Medicação por sequenciamento genético é realidade no Brasil
Nos dias atuais, a grande massa de médicos no mundo ainda atua com base em tentativas de “acerto e erro” na hora da prescrição de medicamentos aos seus pacientes, indicados pelos protocolos médico-hospitalares. Mas desde a descoberta do Genoma Humano, em 1953, cientistas buscam ferramentas para ajudar a diagnosticar corretamente (e individualmente) cada ser humano. No Brasil, isso já é realidade para pacientes das áreas da Cardiologia, Cérebro & Comportamento e Saúde da Mulher.
Entender como funcionam os genes gerou um salto histórico à Ciência. E sua evolução científica está abrindo as portas para uma infinidade de novas pesquisas e tecnologias, já transformando radicalmente a vida de milhões de pessoas nos Estados Unidos e, agora, em nosso país.
No mundo, mais de 50% das pessoas (um a cada dois pacientes) possuem uma variante genética que altera o modo com que as medicações são metabolizadas ou ativadas. Pacientes com variantes genéticas tem uma probabilidade oito vezes maior de apresentar uma reação adversa ou falta de eficácia para suas medicações prescritas. É aí que entra a Farmacogenética, responsável por estudar o comportamento de remédios no corpo.
Recentemente chegaram ao Brasil sete novos “testes farmacogenéticos”. Por meio da análise de determinados genes, essas modernas ferramentas diagnósticas estão ajudando a identificar o medicamento certo, na dose certa para cardíacos, para quem faz acompanhamentos psiquiátricos e para a análise de estrogênio – importante às mulheres vão entrar ou estão na menopausa e ajudam a avaliar riscos de câncer de mama.
E como funcionam esses testes farmacogenéticos? O código DNA de cada pessoa pode influenciar na maneira como cada organismo irá responder às determinadas medicações. Por isso há diferenças genéticas que afetam seus atributos físicos, como a altura ou a cor dos olhos, por exemplo. Algumas dessas diferenças de genes também podem afetar a habilidade em responder a medicamentos, seja em relação à sua eficácia e/ou em relação a ocorrência de efeitos colaterais.
Com os testes farmacogenéticos podem se propor alternativas de tratamento assertivas, de modo a aumentar a eficácia da resposta aos medicamentos no menor tempo possível e a eficácia dos tratamentos no objetivo de controle/cura de doenças. É a Medicina Personalizada aportando no Brasil para vai auxiliar a classe médica a prescrever terapêuticas personalizadas e mais seguras.
Leia Mais sobre Farmacogenômica
Fonte: Portal Nacional de Seguros e Saúde
* Dr. Guido Boabaid May – diretor médico da GnTech Tests, é formado em medicina pela UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) e especialista em psiquiatria pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Também é membro da Associação Catarinense de Psiquiatria, da Sociedade Brasileira de Psiquiatria e da Associação Americana de Psiquiatria –
Série 'Males da Alma' do Fantástico
Neste domingo (17/2) foi ao ar no Programa Fantástico, da Rede Globo, a série "Males da Alma", do Dr. Dráuzio Varella, que procura informar e desmistificar os principais transtornos mentais, dentre eles a depressão, o transtorno bipolar e a síndrome do pânico.
Assista ao primeiro programa da série que fala sobre depressão:
Comentários: o Dr. Dráuzio alerta para a necessidade de procurar urgentemente o tratamento adequado, mostrando que depressão é uma doença e que se difere da tristeza corriqueira da vida. Na depressão a pessoa não consegue trabalhar, manter seus relacionamentos e tem muitos prejuízos para sua vida. O psiquiatra entrevistado na série coloca bem uma preocupação de nós psiquiatras com o uso indiscriminado de medicamentos, particularmente de antidepressivos, prescritos por não especialistas, que faz com que pacientes se tornem usuários crônicos desses remédios, às vezes usando-os por décadas, sem um benefício claro. Portanto, é necessário que o paciente perca o preconceito e procure o psiquiatra, especialista mais qualificado para tratamento dos transtornos psíquicos.
Leia mais sobre depressão:
Tristeza, depressão e bipolaridade: diferenças e semelhanças.
Assista ao segundo programa da série sobre Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC):
Comentários: nem todo mundo que tem manias de repetição tem TOC. O diagnóstico depende do quanto essas manias prejudicam a vida da pessoa, lhe tomam tempo, prejudicam relacionamentos, trabalho, finanças. O transtorno é muitas vezes difícil de ser diagnosticado, levando em média 9 anos para o diagnóstico correto. O tratamento é baseado em medicamentos e terapia, principalmente a terapia cognitivo-comportamental.
Assista ao terceiro programa da série, sobre Transtorno do Pânico
Comentário: o Transtorno do Pânico é caracterizado mais comumente por sintomas como falta de ar, palpitação, taquicardia, tonteiras, sensação de desmaio, tremores e o medo de morrer, de ter um infarto do coração. Geralmente o paciente procura imediatamente um hospital, acreditando ser algo grave, e, se não encaminhado ao psiquiatra, vai peregrinando por especialistas, como cardiologistas, clínicos, pneumologistas, até ser convencido de que suas sensações físicas são de fundo emocional. A demora no tratamento pode trazer complicações como fobias, em que a pessoa evita locais pelo medo de ter uma nova crise, e agorafobia, em que a pessoa tem medo de sair à rua ou mesmo sair da porta de sua casa ou de seu quarto.
