Olanzapina (Zyprexa).

Olanzapina (Zyprexa) é um antipsicótico desenvolvido inicialmente para a esquizofrenia (1996) e depois aprovado para o tratamento do transtorno bipolar (2004), das fases maníacas, mistas e depressivas (esta última em associação com antidepressivos inibidores de recaptação de serotonina) e também na manutenção a longo prazo, para prevenir recaídas.

Ela age em receptores de dopamina e de serotonina dos neurônios, reduzindo o excesso de dopamina, comum nos estados psicóticos e maníacos, e aumentando a serotonina, cuja falta está associada aos sintomas depressivos e ansiosos.

A olanzapina tem indicação aprovada pelo FDA (órgão que regula os medicamentos nos EUA) na depressão clássica (unipolar) em sua apresentação combinada com a fluoxetina (comercializada somente nos EUA).

A olanzapina vem sendo utilizada também no tratamento de transtornos de ansiedade, como ansiedade generalizada, estresse pós-traumático e transtorno do pânico, e de transtornos alimentares, embora essas indicações não estejam aprovadas por órgãos regulatórios, pois carecem ainda de estudos controlados.

Os efeitos colaterais mais comuns da olanzapina são sonolência, boca seca, coriza, aumento de apetite para doces e carboidratos, ganho de peso (mais no tratamento de longo prazo), edema ou inchaço nos pés. O ganho de peso ocorre geralmente em doses superiores a 5mg/d e pode ser minimizado se o paciente fizer atividades físicas regulares e cuidar de sua dieta.

Efeitos colaterais tradicionalmente associados aos antipsicóticos, como tremores, rigidez muscular, parkinsonismo, hipersalivação e inquietação são raros.

Laboratorialmente podem ocorrer aumento do colesterol, dos triglicerídeos, da glicose e das transaminases hepáticas, geralmente transitórios. A longo prazo existe um risco de síndrome metabólica em pacientes obesos, sedentários e/ou predispostos à diabetes. Exames de sangue periódicos devem ser feitos enquanto o paciente estiver sendo tratado com olanzapina para avaliar os riscos a longo prazo.

As doses usualmente recomendadas são:
2,5 a 5mg/d– depressão, ansiedade, alteração do comportamento em idosos
10 a 20mg/d – transtorno bipolar e esquizofrenia
Dose máxima recomendada: 20mg/d
No Brasil a olanzapina é comercializada pelo laboratório Eli Lilly sob o nome de Zyprexa em três apresentações:
Comprimidos orais de 2,5, 5 e 10mg
Comprimidos orodispersíveis (Zyprexa Zydis) de 5 e 10mg
Ampola para aplicação IM (Zyprexa IM) de 10mg

A Eli Lilly oferece um desconto para pacientes que se cadastrarem no programa do laboratório através dos SAC 0800 701 0444


Duloxetina (Cymbalta).

Duloxetina (Cymbalta) é um antidepressivo que atua ao mesmo tempo em dois sistemas de neurotransmissão: serotonina e noradrenalina. Por este motivo a duloxetina pertence à nova geração de antidepressivos conhecidos como duais, ou seja, que atuam em dois neurotransmissores envolvidos na depressão. A duloxetina inibe os receptores de recaptação de serotonina e noradrenalina na membrana dos neurônios, desta forma aumentando a concentração desses dois neurotransmissores na fenda sináptica. A depressão está associada com a queda na concentração de serotonina e noradrenalina.

A duloxetina possui outras indicações, como no tratamento de quadros de ansiedade, como ansiedade generalizada, dor crônica, como dor neuropática associada à diabetes, dores musculoesqueléticas, dor lombar crônica e fibroimialgia, e incontinência urinária devido ao estresse.

A duloxetina costuma ter boa tolerabilidade, porém alguns sintomas podem ocorrer em 10 a 20% dos pacientes no inicio do tratamento, como náuseas, boca seca, dores de cabeça, tonteira, diarreia, perda do apetite e redução da libido. Esses efeitos podem reduzir ou até mesmo desaparecer com a continuação do tratamento, à medida que o organismo vai se acostumando à medicação.

Efeitos colaterais de mais longo prazo são ganho de peso, geralmente leve a moderado e que pode ser controlado com dieta e atividades físicas, redução da libido, que pode requerer redução da dose ou substituição do medicamento (quando este efeito não minimiza com o decorrer do tratamento) e síndrome de descontinuação.

A síndrome de descontinuação é uma característica dos antidepressivos que atuam na serotonina, que quando retirados abruptamente podem causar um mal estar geral, ansiedade, taquicardia, tonteiras, enjoos. Portanto, não se recomenda a parada abrupta da duloxetina. Ela deve ser reduzida gradativamente de acordo com a orientação médica. A redução lenta também previne recaídas do quadro depressivo ou ansioso.

É recomendável monitoramento sanguíneo, pois a duloxetina pode aumentar transitoriamente as transaminases hepáticas.

A dose de duloxetina varia entre 30 e 120mg/d. Doses maiores que 90mg/d requerem monitoramento da pressão arterial (pode aumentar a pressão).

No Brasil a duloxetina é comercializada pelo laboratório Eli Lilly sob o nome de Cymbalta nas apresentações de 30mg (14 cápsulas) e 60 mg (28 cápsulas).

A Eli Lilly oferece um desconto para pacientes que se cadastrarem no programa do laboratório através dos SAC 0800 701 0444


Ácido Valpróico (Depakote).

Ácido valpróico ou valproato de sódio é uma molécula inicialmente desenvolvida para epilepsia graças às suas propriedades anticonvulsivantes, mas que se mostrou eficaz também como estabilizadora de humor e anti-enxaquecosa, com indicação no tratamento dos transtornos de humor, principalmente o transtorno bipolar (TBH), e da profilaxia das crises de enxaqueca. A mistura do sal valproato de sódio com o ácido valpróico forma o divalproato de sódio, composto comercializado pelo laboratório Abbott sob o nome de Depakote, que é a forma mais utilizada hoje em dia do ácido valpróico.

Ele age bloqueando canais de sódio e de cálcio da membrana dos neurônios, motivo pelo qual ele possui ação anticonvulsivante, e aumenta a concentração do neurotransmissor GABA na fenda sináptica, ação relacionada à propriedade estabilizadora de humor equivalente ao lítio.

Entre outras indicações o divalproato de sódio tem mostrado efeito positivo no controle de sintomas de ansiedade e pânico, impulsividade e reações agressivas, compulsão por drogas, depressão (é particularmente útil em depressões agitadas e na depressão pós-parto) e dor neuropática. É utilizado com frequência associado a antidepressivos, a outros estabilizadores de humor e aos antipsicóticos em pacientes com TBH, depressão e esquizofrenia.

A dose do divalproato de sódio pode ser monitorada no sangue para ver qual a dosagem oral um paciente necessita para alcançar a dose terapêutica no sangue (entre 50 e 100 pg/ml). Doses sanguíneas inferiores a 50 podem ser ineficazes e superiores a 100 podem aumentar o risco de intoxicação.

Esta dosagem no sangue deve ser feita com no mínimo 7 dias de tratamento com o medicamento na mesma dose oral (sem variação de dose) e o paciente deve colher o sangue pela manhã, sem se esquecer de tomar a dose da noite anterior. Se ele tiver que tomar a dose do medicamento pela manhã, deve fazê-lo somente após a coleta do sangue. Não é necessário jejum, a menos que o paciente vá fazer outros exames que exijam o jejum.

O divalproato de sódio costuma ser bem tolerado. Efeitos iniciais que podem ocorrer são sedação, sonolência, insônia, ansiedade, náuseas, dor de cabeça, tonteira e tremores, que geralmente reduzem com os dias de tratamento. A longo prazo podem ocorrer ganho de peso (por aumento de apetite ou ingesta de carboidratos) e queda de cabelo.

O ganho de peso não costuma ser um motivo para interrupção do tratamento e pode ser controlado com dieta e atividades físicas, havendo um momento de estabilização deste ganho e perda de peso, dependendo de cada paciente.

A queda de cabelo raramente deixa falhas no couro cabeludo, é percebido como maior quantidade de cabelo na escova ao se pentear, no banho ao enxaguar a cabeça e no travesseiro. A reposição de vitaminas contendo zinco e selênio (Vitergan Zinco PL) geralmente reverte a queda de cabelo, sendo raramente preciso interromper o tratamento.

É necessário um monitoramento periódico do sangue, pois o divalproato de sódio pode aumentar transitoriamente as transaminases hepáticas, reduzir as plaquetas, afetar a coagulação, embora esses efeitos sejam raros.


Geriatras alertam para os perigos da medicina antienvelhecimento.

Além da falta de comprovação científica quanto à sua eficácia, as novas terapias de combate aos efeitos do envelhecimento podem comprometer o bom funcionamento do organismo e aumentar os riscos de câncer, segundo a presidenta da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Silvia Pereira. A reposição de nutrientes e o uso de remédios, como hormônio do crescimento (GH), para ganhar músculos e queimar gordura com facilidade, podem aumentar a incidência de cânceres.

