grande preocupação dos médicos é sobre o sucesso do Truvada entre as mulheres. Em 2011, uma pesquisa foi interrompida ao descobrir que mulheres tomando o remédio pareciam se infectar mais facilmente do que aquelas recebendo o placebo. Desde então, cientistas supõem que as mulheres precisam receber doses maiores para ter o mesmo efeito observado em homens. Os resultados negativos também podem ser resultado da indisciplina na ingestão diária do remédio.


Ansiedade: novas descobertas, novos tratamentos.

Neste momento, uma em cada quatro pessoas no mundo está com uma sensação de aperto no peito, sentindo o coração bater mais rápido, com as mãos suando. Na mente, um medo inexplicável ou preocupação obsessiva com algo que ainda nem aconteceu. Esses são alguns dos sintomas das crises de ansiedade, um dos transtornos mentais mais incidentes da atualidade e, assim como os demais, extremamente cruel. Dependendo do grau, tira o sono do indivíduo, deixa-o mais predisposto a sofrer de enfermidades cardiovasculares e o priva de sair de casa quando o medo atinge níveis incontroláveis.
Estudos mostram que a ansiedade é mais frequente do que transtornos de humor como a depressão. E dados divulgados pelo World Health Mental Survey, ligado à Organização Mundial da Saúde, revelam um triste panorama para o Brasil: 20% das pessoas que vivem em São Paulo convivem com ou tiveram algum transtorno ansioso nos últimos 12 meses. “Foram analisadas cidades de 24 países. Em São Paulo, encontramos o índice mais elevado”, diz Laura Andrade, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP). Mas um esforço monumental da medicina para buscar as origens da doença e criar novas opções de tratamento promete dar alívio a quem sofre desse pesadelo.
A ansiedade fazia parte das reações que nossos ancestrais manifestavam diante de ameaças como a possibilidade de um ataque animal ou a morte por frio extremo. Preocupar-se com esses eventos mantinha o corpo em alerta: mais tenso, pressão elevada, maior bombeamento de sangue. Se o perigo se concretizasse, o corpo estava pronto para reagir. Se não, o sistema era desligado. Esse esquema ficou gravado no cérebro e até hoje entra em ação diante de situações interpretadas como risco. Essas circunstâncias podem ser reais ou fictícias, resultado de mecanismos psíquicos não totalmente esclarecidos. O problema é que, se esse estado de preocupação se torna crônico, caso da ansiedade generalizada, ou leva a crises espontâneas, como os ataques de pânico, deixa de ser uma reação natural. Causa prejuízos à saúde e à vida social, afetiva e profissional. Transforma-se em doença.

Atualmente, há catalogados oito tipos da enfermidade (leia mais detalhes no quadro abaixo). Como ocorre com a maioria das enfermidades mentais, há dificuldade na detecção do problema. “Um estudo feito em Londres, pelo psiquiatra Paul Bebbington, mostrou que apenas 14% dos pacientes tinham sido diagnosticados e tratados no ano anterior ao trabalho”, contou Márcio Bernik, coordenador do Programa de Ansiedade (Amban) do Instituto de Psiquiatria da USP. O diagnóstico é feito por psicólogos ou psiquiatras, que recorrem a perguntas definidas para identificar a alteração, como ela se insere na vida do indivíduo e sua gravidade. “Uma das primeiras perguntas é se a pessoa sente que teve prejuízo em algum campo ou momento da vida por causa da doença”, diz o psiquiatra Bernik.

O tratamento varia de acordo com o transtorno especifico e a intensidade da enfermidade. Nos casos mais leves, indicam-se apenas medicamentos ou sessões de terapia cognitivo-comportamental (TCC), método cujo objetivo é modificar padrões de pensamentos e comportamentos associados. Uma pessoa que tenha receio permanente de perder o emprego, por exemplo, pode ser treinada para evitar esses pensamentos ou substituí-los por outros, mais otimistas e calcados na realidade. Nos casos moderados e mais graves, é recomendada a combinação de remédios com a TCC. Um trabalho da psicóloga Mariângela Savoia, ligada ao Amban, mostrou que essa associação foi mais eficaz do que o uso isolado dos métodos.
Os recursos criados recentemente são utilizados para os casos mais severos e que não respondem ao tratamento padrão. Um dos mais promissores é a aplicação da realidade virtual. A terapia consiste em expor o paciente – de modo virtual – às situações que desencadeiam crises para que, aos poucos, ele aprenda formas de evitar os pensamentos ansiosos. Na Universidade de Washington (EUA), o método está sendo aplicado para tratar fobias, a ansiedade gerada pelo estresse pós-traumático e aquela sentida durante a troca de curativos em pacientes com queimaduras. “Temos bons resultados”, disse à ISTOÉ Hunter Hoffman, coordenador da equipe que aplica a técnica.
Semelhante à realidade virtual, a terapia de modificação cognitiva com auxílio de computador também desponta como alternativa. Um trabalho da Brown University (EUA) mostrou que indivíduos com fobia de falar em público melhoraram depois de se submeter aos exercícios duas vezes por semana, por um mês. Eles consistem em instruir o paciente a evitar expressões faciais hostis – para quem tem fobia social isso detona crises – e a interpretar as reações de interlocutores de forma otimista.
Começa também a ser testada a eficácia da estimulação magnética transcraniana. A técnica submete o paciente a aplicações de ondas eletromagnéticas. O objetivo é regularizar a atividade elétrica nas regiões cerebrais associadas à doença. O médico Marco Marcolin, do Instituto de Psiquiatria da USP, iniciará até o fim do ano testes com 30 pacientes com fobia social. Por enquanto, não há nada conclusivo. Estudos com o método para tratar a ansiedade associada ao estresse pós-traumático deram resultados negativos no Brasil e positivos na Europa.
Ganhando espaço na prática clínica está o neurofeedback, método que se propõe a imprimir no cérebro um novo padrão de funcionamento, igual ao de uma pessoa sem a doença. “Eletrodos colocados sobre o couro cabeludo fazem a leitura da informação neurológica que está sendo produzida e registrada por eletroencefalografia”, explica o psicólogo Leonardo Mascaro, mestre em neurociências pelo Núcleo de Neurociências e Comportamento da USP e autor do livro “Para Que Medicação?”. Segundo ele, na presença de enfermidades como a ansiedade, os dados revelam padrões eletroencefalográficos anormais e específicos que possibilitam o reconhecimento da doença ou de outros comprometimentos neurológicos.
No treinamento, o paciente visualiza as alterações e também os padrões normais. “Os parâmetros corretos são então apresentados de volta aos neurônios por meio de um trabalho de condicionamento feito sob a forma de sinalização sonora e visual”, diz Mascaro. Essas sinalizações ocorrem somente quando os neurônios em treino produzem o tipo de atividade que está sendo solicitada. “Dessa maneira acontece a aprendizagem neurológica e a modificação da atividade cerebral, que se normaliza progressivamente”, complementa o psicólogo. “Conforme o tratamento caminha, a pessoa necessita de menos medicação e a retirada do medicamento acontece, sempre sob supervisão médica”, assegura Mascaro. A empresária Marisa Rollemberg Rocha, 40 anos, de Brasília, submeteu-se a três sessões até agora. “Já consigo dormir melhor e passei a suar menos nas mãos”, diz. A técnica, porém, não é aceita por todos os médicos. Bernik, do Amban, não a considera eficaz.
O desenvolvimento de instrumentos como esses só foi possível a partir do avanço do conhecimento sobre as bases neurológicas da doença. Apesar de a identificação das estruturas cerebrais vinculadas à enfermidade ter sido feita há algum tempo, dezenas de pesquisas estão revelando detalhes sobre a interação entre elas. Cientistas da Columbia University (EUA), por exemplo, descreveram a maneira pela qual operam o hipocampo e o córtex pré-frontal medial. “Vimos que o hipocampo envia muita informação para esta área do córtex, fazendo com que ela reconheça o ambiente como uma ameaça”, explicou Joshua Gordon, autor da pesquisa.
Por aqui, o psiquiatra Luiz Vicente Mello, de São Paulo, participa de um esforço internacional para entender melhor a relação entre comportamentos ansiosos e mecanismos de defesa legados pela evolução. “Muitas das nossas reações são anacrônicas. Ao mesmo tempo, não temos defesas para situações recentes, como o medo de carros, que precisa ser ensinado”, diz.
Ainda na USP, cientistas investigam a relação da enfermidade com o sistema serotonérgico do cérebro. Recentemente, o psiquiatra Felipe Corchs, em estudo feito no Amban com universidades da Inglaterra, Nova Zelândia e Austrália, observou que as diferenças na quantidade de serotonina (substância que faz a comunicação entre neurônios) interferem na sensibilidade aos estímulos que iniciam crises. Para chegar a essa conclusão, os cientistas deixaram sem comer proteínas um dia inteiro voluntários que já haviam sido tratados de transtornos ansiosos. Não ingerir proteína prejudica o aporte de triptofano, aminoácido essencial para a formação da serotonina.
O resultado foi surpreendente: pacientes com pânico, estresse pós-traumático e fobia social ficaram mais sensíveis aos gatilhos de crise, sugerindo que a serotonina tem papel na modulação dessa resposta. “E pessoas que tinham melhorado com o tratamento pioraram quando os níveis da substância diminuíram”, explicou Felipe. A redução do composto não causou o mesmo impacto em pacientes com ansiedade generalizada e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Para estes, o que parece é que o contrário, o aumento na concentração da serotonina, faz diferença. Um outro estudo, feito pelo psicólogo Thiago Sampaio, também do Amban, indicou que portadores de TOC que possuem maior concentração de serotonina respondem mais rápido à terapia.
Intervir nas situações em que a ansiedade pode prejudicar o tratamento é hoje uma atitude incorporada por alguns hospitais. No Albert Einstein, em São Paulo, psicólogos entram em ação para atender pacientes internados que apresentam sintomas da doença. “Uma das formas de reduzi-los é ajudar os doentes a esclarecer suas dúvidas”, diz Ana Kernkraut, coordenadora do serviço de psicologia do hospital.
Nos EUA, médicos usaram a terapia com animais para diminuir o sentimento em indivíduos que se submeteriam a exames de imagem, situação que desencadeia temor. No Monmouth Medical Center, 28 pacientes que fariam ressonância magnética foram selecionados para brincar com cães por 15 minutos, meia hora antes de fazer o exame.
Comparados a doentes que não tiveram esse tempo com os animais, eles manifestaram muito menos ansiedade. “A terapia mostrou potencial para substituir os remédios contra crises às vezes dados aos pacientes”, disse Richard Ruchman, autor do estudo.
No Brasil, nos centros de equoterapia é possível aliviar os sintomas com o auxílio dos cavalos. A empresária Adriana Mazzagardi experimentou esses efeitos durante as aulas de equitação que teve na infância e decidiu expandir o benefício. “Os cavalos me ensinaram a controlar a minha ansiedade, que era muito intensa”, diz Adriana, que está à frente do Centro Equestre Equovita, em Jundiaí (SP). O local é frequentado por muitas pessoas em busca de alívio das tensões. “Se você está ansioso e sem concentração, o cavalo percebe e reage. Você precisa estar atento e calmo para que ele se deixe conduzir”, diz Adriana.
Manter a ansiedade sob controle é também importante porque reduz riscos para outras doenças. Na semana passada, pesquisadores da Stanford University (EUA) divulgaram os resultados de um estudo com animais, indicando que o sentimento contribui para o surgimento de tumores. A explicação é a de que a ansiedade costuma vir acompanhada de estresse. Juntas, as condições enfraquecem o sistema de defesa do organismo. “Eles podem acelerar a progressão do câncer”, afirmou o imunologista Firdaus Dhabhar, autor do experimento.
A conexão com a depressão também está sendo investigada. Um trabalho patrocinado pelo Canadian Institutes of Health Research apontou uma molécula (CRFR1) como a responsável pela interação entre a ansiedade, o estresse e a doença. Um primeiro passo já foi dado para quebrar a associação: em cobaias, a inibição da produção dessa molécula atenuou a ansiedade.
Mais conhecida, a relação da enfermidade com os males cardiovasculares exige também atenção. Tanto que médicos do Montreal Heart Institute, também no Canadá, fizeram um trabalho para provar que pacientes em risco para doenças do gênero e que apresentem traços de ansiedade devem ser submetidos a uma tomografia do coração, e não apenas a um eletrocardiograma. “O exame de imagem é mais efetivo para identificar doença cardíaca nesses indivíduos”, afirmou Simon Bacon, coautor do experimento.