Leia mais sobre Pânico e sobre a diferenciação entre Angústia e Pânico
Assista ao quarto programa da série sobre TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
Comentários: O TDAH é um transtorno que começa na infância e que pode persistir até a fase adulta ou melhorar com o amadurecimento na adolescência. Ele consiste de três domínios sintomáticos: déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade. Nem todos os pacientes apresentam todos os sintomas, sendo o sintoma de déficit de atenção o mais comum. Ele é um transtorno neurológico, ou seja, uma vez diagnosticado, exige tratamento médico, pois não é secundário a outros problemas emocionais. Talvez aí esteja a maior dificuldade de diagnosticar este transtorno, uma vez que sintomas de déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade podem estar presentes em outros transtornos psiquiátricos. Na fase adulta o diagnóstico de TDAH pode ser mais difícil ainda de ser feito, uma vez que ao longo da vida a pessoa desenvolve mecanismos compensatórios. Os sintomas mais comuns do adulto são pensamentos divagantes que interferem com a capacidade de concentração, baixa de energia e cansaço precoce em atividades que requerem concentração e dificuldade na tomada de decisão e no planejamento de suas atividades. O TDAH predipõe o paciente a outros transtornos mentais, como abuso e dependência de drogas e transtornos de humor.
Assista ao quinto programa da série sobre Transtornos Alimentares:
Comentários: a característica comum aos transtornos alimentares, como bulimia, anorexia e vigorexia, está na distorção da percepção do próprio corpo, ou seja, da auto-imagem e no desenvolvimento de rituais compulsivos e pensamentos obsessivos que giram em torno de um único objetivo: alcançar o corpo ideal, porém este ideal nunca é suficiente. Pacientes não aceitam o peso ou o corpo, apesar das evidências do contrário. Na anorexia, apesar do paciente estar muito emagrecido e abaixo do peso considerado saudável, ele se acha obeso e gostaria de emagrecer mais, parando de se alimentar ou utilizando métodos compensatórios se ele não atingir seus objetivos, como abusar de laxantes, anorexígenos, provocar o vômito ou fazer exercícios em demasia. Os transtornos alimentares trazem sérias complicações sociais, psicológicas e médicas e necessitam de um tratamento multidisciplinar, com psiquiatra, psicólogo, nutricionista, endocrinologista e clínico geral.
Assista ao sexto e último programa da séria que trata do Transtorno Bipolar
Comentários: o Transtorno Bipolar é um transtorno de difícil diagnóstico, a média de atraso no tempo para o diagnóstico e para o tratamento adequado é de 10 anos, cerca de 60% dos pacientes em tratamento para depressão maior é bipolar e não sabe, o risco de suicídio é de 10 a 15 vezes maior do que na população geral, a falta de tratamento adequado provoca a cronificação do transtorno, geralmente com depressão crônica, disforia (irritabilidade/agressividade), problemas de memória e concentração, ocasionando problemas no trabalho e nos relacionamentos, e à longo prazo deixa a pessoa em risco de desenvolver após a quinta década de vida uma doença neurodegenerativa. Por outro lado, se tratado adequadamente, a pessoa portadora de Transtorno Bipolar pode ter uma vida normal. O tratamento é simples, envolve medicamentos estabilizadores de humor e psicoterapia.
Leia mais sobre Bipolaridade:
Tristeza, Depressão e Bipolaridade
Depressão e Bipolaridade em Foco
Estado Misto: Depressão que não melhora com antidepressivos
Depressão e ansiedade resistentes: será bipolaridade?
Diferenças e semelhanças entre a Esquizofrenia e o Transtorno Bipolar
Estimulação Magnética Transcraniana.
Estimulação Magnética Transcraniana (EMTr) é um método de tratamento não invasivo que estimula os neurônios através da despolarização ou repolarização das membranas por uma corrente elétrica fraca obtida através de um campo eletromagnético que varia rapidamente. Ela é capaz de gerar uma atividade em partes específicas do cérebro com um mínimo de desconforto, servindo de tratamento para doenças como depressão, alucinações (no caso da esquizofrenia), enxaqueca, doença de Parkinson, distonias, zumbidos, dentre outras, sem a necessidade de cirurgia ou implantes de eletrodos, como ocorre com a estimulação cerebral profunda (DBS – Deep Brain Stimulation).
A EMTr também se diferencia da eletroconvulsoterapia (ECT), popularmente conhecida como eletrochoque e que é cercada de tabus. A EMTr é um procedimento não invasivo, indolor, feito com o paciente acordado, sem a necessidade de anestesia. A corrente elétrica tem intensidade muito inferior à utilizada no ECT, a estimulação é mais superficial (a nível cortical, enquanto o ECT atinge a subcórtex do cérebro) e focal (no ECT ela é generalizada). Isso dá a possibilidade de aplicar a estimulação por mais tempo numa mesma área e a fazer sessões mais frequentes (até diariamente, dependendo de cada caso, já no ECT a frequência máxima é de 3 vezes por semana).
A tabela abaixo mostra as diferenças entre os dois métodos de tratamento.
EMTr | ECT | |
Efeitos colaterais graves | nenhum | nenhum |
Efeitos colaterais leves e transitórios | Contrações faciais Vermelhidão na pele sob o local da aplicação Ansiedade durante e após o exame Dor leve ou desconforto Sensação de calor Sensibilidade ao toque Dor de cabeça | Deficiência da memória de curto prazo Sonolência após o tratamento Confusão mental induzida pela convulsão ou pela anestesia |
USP testa estímulo elétrico no tratamento da depressão.
Em estudo com 120 pacientes no Hospital Universitário, método foi tão eficaz e seguro quanto remédios.
Pesquisadores da USP testam uma alternativa indolor, de baixo custo e com poucos efeitos colaterais para o tratamento da depressão.
Trata-se da estimulação com corrente elétrica contínua. E, ao que indica um estudo publicado pelo grupo no "Jama Psychiatry", revista da Associação Médica Americana, a técnica é eficaz.
Na pesquisa, 120 pessoas com depressão foram divididas em grupos para avaliar a eficácia da técnica, do antidepressivo sertralina (um inibidor da recaptação da serotonina) e da combinação dos dois tratamentos.
Drogas e estimulação tiveram resultados similares e, juntas, um resultado ainda melhor. Entre os que usaram as terapias combinadas, 63% tiveram alguma melhora.
Desses, 46% tiveram remissão, ou seja, a ausência completa de sintomas.
COMBINAÇÃO
Segundo André Brunoni, psiquiatra do Hospital Universitário da USP e principal autor da pesquisa, esse é o primeiro estudo a comparar o tratamento com antidepressivos e a combiná-los.