“Estão vendendo ilusão de antienvelhecimento para a população sem nenhuma comprovação científica e que pode fazer mal a saúde. Com a idade, o metabolismo mais lento e a ingestão de algumas substâncias podem aumentar o risco de várias doenças”, alertou a médica.

Segundo ela, estudos sobre vitaminas E, C e betacaroteno, por exemplo, apontam que, se consumidas em excesso, essas substâncias aumentam o risco de câncer e não reduzem doenças crônico-degenerativas. O tema será discutido durante o 18º Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, que reunirá mais de 4 mil pessoas. O encontro começa amanhã (22) e termina na sexta-feira (25). Entre os convidados está o especialista em longevidade Tomas Perls, da Boston University School of Medicine, nos Estados Unidos.

O diretor da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rubens de Fraga, ressaltou que velhice não é doença e, portanto, não deve ser prevenida. “Hoje os consumidores estão obcecados com o envelhecimento. Esse mercado gera US$ 100 bilhões por ano no mundo. Tem seu lado positivo, que é a busca da alimentação balanceada e do exercício físico. Mas tem o lado negativo, que é o medo das rugas e a idolatria dos ideais de juventude eterna. Os velhos são bibliotecas vivas e em muitos casos sustentam famílias inteiras. Não existe uma pílula mágica. O importante é buscar envelhecer com autonomia e independência.”

Ele criticou a venda dos chamados hormônios bioidênticos para retardar a velocidade do envelhecimento, que são produzidos em laboratório, e passam por um processo industrial de síntese, transformação ou de modificação na sua estrutura química. “Não existe estudo científico sério que ateste qualquer benefício dos hormônios chamados bioidênticos manipulados. A fabricação individualizada de um hormônio é praticamente impossível.”

Na sexta-feira, geriatras, gerontólogos e representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Médica Brasileira (AMB), entre outros, vão discutir a criação de mecanismos para coibir a prática do antienvelhecimento no Brasil. O encontro será aberto ao público. Mais informações podem ser obtidas no site http://www.cbgg2012.com.br/

Fonte: Estado de São Paulo


Psiquiatra alerta famílias sobre os riscos dos "vícios digitais"

Pais que checam constantemente seus smartphones e tablets enquanto estão com seus filhos talvez os estejam influenciando a criar uma dependência por dispositivos digitais, disse o psiquiatra Aric Sigman, segundo o site Daily Mail. Ele fala que a "paternalidade passiva" diante do novo panorama da mídia também pode ser considerada uma forma de negligência.
Nesta quarta-feira o Dr. Sigman debaterá com um grupo de médicos britânicos este vício da atualidade, que pode causar danos físicos e mentais a uma geração. Estatísticas recentes mostram que adolescentes entre 12 e 15 anos de idade passam em média mais de seis horas por dia em frente a telas. Este quadro se aplica pricipalmente ao que acontece dentro de casa, e não em relação ao computador utilizado na escola, por exemplo.
Sigman acredita que a TV deveria ser "banida" entre as crianças e ser usada com bastante moderação entre os jovens. O médico também alerta aos pais que usam a tecnologia como uma "babá" que tal prática pode gerar problemas de saúde aos seus filhos.
O trabalho do psiquiatra, assim como estudos de outros pesquisadores, relacionam o tempo passado diante de telas com problemas de saúde que incluem obesidade, colesterol e pressão altos, sedentarismo e dificuldades para ler e fazer contas, e ainda distúrbios do sono e autismo. Alguns desses problemas podem ser causados simplesmente pela falta de exercícios ou dietas inadequadas, outros por mudanças hormonais ou efeitos na capacidade de atenção e concentração.
Estudos também revelam que a reação do cérebro a jogos de computadores é similar ao que se vê em casos de uso de álcool e drogas. Sigman afirma que dirá o seguinte durante a conferência anual do Royal College of Paediatrics and Child Health em Glasgow: "Muitas crianças e adultos estão abusando do uso de tecnologias e desenvolveram uma dependência que não é saudável".
Na opinião do médico, as televisões deveriam ser retiradas do quartos. Ele também defende que crianças mais jovens, em pleno desenvolvimento cerebral, não deveriam assistir TV de forma alguma. Entre os três e os sete anos de idade, crianças não deveriam assistir mais do que uma hora e meia de TV por dia. Já as crianças mais velhas deveriam se contentar com somente duas horas diárias de TV e jogos no computador.
"Um grande número de estudos está descobrindo que regras criadas pelos pais para limitar o tempo que os filhos pasam diante de telas, como retirar a TV do quarto, tem se mostrado efetivas em reduzir tal comportamento nas crianças", diz Sigman, que não é o primeiro a alertar sobre os perigos da estreita relação que as gerações mais jovens tem com a tecnologia.
Uma pesquisa da Mental Health Foundation mostra que a obsessão dos jovens britânicos com as redes sociais criou uma geração "Eleanor Rigby" (termo inspirado na canção de mesmo nome dos Beatles, que fala sobre pessoas solitárias), afastada da família e dos amigos.
A pesquisadora britânica Susan Greenfield, avisou repetidamente sobre o quanto as redes socias poderiam estar prejudicando o cérebro infantil, diminuindo a capacidade de atenção, encorajando as gratificações instantâneas e fazendo dos jovens indivíduos mais egocêntricos.
Segundo estudos, o uso constante do computador também poderia "infantilizar" o cérebro, tornando o aprendizado uma tarefa mais difícil.
Fonte: Terra
Leia também: Internet e Saúde: "Nós vamos ficar cada vez mais distraídos!"


Quetiapina (Seroquel).

Quetiapina (Seroquel) é uma droga antipsicótica desenvolvida inicialmente para esquizofrenia, para qual foi aprovada em 1997 pelo órgão regulatório norte-americano FDA. Em 2008 foi aprovada também para o tratamento do transtorno bipolar (TBH), tanto das fases maníacas como das depressivas e como tratamento de manutenção para evitar recaídas. Mais recentemente a quetiapina tem sido estudada na depressão unipolar (depressão clássica) e na ansiedade generalizada como monoterapia e com excelentes resultados.

Ela age no cérebro bloqueando os receptores de dopamina, estimulando receptores de serotonina e inibindo a bomba de recaptação de noradrenalina, atuando desta forma nos três sistemas de neurotransmissão (dopamina, serotonina e noradrenalina), o que justifica sua ação na psicose, na mania, na depressão e na ansiedade.

Em 2007 foi desenvolvido o comprimido de liberação prolongada (Seroquel XRO) que têm como vantagem a tomada única diária com a redução dos efeitos sedativos (por não haver o pico plasmático da droga em função de sua liberação no intestino ser prolongada).
O efeito colateral principal da quetiapina é a sedação. Geralmente esta sedação é de 10 a 12 horas após a tomada do comprimido, reduzindo significativamente após 2 semanas de tratamento, sendo a sedação maior com o comprimido de liberação imediata do que com o de liberação controlada (XRO). É recomendável que o paciente tome o medicamento mais cedo, por volta de 20 ou 21h, para evitar a sonolência no dia seguinte de manhã.

Outros efeitos colaterais que podem ocorrer são boca seca, tonteira (associada a sensação de sonolência), aumento de apetite e ganho de peso (mais no tratamento de longo prazo). O ganho de peso ocorre geralmente em doses superiores a 400mg/d e dificilmente é a razão para descontinuação do medicamento, principalmente se o paciente fizer atividades físicas regulares e cuidar de sua dieta. Em doses maiores do que 400mg apenas 10% dos pacientes ganharam mais do que 7% do peso que tinham antes do tratamento segundo os dados do estudo com Seroquel.

Efeitos colaterais tradicionalmente associados aos antipsicóticos, como tremores, rigidez muscular, parkinsonismo, hipersalivação, inquietação são muito raros e mostraram-se equivalente ao placebo nos estudos comparativos.
Laboratorialmente pode ocorrer aumento discreto do colesterol, dos triglicerídeos e da glicose, aumentando o risco de síndrome metabólica em pacientes obesos, sedentários e/ou predispostos à diabetes. Exames de sangue periódicos devem ser feitos enquanto o paciente estiver sendo tratado com Quetiapina para avaliar o risco a longo prazo.

As doses usualmente recomendadas são:
XRO 50 – 150 – 300 mg/d – depressão unipolar e ansiedade generalizada
XRO 300mg/d – depressão bipolar
XRO 300-600mg/d – mania, tratamento de manutenção do TBH e esquizofrenia
Dose máxima recomendada: 800mg/d

Na prática clínica tem-se utilizado a quetiapina de liberação imediata como hipnótico em pacientes que tenham contra-indicação do uso de tranquilizantes ou que tenham insônia resistente aos hipnóticos tradicionais.

O uso de quetiapina em idosos tem-se mostrado seguro, sendo uma opção útil nas crises de ansiedade, insônia ou em alterações do comportamento.