Por Cilene Pereira e Mônica Tarantino da Revista Isto É


Psicoterapia deve ter metas e não se estender por anos

Terapeuta dos EUA causa polêmica ao defender que a maioria dos pacientes precisa só de poucas semanas de tratamento e que terapia deve ter objetivos para não ser um "desabafo"
Há 15 dias, o psicoterapeuta americano Jonathan Alpert mexeu com os brios dos colegas ao publicar um artigo no "New York Times" em que questionava a eficácia de tratamentos de longo prazo.
Citava um estudo de 2010 no "American Journal of Psychiatric" para dizer que só 10% dos pacientes fazem mais de 20 sessões e um de 2006 no "Journal of Consulting and Clinical Psychology" para afirmar que o progresso cai de 88% para 62% após a 12ª sessão. Culpava os pares.
A resposta, diz, veio numa avalanche de e-mails tanto mandando-o para o inferno como elogiando por contestar algo pouco questionado.
Artigos contra e a favor se multiplicaram, cartas de psicanalistas chegaram ao "Times" pedindo cuidado com generalizações e a lista de clientes do psicólogo que atende em Nova York e acaba de lançar "Be Fearless - Change Your Life in 28 Days" (Seja destemido - mude sua vida em 28 dias, que sai no Brasil no fim do ano) cresceu.
Mas ele nega que ofereça solução mágica, como acusam os críticos que viram no artigo uma autopromoção.
Sua defesa, diz, é de uma terapia que mostre resultado, em que paciente e analista tracem metas e que não sirva apenas "para desabafar".
"Pela minha experiência, a maioria busca ajuda para questões menores e tratáveis: insatisfação no trabalho ou no relacionamento. Não é preciso anos de terapia para isso." Alpert conversou com a Folha por telefone.
Folha - Qual tem sido a reação ao seu artigo? Crítica?
Jonathan Alpert - Interessante. Recebi centenas de e-mails, muitos de ódio, inclusive de outros terapeutas, que me mandaram para o inferno. Mas para cada negativo vieram uns três positivos.
Na manhã após a publicação, a secretária eletrônica do consultório tinha umas 20 ligações de gente que queria se tratar comigo. No fim da semana, mais 60 [ele atende 25 pacientes por semana].
Qual era sua relação com os colegas antes do artigo?
Dividida. Há outros terapeutas aqui que têm essa orientação mais comportamental como eu. E eles me apoiaram -recebi vários e-mails elogiando a coragem.
Quando você diz que terapia de longa duração é pouco eficaz, você se refere aos casos de forma geral ou quer dizer que terapeutas ruins mantêm o paciente por muito tempo?
O segundo caso. E meu argumento é que se você está na terapia e não está melhorando, você tem de sair. Há muita diferença entre se sentir bem e de fato melhorar. Eu costumo usar a analogia do cabeleireiro -se você vai e odeia o corte, vai voltar para quê? Se você vai à terapia semanalmente há anos e não vê nenhuma melhora, saia fora.
Mas como medir se a psicoterapia é eficaz?
O que eu faço, e muitos fazem, é definir metas desde o começo e monitorar o progresso. Se alguém com ansiedade social vem me ver, a meta é a pessoa se sentir confortável em um bar ou um encontro. Vamos trabalhando e vendo como ela se sai.
Você já tratou alguém por mais do que 12 semanas?
Sim, claro, há gente que eu trato por meses, e depois faço sessões de manutenção uma ou duas vezes por mês.
Sempre com as metas?
As pessoas podem ficar patinando na terapia. Você vai, desabafa e se sente bem por falar. Aí espera aquilo toda semana, mas isso não necessariamente faz você avançar em direção a um objetivo.
E quando a terapia pode durar mais e ser boa?
Alguns transtornos precisam de mais tempo para serem tratados, como estresse pós-traumático. E condições psiquiátricas ou psicológicas mais graves precisam não só de mais tratamento, mas também de manutenção.
Não é o caso da ansiedade e da depressão leve, que levam a maioria ao consultório?
Eu cito essas duas no artigo. As razões que levam mais gente ao consultório -ao meu, ao menos- são ansiedade, problemas na carreira, problemas no relacionamento e estresse. Nada disso precisa de anos para ser tratado.
Mas qual deve ser o objetivo do terapeuta e do paciente? Um problema pontual pode ser resolvido em semanas, mas e a raiz? Se as circunstâncias mudarem na vida de um dos seus pacientes, os problemas não reaparecerão?
Você tenta ensinar a pessoa a resolver o problema, para que possa lidar com ele no futuro caso reapareça. Mas há quem não seja bom nisso.
Identificar o problema e dar ferramentas? Nada de discutir a infância...
Às vezes é relevante. Mas eu não passo sessões incontáveis falando sobre a infância. Os pacientes reagem melhor quando olham para a frente.
Como você percebeu que o tipo mais convencional de terapia não era o seu?
No começo da minha carreira, eu tinha pacientes que me diziam que seu terapeuta anterior só sabia perguntar "como você se sente com isso?". Passavam anos assim, mesmo sem achar que funcionava. Eu escrevia uma coluna de jornal com pouco espaço e tinha de dar conselhos. Recebia cartas agradecendo pela ajuda e pensei que isso pudesse funcionar em terapia também. Identificar o problema e dar conselhos. A reação foi boa.
E por que muitos continuam indo à terapia, sem avanço?
Muita gente acha que psicoterapia é só para desabafar. Não sabe que dá trabalho, que muita coisa precisa ser feita fora do consultório.
Falta informação?
É. Tem uma ideia perpetuada por Hollywood. Se você perguntar para dez pessoas o que é psicoterapia, pode esperar que sete dirão que se trata de desabafar, se abrir.
Qual o maior erro ao procurar um psicoterapeuta?
Não sei, mas sei o que ajuda a achar um. Boca em boca é bom, se você se sentir confortável para perguntar a amigos ou conhecidos, porque há estigma ainda. Também dá certo perguntar ao seu médico.
É preciso pesquisar. Telefonar, ao menos, a alguns terapeutas, falar com eles por uns dez, 15 minutos, para ter ideia do estilo, perguntar como ele trataria seu problema.
Não há quem tenha medo de perguntar ou de cobrar soluções ao terapeuta? O mecanismo, afinal, tem duas partes...
Verdade. Eu sempre digo a meus pacientes que nós dois temos de trabalhar duro e que ele precisa implementar os novos comportamentos fora do consultório. Se ele está esperando uma solução mágica, não vai acontecer.
"O Segredo" fez sucesso.
Acho que há pessoas procurando mágica. São preguiçosas. Se você puder acreditar que vai virar um milionário, é mais fácil do que arregaçar as mangas e dar duro.
Terapia é para todos?
Não. Não acho. Acho que a pessoa realmente tem de querer olhar para si mesma e mudar. Se não é um desperdício de tempo e de dinheiro.
Mas muitas vezes é posta como solução universal.
Algumas pessoas são narcisistas, egocêntricas, falar por uma hora e ser o centro das atenções as satisfaz.
A crise econômica aumentou seu trabalho? Você participou de "Trabalho Interno" (documentário de 2010 premiado com o Oscar).
Em 2008, eu comecei a receber cada vez mais pacientes de Wall Street, com problemas de ansiedade ligada ao trabalho. No fim do ano, foi um surto. Eram sobretudo homens, executivos, perdendo o emprego... O problema é que a identidade deles estava tão fundida com sua carreira que, quando eles perdiam o emprego, a vida deles perdia o sentido. Nunca queira se definir por sua carreira.
Melhorou?
Acho que as pessoas se acostumaram.
Fonte: Folha