A explicação para o sucesso dessa soma ainda precisa ser confirmada por exames de imagem, mas os pesquisadores imaginam que a estimulação e o remédio atuem em diferentes regiões do cérebro ligadas à depressão.
A técnica, ainda experimental, tem poucos efeitos colaterais (no estudo, foram observados vermelhidão na área da cabeça onde os eletrodos foram posicionados e sete episódios de mania) e custo relativamente baixo.
O aparelho é simples de ser fabricado, pode ser portátil e custa de R$ 500 a R$ 1.000, segundo Brunoni.
Um aparelho de estimulação magnética transcraniana (técnica de neuromodulação não invasiva mais estudada e que recebeu o aval para depressão no Brasil em 2012) chega a custar de US$ 30 mil a US$ 50 mil (R$ 59 mil a R$ 119 mil).
CONVINCENTE
A estimulação por corrente contínua não é novidade -pesquisas em humanos para depressão e esquizofrenia são feitas desde a década de 1960. Os estudos foram retomados a partir de 1990, mas a quantidade é pequena.
"Até esse estudo da USP, os resultados desse tipo de estimulação não eram muito convincentes. Talvez isso se modifique agora", afirma Marcelo Berlim, professor assistente do departamento de psiquiatria da Universidade McGill, em Montréal, Canadá, e diretor da clínica de neuromodulação da instituição.
"É um avanço importante, mas não significa que vamos usar amanhã na prática clínica. Precisamos de mais estudos", diz Brunoni.
Berlim afirma que um dos entraves para que sejam feitas pesquisas maiores para a aprovação da técnica é a falta de investimento de grandes fabricantes do aparelho.
"Como ele é simples e barato, não há interesse por parte da indústria em desenvolver pesquisas de milhões de dólares", afirma o psiquiatra.
Procedimento é diferente do eletrochoque.
Bobinas e eletrodos na cabeça não são exclusividade da estimulação elétrica por corrente contínua. Duas técnicas similares, que têm em comum a ausência de medicação, são usadas e aprovadas para depressão no país.
A eletroconvulsoterapia, conhecida como eletrochoque, é a mais invasiva. O paciente recebe anestesia geral, e os eletrodos induzem uma corrente elétrica no cérebro que provoca a convulsão, alterando os níveis de neurotransmissores e neuromoduladores, como a serotonina.
Ela é indicada para depressão profunda e em situações em que o paciente não responde aos medicamentos.
Seus efeitos cognitivos, porém, são indesejáveis e incluem perda de memória. Os defensores da técnica dizem que o problema é temporário.
Já a estimulação magnética é indolor e não requer anestesia, assim como a que usa corrente contínua.
Uma bobina, que é apoiada na cabeça do paciente, gera um campo magnético que afeta os neurônios, ativando-os ou inibindo-os. As ondas penetram cerca de 2 cm.
Em maio de 2012, o CFM (Conselho Federal de Medicina) aprovou a técnica para tratamento de depressões uni e bipolar (que pode causar oscilações de humor) e de alucinações auditivas em esquizofrenia e para planejamento de neurocirurgia.
O IPq (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP), centro pioneiro em pesquisas com estimulação magnética no país, estuda a aplicação para depressão desde 1999.
"A estimulação por corrente contínua está hoje onde a estimulação magnética estava há 15 anos", afirma o psiquiatra André Brunoni.
Fonte: Folha de SP
Estudo aponta associação entre TPM e depressão pós-parto.
Tristeza, choro fácil, insônia, irritabilidade. Algumas mulheres podem reconhecer nesses comportamentos alguns dos sintomas que apresentam durante o período pré-menstrual. Mas recente dissertação de mestrado defendida no Programa de Pós-Graduação em Saúde da Mulher pela psicóloga Elza Alves de Morais mostra que esta associação vai além da TPM: mulheres que apresentam estes sintomas nesse período têm maior chance de desenvolver depressão pós-parto.
O estudo foi realizado em um período de dez meses, com 94 mulheres nas primeiras semanas de pós-parto acompanhadas na maternidade do Hospital das Clínicas da UFMG. Os resultados revelam que as mulheres que durante a TPM apresentavam ao menos três dos sintomas classificados como emocionais – a exemplo dos descritos acima – têm quatro vezes mais chances de desenvolver depressão pós-parto em relação às mulheres que não apresentam esse tipo de comportamento. Os dados foram obtidos por meio da comparação entre dois questionários: um levantamento dos sintomas e sinais do período pré-menstrual que antecederam a gravidez e a Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo (EPDS, na sigla em inglês), que contém dez questões referentes aos sintomas depressivos observados no período pós-parto.
A associação entre os dois momentos existe devido a várias semelhanças entre os sintomas da tensão pré-menstrual e da depressão pós-parto. “São períodos em que a ação hormonal é semelhante, com redução nos níveis de progesterona e dos hormônios da tireóide, por exemplo”, explica o professor Antônio Carlos Vieira Cabral, obstetra e orientador do estudo. Mais recentemente, verificou-se também similaridade na ação da serotonina nestes dois momentos. Apesar de desempenhar diversas funções no organismo, este neurotransmissor é mais conhecido exatamente por sua associação com o humor. “Existe uma queda de serotonina tanto na TPM quanto no pós-parto, e algumas mulheres são mais afetadas por esse declínio do que outras”, afirma o professor.
Para Antônio Cabral, o número de mulheres atingidas pelo problema torna o estudo extremamente relevante. “A depressão pós-parto atinge cerca de 30% a 40% das novas mães, enquanto de 20% a 25% das mulheres são acometidas por algum tipo de tristeza durante a TPM”, afirma. “E é um problema que pode ser reduzido com um controle bem simples”.