A quetiapina foi desenvolvida e é comercializada pelo laboratório AstraZeneca sob o nome de Seroquel e Seroquel XRO.


Cientistas identificam os genes mais importantes da esquizofrenia.

Cientistas anunciaram ter identificado os genes mais atuantes na esquizofrenia, uma descoberta revolucionária que, afirmam, vai melhorar o diagnóstico e o tratamento desta doença mental debilitante.

Em um estudo que envolveu informação genética de milhares de pacientes com esquizofrenia, bem como de um grupo de controle saudável, os cientistas disseram ter identificado centenas de genes capazes de apontar quem corre mais riscos de desenvolver a doença.

"Quebramos o código genético da esquizofrenia, identificando muitos dos genes envolvidos e como eles funcionam juntos para provocar a doença", declarou o autor do estudo, Alexander Niculescu, da Escola de Medicina da Universidade de Indiana, em Indianápolis.

"Entendendo melhor a base genética e biológica da doença, podemos desenvolver testes e tratamentos melhores", acrescentou.

Tais testes poderiam ser usados para determinar se crianças em famílias com caso de esquizofrenia correriam riscos de desenvolver a doença, explicou Niculescu.

"Se forem determinados como em risco elevado, então seriam acompanhados mais de perto pelos médicos, aconselhados a evitar estresse, álcool e drogas, tratados com terapia, suplementos nutricionais (como cápsulas de óleo de peixe com Õmega-3) e inclusive com ingestão precoce de medicamentos antipsicóticos para evitar o desenvolvimento completo da doença", acrescentou.

As descobertas foram publicadas no periódico Molecular Psychiatry.

Pacientes com esquizofrenia costumam ouvir vozes que não são reais, tendem à paranoia e a sofrer de discurso e pensamento desordenados. Acredita-se que a doença afete uma em cada 100 pessoas.

Niculescu explicou que após identificar os genes relacionados com a esquizofrenia, a equipe de pesquisas testou suas descobertas em outros pacientes fora do grupo de estudos "para mostrar que os resultados seriam reproduzíveis e têm habilidade previsível".

Estudos genéticos sobre psiquiatria costumam gerar uma excitação inicial, afirmou, "mas depois não são reproduzidos em populações independentes, que são a prova mais importante de que uma descoberta é sólida e real".

A equipe também usou dados cerebrais de camundongos que tomaram medicamentos que imitavam a esquizofrenia.

"Alguns genes e mecanismos biológicos que identificamos podem ser usados para o desenvolvimento de um novo remédio", disse Niculescu.

Eles também podem ser usados para redirecionar drogas normalmente usadas para tratar outros distúrbios.

Niculescu reforçou que "genes não são destino".

"O ambiente também desempenha um papel. Os genes que identificamos atuam na conectividade cerebral, portanto podem ocasionar mais criatividade em alguns indivíduos ou doença clínica em outros, dependendo se há um excesso destas mutações genéticas na combinação errada e um ambiente estressante", acrescentou.

Fonte: IG


Lamotrigina (Lamictal).

Lamotrigina é uma droga anticonvulsivante usada no tratamento da epilepsia e do transtorno bipolar. Ela também é utilizada no tratamento adjuvante da depressão graças aos seus efeitos antidepressivos observados em casos clínicos. Em 2003 ela ganhou aprovação do órgão americano que regula os medicamentos nos EUA (FDA) para tratamento de manutenção do transtorno bipolar e da depressão bipolar, comparável ao lítio.

Ela age nos canais de sódio dos neurônios, estabilizando a membrana e facilitando a transmissão do impulso nervoso, reduzindo a liberação de neuroaminas excitatórias como glutamato e aspartato. Ela é uma opção interessante para o tratamento de estados hiperexcitatórios cerebrais (que cursam com aumento de glutamato), presentes na esquizofrenia, no transtorno bipolar, na depressão, na epilepsia e em lesões ou traumas do SNC (o excesso de glutamato estimula a atividade dos astrócitos e a formação de glioses, cicatrizes do tecido cerebral).

Além do efeito regulador de humor e antidepressivo na depressão bipolar, estudos mais recentes têm investigado a eficácia da lamotrigina na depressão unipolar. Os resultados demonstram que a lamotrigina é uma opção de tratamento para depressões de início recente ou para depressões resistentes (que não responderam bem a antidepressivos) e também para quadros depressivos associados a ansiedade e/ou dor crônica.

Os efeitos clínicos da lamotrigina costumam aparecer entre duas e seis semanas de tratamento, nas doses entre 50 e 100mg por dia. O paciente percebe um aumento da disposição, redução do cansaço e da sonolência diurna, redução da tristeza, da angústia/ ansiedade e da irritabilidade, melhora do ciclo sono-vigília, melhora da concentração e da memória (quando afetada pelo transtorno).

A lamotrigina costuma ser muito bem tolerada, tem poucos efeitos sedativos e não provoca efeitos gastrointestinais, como náuseas e diarreia. Alguns pacientes podem queixar-se de dores de cabeça, aumento da ansiedade ou da irritabilidade, tremores, falha na coordenação motora e esquecimentos, mas geralmente esses efeitos são brandos ou cessam com o tempo do tratamento ou redução da dosagem.

O maior risco da lamotrigina é o rash cutâneo (manchas vermelhas na pele que coçam), muito raro (frequência de 0,08% dos pacientes que usam a medicação), mas que pode ocorrer no início do tratamento, na fase de aumento de doses. Por isso que o aumento da lamotrigina deve ser feito a cada 2 semanas.

A dose terapêutica da lamotrigina é em geral entre 100 e 200mg por dia, podendo haver resposta com doses menores ou maiores e o tempo de uso para o transtorno de humor é entre 1 e 2 anos, podendo ser utilizada por tempo indeterminado dependendo das características de cada caso.

Lamotrigina é fabricada e comercializada pelo laboratório GlaxoSmithKline com o nome de Lamictal nas seguintes apresentações:
Comprimidos orais de 25, 50 e 100mg.

Comprimidos dispersíveis (Lamictal dispersível) de 25, 50, 100 e 200mg.

Não existe diferença de eficácia entre o comprimido oral e o dispersível, muda apenas a tecnologia do comprimido.

Genéricos ou similares deste medicamento podem ter diferenças em relação ao original (Lamictal, laboratório Glaxo), o que pode comprometer a eficácia e a tolerabilidade.

Abaixo alguns links interessantes sobre a medicação:
FDA - http://www.fda.gov/downloads/AdvisoryCommittees/CommitteesMeetingMaterials/PediatricAdvisoryCommittee/UCM234474.pdf
História da descoberta da lamotrigina - http://jpk.cdxinli.com/0804ck/sdarticle.pdf
Estudo da lamotrigina na depressão unipolar - http://ukpmc.ac.uk/abstract/MED/12197456


Transtorno Bipolar começa geralmente na adolescência.

O que muitos pais podem achar que é apenas uma fase da adolescência, na verdade, pode indicar sinais de um transtorno. Uma pesquisa desenvolvida no Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos sugere que os primeiros sinais de bipolaridade aparecem na adolescência e não a partir dos 20 anos, como se pensava. O estudo foi divulgado na publicação Archives of General Psychiatry.

Os principais sintomas de transtorno bipolar são episódios de mania e depressão que se alternam entre si. Para mensurar a taxa de incidência desses sintomas nos jovens, os pesquisadores fizeram perguntas sobre humor e comportamento a mais de 10.000 adolescentes, com idades entre 13 e 18 anos.

A equipe de pesquisa descobriu que 2,5% desses jovens tiveram episódios de mania e depressão nos últimos 12 meses. Além disso, 1,3% das crianças apresentaram apenas mania e 5,7%, apenas depressão. Todos os participantes que apresentaram sintomas preencheram os critérios para o diagnóstico da doença, de acordo com um manual de psiquiatria.

Os transtornos de humor eram mais comuns conforme os jovens ficavam mais velhos. De acordo com a pesquisa, 1,4% das crianças com 13 e 14 anos preencheram os critérios para mania, enquanto quase o dobro dos adolescentes de 17 e 18 apresentou o transtorno. Para os autores, as taxas de transtornos de humor encontradas entre os adolescentes estão próximas ao que é visto em adultos, confirmando a tese de que os sintomas aparecem na juventude. Os especialistas acreditam que isso pode ajudar em diagnóstico e tratamento mais eficazes.

Diferenças entre crianças e adultos:

Na maioria dos adultos as manifestações clínicas são clássicas, o humor oscila de um extremo ao outro, da alegria incontrolável e raciocínio veloz à depressão e apatia. No caso das crianças, não é comum ocorrer essa gangorra emocional. “A doença se apresenta por meio de uma conjunção de sintomas menos específicos, como impulsividade, irritabilidade, dispersão, agitação e acessos de raiva”, diz Evelyn Vinocur.