Consumo de carne branca e nozes pode diminuir risco de Alzheimer

Metade de filé de salmão já mostra benefícios. Um novo estudo sugere que comer alimentos riscos em ômega 3, gordura natural e benéfica encontrada no peixe, frango e nozes, diminui a ação de uma proteína associada ao Alzheimer.
A pesquisa foi publicada essa semana na revista “Neurology”, da Academia Americana de Neurologia.
A doença de Alzheimer é uma das formas mais comuns de demência, que leva a alterações progressivas da memória, de julgamento e raciocínio intelectual, e costuma acometer pessoas idosas.
Para chegar a esse resultado, a equipe do neurologista Nikolaos Scarmeas, do Centro Médico da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, recrutou 1.219 pessoas acima de 65 anos, sem sinais de demência, para medir o nível da proteína associada a perda de memória no sangue.
Depois de agruparem informações sobre a alimentação dos participantes nos últimos 14 meses, os pesquisadores coletaram o sangue de cada um e mediram a quantidade da proteína e de ômega-3, ômega-6, vitaminas, ácido fólico e gorduras monossaturada e polissaturada depositadas no sangue.
Por meios dessas análises, a equipe de estudiosos descobriu que quanto mais ômega-3 a pessoa tinha ingerido, menores estavam os níveis da proteína.
Segundo o estudo, consumir um grama de ômega 3 por dia, valor encontrado em metade de um filé de salmão, equivale a 20 ou 30% menos da proteína no sangue.
“[...]o resultado pode melhorar nossa confiança nos efeitos benéficos da dieta na prevenção da demência”, diz Scarmeas.
Fonte: G1


Uso de fluoxetina em fórmulas para emagrecer pode ser perigoso.

Uso casado dos tipos de substâncias só é indicado em alguns casos específicos, afirmam especialistas.
A análise do consumo de redutores de apetite e do antidepressivo fluoxetina (princípio ativo do Prozac) sugere que as duas substâncias vinham sendo usadas de forma combinada, conduta que não é recomendada se o objetivo é só emagrecer.
A associação das drogas é defendida por alguns médicos para pacientes obesos e com depressão ou compulsão por comida. Por outro lado, a combinação dos remédios pode indicar um uso abusivo com foco na redução do peso, explicam especialistas.
Problemas com esse tipo de associação foram objeto de pesquisa realizada pelo Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) há três anos.
Agora, a união entre os moduladores de apetite anfepramona, mazindol e femproporex (banidos pelo governo no ano passado) e da sibutramina (mantida com novas regras) com o antidepressivo fluoxetina foi medida em estudo publicado na edição de fevereiro da "Revista da Associação Médica Brasileira".
A pesquisa, que mediu as vendas dos remédios no país, dá fortes indícios de que o consumo casado vinha sendo prática corrente. No entanto, o trabalho não verificou as receitas em si.
Foram analisadas várias situações que poderiam estar relacionadas ao uso dos emagrecedores em 2009, ano de coleta dos dados, como ser do sexo feminino, ter maior renda e escolaridade ou consumir certas substâncias.
"Para nossa surpresa, a variável mais significativa foi a relação entre a fluoxetina e os moduladores de apetite, o que não é recomendado nem pelo Conselho Federal de Medicina nem pela Anvisa", explica Daniel Mota, técnico especializado em regulação e vigilância sanitária da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e autor da pesquisa -feita de forma independente da agência.
O estudo, feito com um modelo econométrico que agrega a venda nacional dos medicamentos e a população adulta brasileira, conclui que cada 1 mg/per capita de aumento no consumo do antidepressivo produz a elevação do consumo de moduladores em 1,66 mg/per capita.
Walmir Coutinho, do departamento de obesidade da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), diz que não recomenda o uso associado dos remédios por faltarem estudos que atestem sua segurança.
Ele explica que o consumo isolado da fluoxetina leva à perda de peso, mas esse efeito acaba sendo revertido depois. Por isso o antidepressivo não é usado como emagrecedor. Para Coutinho, a mistura de vários elementos em fórmulas para emagrecer é a venda de uma "ilusão".
Cláudia Cozer, uma das diretoras da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade), afirma que a combinação das drogas pode causar letargia e apatia, mas relativiza os danos quando o uso é por tempo limitado com acompanhamento médico.
Um dos usos benéficos da combinação, diz Cozer, é no controle da ansiedade e da compulsão alimentar.
Para o endocrinologista Alfredo Halpern, o problema está no uso casado em fórmulas para emagrecer. "Vi fórmulas absurdas, que juntam não só anfepramona e femproporex com fluoxetina mas diurético, hormônio de tireoide. É condenável. Por outro lado, o indivíduo pode precisar de uma fluoxetina porque é ansioso ou deprimido, não há por que proibir."
Fonte: Folha.com


Droga para tratar alcoolismo é bem sucedida em teste na França.

Uma droga projetada para tratar espasmos nervosos conseguiu superar um importante teste preliminar em uma pesquisa com vistas a ver se é capaz também de curar o alcoolismo, afirmaram médicos franceses em estudo publicado nesta terça-feira.
O baclofen - nome laboratorial de um medicamento comercializado como Kemstro, Lioresal e Gablofen - passou com sucesso em um teste preliminar, realizado com um pequeno grupo de alcoólicos, um resultado que abre o caminho para testes clínicos formais, afirmaram os cientistas.
A história do medicamento remonta a 50 anos. Ele foi originalmente projetado para tratar a epilepsia, antes de ser licenciado para tratar a espasticidade, mas os cientistas agora estão interesssados em usá-lo para aliviar a abstinência do álcool.
Em 2008, o livro O Último Copo, do cardiologista Olivier Ameisen, despertou interesse, pois no texto o médico afirmou ter tratado a si próprio de alcoolismo com altas doses de Baclofen. O novo teste foi realizado com 132 bebedores contumazes que ingeriram baclofen em altas doses durante um ano. Oitenta por cento ficam abstêmios ou se tornaram bebedores moderados. Comparativamente, duas drogas comumente usadas para tratar alcoólicos, naltrexona e a acamprosato, tiveram uma taxa de sucesso entre 20% e 25%. Os efeitos colaterais incluíram fadiga, sonolência, insônia, tontura e problemas digestivos.
O principal autor da pesquisa, Philippe Jaury, da Universidade de Paris-Descartes, disse que o resultado abriu as portas para testes clínicos com duração de um ano, cujo início deve começar em maio, em que 320 alcoólicos seriam divididos em dois grupos. Uma parte receberá baclofen, com doses que aumentariam gradativamente até que os sintomas de abstinência desapareçam, enquanto a outra receberá um placebo.
O sistema de saúde francês paga 750 mil euros do custo de 1,2 milhão de euros do teste e um doador não identificado paga o restante, explicou Jaury. O estudo é publicado no periódico especializado Alcohol and Alcoholism.
Fonte: Terra


Estudos reforçam relevância clínica do lítio contra Alzheimer.