Atenção especial
De acordo com o professor, o resultado do estudo mostra a necessidade de começar já no pré-natal um acompanhamento diferenciado para as mulheres que apresentarem esse tipo de sintomas. “As gestantes com risco identificado para depressão pós-parto podem receber acompanhamento psicológico no período, além dos cuidados normais”, afirma. O mesmo deve ocorrer no pós-parto imediato, com uma checagem que possa identificar precocemente sintomas da depressão pós-parto. “Este acompanhamento permite que a resposta ao problema seja mais rápida, antes que o problema se agrave”, comenta o professor.
Este protocolo de atendimento, com a entrevista prévia do histórico de sintomas pré-menstruais já está em utilização no Ambulatório Jenny Faria do Hospital das Clínicas da UFMG, onde é realizado o atendimento pré-natal. “O questionário é aplicado na primeira vez que a mulher é atendida, permitindo que ela receba o acompanhamento multidisciplinar desde o início”, explica Antônio Cabral.
Depressão pós-parto
A depressão pós-parto é uma depressão moderada ou grave, desencadeada poucas semanas após o parto. Além dos sintomas comuns à depressão – como tristeza exacerbada, reclusão, falta de energia – a mãe pode apresentar sentimentos negativos em relação ao bebê e incapacidade de cuidar direito da criança. E a falta de compreensão pode contribuir para a piora da situação. “As pessoas muitas vezes não entendem como a mãe pode deixar o bebê de lado, o que aumenta o sentimento de culpa”, afirma o professor Antônio Cabral.
Leia mais sobre Depressão Pós-parto
Fonte: Portal UFMG
Passo a passo para conseguir medicamento de alto custo pelo Estado.
Apesar de ser um direito autorizado por lei, conseguir medicamentos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) nem sempre é fácil. Quem não tem condições de arcar com remédios e tratamentos pode recorrer à rede pública, mas sabe que poderá enfrentar burocracia, filas e demora.
Até porque o governo tem autonomia para negar pedidos que achar inválidos, já que também depende de repasses federais e estaduais. Diante disso, a população pode recorrer de diferentes maneiras até provar que realmente precisa do remédio. A quem e como recorrer? O R7 responde.
Para esclarecer essas questões, consultamos os advogados especialistas em Direito da Saúde, Tiago Matos Farina, diretor jurídico do Instituto Oncoguia e Vinícius de Abreu, representante jurídico da Ong Saúde Legal, que apontam dez passos necessários para conseguir os medicamentos.
Primeiro passo
Apresente o Cartão Nacional de Saúde
Para conseguir um, basta você se dirigir a qualquer posto básico de saúde e apresentar o documento de identidade e comprovante de residência. A carteirinha será feita na hora. Leve também uma cópia simples do documento.
Segundo passo
Apresente uma cópia do documento de identidade
Para todos os efeitos, leve também o exemplar original junto a uma cópia simples.
Terceiro passo
Apresente o laudo médico preenchido
O laudo médico para solicitação, avaliação e autorização de Medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica geralmente é fornecido e preenchido pelo próprio médico. Caso ele não forneça, peça o formulário em uma unidade de saúde e volte ao consultório para ele preencher.
O laudo detalha aspectos da doença do paciente e do tratamento, de modo a deixar clara a necessidade do uso do medicamento. Nesse relatório, o médico deve mencionar o código da doença na Classificação Internacional de Doenças e indicar seu número de cadastro no Conselho Regional de Medicina, assinar e carimbar o seu nome completo. Leve uma cópia simples junto a original.
Quarto passo
Apresente a receita médica
O laudo médico não exclui a necessidade da apresentação da receita médica, que deve ser anexada junto com os demais documentos. Nela, o médico deve mencionar o nome do remédio com seu princípio ativo e o nome genérico, a quantidade necessária a ser usada por dia, semana ou mês e a indicação de comprimidos, frascos ou refis. A receita é válida somente por 30 dias. Leve uma cópia simples também.
Quinto passo
Apresente uma cópia do comprovante de residência
É mais seguro levar a unidade de saúde o exemplar original junto a uma cópia simples.
Sexto passo
Vá a uma das unidades responsáveis pelos remédios de alto-custo
Informe-se na unidade de saúde onde você passou por consulta ou onde pegou o laudo médico sobre esse espaço. Somente neles você poderá fazer o pedido administrativo do remédio. Essas unidades funcionam geralmente de segunda a sexta-feira das 7h às 17h30 e aos sábados das 7h às 10h. Lá, apresente a lista de documentos listados abaixo.
Sétimo passo
Peça cópia do protocolo do pedido
Ao fazer o pedido, peça uma cópia do protocolo. Isso fará toda a diferença se você não receber o medicamento. Para poder ingressar com uma ação judicial, você vai precisar do documento que comprova que houve solicitação. Feito isso, o funcionário que pegou os documentos vai iniciar um procedimento administrativo para obtenção do medicamento. Por meio de um telegrama, você saberá quando e onde – geralmente uma unidade de saúde mais próxima de sua casa – o remédio vai estar disponível. No entanto, não há prazos regulares, podendo ser entregue na hora, em dias ou em até três meses (em casos extremos).
Oitavo passo
Fazer um requerimento administrativo
Nem sempre os pedidos são aceitos, mesmo casos considerados urgentes. Quando isso acontece, o paciente pode entrar com um requerimento administrativo na Secretaria de Saúde de seu estado ou com uma ação na Justiça. O procedimento é simples: o paciente escreve uma carta informando ter determinada doença para qual o médico lhe receitou o medicamento. O pedido médico deve estar anexado ao documento.
É possível partir para uma ação judicial tão logo ocorra à negativa, mas, segundo os advogados, vale fazer o requerimento primeiro porque, além de não haver necessidade de um advogado para isso – qualquer pessoa pode fazer – o juiz pode não dar ganho de causa justamente por achar que o paciente “queimou etapas”, explica Farina.
- Muitas vezes o juiz não dá ganho de causa ao paciente alegando que não entrou anteriormente com o pedido administrativo. Se o paciente não receber o medicamento em até 15 dias, pode entrar com medida judicial.