Diagnóstico - Por causa dos sintomas pouco específicos, é recorrente que a criança bipolar seja diagnosticada com outros males, como o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). “É muito pesado para os pais levantarem a hipótese do transtorno, o que contribui para um desconhecimento dos sintomas e um atraso muito grande no diagnóstico e tratamento”, explica a psicoterapeuta Evelyn. Por isso, o Transtorno Bipolar do Humor na Infância e Adolescência é uma condição que precisa ser muito divulgada.

Fonte: Tribuna da Bahia

Leia também:
Artigo de revisão sobre o tema Depressão e Doença Bipolar na Infância e Adolescência


EUA dão sinal verde para primeira droga que previne a aids

O FDA, órgão do governo americano que controla drogas e alimentos, se mostrou favorável a um estudo que recomenda o uso de um remédio comumente usado para combater o vírus do HIV e que pode ajudar na prevenção da AIDS em pessoas saudáveis. A pílula, chamada Truvada, se mostrou segura e eficiente para prevenir a doença contanto que seja tomada todos os dias.
A cúpula do FDA fará uma reunião na quinta-feira para discutir se o Truvada deve ser aprovado para pessoas com maior risco de contrair o HIV por meio do sexo. O relatório favorável do órgão à pílula sugere que ela vai se tornar o primeiro remédio aprovado para prevenir o HIV em pessoas com alto risco.
Apesar do parecer positivo, os relatores do FDA disseram que os pacientes precisam ser disciplinados em relação à ingestão diária do medicamento. Nos testes clínicos, nem todas as pessoas se comprometeram com a rotina. "No mundo real, as pessoas podem se esquecer de tomar o remédio mais até do que nos testes clínicos", informou o relatório do FDA.
A reunião do órgão americano votará se o Truvada deve ser aprovado para homens de qualquer orientação sexual, homens e mulheres em relacionamentos com parceiros infectados e outras pessoas sob risco de contrair o vírus por meio de atividade sexual. Apesar de o FDA não ser obrigado a seguir a conclusão das reuniões, raramente ele se posiciona de modo diferente.
A grande preocupação dos médicos é sobre o sucesso do Truvada entre as mulheres. Em 2011, uma pesquisa foi interrompida ao descobrir que mulheres tomando o remédio pareciam se infectar mais facilmente do que aquelas recebendo o placebo. Desde então, cientistas supõem que as mulheres precisam receber doses maiores para ter o mesmo efeito observado em homens. Os resultados negativos também podem ser resultado da indisciplina na ingestão diária do remédio.


Ansiedade: novas descobertas, novos tratamentos.

Neste momento, uma em cada quatro pessoas no mundo está com uma sensação de aperto no peito, sentindo o coração bater mais rápido, com as mãos suando. Na mente, um medo inexplicável ou preocupação obsessiva com algo que ainda nem aconteceu. Esses são alguns dos sintomas das crises de ansiedade, um dos transtornos mentais mais incidentes da atualidade e, assim como os demais, extremamente cruel. Dependendo do grau, tira o sono do indivíduo, deixa-o mais predisposto a sofrer de enfermidades cardiovasculares e o priva de sair de casa quando o medo atinge níveis incontroláveis.
Estudos mostram que a ansiedade é mais frequente do que transtornos de humor como a depressão. E dados divulgados pelo World Health Mental Survey, ligado à Organização Mundial da Saúde, revelam um triste panorama para o Brasil: 20% das pessoas que vivem em São Paulo convivem com ou tiveram algum transtorno ansioso nos últimos 12 meses. “Foram analisadas cidades de 24 países. Em São Paulo, encontramos o índice mais elevado”, diz Laura Andrade, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP). Mas um esforço monumental da medicina para buscar as origens da doença e criar novas opções de tratamento promete dar alívio a quem sofre desse pesadelo.
A ansiedade fazia parte das reações que nossos ancestrais manifestavam diante de ameaças como a possibilidade de um ataque animal ou a morte por frio extremo. Preocupar-se com esses eventos mantinha o corpo em alerta: mais tenso, pressão elevada, maior bombeamento de sangue. Se o perigo se concretizasse, o corpo estava pronto para reagir. Se não, o sistema era desligado. Esse esquema ficou gravado no cérebro e até hoje entra em ação diante de situações interpretadas como risco. Essas circunstâncias podem ser reais ou fictícias, resultado de mecanismos psíquicos não totalmente esclarecidos. O problema é que, se esse estado de preocupação se torna crônico, caso da ansiedade generalizada, ou leva a crises espontâneas, como os ataques de pânico, deixa de ser uma reação natural. Causa prejuízos à saúde e à vida social, afetiva e profissional. Transforma-se em doença.

Atualmente, há catalogados oito tipos da enfermidade (leia mais detalhes no quadro abaixo). Como ocorre com a maioria das enfermidades mentais, há dificuldade na detecção do problema. “Um estudo feito em Londres, pelo psiquiatra Paul Bebbington, mostrou que apenas 14% dos pacientes tinham sido diagnosticados e tratados no ano anterior ao trabalho”, contou Márcio Bernik, coordenador do Programa de Ansiedade (Amban) do Instituto de Psiquiatria da USP. O diagnóstico é feito por psicólogos ou psiquiatras, que recorrem a perguntas definidas para identificar a alteração, como ela se insere na vida do indivíduo e sua gravidade. “Uma das primeiras perguntas é se a pessoa sente que teve prejuízo em algum campo ou momento da vida por causa da doença”, diz o psiquiatra Bernik.