Estudos vem demonstrando a relação entre o Transtorno Bipolar (TBH) e demência (tanto vascular como Alzheimer) na terceira idade, principalmente quando a doença bipolar não é tratada adequadamente. O lítio, na forma de carbonato de lítio, é o regulador de humor mais eficaz e que controla todas as fases da doença (mania e depressão), considerado ainda hoje o "padrão-ouro" do tratamento do TBH.
No Congresso da Associação Americana de Psiquiatria (APA) em 2010 assisti a uma mesa redonda sobre o papel do lítio, falando do seu efeito neuroprotetor ainda que utilizado em doses baixas (o tratamento com lítio geralmente requer doses mais altas para a estabilização do transtorno). Sabe-se da dificuldade de alguns pacientes tolerarem o lítio em função dos efeitos colaterais, porém quando associado a outros reguladores, é possível utilizá-lo em doses mais baixas e que costumam ser muito bem toleradas pelos pacientes.
Os debatedores analisaram também uma pesquisa em que os pacientes que faziam tratamento com um estabilizador associado a doses baixas de lítio tinham menos queixas do que aqueles que faziam uso somente do estabilizador de humor sem o lítio.
Em conjunto esses achados reforçam a importância do carbonato de lítio ainda nos dias de hoje, em que o arsenal terapêutico do TBH é bem mais diversificado do que há 50 anos, quando as propriedades estabilizadoras do lítio foram descobertas.
Confira a notícia.
"Estudos realizados na Universidade de São Paulo (USP) reforçaram as evidências de que o lítio, amplamente utilizado no tratamento de transtorno bipolar, pode ter um efeito protetor contra o aparecimento da doença de Alzheimer. A pesquisa, que teve seus resultados publicados em 2011 na revista British Journal of Psychiatry, foi conduzido por Orestes Forlenza, do Laboratório de Neurociências do Instituto de Psiquiatria (Ipq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Forlenza apresentou os resultados em São Paulo durante o Brazil-Canada Prion Science Workshop 2012, realizado em março pelo Hospital A.C. Camargo.
O trabalho é resultado do Projeto Temático Neurobiologia da doença de Alzheimer: marcadores de risco, prognóstico e resposta terapêutica”, iniciado em 2010 e financiado pela FAPESP e coordenado por Wagner Gattaz, também do IPq.
De acordo com Forlenza, o experimento foi realizado com idosos com comprometimento cognitivo leve. Os resultados demonstram a relevância clínica da aplicação de baixas doses de lítio em pacientes que ainda não atingiram a fase demencial da doença de Alzheimer, reforçando a hipótese de que o medicamento possa ser utilizado na prevenção do problema.
“Os pacientes que receberam lítio não apenas ficaram mais estáveis clinicamente, do ponto de vista funcional e cognitivo, como tiveram menos deterioração de memória e de funções cognitivas”, disse Forlenza à Agência FAPESP.
Além disso, o experimento revelou uma evidência de modificação de um dos processos patogênicos centrais da doença de Alzheimer, que é a hiperfosforilação da proteína TAU, um processo que destrói o esqueleto das células, levando à morte dos neurônios. O lítio inibe a atividade da enzima GSK 3-Beta, que fosforila a TAU.
“O conjunto desses resultados mostra que possivelmente o lítio produz um efeito modificador da doença. Além da hipótese inicial, que era a inibição da enzima GSK 3-Beta, olhamos outros possíveis participantes desse efeito”, disse Forlenza.
Os estudos mostraram que há um aumento de fator neurotrófico derivado cerebral (BDNF), da função mitocondrial e da atividade de outras enzimas. “Tudo isso alinha em torno de um mecanismo múltiplo de modificação de vários processos patogênicos”, disse o pesquisador.
Tempo de seguimento
Há muitos anos a ciência acumula evidencias biológicas, experimentais – em modelos animais, em culturas de células, ou extrapolações por métodos de neuroimagem – de que o lítio poderia exercer ações neurotróficas ou neuroprotetoras. Mas até recentemente não havia nenhuma comprovação de que isso tivesse algum significado clínico ou benefício humano.
“Essa comprovação começou a se realizar quando publicamos, em 2007, um trabalho demonstrando que, quando ficam mais velhos, indivíduos que têm doença bipolar – e que portanto recebem lítio clinicamente por vários anos – têm uma menor taxa de demência que os indivíduos bipolares que foram tratados com outras terapias”, disse Forlenza.
Com base nessas constatações clínicas experimentais, o grupo da USP lançou um estudo randomizado para, de maneira bem controlada, avaliar o efeito neuroprotetor do lítio em indivíduos em risco de ter doença de Alzheimer. O modelo escolhido para essa finalidade foram os indivíduos com comprometimento cognitivo leve.
“Tínhamos como base dois trabalhos que foram publicados – um na Inglaterra, outro na Alemanha – usando lítio para tratar indivíduos com a doença de Alzheimer já em fase demencial”, explicou Forlenza.
O estudo britânico fracassou, segundo ele, porque os pacientes não toleraram o tratamento. As doses de lítio eram mais altas, houve uma alta taxa de abandono, impossibilitando que se chegassem a conclusões. O outro estudo multicêntrico europeu, feito na Alemanha, fez um ensaio com lítio em doença de Alzheimer leve por dez semanas. Também fracassou, porque não encontrou mudança nenhuma dos parâmetros clínicos e biológicos.
“Com base nessas informações, alinhamos então o nosso projeto para tratar não indivíduos com doença de Alzheimer já em fase demencial, mas em uma fase anterior a isso. Outro diferencial da nossa abordagem é que utilizamos o lítio em doses menores que as utilizadas clinicamente. Mostramos que essas doses são suficientes para inibir a atividade de uma enzima que imaginamos que esteja ligada ao processo”, disse Forlenza.
Outra diferença crucial em relação aos estudos antigos, segundo Forlenza, foi o tempo de seguimento. “Realizamos um seguimento de quatro anos, com desdobramentos em 12, 24 e 36 meses. Na amostra total foram incluídos 61 pacientes. Uma taxa menor chegou ao fim dos quatro anos, mas no primeiro ano tivemos 91% de permanência no estudo”, disse.
O Projeto Temático será concluído em 2014. Até lá, os pesquisadores seguirão com a linha de estudos envolvendo a aplicação de lítio como antagonista da doença de Alzheimer. Os cientistas voltarão o foco a partir de agora a parâmetros como neuroimagem funcional com tomografia de emissão de pósitrons (PET) e com neuroimagem estrutural, para comparar os dois grupos de pacientes e observar outros desfechos.
“Várias análises ainda precisam ser feitas, ou completadas, com variações de biomarcadores e de tempos de seguimento, por exemplo. Queremos também iniciar um estudo semelhante, não mais em pacientes com comprometimento cognitivo leve, mas em pacientes com doença de Alzheimer familiar de início precoce, que talvez seja o modelo ideal para se testar essa modificação de patogenia”, disse Forlenza".
Fonte: Planeta Universitário


Grande São Paulo tem alta prevalência de transtornos mentais.

Agência FAPESP – Quase 30% dos habitantes da Região Metropolitana de São Paulo apresentam transtornos mentais, de acordo com um estudo que reuniu dados epidemiológicos de 24 países. A prevalência de transtornos mentais na metrópole paulista foi a mais alta registrada em todas as áreas pesquisadas.
O trabalho faz parte da Pesquisa Mundial sobre Saúde Mental, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) que integra e analisa pesquisas epidemiológicas sobre abuso de substâncias e distúrbios mentais e comportamentais. O estudo é coordenado globalmente por Ronald Kessler, da Universidade Harvard (Estados Unidos).
Em artigo publicado na revista PLoS One no dia 14 de fevereiro, os autores apresentam os resultados da pesquisa São Paulo Megacity Mental Health Survey, que gerou para o relatório internacional os dados relativos ao Brasil – no país, o estudo se restringiu à Grande São Paulo.
O estudo foi realizado no âmbito do Projeto Temático “Estudos epidemiológicos dos transtornos psiquiátricos na região metropolitana de São Paulo: prevalências, fatores de risco e sobrecarga social e econômica”, financiado pela FAPESP e encerrado em 2009.
Entre os autores do artigo estão Laura Helena Andrade, professora do Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP), e Maria Carmen Viana, professora do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Andrade conduziu o Temático em parceria com Viana, que teve Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP entre 2008 e 2009 no Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica do IP-FM-USP, coordenado por Andrade.
Estudo epidemiológico de base populacional, o São Paulo Megacity Mental Health Survey avaliou uma amostra representativa de residentes da região metropolitana de São Paulo, com 5.037 pessoas avaliadas em seus domicílios, a partir de entrevistas feitas com base no mesmo instrumento diagnóstico. Os questionários incluíram dados sociais.
Segundo o estudo, 29,6% dos indivíduos na Região Metropolitana de São Paulo apresentaram transtornos mentais nos 12 meses anteriores à entrevista. Os transtornos de ansiedade foram os mais comuns, afetando 19,9% dos entrevistados. Em seguida, aparecem transtornos de comportamento (11%), transtornos de controle de impulso (4,3%) e abuso de substâncias (3,6%).
“Dois grupos se mostraram especialmente vulneráveis: as mulheres que vivem em regiões consideradas de alta privação apresentaram grande vulnerabilidade para transtornos de humor, enquanto os homens migrantes que moram nessas regiões precárias mostraram alta vulnerabilidade ao transtorno de ansiedade”, disse Andrade à Agência FAPESP.
A prevalência dos transtornos mentais, de quase 30%, é a mais alta entre os países pesquisados. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com pouco menos de 25%. A razão da alta prevalência, de acordo com a pesquisadora, pode ser explicada pelo cruzamento de duas variáveis incluídas no estudo: a alta urbanização e a privação social.
Em relação às outras regiões estudadas, a Região Metropolitana de São Paulo também teve a mais alta proporção de casos de transtornos mentais considerados graves (10%), bem acima do estimado em outros 14 países avaliados. Depois da metrópole paulista, os países com maior porcentagem de casos graves foram os Estados Unidos (5,7%) e Nova Zelândia (4,7%).
“Existiam dados na literatura mostrando que esses transtornos mentais têm alta prevalência em áreas urbanas. Por isso observamos o efeito de exposição à urbanicidade, isto é, as pessoas que viveram a maior parte da vida em região urbana. Levamos em conta também a variável da privação social, estrutura etária da população, setor censitário, escolaridade do chefe de família, migração e exposição a eventos traumáticos violentos”, disse.
A exposição ao crime foi associada aos quatro tipos de transtornos mentais avaliados, segundo Andrade. A alta urbanicidade está associada especialmente ao transtorno de controle e impulso. A privação social também tem impacto sobre o transtorno de abuso de substâncias e interfere na gravidade das doenças.
“As pessoas que moram em áreas precárias apresentam quadros mais graves e tendência ao abuso de substâncias. As que tiveram mais exposição à vida urbana têm mais transtornos de controle e impulso – em especial o transtorno explosivo intermitente, que é típico de situações de estresse no trânsito, por exemplo”, apontou.
Promoção da saúde mental
Ao cruzar as variáveis, os pesquisadores chegaram aos grupos de maior vulnerabilidade: mulheres que vivem em regiões de alta privação apresentam mais transtornos de humor e homens migrantes que vivem em região de média e alta privação têm mais transtornos de ansiedade. Pessoas com baixa escolaridade têm mais transtornos de ansiedade e de abuso de substâncias.
“Um dos diferenciais desse estudo é que incluímos nas entrevistas medidas de incapacitação, a fim de avaliar a gravidade das doenças. Concluímos que, entre as pessoas diagnosticadas com transtornos mentais, um terço corresponde a casos graves, um terço a casos moderados e um terço a casos leves. As pessoas com transtornos moderados e graves sofrem com algum tipo de incapacitação”, disse Andrade.
O estudo sugere que é preciso fortalecer, no sistema brasileiro de saúde básica – que inclui o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Programa Saúde da Família –, uma integração entre atendimento e promoção da saúde mental.
“Não é possível ter um serviço especializado em todas as unidades, por isso é preciso equipar a rede com pacotes de diagnóstico e de conduta a serem utilizados pelos profissionais de cuidados primários. É preciso capacitar não só os médicos, mas também os agentes comunitários, que devem ser orientados para identificar casos não tão comuns como os quadros psicóticos, levando em conta os fatores de risco associados aos transtornos mentais”, afirmou Andrade.