Nono passo
Procure um Juizado Especial da Fazenda Pública
Qualquer pessoa pode ingressar com ações nos Juizados de forma gratuita e sem a necessidade de contratar advogado. Mas isso só é possível desde que o custo do medicamento seja de no máximo 60 salários mínimos, num período de 12 meses. Em alguns estados brasileiros, os Juizados Especiais ainda não estão em pleno funcionamento. Por isso, vale checar se já há um juizado no seu Estado de origem.
Os Juizados Especiais da Fazenda Pública foram criados para julgar causas contra Estados, Distrito Federal e Municípios, ou seja, é por essa via que uma pessoa comum pode processar o governo. Portanto, cabe a esses juizados apreciarem ações de fornecimento de medicamentos, disponibilidade de vagas em leitos de hospitais e UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), além de realização de exames e cirurgias.
Décimo passo
Procure a Defensoria Pública
Os defensores públicos são advogados que prestam serviços gratuitos de orientação jurídica e de defesa para quem não pode pagar um advogado. Via de regra, o defensor público atende pessoas que têm renda familiar de até três salários mínimos. É indicado para casos de urgência. Ao entrar em contato com um, mostre os mesmos documentos que foram entregues na unidade de saúde junto à cópia do protocolo. Ela é a prova de que houve a solicitação para contestar a negativa.
Fonte R7
Substância semelhante à vitamina B reduz risco de esquizofrenia.
A colina, um nutriente essencial semelhante à vitamina B reduz o risco de desenvolvimento de esquizofrenia em crianças quando administrado como suplemento dietético nos últimos dois trimestres de gravidez e na primeira infância. A substância é encontrada em alimentos como fígado, carnes, peixes, nozes e ovos. O estudo inova tanto em suas conclusões potencialmente terapêuticas quanto na sua estratégia para atingir os marcadores de esquizofrenia muito antes de a doença aparecer. A colina também é estudada em relação aos potenciais benefícios de doença do fígado, incluindo hepatite e cirrose hepática, depressão, perda de memória, doença de Alzheimer e demência, além certos tipos de convulsões.
Robert Freedman, professor e presidente do Departamento de Psiquiatria da Universidade de Colorado e um dos autores do estudo aponta que os genes associados com esquizofrenia são comuns, por isso a prevenção tem que ser aplicada a toda a população. Falta agora um acompanhamento de longo prazo para saber se o método é eficaz para diminuir o risco para o desenvolvimento posterior da doença também.
Metade das mulheres grávidas saudáveis neste estudo tomou 3.600 miligramas de fosfatidilcolina cada manhã e 2.700 miligramas cada noite, a outra metade tomou placebo. Após o parto, as crianças receberam 100 miligramas de fosfatidilcolina por dia ou placebo. Oitenta e seis por cento das crianças expostas à suplementação de colina pré e pós-natal, em comparação a 43% das crianças não expostas, teve melhores respostas a um teste clínico feito no bebê durante o sono.
Fonte: O Globo
ABP lança campanha social para diagnóstico de Transtorno Bipolar.
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) está realizando campanha sobre a importância do diagnóstico precoce e tratamento adequado do transtorno bipolar, uma doença que afeta de 3% a 8% da população, segundo diferentes estudos.
A campanha faz parte de um programa de educação continuada da ABP contra o estigma e preconceito em relação a pacientes com transtornos mentais. A campanha inclui a distribuição de material educativo sobre a doença para pacientes e familiares e programa de educação médica continuada. Transtorno bipolar é uma doença que há alternância de fases de hiperexcitabilidade e agitação com fases de profunda tristeza e depressão.
É crônica e, como o diabetes e hipertensão arterial, pode também ser tratada e controlada. Manifesta-se inicialmente na adolescência (60% dos casos antes dos 20 anos de idade), mas pode ocorrer em qualquer idade. É um dos três distúrbios mentais mais comuns (as outras são esquizofrenia e depressão) e é a sexta principal causa de falta ao trabalho.Dos cerca de 25% que tentam o suicídio, cerca de 4% se suicidam de fato. Entre os pacientes tratados, o índice de tentativas cai para cerca de 10%. "Temos que identificar e tratar pessoas com transtorno bipolar, para que tenham uma vida normal e produtiva.
Isto significa não apenas tratar o paciente adequadamente, mas também combater o estigma e preconceito contra as pessoas portadoras de transtornos que afetam a mente e reintegrá-los à sociedade", afirma Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria.
Principais sintomas fase maníaca
- Sentimento de êxtase, júbilo;
- Irritação e agitação;
- Pensamento e fala rápida;
- Distrair-se facilmente;
- Desejo de envolver-se em vários projetos ao mesmo tempo;
- Insônia ou pouca necessidade de sono;
- Comportamento impulsivo e de risco, como sexo por impulso e sem proteção;
- Julgamento prejudicado;
- Agressividade e hostilidade.
Principais sintomas fase depressiva
- Períodos (vários dias ou mesmo semanas) de profunda tristeza;
- Desânimo;
- Sensação de vazio;
- Perda de interesse em atividades, ou assuntos, que normalmente provocariam prazer;
- Sensação prolongada de cansaço;
- Mudanças nos hábitos alimentares e de padrão de sono;
- Pensamentos suicidas e de morte.
Fonte: Correio Popular
Cientistas brasileiros desvendam elo clínico entre Alzheimer e depressão
Cientistas brasileiros descobriram o mecanismo responsável pela associação entre doença de Alzheimer e depressão. Na prática clínica, observa-se que uma das manifestações psiquiátricas mais comuns do paciente com Alzheimer são transtornos depressivos, que também atuam como fatores de risco importantes para a doença degenerativa. O que não se conhecia até agora era o mecanismo molecular exato por trás dessa relação.
O estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) concluiu que neurotoxinas chamadas oligômeros de abeta, presentes em maior quantidade no cérebro dos pacientes com Alzheimer, são capazes de levar a sintomas de depressão em camundongos. O tratamento desses roedores com antidepressivo reverteu o quadro depressivo e melhorou a memória.