O tratamento varia de acordo com o transtorno especifico e a intensidade da enfermidade. Nos casos mais leves, indicam-se apenas medicamentos ou sessões de terapia cognitivo-comportamental (TCC), método cujo objetivo é modificar padrões de pensamentos e comportamentos associados. Uma pessoa que tenha receio permanente de perder o emprego, por exemplo, pode ser treinada para evitar esses pensamentos ou substituí-los por outros, mais otimistas e calcados na realidade. Nos casos moderados e mais graves, é recomendada a combinação de remédios com a TCC. Um trabalho da psicóloga Mariângela Savoia, ligada ao Amban, mostrou que essa associação foi mais eficaz do que o uso isolado dos métodos.
Os recursos criados recentemente são utilizados para os casos mais severos e que não respondem ao tratamento padrão. Um dos mais promissores é a aplicação da realidade virtual. A terapia consiste em expor o paciente – de modo virtual – às situações que desencadeiam crises para que, aos poucos, ele aprenda formas de evitar os pensamentos ansiosos. Na Universidade de Washington (EUA), o método está sendo aplicado para tratar fobias, a ansiedade gerada pelo estresse pós-traumático e aquela sentida durante a troca de curativos em pacientes com queimaduras. “Temos bons resultados”, disse à ISTOÉ Hunter Hoffman, coordenador da equipe que aplica a técnica.
Semelhante à realidade virtual, a terapia de modificação cognitiva com auxílio de computador também desponta como alternativa. Um trabalho da Brown University (EUA) mostrou que indivíduos com fobia de falar em público melhoraram depois de se submeter aos exercícios duas vezes por semana, por um mês. Eles consistem em instruir o paciente a evitar expressões faciais hostis – para quem tem fobia social isso detona crises – e a interpretar as reações de interlocutores de forma otimista.
Começa também a ser testada a eficácia da estimulação magnética transcraniana. A técnica submete o paciente a aplicações de ondas eletromagnéticas. O objetivo é regularizar a atividade elétrica nas regiões cerebrais associadas à doença. O médico Marco Marcolin, do Instituto de Psiquiatria da USP, iniciará até o fim do ano testes com 30 pacientes com fobia social. Por enquanto, não há nada conclusivo. Estudos com o método para tratar a ansiedade associada ao estresse pós-traumático deram resultados negativos no Brasil e positivos na Europa.
Ganhando espaço na prática clínica está o neurofeedback, método que se propõe a imprimir no cérebro um novo padrão de funcionamento, igual ao de uma pessoa sem a doença. “Eletrodos colocados sobre o couro cabeludo fazem a leitura da informação neurológica que está sendo produzida e registrada por eletroencefalografia”, explica o psicólogo Leonardo Mascaro, mestre em neurociências pelo Núcleo de Neurociências e Comportamento da USP e autor do livro “Para Que Medicação?”. Segundo ele, na presença de enfermidades como a ansiedade, os dados revelam padrões eletroencefalográficos anormais e específicos que possibilitam o reconhecimento da doença ou de outros comprometimentos neurológicos.
No treinamento, o paciente visualiza as alterações e também os padrões normais. “Os parâmetros corretos são então apresentados de volta aos neurônios por meio de um trabalho de condicionamento feito sob a forma de sinalização sonora e visual”, diz Mascaro. Essas sinalizações ocorrem somente quando os neurônios em treino produzem o tipo de atividade que está sendo solicitada. “Dessa maneira acontece a aprendizagem neurológica e a modificação da atividade cerebral, que se normaliza progressivamente”, complementa o psicólogo. “Conforme o tratamento caminha, a pessoa necessita de menos medicação e a retirada do medicamento acontece, sempre sob supervisão médica”, assegura Mascaro. A empresária Marisa Rollemberg Rocha, 40 anos, de Brasília, submeteu-se a três sessões até agora. “Já consigo dormir melhor e passei a suar menos nas mãos”, diz. A técnica, porém, não é aceita por todos os médicos. Bernik, do Amban, não a considera eficaz.
O desenvolvimento de instrumentos como esses só foi possível a partir do avanço do conhecimento sobre as bases neurológicas da doença. Apesar de a identificação das estruturas cerebrais vinculadas à enfermidade ter sido feita há algum tempo, dezenas de pesquisas estão revelando detalhes sobre a interação entre elas. Cientistas da Columbia University (EUA), por exemplo, descreveram a maneira pela qual operam o hipocampo e o córtex pré-frontal medial. “Vimos que o hipocampo envia muita informação para esta área do córtex, fazendo com que ela reconheça o ambiente como uma ameaça”, explicou Joshua Gordon, autor da pesquisa.
Por aqui, o psiquiatra Luiz Vicente Mello, de São Paulo, participa de um esforço internacional para entender melhor a relação entre comportamentos ansiosos e mecanismos de defesa legados pela evolução. “Muitas das nossas reações são anacrônicas. Ao mesmo tempo, não temos defesas para situações recentes, como o medo de carros, que precisa ser ensinado”, diz.
Ainda na USP, cientistas investigam a relação da enfermidade com o sistema serotonérgico do cérebro. Recentemente, o psiquiatra Felipe Corchs, em estudo feito no Amban com universidades da Inglaterra, Nova Zelândia e Austrália, observou que as diferenças na quantidade de serotonina (substância que faz a comunicação entre neurônios) interferem na sensibilidade aos estímulos que iniciam crises. Para chegar a essa conclusão, os cientistas deixaram sem comer proteínas um dia inteiro voluntários que já haviam sido tratados de transtornos ansiosos. Não ingerir proteína prejudica o aporte de triptofano, aminoácido essencial para a formação da serotonina.
O resultado foi surpreendente: pacientes com pânico, estresse pós-traumático e fobia social ficaram mais sensíveis aos gatilhos de crise, sugerindo que a serotonina tem papel na modulação dessa resposta. “E pessoas que tinham melhorado com o tratamento pioraram quando os níveis da substância diminuíram”, explicou Felipe. A redução do composto não causou o mesmo impacto em pacientes com ansiedade generalizada e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). Para estes, o que parece é que o contrário, o aumento na concentração da serotonina, faz diferença. Um outro estudo, feito pelo psicólogo Thiago Sampaio, também do Amban, indicou que portadores de TOC que possuem maior concentração de serotonina respondem mais rápido à terapia.
Intervir nas situações em que a ansiedade pode prejudicar o tratamento é hoje uma atitude incorporada por alguns hospitais. No Albert Einstein, em São Paulo, psicólogos entram em ação para atender pacientes internados que apresentam sintomas da doença. “Uma das formas de reduzi-los é ajudar os doentes a esclarecer suas dúvidas”, diz Ana Kernkraut, coordenadora do serviço de psicologia do hospital.
Nos EUA, médicos usaram a terapia com animais para diminuir o sentimento em indivíduos que se submeteriam a exames de imagem, situação que desencadeia temor. No Monmouth Medical Center, 28 pacientes que fariam ressonância magnética foram selecionados para brincar com cães por 15 minutos, meia hora antes de fazer o exame.
Comparados a doentes que não tiveram esse tempo com os animais, eles manifestaram muito menos ansiedade. “A terapia mostrou potencial para substituir os remédios contra crises às vezes dados aos pacientes”, disse Richard Ruchman, autor do estudo.
No Brasil, nos centros de equoterapia é possível aliviar os sintomas com o auxílio dos cavalos. A empresária Adriana Mazzagardi experimentou esses efeitos durante as aulas de equitação que teve na infância e decidiu expandir o benefício. “Os cavalos me ensinaram a controlar a minha ansiedade, que era muito intensa”, diz Adriana, que está à frente do Centro Equestre Equovita, em Jundiaí (SP). O local é frequentado por muitas pessoas em busca de alívio das tensões. “Se você está ansioso e sem concentração, o cavalo percebe e reage. Você precisa estar atento e calmo para que ele se deixe conduzir”, diz Adriana.
Manter a ansiedade sob controle é também importante porque reduz riscos para outras doenças. Na semana passada, pesquisadores da Stanford University (EUA) divulgaram os resultados de um estudo com animais, indicando que o sentimento contribui para o surgimento de tumores. A explicação é a de que a ansiedade costuma vir acompanhada de estresse. Juntas, as condições enfraquecem o sistema de defesa do organismo. “Eles podem acelerar a progressão do câncer”, afirmou o imunologista Firdaus Dhabhar, autor do experimento.
A conexão com a depressão também está sendo investigada. Um trabalho patrocinado pelo Canadian Institutes of Health Research apontou uma molécula (CRFR1) como a responsável pela interação entre a ansiedade, o estresse e a doença. Um primeiro passo já foi dado para quebrar a associação: em cobaias, a inibição da produção dessa molécula atenuou a ansiedade.
Mais conhecida, a relação da enfermidade com os males cardiovasculares exige também atenção. Tanto que médicos do Montreal Heart Institute, também no Canadá, fizeram um trabalho para provar que pacientes em risco para doenças do gênero e que apresentem traços de ansiedade devem ser submetidos a uma tomografia do coração, e não apenas a um eletrocardiograma. “O exame de imagem é mais efetivo para identificar doença cardíaca nesses indivíduos”, afirmou Simon Bacon, coautor do experimento.