Pesquisa avalia relação médico-paciente em todo o mundo.

Resultados de pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência, em parceria com a Worldwide Independent Network of Market Research (WIN), apontam aumento na proporção de consultas regulares, sem que haja um problema de saúde específico, revelando um comportamento preventivo dos pacientes em todo o mundo: de 21% em 2010, para 30% em 2011, e no Brasil, de 32% para 44%. O objetivo do estudo é medir a percepção da população mundial em relação à própria saúde e à forma como cada um se cuida, além de avaliar a relação médico-paciente.
Grande parte dos brasileiros (56%) considera o atendimento do último médico visitado como excelente ou muito bom. Na rede pública de saúde, onde ocorreram mais de 2/3 das consultas em 2011, essa avaliação é de metade dos pacientes (50%). Esse índice sobe para 70% quando analisados os profissionais credenciados dos planos de saúde, mas a maior satisfação foi dos pacientes da rede particular, com índice de 73%.
Os resultados do estudo mostram, ainda, que 55% dos brasileiros recomendariam o médico que consultaram. Este resultado supera a média mundial, que foi de 42%.
No quadro mundial, o Brasil ocupa a 20ª posição na avaliação geral da relação médico-paciente, incluindo respeito, atenção, clareza nas explicações, preocupação e entendimento do paciente, entre outros atributos. Em primeiro lugar estão Irlanda, Armênia e o vizinho Chile. Ainda na lista dos melhores avaliados, estão Austrália, Estados Unidos, Canadá, Arábia Saudita e Suécia. Na base, entre os piores avaliados, estão Japão, Peru, Paquistão, China e Polônia.
Uso de medicamentos
Dados mundiais da pesquisa apontam que apenas metade dos entrevistados (57%) toma a medicação exatamente de acordo com as instruções médicas, o que deve representar uma preocupação para os médicos. No Brasil, a população se mostra mais obediente às prescrições, já que o número sobe para 78%.
Sobre a pesquisa
A WIN Saúde ouviu 31.577 pessoas em 39 países para um amplo levantamento sobre a percepção da população mundial em relação à própria saúde e a forma como cada um se cuida. No Brasil, foram entrevistadas 1.373 pessoas.
Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM) uma boa consulta médica deve exigir do profissional as seguintes atitudes:
1) Trate o paciente e seus familiares com respeito
2) Expresse-se com palavras e análises que podem ser compreendidas pelo paciente
3) Preste atenção ao paciente, ouvindo-o e observando-o
4) Entenda as preocupações do paciente
5) Demonstre interesse pelas ideias do paciente
6) Forneça as informações que o paciente busca
7) Discuta próximos passos de acompanhamento ou tratamento
8) Deixe o paciente falar
9) Demonstre que se importa com as preocupações e problemas do paciente
10) Receba o paciente de modo confortável
11) Dedique tempo adequado ao paciente
12) Cheque se o paciente entendeu o que foi discutido
13) Envolva o paciente nas decisões
14) Incentive o paciente a fazer perguntas


Em defesa do Ato Médico e da população.

Por trás do projeto do ato médico existe muito interesse de mercado por parte dos conselhos de profissionais da área de saúde, como psicologia, farmácia, enfermagem, fisioterapia, etc. Todos querem ampliar suas atuações às custas da restrição do que está sendo definido como ato exclusivo do médico.
É o CFP defendendo que o psicólogo faça diagnósticos psiquiátricos e assim trate do paciente independente do médico, prescrevendo-lhe terapias, é o COREN brigando para que enfermeiros prescrevam medicamentos e assim tratem de doenças da atenção básica, como hipertensão e diabetes, façam partos, etc. Enfim, querem ampliar suas atuações profissionais, sem que estes possuam a qualificação para tal.
Quem estuda e conhece doenças, quem sabe fazer diagnósticos, prescrever remédios e identificar e tratar das complicações e dos efeitos colaterais, internar e dar alta em hospitais é o médico. Nenhum outro profissional da área de saúde tem formação, capacidade e experiência profissional para tal.
Se os conselhos de classe querem ampliar sua área de atuação, que comecem pela formação de seus profissionais e não simplesmente desqualificando o ato médico para abrir brechas para pessoas que, não devidamente preparadas, podem causar mal à população.
A aprovação do Ato Médico é um bem para todos e coloca definitivamente os pingos nos i´s, evitando assim que a população pague o preço da disputa pelo mercado.
***
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aprovou nesta quarta-feira, 8, o projeto de Ato Médico, que define as atividades da profissão. A versão retirou pontos polêmicos como a exclusividade dos médicos, concedida no projeto aprovado pela Câmara, em 2009, para execução de procedimentos como papanicolau e diagnóstico de problemas psicológicos e nutricionais.
Dos cinco pontos mais criticados, o relator Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) abrandou quatro. O texto aprovado afirma que diagnóstico de doenças pode ser feito apenas por médicos. Mas abre espaço para que outros diagnósticos, como a avaliação sobre a capacidade de realizar movimentos e articular sons, sejam feitos por outras especialidades, como fonoaudiologia.
O texto diz que médicos têm de coordenar procedimentos que permitem a assistência ventilatória do paciente, mas autoriza fisioterapeutas a atuar no processo. Exames como biópsias e citologia podem ser feitos por farmacêuticos e biomédicos - o que o texto anterior não permitia.
Ainda assim, médicos continuam tendo exclusividade na emissão de laudos de exames de endoscopia, exames de imagem e amostras de tecidos e órgãos.
“Foi a melhor versão possível”, resumiu Valadares. “Procuramos definir o que é ato médico, mas resguardar garantias de outras profissões.” O texto ainda tem de ser submetido à avaliação das comissões de Educação e de Assuntos Sociais antes de ir para o plenário do Senado.
O relator também retirou a exclusividade de médicos na aplicação de injeções subcutâneas, intramusculares e intravenosas. Mas não esclareceu se técnicos em acupuntura e tatuadores terão o direito de seguir com suas atividades. “Listo os métodos invasivos. Na prática, as questões vão sendo resolvidas.”
Manoel Carlos Neri Silva, presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), queixa-se da falta de definição. “A acupuntura, por exemplo, é um procedimento invasivo, e vários profissionais da saúde, não necessariamente médicos, fazem especialização nessa área”, diz.
Um ponto polêmico, que provocou irritação de profissionais de saúde, foi mantido. Apenas médicos podem manter cargos de chefia e direção de serviços médicos. Demais profissionais podem ficar com a chefia administrativa. O argumento das demais categorias era de que o atendimento é feito por uma equipe multidisciplinar, portanto integrantes de outras profissões poderiam chefiar o serviço.
Para o senador, o risco de o projeto aprovado ontem sofrer novas modificações é muito pequeno. Na Comissão de Educação, a relatoria deve ficar com a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), autora de texto semelhante aprovado no Senado. “A nova versão está melhor, mas há pontos preocupantes para fisioterapeutas e enfermeiros”, disse o integrante do Conselho Federal de Farmácia, Carlos Eduardo Queiroz.
Reclamações. Neri Silva, presidente do Cofen, diz que o projeto aprovado na quarte-feira, 8, mantém pontos confusos. Ele diz, por exemplo, que a nova versão atribui como atividade exclusiva dos médicos a prescrição de remédios no Programa Saúde da Família (PSF). “Hoje, os enfermeiros do programa já prescrevem medicamentos para tuberculose, hanseníase, hipertensão e diabete, seguindo o protocolo do Ministério da Saúde. Se não puderem mais fazer isso, será um prejuízo para a população que é atendida pelo SUS”, avalia.
Humberto Verena, presidente do Conselho Federal de Psicologia, diz que o projeto restringe a atuação dos psicólogos, impede-os de fazer diagnósticos de depressão ou outros transtornos e também os impede de prescrever terapias. “Quando você puxa para o médico o diagnóstico e a indicação terapêutica, você dá um golpe no trabalho em equipe. Os outros profissionais ficam satélites da opinião do médico.”
Para Silva, do Cofen, da forma como está, o projeto vai contra uma tendência mundial de atendimento de saúde multidisciplinar. “Querem centralizar tudo na figura do médico por puro corporativismo”, afirmou.
Roberto d’Avila, presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), diz que o projeto apenas formaliza o papel do médico: fazer diagnóstico e tratar doenças. “Isso é o senso comum. Vamos continuar fazendo o que fazemos. Não há subordinação.”
Sobre a ação de enfermeiros no PSF, d’Avila diz que eles podem apenas repetir a receita médica em casos de controle, para evitar que o paciente tenha de ir ao médico todo mês, mas nunca diagnosticar e prescrever por conta. “Os enfermeiros querem assumir a atenção básica, e isso é um absurdo”, diz.
Sobre o fato de psicólogos poderem diagnosticar depressão, d’Avila diz que, para isso, eles precisariam estudar psiquiatria. “Como tratarão neuroses, esquizofrenia? Só com papo e conversa? De jeito nenhum. Essas doenças são causadas por deficiências bioquímicas, e os pacientes precisam de medicamentos.”
→ Fonte: Gazeta


Problemas mentais de familiares podem moldar seus interesses.