A descoberta, que abre a possibilidade de investigar mais a fundo a eficácia da indicação de antidepressivos em fases iniciais do Alzheimer, foi publicada na revista Molecular Psychiatry, do mesmo grupo que publica a Nature.
Os oligômeros, estruturas que se agregam formando bolinhas, atacam as conexões entre os neurônios, impedindo o processamento de informações. Como são solúveis no líquido que banha o cérebro, eles se difundem, atacando o órgão em várias regiões. Pesquisas anteriores demonstraram que os oligômeros são os principais responsáveis pela perda de memória nas fases iniciais da doença.
Para testar a hipótese de que eles também provocam depressão, os cientistas aplicaram a toxina nos cérebros de camundongos. Após 24 horas, os animais foram submetidos a testes que identificaram comportamentos depressivos. Mediante o tratamento com fluoxetina, o quadro foi revertido.
"Uma boa surpresa do estudo foi que a fluoxetina também teve efeitos positivos na memória", diz um dos líderes do estudo, o pesquisador Sergio Ferreira, do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ.
Segundo o neurologista Ivan Okamoto, membro da Academia Brasileira de Neurologia, quem não tem histórico de depressão e desenvolve um quadro depressivo com idade mais avançada tem de três a quatro vezes mais risco de desenvolver Alzheimer.
Agora, de acordo com Ferreira, o desafio é entender por que os oligômeros levam também à depressão. "Observamos que eles induzem uma reação inflamatória no cérebro dos animais. É possível que essa reação esteja levando à depressão, mas os dados ainda não permitem garantir isso."
Para o neurologista Arthur Oscar Schelp, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), é difícil reproduzir o Alzheimer em modelos animais, por isso a transposição do que se descobre nos roedores para os seres humanos ainda é difícil. Ele observa que a depressão predispõe ao surgimento de muitas doenças.
Fonte: O Estado de São Paulo
Teste de farmacogenômica
Leia antes sobre Farmacogenômica
Existem três tipos de testes disponíveis no Brasil. Um utiliza material colhido da mucosa oral (células mortas) com um swab, uma espécie de cotonete, outro analisa o DNA a partir de células do sangue e o terceiro utiliza as células mortas da saliva.
Três laboratórios oferecem o teste de farmacogenômica no Brasil:
O GnTech, com sede em Florianópolis, envia o material de coleta pelo correio com as instruções para utilização. O método é simples, o próprio paciente, um familiar ou o médico podem coletar o material da mucosa oral, colocar no tubo de ensaio fornecido com o kit, preencher os dados e enviar pelo correio ou Fedex. O teste é feito nos EUA e o laudo fica disponível em 5 dias úteis.
O GENOA Biotecnologia é um laboratório com sede em São Paulo, que analisa o DNA a partir de células do sangue. O laboratório não possui ainda centro de coleta na cidade do Rio de Janeiro.
O Neurofarmagen tem parceria com o laboratório AB-Biotics, sediado em Barcelona, Espanha, e analisa o DNA a partir de células mortas na saliva. O paciente colhe a saliva em um kit e envia o material via FEDEX para a Espanha. O laudo é disponibilizado pela internet em até 15 dias.
A diferença desses laboratórios é basicamente a abrangência da pesquisa genética. O GnTech e o Neurofarmagen fornecem um laudo mais completo, já com as medicações antidepressivas e antipsicóticas (no caso do Neurofarmagen também estabilizadores de humor) que o paciente pode responder e tolerar melhor e aquelas que não terão êxito de acordo com o resultado genético, pois pesquisam além da metabolização, receptores nos neurônios que de alguma forma estão envolvidos com a resposta terapêutica à substância.
Já o GENOA disponibiliza apenas o resultado genético em relação ao metabolismo das substâncias, devendo o médico consultar um banco de dados para saber quais os melhores medicamentos para aqueles genes encontrados.
O obstáculo maior à utilização do teste é o preço. No site da GnTech o teste sai por R$ 7.289,10 e pode ser dividido em 5x sem juros ou em 12x de R$ 734,88 no cartão de crédito.
O Neurofarmagen cobra pelo teste R$ 5948,40, podendo ser dividido em até 10x sem juros no cartão.
A GENOA não divulgou o preço do seu teste.
Este teste deve ser indicado para pacientes com história de má resposta à medicação ou resistência farmacológica ao tratamento, ou seja, que não melhoram apesar das várias mudanças de medicação.
Outra vantagem de se fazer o teste é que ele pode ser útil mesmo para tratamentos futuros. Como se trata de uma análise genética, o resultado é definitivo, não sofrerá nenhuma mudança com o ambiente ou a história da pessoa. Ela saberá a quais medicamentos irá responder e tolerar para o resto da vida. Medicamentos que forem descobertos poderão ser incorporados à base de dados e ela não necessitará fazer novo teste, pois seus genes já estarão mapeados, bastando verificar para aquele novo medicamento qual será sua resposta e tolerabilidade.
Links úteis:
Site da Neurofarmagen - http://www.neurofarmagen.com.br
Site da GnTech - http://www.gntechtests.com.br/
Site da GENOA - http://www.genoabiotec.com.br/index.php
Exemplo de laudo de teste da GnTech
Farmacogenética: medicina personalizada.
Farmacogenética é a ciência que investiga as variações genéticas relacionadas a respostas individuais ao uso de medicamentos ou substâncias, tanto sobre a eficácia da resposta a um fármaco, como sobre a tolerabilidade, ou seja, os efeitos colaterais.
No final do século 19 um médico britânico que investigava porfiria causada pela ingestão de hipnóticos em pacientes com alcaptonúria percebeu que este efeito era causado por um erro do metabolismo determinado geneticamente. Archibald Garrod foi o primeiro médico a estabelecer a relação entre uma alteração do metabolismo e a herança genética. Este foi o início dos estudos em farmacogenética.