Por Cilene Pereira e Mônica Tarantino da Revista Isto É


Psicoterapia deve ter metas e não se estender por anos

Terapeuta dos EUA causa polêmica ao defender que a maioria dos pacientes precisa só de poucas semanas de tratamento e que terapia deve ter objetivos para não ser um "desabafo"
Há 15 dias, o psicoterapeuta americano Jonathan Alpert mexeu com os brios dos colegas ao publicar um artigo no "New York Times" em que questionava a eficácia de tratamentos de longo prazo.
Citava um estudo de 2010 no "American Journal of Psychiatric" para dizer que só 10% dos pacientes fazem mais de 20 sessões e um de 2006 no "Journal of Consulting and Clinical Psychology" para afirmar que o progresso cai de 88% para 62% após a 12ª sessão. Culpava os pares.
A resposta, diz, veio numa avalanche de e-mails tanto mandando-o para o inferno como elogiando por contestar algo pouco questionado.
Artigos contra e a favor se multiplicaram, cartas de psicanalistas chegaram ao "Times" pedindo cuidado com generalizações e a lista de clientes do psicólogo que atende em Nova York e acaba de lançar "Be Fearless - Change Your Life in 28 Days" (Seja destemido - mude sua vida em 28 dias, que sai no Brasil no fim do ano) cresceu.
Mas ele nega que ofereça solução mágica, como acusam os críticos que viram no artigo uma autopromoção.
Sua defesa, diz, é de uma terapia que mostre resultado, em que paciente e analista tracem metas e que não sirva apenas "para desabafar".
"Pela minha experiência, a maioria busca ajuda para questões menores e tratáveis: insatisfação no trabalho ou no relacionamento. Não é preciso anos de terapia para isso." Alpert conversou com a Folha por telefone.
Folha - Qual tem sido a reação ao seu artigo? Crítica?
Jonathan Alpert - Interessante. Recebi centenas de e-mails, muitos de ódio, inclusive de outros terapeutas, que me mandaram para o inferno. Mas para cada negativo vieram uns três positivos.
Na manhã após a publicação, a secretária eletrônica do consultório tinha umas 20 ligações de gente que queria se tratar comigo. No fim da semana, mais 60 [ele atende 25 pacientes por semana].
Qual era sua relação com os colegas antes do artigo?
Dividida. Há outros terapeutas aqui que têm essa orientação mais comportamental como eu. E eles me apoiaram -recebi vários e-mails elogiando a coragem.
Quando você diz que terapia de longa duração é pouco eficaz, você se refere aos casos de forma geral ou quer dizer que terapeutas ruins mantêm o paciente por muito tempo?
O segundo caso. E meu argumento é que se você está na terapia e não está melhorando, você tem de sair. Há muita diferença entre se sentir bem e de fato melhorar. Eu costumo usar a analogia do cabeleireiro -se você vai e odeia o corte, vai voltar para quê? Se você vai à terapia semanalmente há anos e não vê nenhuma melhora, saia fora.
Mas como medir se a psicoterapia é eficaz?
O que eu faço, e muitos fazem, é definir metas desde o começo e monitorar o progresso. Se alguém com ansiedade social vem me ver, a meta é a pessoa se sentir confortável em um bar ou um encontro. Vamos trabalhando e vendo como ela se sai.
Você já tratou alguém por mais do que 12 semanas?
Sim, claro, há gente que eu trato por meses, e depois faço sessões de manutenção uma ou duas vezes por mês.
Sempre com as metas?
As pessoas podem ficar patinando na terapia. Você vai, desabafa e se sente bem por falar. Aí espera aquilo toda semana, mas isso não necessariamente faz você avançar em direção a um objetivo.
E quando a terapia pode durar mais e ser boa?
Alguns transtornos precisam de mais tempo para serem tratados, como estresse pós-traumático. E condições psiquiátricas ou psicológicas mais graves precisam não só de mais tratamento, mas também de manutenção.
Não é o caso da ansiedade e da depressão leve, que levam a maioria ao consultório?
Eu cito essas duas no artigo. As razões que levam mais gente ao consultório -ao meu, ao menos- são ansiedade, problemas na carreira, problemas no relacionamento e estresse. Nada disso precisa de anos para ser tratado.
Mas qual deve ser o objetivo do terapeuta e do paciente? Um problema pontual pode ser resolvido em semanas, mas e a raiz? Se as circunstâncias mudarem na vida de um dos seus pacientes, os problemas não reaparecerão?
Você tenta ensinar a pessoa a resolver o problema, para que possa lidar com ele no futuro caso reapareça. Mas há quem não seja bom nisso.
Identificar o problema e dar ferramentas? Nada de discutir a infância...
Às vezes é relevante. Mas eu não passo sessões incontáveis falando sobre a infância. Os pacientes reagem melhor quando olham para a frente.
Como você percebeu que o tipo mais convencional de terapia não era o seu?
No começo da minha carreira, eu tinha pacientes que me diziam que seu terapeuta anterior só sabia perguntar "como você se sente com isso?". Passavam anos assim, mesmo sem achar que funcionava. Eu escrevia uma coluna de jornal com pouco espaço e tinha de dar conselhos. Recebia cartas agradecendo pela ajuda e pensei que isso pudesse funcionar em terapia também. Identificar o problema e dar conselhos. A reação foi boa.
E por que muitos continuam indo à terapia, sem avanço?
Muita gente acha que psicoterapia é só para desabafar. Não sabe que dá trabalho, que muita coisa precisa ser feita fora do consultório.
Falta informação?
É. Tem uma ideia perpetuada por Hollywood. Se você perguntar para dez pessoas o que é psicoterapia, pode esperar que sete dirão que se trata de desabafar, se abrir.
Qual o maior erro ao procurar um psicoterapeuta?
Não sei, mas sei o que ajuda a achar um. Boca em boca é bom, se você se sentir confortável para perguntar a amigos ou conhecidos, porque há estigma ainda. Também dá certo perguntar ao seu médico.
É preciso pesquisar. Telefonar, ao menos, a alguns terapeutas, falar com eles por uns dez, 15 minutos, para ter ideia do estilo, perguntar como ele trataria seu problema.
Não há quem tenha medo de perguntar ou de cobrar soluções ao terapeuta? O mecanismo, afinal, tem duas partes...
Verdade. Eu sempre digo a meus pacientes que nós dois temos de trabalhar duro e que ele precisa implementar os novos comportamentos fora do consultório. Se ele está esperando uma solução mágica, não vai acontecer.
"O Segredo" fez sucesso.
Acho que há pessoas procurando mágica. São preguiçosas. Se você puder acreditar que vai virar um milionário, é mais fácil do que arregaçar as mangas e dar duro.
Terapia é para todos?
Não. Não acho. Acho que a pessoa realmente tem de querer olhar para si mesma e mudar. Se não é um desperdício de tempo e de dinheiro.
Mas muitas vezes é posta como solução universal.
Algumas pessoas são narcisistas, egocêntricas, falar por uma hora e ser o centro das atenções as satisfaz.
A crise econômica aumentou seu trabalho? Você participou de "Trabalho Interno" (documentário de 2010 premiado com o Oscar).
Em 2008, eu comecei a receber cada vez mais pacientes de Wall Street, com problemas de ansiedade ligada ao trabalho. No fim do ano, foi um surto. Eram sobretudo homens, executivos, perdendo o emprego... O problema é que a identidade deles estava tão fundida com sua carreira que, quando eles perdiam o emprego, a vida deles perdia o sentido. Nunca queira se definir por sua carreira.
Melhorou?
Acho que as pessoas se acostumaram.
Fonte: Folha


Consumo de carne branca e nozes pode diminuir risco de Alzheimer

Metade de filé de salmão já mostra benefícios. Um novo estudo sugere que comer alimentos riscos em ômega 3, gordura natural e benéfica encontrada no peixe, frango e nozes, diminui a ação de uma proteína associada ao Alzheimer.
A pesquisa foi publicada essa semana na revista “Neurology”, da Academia Americana de Neurologia.
A doença de Alzheimer é uma das formas mais comuns de demência, que leva a alterações progressivas da memória, de julgamento e raciocínio intelectual, e costuma acometer pessoas idosas.
Para chegar a esse resultado, a equipe do neurologista Nikolaos Scarmeas, do Centro Médico da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, recrutou 1.219 pessoas acima de 65 anos, sem sinais de demência, para medir o nível da proteína associada a perda de memória no sangue.
Depois de agruparem informações sobre a alimentação dos participantes nos últimos 14 meses, os pesquisadores coletaram o sangue de cada um e mediram a quantidade da proteína e de ômega-3, ômega-6, vitaminas, ácido fólico e gorduras monossaturada e polissaturada depositadas no sangue.
Por meios dessas análises, a equipe de estudiosos descobriu que quanto mais ômega-3 a pessoa tinha ingerido, menores estavam os níveis da proteína.
Segundo o estudo, consumir um grama de ômega 3 por dia, valor encontrado em metade de um filé de salmão, equivale a 20 ou 30% menos da proteína no sangue.
“[...]o resultado pode melhorar nossa confiança nos efeitos benéficos da dieta na prevenção da demência”, diz Scarmeas.
Fonte: G1


Uso de fluoxetina em fórmulas para emagrecer pode ser perigoso.

Uso casado dos tipos de substâncias só é indicado em alguns casos específicos, afirmam especialistas.
A análise do consumo de redutores de apetite e do antidepressivo fluoxetina (princípio ativo do Prozac) sugere que as duas substâncias vinham sendo usadas de forma combinada, conduta que não é recomendada se o objetivo é só emagrecer.
A associação das drogas é defendida por alguns médicos para pacientes obesos e com depressão ou compulsão por comida. Por outro lado, a combinação dos remédios pode indicar um uso abusivo com foco na redução do peso, explicam especialistas.
Problemas com esse tipo de associação foram objeto de pesquisa realizada pelo Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) há três anos.
Agora, a união entre os moduladores de apetite anfepramona, mazindol e femproporex (banidos pelo governo no ano passado) e da sibutramina (mantida com novas regras) com o antidepressivo fluoxetina foi medida em estudo publicado na edição de fevereiro da "Revista da Associação Médica Brasileira".
A pesquisa, que mediu as vendas dos remédios no país, dá fortes indícios de que o consumo casado vinha sendo prática corrente. No entanto, o trabalho não verificou as receitas em si.
Foram analisadas várias situações que poderiam estar relacionadas ao uso dos emagrecedores em 2009, ano de coleta dos dados, como ser do sexo feminino, ter maior renda e escolaridade ou consumir certas substâncias.
"Para nossa surpresa, a variável mais significativa foi a relação entre a fluoxetina e os moduladores de apetite, o que não é recomendado nem pelo Conselho Federal de Medicina nem pela Anvisa", explica Daniel Mota, técnico especializado em regulação e vigilância sanitária da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e autor da pesquisa -feita de forma independente da agência.
O estudo, feito com um modelo econométrico que agrega a venda nacional dos medicamentos e a população adulta brasileira, conclui que cada 1 mg/per capita de aumento no consumo do antidepressivo produz a elevação do consumo de moduladores em 1,66 mg/per capita.
Walmir Coutinho, do departamento de obesidade da Sbem (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia), diz que não recomenda o uso associado dos remédios por faltarem estudos que atestem sua segurança.
Ele explica que o consumo isolado da fluoxetina leva à perda de peso, mas esse efeito acaba sendo revertido depois. Por isso o antidepressivo não é usado como emagrecedor. Para Coutinho, a mistura de vários elementos em fórmulas para emagrecer é a venda de uma "ilusão".
Cláudia Cozer, uma das diretoras da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade), afirma que a combinação das drogas pode causar letargia e apatia, mas relativiza os danos quando o uso é por tempo limitado com acompanhamento médico.
Um dos usos benéficos da combinação, diz Cozer, é no controle da ansiedade e da compulsão alimentar.
Para o endocrinologista Alfredo Halpern, o problema está no uso casado em fórmulas para emagrecer. "Vi fórmulas absurdas, que juntam não só anfepramona e femproporex com fluoxetina mas diurético, hormônio de tireoide. É condenável. Por outro lado, o indivíduo pode precisar de uma fluoxetina porque é ansioso ou deprimido, não há por que proibir."
Fonte: Folha.com


Droga para tratar alcoolismo é bem sucedida em teste na França.