Você gosta mais de português ou matemática? A resposta que você der pode ter ligação com os problemas mentais que existem em sua família. Um irmão com autismo ou uma avó com depressão podem ajudar a determinar quais são os assuntos pelos quais você se interessa intelectualmente, de acordo com um novo estudo que relacionou histórico psiquiátrico familiar e interesses intelectuais.
Uma recente pesquisa foi feita com 1.077 calouros da Universidade de Princeton, nos EUA, e mostrou uma influência genética nos interesses pessoais de jovens. Por exemplo, estudantes que planejavam estudar ciências humanas foram duas vezes mais propensos a relatar um membro da família com transtorno de humor, depressão ou vícios em substâncias. Estudantes de cursos de tecnologia, por outro lado, eram três vezes mais propensos a ter um irmão com autismo.
Os resultados são preliminares e baseados em relatos, portanto os pesquisadores não podem dizer ao certo por que essas relações existem. Mas de acordo com o pesquisador Sam Wang, professor de biologia molecular e neurociência na Universidade de Princeton, os dados são consistentes com a ideia de que os interesses são parcialmente hereditários.
Durante as últimas décadas, vários pesquisadores descobriram que em certas pessoas e seus familiares, transtornos de humor ou comportamento estão associados com carreiras relacionadas com a escrita e humanidades, enquanto condições relacionadas ao autismo apresentam uma ligação similar com carreiras científicas e técnicas.
Essas ligações são facilmente identificadas ao longo da história. Casos de poetas que lutaram contra a depressão são abundantes, e o próprio Aristóteles teria dito que pessoas com interesses em filosofia, política, poesia e artes tem tendências à melancolia.
Mais recentemente, laços entre autismo e tecnologia também existem aos montes. No Vale do Silício, por exemplo, personalidades da tecnologia e o transtorno de Asperger andam de mãos dadas. Em vários estudos da Universidade de Cambridge foi descoberto uma maior prevalência de transtornos de autismo em famílias de engenheiros e matemáticos.
É claro que isso não quer dizer que todos que gostam de programação de computador têm espectro do autismo ou que um pai bipolar vai ter um grande poeta como filho. Mas essa não é a primeira pesquisa a encontrar ligações entre doenças hereditárias e interesses intelectuais.
“Todo mundo tem interesses individuais específicos que resultam de experiências na vida, mas esses interesses surgem de um ponto de partida genético”, disse Wang. “Isso não significa que os nossos genes determinam nosso destino. Significa apenas que os nossos genes nos lançam por um caminho na vida, levando a maioria das pessoas a perseguir interesses específicos e, em casos extremos, levando outros para transtornos psiquiátricos”.
→ Fonte: livescience.com


Depressão e ansiedade resistente: será bipolaridade?

Um dos mais antigos e ainda vigentes debates da psiquiatria trata da distinção e da separação entre depressão maior e transtorno bipolar. Essa distinção teve suporte em manuais diagnósticos recentes, mas, por outro lado, uma série de pesquisas atuais aponta uma constante entre esses diagnósticos. O transtorno bipolar do tipo II, com hipomania e ausência de mania plena, pode ser considerado um diagnóstico intermediário entre o tipo I e a depressão maior, ainda mais por haver uma grande predominância de sintomas depressivos em relação aos sintomas hipomaníacos.

Por causa dessa ascendência de sintomas depressivos, ocorrem quadros de bipolaridade não reconhecidos, muitas vezes ao longo de anos de tratamento. Enquanto não for diagnosticado como parte do espectro bipolar, tais pacientes com bipolaridade “leve” freqüentemente serão considerados portadores de depressão ou ansiedade resistente ou refratário ao tratamento. A avaliação clínica minuciosa sobre o curso, os sintomas, a história familiar e a resposta farmacológica auxilia a revelar a bipolaridade nesses pacientes. Por exemplo, na série consecutiva de 563 pacientes com sintomas depressivos avaliados na prática privada, 56,8% possuíam diagnóstico de bipolaridade. A noção de que os tipos de transtornos de humor são entidades categóricas independentes e separadas tem sido questionada por uma série de estudos recentes.

As características e os achados que favorecem a concepção de uma constante nos transtornos de humor, principalmente entre o transtorno bipolar do tipo II e a depressão maior, são:

  • a presença de episódios mistos e disfóricos, em que há uma concomitância de sintomas de polaridades opostas;
  • história familiar comum ou cruzada, na qual a depressão maior também é muito freqüente em familiares de bipolares e vice-versa em menor grau;
  • ausência de uma “zona de raridade” entre os transtornos;
  • há casos de depressão maior sem hipomanias claras, mas com várias características mais comuns à bipolaridade, como estados mistos, início precoce, características atípicas (hipersonia, hiperfagia, sensação de corpo pesado, co-hipersensibilidade interpessoal), história familiar de bipolaridade, irritabilidade, pensamentos rápidos ou que não desligam e agitação psicomotora;
  • alta taxa de virada ou de mudança no diagnóstico para a bipolaridade no acompanhamento de longo prazo;
  • casos de depressão sem hipomanias claras, mas com cursos cíclicos semelhantes;
  • resposta terapêutica a estabilizadores de humor em uma parcela de pacientes com depressão refratária;
  • resposta a antidepressivos em uma fração de pacientes com transtorno bipolar.

A impossibilidade de traçar uma linha divisória clara entre o transtorno bipolar e a depressão maior não signifi ca, contudo, que sejam quadros semelhantes ou com a mesma base biológica. Ou seja, um modelo contínuo não é sinônimo de um modelo unitário, no qual todos os quadros de humor fariam parte da mesma diátese. Por exemplo, um paciente bipolar com predominância de episódios e sintomas maníacos pode ser radicalmente diferente de um paciente com depressão maior em comorbidade com fobia social. Além desses fatores, a difi culdade diagnóstica aumenta, pois muitos pacientes com sintomas depressivos não reconhecem ou percebem a hipomania como um estado patológico. Portanto, não relatam fases hipomaníacas de forma espontânea, e mesmo os clínicos muitas vezes deixam de investigar a hipomania direta e sufi cientemente. Com freqüência, esta só é descoberta a partir de perguntas mais sutis e pela avaliação caso a caso de situações suspeitas. Em parte, a dificuldade da clara detecção da hipomania se deve ao fato de ela apresentar uma estrutura dimensional em vez de categórica.

A maior ênfase em sintomas de ativação e o menor destaque no critério de duração dos sintomas auxiliam na detecção de casos de bipolaridade menos típicos, muitas vezes tidos como refratários a vários tratamentos farmacológicos à base de antidepressivos. A partir da avaliação retrospectiva de hipomania, a exigência de quatro dias de hipomania, como proposto pelo DSM-IV, faz com que um de cada três pacientes com transtorno bipolar do tipo II seja classifi cado equivocadamente como portador de depressão maior unipolar.

A detecção da hipomania ainda é o requisito para considerar que um paciente faça parte do espectro bipolar. Apesar de haver pacientes ciclotímicos com depressão recorrente sem hipomania clara – que provavelmente fazem parte da diátese bipolar –, a presença de hipomania é altamente específica para a bipolaridade. A mania e a hipomania são formadas por sintomas e características comportamentais que podem ser divididos em dois fatores ou grupos principais: sintomas de “ativação/euforia” e sintomas de “irritabilidade e excessos”. Os sintomas de “ativação e euforia” são particularmente negligenciados como patológicos pelos pacientes.

Comparando pacientes bipolares dos tipos I e II, não há diferenças marcantes na distribuição desses sintomas entre a mania completa e a hipomania.

Pacientes com sintomas de ansiedade proeminentes classicamente eram tratados com benzodiazepínicos e, mais recentemente, com antidepressivos, em particular os serotonérgicos. No entanto, os quadros de depressão com ansiedade também ocorrem com freqüência em pacientes do espectro bipolar.

Muitas vezes, esses pacientes apresentam um quadro misto de humor com predominância depressiva (sintomas depressivos e três sintomas de hipomania concomitantes). A presença de alguns sintomas específi cos favorece a detecção de pacientes em episódio depressivo misto:

  • irritabilidade tem boa sensibilidade e especificidade;
  • distratibilidade e profusão de pensamentos têm alta sensibilidade e baixa especificidade;
  • agitação psicomotora e taquilalia têm alta especificidade, mas baixa sensibilidade.