Hoje sabe-se que falhas na resposta terapêutica a determinado medicamento ou o aparecimento de efeitos colaterais podem estar relacionados a variantes gênicas, chamadas de polimorfismo. Esta nova área de conhecimento, ora denominada farmacogenômica, pretende:
- estudar o efeito de medicamentos na expressão dos genes;
- descobrir novas drogas a partir de alvos genéticos;
- fornecer aplicabilidade prática à clínica através de exames que possam oferecer um tratamento personalizado, individualizado para cada paciente.
Na década de 1970 foi descoberto o complexo enzimático do citocromo P450, enzimas do fígado responsáveis pela metabolização das principais substâncias, e descrita sua relação com a metabolização de vários medicamentos utilizados na prática clínica, como antidepressivos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, analgésicos, dentre outros.
Outras proteínas começaram a ser estudadas, como as proteínas transportadoras, os receptores de membrana e os segundo-mensageiros intracelulares, novos alvos para tratamentos mais específicos e eficazes.
Primeiros estudos
Os primeiros estudos nesta área, da década de 1970 até a década de 1990, analisaram a resposta a um mesmo medicamento por membros de uma mesma família e encontraram forte concordância para a resposta terapêutica (70-92%). No caso do lítio, p.ex., um estudo demonstrou que filhos de pacientes com transtorno bipolar (TB) que respondiam bem ao lítio tendiam a apresentar também boa resposta ao medicamento, tanto em episódios afetivos (p.ex. depressão), como na profilaxia de novas crises. Por outro lado, filhos de maus respondedores ao lítio também não respondiam bem à medicação.
Outro estudo, que comparou diferenças de resposta entre o lítio e a lamotrigina, concluiu que os respondedores à lamotrigina tinham mais histórico de depressão, transtorno do pânico e transtorno esquizoafetivo na sua família, enquanto respondedores ao lítio tinham histórico na família de TB mais importante. Os respondedores à lamotrigina também tinham mais comorbidade psiquiátrica, com transtorno do pânico e dependência/abuso de substâncias, enquanto os respondedores ao lítio tinham um curso mais episódico do humor (episódios mais bem delimitados).
Estudos genético-moleculares buscam por polimorfismos de genes envolvidos na resposta ao tratamento farmacológico dos transtornos psiquiátricos. Os antidepressivos e antipsicóticos, p.ex., são metabolizados pelo sistema do citocromo P450, no qual existem várias isoformas de enzimas codificadas por diferentes genes. Polimorfismos desses genes podem determinar, portanto, uma grande variabilidade na capacidade de metabolização dessas enzimas.
Polimorfismos de genes que determinam proteínas transportadoras de serotonina e genes de receptores de serotonina e de dopamina na membrana de neurônios também influenciam a resposta aos psicofármacos.
Uma parte expressiva dos estudos tem-se concentrado na resposta ao metilfenidato (Ritalina) em pacientes com Transtorno de Déficit de atenção/Hiperatividade (TDAH), analisando alguns polimorfismos do gene DAT1.
Teste de farmacogenômica para a prática clínica
Em 2005 o FDA, órgão que regula medicamentos nos EUA, aprovou o primeiro teste de farmacogenômica para a prática clínica em psiquiatria. O teste investiga polimorfismos de dois genes, sendo 27 alelos do citocromo P450 2D6 (CYP 2D6) e 3 alelos do citocromo P450 2C19 (CYP2C19), que são enzimas que metabolizam uma grande quantidade de medicamentos psiquiátricos. Desta forma a psiquiatria foi a primeira área da medicina a se beneficiar de testes genéticos para a prática clínica. Com isso foi criada o que é chamado de safety pharmacogenomics, ou farmacogenética de segurança, em que é possível prever pela análise do DNA se um paciente vai reagir bem ou não a um determinado medicamento, reduzindo assim a tentativa e erro que ainda hoje permeia os tratamentos.
No Brasil existem três laboratórios que fazem o teste de farmacogenômica. O teste deve ser solicitado pelo médico, responsável também por interpretar os resultados e tomar a decisão sobre qual o melhor medicamento a ser usado em cada paciente (se você é paciente do Dr. Leonardo Palmeira, clique aqui para ter mais informações).
Bibliografia:
Quirino Cordeiro1, Roseli Gedanke Shavitt1, Carolina Cappi1, Aline Santos Sampaio1, Ivanil A. Morais1, Ana Gabriela Hounie1 , Maria Conceição do Rosário2 , Silvia Alves Nishioka3 , Euripedes Constantino Miguel- FARMACOGENÔMICA E PSIQUIATRIA - Rev.Fac.Ciênc.Méd.Sorocaba,v.11,n.1,p.4-10, 2009
Aumenta o consumo de maconha no Brasil e é cada vez mais cedo, diz estudo.
Em 2012, 62% dos usuários experimentaram a droga antes dos 18 anos; em 2006, o índice era de 40%.
SÃO PAULO, Brasil – Ele deu o primeiro trago em 2001, quando tinha 16 anos.
Desde então, por seis anos, o comunicador Vinícius Werner, 27, fumou maconha todos os dias. Em todo o Brasil, 1,5 milhão de adolescentes e adultos também usam o entorpecente diariamente.
Como Werner, 62% dos usuários brasileiros tiveram contato com maconha antes de completar 18 anos, de acordo com o segundo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
E a tendência é de alta. Em 2006, quando foi realizado o primeiro estudo, o índice era de 40%, segundo a Unifesp.
“Quanto mais cedo ocorre o consumo da droga, maior é a chance do desenvolvimento de dependência”, explica a psiquiatra Clarice Sandi Madruga, coordenadora do levantamento.
Realizado em 149 municípios, o estudo ouviu 4.607 pessoas a partir dos 14 anos que responderam a um questionário sigiloso com mais de 800 perguntas sobre o uso de álcool e drogas.
Cerca de 8 milhões de brasileiros – 7% da população adulta – já experimentaram maconha ao menos uma vez na vida. Desse total, 3,4 milhões de pessoas (3%) utilizaram o narcótico no último ano.
Entre os menores de idade, mais de 600.000 já tiveram algum contato com o entorpecente ao longo da vida – 470.000 deles nos últimos 12 meses.