Uma droga projetada para tratar espasmos nervosos conseguiu superar um importante teste preliminar em uma pesquisa com vistas a ver se é capaz também de curar o alcoolismo, afirmaram médicos franceses em estudo publicado nesta terça-feira.
O baclofen - nome laboratorial de um medicamento comercializado como Kemstro, Lioresal e Gablofen - passou com sucesso em um teste preliminar, realizado com um pequeno grupo de alcoólicos, um resultado que abre o caminho para testes clínicos formais, afirmaram os cientistas.
A história do medicamento remonta a 50 anos. Ele foi originalmente projetado para tratar a epilepsia, antes de ser licenciado para tratar a espasticidade, mas os cientistas agora estão interesssados em usá-lo para aliviar a abstinência do álcool.
Em 2008, o livro O Último Copo, do cardiologista Olivier Ameisen, despertou interesse, pois no texto o médico afirmou ter tratado a si próprio de alcoolismo com altas doses de Baclofen. O novo teste foi realizado com 132 bebedores contumazes que ingeriram baclofen em altas doses durante um ano. Oitenta por cento ficam abstêmios ou se tornaram bebedores moderados. Comparativamente, duas drogas comumente usadas para tratar alcoólicos, naltrexona e a acamprosato, tiveram uma taxa de sucesso entre 20% e 25%. Os efeitos colaterais incluíram fadiga, sonolência, insônia, tontura e problemas digestivos.
O principal autor da pesquisa, Philippe Jaury, da Universidade de Paris-Descartes, disse que o resultado abriu as portas para testes clínicos com duração de um ano, cujo início deve começar em maio, em que 320 alcoólicos seriam divididos em dois grupos. Uma parte receberá baclofen, com doses que aumentariam gradativamente até que os sintomas de abstinência desapareçam, enquanto a outra receberá um placebo.
O sistema de saúde francês paga 750 mil euros do custo de 1,2 milhão de euros do teste e um doador não identificado paga o restante, explicou Jaury. O estudo é publicado no periódico especializado Alcohol and Alcoholism.
Fonte: Terra


Estudos reforçam relevância clínica do lítio contra Alzheimer.

Estudos vem demonstrando a relação entre o Transtorno Bipolar (TBH) e demência (tanto vascular como Alzheimer) na terceira idade, principalmente quando a doença bipolar não é tratada adequadamente. O lítio, na forma de carbonato de lítio, é o regulador de humor mais eficaz e que controla todas as fases da doença (mania e depressão), considerado ainda hoje o "padrão-ouro" do tratamento do TBH.
No Congresso da Associação Americana de Psiquiatria (APA) em 2010 assisti a uma mesa redonda sobre o papel do lítio, falando do seu efeito neuroprotetor ainda que utilizado em doses baixas (o tratamento com lítio geralmente requer doses mais altas para a estabilização do transtorno). Sabe-se da dificuldade de alguns pacientes tolerarem o lítio em função dos efeitos colaterais, porém quando associado a outros reguladores, é possível utilizá-lo em doses mais baixas e que costumam ser muito bem toleradas pelos pacientes.
Os debatedores analisaram também uma pesquisa em que os pacientes que faziam tratamento com um estabilizador associado a doses baixas de lítio tinham menos queixas do que aqueles que faziam uso somente do estabilizador de humor sem o lítio.
Em conjunto esses achados reforçam a importância do carbonato de lítio ainda nos dias de hoje, em que o arsenal terapêutico do TBH é bem mais diversificado do que há 50 anos, quando as propriedades estabilizadoras do lítio foram descobertas.
Confira a notícia.
"Estudos realizados na Universidade de São Paulo (USP) reforçaram as evidências de que o lítio, amplamente utilizado no tratamento de transtorno bipolar, pode ter um efeito protetor contra o aparecimento da doença de Alzheimer. A pesquisa, que teve seus resultados publicados em 2011 na revista British Journal of Psychiatry, foi conduzido por Orestes Forlenza, do Laboratório de Neurociências do Instituto de Psiquiatria (Ipq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Forlenza apresentou os resultados em São Paulo durante o Brazil-Canada Prion Science Workshop 2012, realizado em março pelo Hospital A.C. Camargo.
O trabalho é resultado do Projeto Temático Neurobiologia da doença de Alzheimer: marcadores de risco, prognóstico e resposta terapêutica”, iniciado em 2010 e financiado pela FAPESP e coordenado por Wagner Gattaz, também do IPq.
De acordo com Forlenza, o experimento foi realizado com idosos com comprometimento cognitivo leve. Os resultados demonstram a relevância clínica da aplicação de baixas doses de lítio em pacientes que ainda não atingiram a fase demencial da doença de Alzheimer, reforçando a hipótese de que o medicamento possa ser utilizado na prevenção do problema.
“Os pacientes que receberam lítio não apenas ficaram mais estáveis clinicamente, do ponto de vista funcional e cognitivo, como tiveram menos deterioração de memória e de funções cognitivas”, disse Forlenza à Agência FAPESP.
Além disso, o experimento revelou uma evidência de modificação de um dos processos patogênicos centrais da doença de Alzheimer, que é a hiperfosforilação da proteína TAU, um processo que destrói o esqueleto das células, levando à morte dos neurônios. O lítio inibe a atividade da enzima GSK 3-Beta, que fosforila a TAU.
“O conjunto desses resultados mostra que possivelmente o lítio produz um efeito modificador da doença. Além da hipótese inicial, que era a inibição da enzima GSK 3-Beta, olhamos outros possíveis participantes desse efeito”, disse Forlenza.
Os estudos mostraram que há um aumento de fator neurotrófico derivado cerebral (BDNF), da função mitocondrial e da atividade de outras enzimas. “Tudo isso alinha em torno de um mecanismo múltiplo de modificação de vários processos patogênicos”, disse o pesquisador.
Tempo de seguimento
Há muitos anos a ciência acumula evidencias biológicas, experimentais – em modelos animais, em culturas de células, ou extrapolações por métodos de neuroimagem – de que o lítio poderia exercer ações neurotróficas ou neuroprotetoras. Mas até recentemente não havia nenhuma comprovação de que isso tivesse algum significado clínico ou benefício humano.
“Essa comprovação começou a se realizar quando publicamos, em 2007, um trabalho demonstrando que, quando ficam mais velhos, indivíduos que têm doença bipolar – e que portanto recebem lítio clinicamente por vários anos – têm uma menor taxa de demência que os indivíduos bipolares que foram tratados com outras terapias”, disse Forlenza.
Com base nessas constatações clínicas experimentais, o grupo da USP lançou um estudo randomizado para, de maneira bem controlada, avaliar o efeito neuroprotetor do lítio em indivíduos em risco de ter doença de Alzheimer. O modelo escolhido para essa finalidade foram os indivíduos com comprometimento cognitivo leve.
“Tínhamos como base dois trabalhos que foram publicados – um na Inglaterra, outro na Alemanha – usando lítio para tratar indivíduos com a doença de Alzheimer já em fase demencial”, explicou Forlenza.
O estudo britânico fracassou, segundo ele, porque os pacientes não toleraram o tratamento. As doses de lítio eram mais altas, houve uma alta taxa de abandono, impossibilitando que se chegassem a conclusões. O outro estudo multicêntrico europeu, feito na Alemanha, fez um ensaio com lítio em doença de Alzheimer leve por dez semanas. Também fracassou, porque não encontrou mudança nenhuma dos parâmetros clínicos e biológicos.
“Com base nessas informações, alinhamos então o nosso projeto para tratar não indivíduos com doença de Alzheimer já em fase demencial, mas em uma fase anterior a isso. Outro diferencial da nossa abordagem é que utilizamos o lítio em doses menores que as utilizadas clinicamente. Mostramos que essas doses são suficientes para inibir a atividade de uma enzima que imaginamos que esteja ligada ao processo”, disse Forlenza.
Outra diferença crucial em relação aos estudos antigos, segundo Forlenza, foi o tempo de seguimento. “Realizamos um seguimento de quatro anos, com desdobramentos em 12, 24 e 36 meses. Na amostra total foram incluídos 61 pacientes. Uma taxa menor chegou ao fim dos quatro anos, mas no primeiro ano tivemos 91% de permanência no estudo”, disse.
O Projeto Temático será concluído em 2014. Até lá, os pesquisadores seguirão com a linha de estudos envolvendo a aplicação de lítio como antagonista da doença de Alzheimer. Os cientistas voltarão o foco a partir de agora a parâmetros como neuroimagem funcional com tomografia de emissão de pósitrons (PET) e com neuroimagem estrutural, para comparar os dois grupos de pacientes e observar outros desfechos.
“Várias análises ainda precisam ser feitas, ou completadas, com variações de biomarcadores e de tempos de seguimento, por exemplo. Queremos também iniciar um estudo semelhante, não mais em pacientes com comprometimento cognitivo leve, mas em pacientes com doença de Alzheimer familiar de início precoce, que talvez seja o modelo ideal para se testar essa modificação de patogenia”, disse Forlenza".
Fonte: Planeta Universitário


Grande São Paulo tem alta prevalência de transtornos mentais.