Ou seja, pacientes que se apresentam com queixas depressivas proeminentes associadas a irritabilidade, agitação psicomotora, pensamentos que não desligam e/ou taquilalia estão provavelmente em um estado misto, e não em um estado depressivo puro. Nesses casos, é recomendado o uso de estabilizadores de humor.

Por Dr. Diogo Lara, M.D., Ph.D.*
A íntegra do artigo pode ser lida aqui.

* Dr Diogo Lara é Professor de psiquiatria da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na área de neuropsicofarmacologia, autor do livro Temperamento forte e bipolaridade: dominando os altos e baixos do humor (www.bipolaridade.com.br).


Iniciativas da Prefeitura do Rio para a Terceira Idade.

A Secretaria de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida (SESQV) é o órgão municipal responsável pelas políticas públicas voltadas para a terceira idade.

A missão é implementar e promover políticas públicas, proporcionando qualidade de vida ao idoso da cidade do Rio de Janeiro.

O objetivo é promover a qualidade de vida, disseminar os hábitos saudáveis e melhorar a condição de vida da população da terceira idade.

Objetivos Específicos
• Atender às necessidades dos idosos previstas no Estatuto do Idoso.
• Instituir políticas públicas voltadas à construção de uma cultura de hábitos saudáveis.
• Articular, de maneira transversal, políticas públicas que promovam a qualidade de vida, principalmente do idoso carioca.

Abaixo relacionamos os principais programas que a Secretaria oferece:

Qualivida
Aulas gratuitas de ginástica em 120 núcleos espalhados pela cidade. As atividades são ministradas por um professor de educação física, com apoio de um profissional de saúde, e acontecem todos os dias, das 7h às 9h da manhã. Os principais objetivos são proporcionar à população de terceira idade a manutenção do vigor e da autonomia físicos, reintegração social e melhora na qualidade de vida.

Casas de Convivência e Lazer para Idosos
Referência no que diz respeito à inclusão social de idosos no município. As atividades desenvolvidas nas Casas de Convivência e Lazer, de forma totalmente gratuita, geram impacto direto na promoção da saúde física e emocional dos freqüentadores. São seis espaços em funcionamento, nos bairros da Gávea, São Conrado, Tijuca, Lagoa, Botafogo e Penha, que proporcionam um convívio saudável e prazeroso ao idoso, procurando reproduzir do modo mais fidedigno possível um ambiente familiar. Algumas das aulas das quais os usuários podem participar são: dança de salão, artesanato, tai chi chuan, inglês, francês, desenho, alongamento, ginástica localizada, percussão, entre muitas outras atividades lúdicas, esportivas e informativas. As Casas funcionam todos os dias, das 8h às 18h.

Academias da Terceira Idade (ATIs)
A primeira academia foi instalada, em agosto de 2009, na Praça Serzedelo Correia, no coração de Copacabana. Hoje, já existem outras 39 unidades em funcionamento, em diversos bairros: Leme, Urca, Flamengo, Botafogo (2), Largo do Machado, Cavalcanti, Glória, Anchieta, Penha, Ilha do Governador, Tijuca, Vila Isabel, Inhoaíba, Campinho, Méier, Bangu (2), Praça Seca, Merck, Copacabana, Ipanema, Grajaú, Leblon, Bairro Peixoto, Barra da Tijuca, Vigário Geral e Campo Grande. São composta por 10 aparelhos que permitem o desenvolvimento de exercícios de força e flexibilidade, atendendo diretamente às necessidade dos idosos. Aulas, supervisionadas por um profissional de educação física, acontecem, diariamente, das 7h às 10h e das 16h às 19h. Em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil (SMSDC), a SESQV também mantém ATIs em postos de saúde e em clínicas da família por toda a cidade.

Saúde Móvel
Promover a saúde e reduzir riscos de contaminação por doenças associadas ao envelhecimento, diminuindo as chances de dependência do idoso. Essa é a proposta deste projeto, que amplia o acesso daqueles com mais de 60 anos, prioritariamente os com dificuldades de locomoção, aos serviços de saúde oferecidos pelo governo municipal.

Veículos adaptados para funcionar como mini-consultórios médicos visitam os mais diversos bairros e comunidades, de forma intinerante, com profissionais especializados e toda a infra-estrutura necessária para a realização de consultas, exames e pequenos procedimentos, nas seguintes áreas: clínica médica, geriatria, oftalmologia e odontologia.

Mais informações acesse o site do SESQV


Ler livros e fazer quebra-cabeças reduz proteína relacionada com Alzheimer.

As pessoas que mantêm o cérebro ativo durante toda a vida com atividades cognitivamente estimulantes como leitura, escrita e jogos têm menores níveis de proteína beta amiloide, vinculada com o Mal de Alzheimer, indicou um estudo publicado na edição digital da revista "Archives of Neurology".

A proteína em questão forma placas senis no cérebro dos pacientes com Alzheimer ao concentrar-se e afetar a transmissão entre as células nervosas do cérebro.

Embora estudos anteriores já tenham sugerido que realizar atividades mentais poderia contribuir para evitar o Alzheimer na idade adulta, esta nova pesquisa identifica o fator biológico, o que pode ajudar a desenvolver novas estratégias para os tratamentos.
"Mais que simplesmente proporcionar resistência ao Mal de Alzheimer, as atividades de estímulo do cérebro podem afetar um processo patológico primário da doença", indicou um dos principais envolvidos no estudo, William Jagust, professor do Instituto de Neurociência da Universidade da Califórnia.

Isto indicaria que o tratamento cognitivo "pode ter um importante efeito 'modificador' da doença se forem aplicados os benefícios do tratamento com suficiente adiantamento, antes que apareçam os sintomas", explicou.

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta principalmente os adultos de idade avançada. Seu principal sintoma é a perda de memória, que tem como consequência a demência.

Os pesquisadores pediram a 65 adultos sãos, cognitivamente normais e maiores de 60 anos, que indicassem a frequência com a qual participaram de atividades mentais como ler livros e jornais e escrever cartas ou e-mails.
As perguntas foram focadas em vários pontos da vida desde os 6 anos até a atualidade.

Os participantes fizeram testes neuropsicológicos amplos para avaliar sua memória e outras funções cognitivas, além de terem se submetido a scanners cerebrais e a um exame desenvolvido no Laboratório de Berkeley a fim de visualizar as proteínas beta amiloides.
Os pesquisadores compararam os resultados dos indivíduos sãos com os de 10 pacientes diagnosticados com Alzheimer e os de 11 pessoas sãs de 20 anos, descobrindo uma associação significativa entre os níveis mais altos da atividade cognitiva durante toda a vida e níveis baixos da proteína.

"Esta é a primeira vez em que o nível de atividade cognitiva se relaciona com a acumulação de beta amiloide no cérebro", assinalou Susan Landau, pesquisadora do Instituto de Neurociência Helen Wills e do Laboratório de Berkeley (Califórnia).
"A acumulação dessas proteínas provavelmente começa muitos anos antes do aparecimento dos sintomas. O início da intervenção pode ser muito antes, e é por isso que estamos tentando identificar se os fatores de estilo de vida podem estar relacionados com as primeiras mudanças", explicou Susan.

Fonte: Estadão.com.br


Ações na justiça para garantir medicação pelo governo.

A Constituição Brasileira garante a universalidade da prestação de serviços de saúde, dentre eles que o Estado forneça medicamentos para o tratamento das doenças da população, garantindo direito e acesso iguais a todos os cidadãos.

No artigo intitulado "Da Falta de Efetividade à Judicialização Excessiva: Direito à Saúde, Fornecimento Gratuito de Medicamentos e Parâmetros para a Atuação Judicial” o Procurador do Estado do Rio de Janeiro e Professor titular de direito constitucional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Dr. Luis Roberto Barroso, faz uma análise crítica do papel do Judiciário, que “deve guardar parcimônia e, sobretudo, deve procurar respeitar o conjunto de opções legislativas e administrativas formuladas acerca da matéria pelos órgãos institucionais competentes. Em suma: onde não haja lei ou ação administrativa implementando a Constituição, deve o Judiciário agir. Havendo lei e atos administrativos, e não sendo devidamente cumpridos, devem os juízes e tribunais igualmente intervir. Porém, havendo lei e atos administrativos implementando a Constituição e sendo regularmente aplicados, eventual interferência judicial deve ter a marca da autocontenção.”

Abaixo destacamos alguns trechos do artigo que permitem compreender como a Constituição, Leis e Portarias do Ministério da Saúde abordam a questão.

“A Constituição Federal estabelece, no art. 196, que a saúde é “direito de todos e dever do Estado”, além de instituir o “acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. A partir da Constituição Federal de 1988, a prestação do serviço público de saúde não mais estaria restrita aos trabalhadores inseridos no mercado formal. Todos os brasileiros, independentemente de vínculo empregatício, passaram a ser titulares do direito à saúde.

Logo após a entrada em vigor da Constituição Federal, em setembro de 1990, foi aprovada a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/90). A lei estabelece a estrutura e o modelo operacional do SUS, propondo a sua forma de organização e de funcionamento. O SUS é concebido como o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta. A iniciativa privada poderá participar do SUS em caráter complementar. Entre as principais atribuições do SUS, está a “formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção”.