Agência FAPESP – Quase 30% dos habitantes da Região Metropolitana de São Paulo apresentam transtornos mentais, de acordo com um estudo que reuniu dados epidemiológicos de 24 países. A prevalência de transtornos mentais na metrópole paulista foi a mais alta registrada em todas as áreas pesquisadas.
O trabalho faz parte da Pesquisa Mundial sobre Saúde Mental, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) que integra e analisa pesquisas epidemiológicas sobre abuso de substâncias e distúrbios mentais e comportamentais. O estudo é coordenado globalmente por Ronald Kessler, da Universidade Harvard (Estados Unidos).
Em artigo publicado na revista PLoS One no dia 14 de fevereiro, os autores apresentam os resultados da pesquisa São Paulo Megacity Mental Health Survey, que gerou para o relatório internacional os dados relativos ao Brasil – no país, o estudo se restringiu à Grande São Paulo.
O estudo foi realizado no âmbito do Projeto Temático “Estudos epidemiológicos dos transtornos psiquiátricos na região metropolitana de São Paulo: prevalências, fatores de risco e sobrecarga social e econômica”, financiado pela FAPESP e encerrado em 2009.
Entre os autores do artigo estão Laura Helena Andrade, professora do Departamento e Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP), e Maria Carmen Viana, professora do Departamento de Medicina Social da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Andrade conduziu o Temático em parceria com Viana, que teve Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP entre 2008 e 2009 no Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica do IP-FM-USP, coordenado por Andrade.
Estudo epidemiológico de base populacional, o São Paulo Megacity Mental Health Survey avaliou uma amostra representativa de residentes da região metropolitana de São Paulo, com 5.037 pessoas avaliadas em seus domicílios, a partir de entrevistas feitas com base no mesmo instrumento diagnóstico. Os questionários incluíram dados sociais.
Segundo o estudo, 29,6% dos indivíduos na Região Metropolitana de São Paulo apresentaram transtornos mentais nos 12 meses anteriores à entrevista. Os transtornos de ansiedade foram os mais comuns, afetando 19,9% dos entrevistados. Em seguida, aparecem transtornos de comportamento (11%), transtornos de controle de impulso (4,3%) e abuso de substâncias (3,6%).
“Dois grupos se mostraram especialmente vulneráveis: as mulheres que vivem em regiões consideradas de alta privação apresentaram grande vulnerabilidade para transtornos de humor, enquanto os homens migrantes que moram nessas regiões precárias mostraram alta vulnerabilidade ao transtorno de ansiedade”, disse Andrade à Agência FAPESP.
A prevalência dos transtornos mentais, de quase 30%, é a mais alta entre os países pesquisados. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com pouco menos de 25%. A razão da alta prevalência, de acordo com a pesquisadora, pode ser explicada pelo cruzamento de duas variáveis incluídas no estudo: a alta urbanização e a privação social.
Em relação às outras regiões estudadas, a Região Metropolitana de São Paulo também teve a mais alta proporção de casos de transtornos mentais considerados graves (10%), bem acima do estimado em outros 14 países avaliados. Depois da metrópole paulista, os países com maior porcentagem de casos graves foram os Estados Unidos (5,7%) e Nova Zelândia (4,7%).
“Existiam dados na literatura mostrando que esses transtornos mentais têm alta prevalência em áreas urbanas. Por isso observamos o efeito de exposição à urbanicidade, isto é, as pessoas que viveram a maior parte da vida em região urbana. Levamos em conta também a variável da privação social, estrutura etária da população, setor censitário, escolaridade do chefe de família, migração e exposição a eventos traumáticos violentos”, disse.
A exposição ao crime foi associada aos quatro tipos de transtornos mentais avaliados, segundo Andrade. A alta urbanicidade está associada especialmente ao transtorno de controle e impulso. A privação social também tem impacto sobre o transtorno de abuso de substâncias e interfere na gravidade das doenças.
“As pessoas que moram em áreas precárias apresentam quadros mais graves e tendência ao abuso de substâncias. As que tiveram mais exposição à vida urbana têm mais transtornos de controle e impulso – em especial o transtorno explosivo intermitente, que é típico de situações de estresse no trânsito, por exemplo”, apontou.
Promoção da saúde mental
Ao cruzar as variáveis, os pesquisadores chegaram aos grupos de maior vulnerabilidade: mulheres que vivem em regiões de alta privação apresentam mais transtornos de humor e homens migrantes que vivem em região de média e alta privação têm mais transtornos de ansiedade. Pessoas com baixa escolaridade têm mais transtornos de ansiedade e de abuso de substâncias.
“Um dos diferenciais desse estudo é que incluímos nas entrevistas medidas de incapacitação, a fim de avaliar a gravidade das doenças. Concluímos que, entre as pessoas diagnosticadas com transtornos mentais, um terço corresponde a casos graves, um terço a casos moderados e um terço a casos leves. As pessoas com transtornos moderados e graves sofrem com algum tipo de incapacitação”, disse Andrade.
O estudo sugere que é preciso fortalecer, no sistema brasileiro de saúde básica – que inclui o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Programa Saúde da Família –, uma integração entre atendimento e promoção da saúde mental.
“Não é possível ter um serviço especializado em todas as unidades, por isso é preciso equipar a rede com pacotes de diagnóstico e de conduta a serem utilizados pelos profissionais de cuidados primários. É preciso capacitar não só os médicos, mas também os agentes comunitários, que devem ser orientados para identificar casos não tão comuns como os quadros psicóticos, levando em conta os fatores de risco associados aos transtornos mentais”, afirmou Andrade.


Pesquisa avalia relação médico-paciente em todo o mundo.

Resultados de pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência, em parceria com a Worldwide Independent Network of Market Research (WIN), apontam aumento na proporção de consultas regulares, sem que haja um problema de saúde específico, revelando um comportamento preventivo dos pacientes em todo o mundo: de 21% em 2010, para 30% em 2011, e no Brasil, de 32% para 44%. O objetivo do estudo é medir a percepção da população mundial em relação à própria saúde e à forma como cada um se cuida, além de avaliar a relação médico-paciente.
Grande parte dos brasileiros (56%) considera o atendimento do último médico visitado como excelente ou muito bom. Na rede pública de saúde, onde ocorreram mais de 2/3 das consultas em 2011, essa avaliação é de metade dos pacientes (50%). Esse índice sobe para 70% quando analisados os profissionais credenciados dos planos de saúde, mas a maior satisfação foi dos pacientes da rede particular, com índice de 73%.
Os resultados do estudo mostram, ainda, que 55% dos brasileiros recomendariam o médico que consultaram. Este resultado supera a média mundial, que foi de 42%.
No quadro mundial, o Brasil ocupa a 20ª posição na avaliação geral da relação médico-paciente, incluindo respeito, atenção, clareza nas explicações, preocupação e entendimento do paciente, entre outros atributos. Em primeiro lugar estão Irlanda, Armênia e o vizinho Chile. Ainda na lista dos melhores avaliados, estão Austrália, Estados Unidos, Canadá, Arábia Saudita e Suécia. Na base, entre os piores avaliados, estão Japão, Peru, Paquistão, China e Polônia.
Uso de medicamentos
Dados mundiais da pesquisa apontam que apenas metade dos entrevistados (57%) toma a medicação exatamente de acordo com as instruções médicas, o que deve representar uma preocupação para os médicos. No Brasil, a população se mostra mais obediente às prescrições, já que o número sobe para 78%.
Sobre a pesquisa
A WIN Saúde ouviu 31.577 pessoas em 39 países para um amplo levantamento sobre a percepção da população mundial em relação à própria saúde e a forma como cada um se cuida. No Brasil, foram entrevistadas 1.373 pessoas.
Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM) uma boa consulta médica deve exigir do profissional as seguintes atitudes:
1) Trate o paciente e seus familiares com respeito
2) Expresse-se com palavras e análises que podem ser compreendidas pelo paciente
3) Preste atenção ao paciente, ouvindo-o e observando-o
4) Entenda as preocupações do paciente
5) Demonstre interesse pelas ideias do paciente
6) Forneça as informações que o paciente busca
7) Discuta próximos passos de acompanhamento ou tratamento
8) Deixe o paciente falar
9) Demonstre que se importa com as preocupações e problemas do paciente
10) Receba o paciente de modo confortável
11) Dedique tempo adequado ao paciente
12) Cheque se o paciente entendeu o que foi discutido
13) Envolva o paciente nas decisões
14) Incentive o paciente a fazer perguntas