No que toca particularmente à distribuição de medicamentos, a competência de União, Estados e Municípios não está explicitada nem na Constituição nem na Lei. A definição de critérios para a repartição de competências é apenas esboçada em inúmeros atos administrativos federais, estaduais e municipais, sendo o principal deles a Portaria nº 3.916/98, do Ministério da Saúde, que estabelece a Política Nacional de Medicamentos. De forma simplificada, os diferentes níveis federativos, em colaboração, elaboram listas de medicamentos que serão adquiridos e fornecidos à população.

Com efeito, ao gestor federal caberá a formulação da Política Nacional de Medicamentos, o que envolve, além do auxílio aos gestores estaduais e municipais, a elaboração da Relação Nacional de Medicamento (RENAME). Ao Município, por seu turno, cabe definir a relação municipal de medicamentos essenciais, com base na RENAME, e executar a assistência farmacêutica. O propósito prioritário da atuação municipal é assegurar o suprimento de medicamentos destinados à atenção básica à saúde, além de outros medicamentos essenciais que estejam definidos no Plano Municipal de Saúde. O Município do Rio de Janeiro, por exemplo, estabeleceu, através da Resolução SMS nº 1.048, de março de 2004, a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME), instrumento técniconormativo que reúne todo o elenco de medicamentos padronizados usados pela Secretaria Municipal de Saúde.

A União em parceria com os Estados e o Distrito Federal ocupa-se sobretudo da aquisição e distribuição dos medicamentos de caráter excepcional, conforme disposto nas Portarias nº 2.577/GM, de 27 de outubro de 2006, e nº 1.321, de 5 de junho de 2007. Assim, ao gestor estadual caberá definir o elenco de medicamentos que serão adquiridos diretamente pelo Estado, particularmente os de distribuição em caráter excepcional. No caso específico do Estado do Rio de Janeiro, a Secretaria de Estado de Saúde criou Comitê Técnico Operacional, com as funções de adquirir, armazenar e distribuir os medicamentos de competência estadual (Resolução SES nº 2.471, de 20 de julho de 2004). Além disso, criou também o Colegiado Gestor da Política Estadual de Medicamentos e Assistência Farmacêutica (Resolução SES nº 2.600, de 2 de dezembro de 2004), que tem a função de auxiliar a Secretaria de Estado na gestão da Assistência Farmacêutica. Acrescenta-se ainda que o Governo Estadual possui um programa de assistência farmacêutica denominado Farmácia Popular, que fornece remédios à população a preços módicos.

Os medicamentos de “dispensação” em caráter excepcional são aqueles destinados ao tratamento de patologias específicas, que atingem número limitado de pacientes, e que apresentam alto custo, seja em razão do seu valor unitário, seja em virtude da utilização por período prolongado. Entre os usuários desses medicamentos estão os transplantados, os portadores de insuficiência renal crônica, de esclerose múltipla, de hepatite viral crônica B e C, de epilepsia, de esquizofrenia refratária e de doenças genéticas como fibrose cística e a doença de Gaucher.”

Diante da dificuldade de Estados e Municípios de garantirem este direito constitucional através dos programas de dispensação de medicamentos, muitas famílias e pacientes têm recorrido ao Judiciário para fazer valer seus direitos.

No tocante à esquizofrenia agrava-se o fato de ser uma doença crônica, que requer o uso contínuo de medicamentos, geralmente de alto custo e que causam um impacto financeiro grande para as famílias no longo prazo.

Soma-se a isto o fato do Ministério da Saúde incluir na lista de medicamentos excepcionais todos os antipsicóticos de segunda geração, disponibilizando regularmente na rede do SUS somente os medicamentos de primeira geração, sabidamente menos eficientes do que os mais modernos.

Portanto, para os pacientes que necessitam de antipsicóticos de segunda geração, a forma de consegui-los pelo Estado é através do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Portaria 2981), através das guias LME. Em alguns Estados, entretanto, o acesso ao programa é facultado somente aos pacientes que se tratam na rede do SUS, provocando muitas ações judiciais por parte de pacientes que se tratam na rede privada, mas que também não teriam como arcar com os custos dos medicamentos mais modernos.

Devido ao aumento da demanda por antipsicóticos de segunda geração tem havido em muitos Estados dificuldades no cadastramento de novos pacientes e irregularidades na dispensação de medicamentos, aumentando ainda mais a procura pelo Judiciário.

Uma forma de corrigir este problema seria rever os antipsicóticos da lista de medicamentos básicos e essenciais, incluindo os de segunda geração cuja patente expirou e para os quais já existem genéricos, desburocratizar e ampliar o acesso aos medicamentos excepcionais de maior custo para todos os pacientes.

A tendência mundial é que todos os pacientes com esquizofrenia sejam medicados com antipsicóticos de segunda geração, por serem mais bem tolerados, tratarem melhor os sintomas negativos e cognitivos, considerados sintomas crônicos da esquizofrenia, terem menor risco de discinesia tardia e aumentarem as chances de recuperação da doença.


Austrália testa spray bucal para tratar dependência à maconha

Pesquisadores na Austrália começaram a testar um spray bucal que contém substâncias derivadas da cannabis para combater a dependência à maconha e diminuir os efeitos da síndrome de abstinência, que provoca insônia e mudanças de humor, entre outros sintomas.
Os experimento com o fármaco Sativex, originalmente utilizado em tratamentos contra a esclerose múltipla, serão realizados em Sydney e na vizinha Newcastle.
A diretora do Centro Nacional de Prevenção e Informação sobre Maconha, Jan Copeland, disse à emissora de TV local ABC que o spray é um produto elaborado a partir de um extrato retirado da própria cannabis. A terapia é semelhante à aplicada contra o tabagismo, na qual se substitui a nicotina.
O spray bucal tem dose mínimas do princípio ativo THC (tetrahidrocanabinol) para evitar que o paciente fique narcotizado e, ao mesmo tempo, ajudar a reduzir o consumo de maconha.
Também tem grandes doses de ácidos carboxílicos que colaboram com a redução da ansiedade e tem efeitos antipsicóticos.
Cerca de 200 mil pessoas fumam maconha na Austrália, que tem uma população de 22,3 milhões de pessoas.
Austrália e Nova Zelândia são os países com a maior taxa de consumo de maconha e anfetamina no mundo, segundo um estudo publicado recentemente na revista médica "The Lancet".
Fonte: http://www.correiodoestado.com.br/noticias/australia-testa-spray-bucal-para-tratar-dependencia-a-maconh_137909/


Pesquisa diz que maus-tratos na infância alteram genes do estresse em adultos.

Uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade e do Hospital de Genebra descobriu que os maus-tratos na infância modificam a regulação dos genes que controlam o estresse na vida adulta, o que pode provocar o desenvolvimento de várias patologias.
Do estudo, participaram 101 adultos, todos eles vítimas de transtorno de personalidade limítrofe, também conhecido como "borderline".
A equipe de cientistas observou uma porcentagem significativamente superior de modificação genética no DNA de indivíduos que sofreram maus tratos, abuso físico, sexual, emocional ou carência afetiva em relação aos que não sofreram tais situações. As conclusões, publicadas na revista especializada "Translational Psychiatry", apontam que o estresse gerado por abusos provoca uma modificação epigenética do gene receptor de glucocorticóide que atua sobre o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal.
Este eixo regula o controle de estricção, segundo a equipe da Faculdade de Medicina da Universidade de Genebra e dos Hospitais Universitários de Genebra. Quando esse eixo se altera pode perturbar a gestão do estresse na idade adulta e causar o desenvolvimento de psicopatologias.
Os pesquisadores ressaltaram que se os voluntários tivessem sofrido o impacto de outros traumas violentos, como uma catástrofe natural ou um acidente aéreo, os resultados seriam semelhantes.
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,pesquisa-diz-que-maus-tratos-na-infancia-alteram-genes-do-estresse-em-adultos,822227,0.htm


Capacidade cognitiva começa a diminuir a partir dos 45 anos.

As capacidades cognitivas do homem começariam a declinar a partir dos 45 anos, muito antes dos 60 anos como se acredita de maneira geral, segundo um estudo do Inserm (Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica) francês e da University College de Londres publicado no "British Medical Journal".
Apesar de estar claro que o rendimento cognitivo diminui com a idade, a data de início da queda gera controvérsia.
Estudos recentes descartaram que o fenômeno pudesse começar antes dos 60 anos, segundo o Inserm.
Uma série de testes de memória, vocabulário, raciocínio e expressão oral foram realizados com 5.198 homens e 2.192 mulheres de 45 a 70 anos, dentro de um estudo mais amplo, denominado "coorte Whitehall 2", baseado em dez anos de acompanhamento médico e em exames individuais.
"Os resultados mostram que o rendimento cognitivo [com exceção dos testes de vocabulário] diminui com a idade e isto cada vez mais rapidamente na medida que as pessoas envelhecem", destaca o Inserm.
Em dez anos, o rendimento de raciocínio caiu 3,6% para os homens de 45 a 49 anos e 9,6% para os de 65 a 70 anos.
No caso das mulheres, a queda é a mesma (-3,6%) para o primeiro grupo etário e menos considerável (-7,4%) para as mulheres de 65 a 70 anos.
Para Archana Singh-Manoux, que coordenou a equipe do Inserm, "é importante determinar a idade de início do declínio cognitivo, já que possivelmente é mais eficaz atuar desde o começo, em particular com medicamentos, para mudar a trajetória do envelhecimento cognitivo".