Tanto adultos quanto adolescentes têm acesso à droga comprando de alguém (60% dos casos) ou ganhando de algum amigo (35%). A diferença é que, enquanto os adultos conseguem maconha em locais públicos e pontos de venda, os menores de idade têm outro ponto de distribuição: a escola.
Efeitos da dependência
O Brasil não está entre os três maiores consumidores de maconha do mundo, segundo o levantamento da Unifesp. O percentual de indivíduos que utilizaram a droga no último ano chega a 14% no Canadá, 13% na Nova Zelândia, 10% nos Estados Unidos e no Reino Unido e 7% no Chile, na Argentina e no Brasil.
Mas a taxa de dependência entre os brasileiros se equipara à de outros países: 37% dos adultos que usam maconha são viciados – cerca de 1,3 milhão de pessoas, segundo o estudo da Unifesp.
Entre os fatores que indicam vício, estão a ansiedade pela falta da droga e a sensação de falta de controle.
A toxicomania é menor entre os adolescentes (chega a 10%), mas é extremamente nociva à saúde desse grupo, já que o cérebro termina a sua maturação somente por volta dos 25 anos de idade, explica Clarice.
“Os menores de 18 anos ainda não tiveram tempo de apresentar os sintomas que irão levar ao diagnóstico de dependência”, completa Clarice.
O consumo precoce da maconha age sobre o sistema nervoso central diminuindo a atenção, a concentração, a memória e a capacidade de resolver conflitos, segundo a psiquiatra e neurocientista Ana Cecilia Marques, coordenadora do Departamento de Dependência em Álcool e Drogas da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
“Estudos apontam que a taxa de dependência entre jovens que consomem álcool aos 16 anos varia de 6% a 8%. Se começaram aos 12 anos, o índice sobe para 10% a 12%”, aponta Ana Cecilia, ao lembrar que não há um estudo mais aprofundado sobre o uso precoce da maconha. “Esse percentual também é esperado para outras drogas, pois elas afetam o sistema límbico, que é o mesmo prejudicado pelo álcool.”
Como consequência do consumo precoce de entorpecentes, o usuário pode ter dificuldades para estudar, trabalhar e se relacionar com outras pessoas. Esses danos podem levar a depressão, ansiedade, além do desenvolvimento de esquizofrenia e outras neuroses, de acordo com Ana Cecilia.
Flexibilização
No Brasil, qualquer tipo de acesso à maconha é proibido: desde o uso medicinal até o cultivo para consumo próprio e a compra e venda da droga.
Nos últimos anos, porém, o debate sobre a possibilidade de descriminalizar ou legalizar a droga ganhou força. O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso é uma das personalidades que tem se manifestado a favor da mudança na legislação.
Em 2012, mais de 200 cidades sediaram a Marcha da Maconha, uma passeata realizada por defensores da regulamentação da erva.
“Estamos falando do fato de a proibição trazer muitíssimos problemas e não controlar o consumo de forma alguma, nem entre os adolescentes”, defende Alexandre de Castro, um dos organizadores da Marcha da Maconha em Belo Horizonte (MG).
Ainda assim, apenas 11% das pessoas entrevistadas no levantamento da Unifesp são favoráveis à legalização da maconha, enquanto 75% são contra.
Se a lei que proíbe o uso e venda maconha for flexibilizada, o número de dependentes deve aumentar no mesmo ritmo que o consumo, segundo Clarice.
“É sabido que o aumento da disponibilidade de qualquer droga aumenta o seu consumo”, diz Clarice, lembrando que menos de 20% dos viciados procuram tratamento médico. “Considerando esses baixíssimos índices, seria mais racional que um projeto de mudança envolvesse o incentivo à justiça terapêutica (recuperação de dependentes)”, defende Clarice.
Para Ana Cecilia, antes de discutir legalização de outras drogas, o governo deve garantir que menores não tenham acesso a entorpecentes hoje considerados legais.
“Eu só acredito em uma coisa: uma política que proteja a criança e o adolescente de drogas inclusive legais, como o álcool e o tabaco, que também são proibidas para menores de 18 anos”, afirma Ana Cecilia.
Fonte: Infosurhoy
Teste dos olhos pode auxiliar no diagnóstico da esquizofrenia.
Testes de movimento dos olhos ajudam a detectar a esquizofrenia, um distúrbio psicótico caracterizado por perda de afetividade e da personalidade, alucinações e delírios de perseguição. Segundo estudo divulgado na última quarta-feira e publicado pela Biological Psychiatry, um modelo de testes de olhar teve 98% de precisão em distinguir pessoas com e sem esquizofrenia.
A descoberta, dizem os pesquisadores, pode agilizar o diagnóstico da doença. Os autores do estudo, que pertencem à Universidade de Aberdeen (Grã-Bretanha), agora investigam se isso pode servir para que, identificado o mal, o tratamento dos sintomas seja feito com mais rapidez.
O estudo foi liderado pelos professores Philip Benson e David St Clair, que explicam que pesquisas prévias já indicavam a relação entre esquizofrenia e alterações no movimento dos olhos.
A pesquisa da Universidade de Aberdeen usou diversos testes de olhar, nos quais era pedido que voluntários acompanhassem com os olhos objetos que se moviam lentamente; que observassem uma variedade de cenas do dia a dia; e que mantivessem um olhar fixo sobre um alvo parado.
"As pessoas com esquizofrenia têm déficits já bem documentados na habilidade de acompanhar com os olhos objetos em movimento lento", explica Benson, em comunicado da universidade. "Seu movimento dos olhos tende a não acompanhar o objeto a princípio, e depois fazê-lo usando movimentos rápidos dos olhos."
O teste de cenas do dia a dia mostrou que "portadores de esquizofrenia têm um padrão anormal (de observação)", diz ele. No último teste, de fixar-se em um objeto parado, esses portadores "têm dificuldades em manter um olhar fixo".
A equipe de Benson e St Clair realizou seu estudo com 88 pacientes diagnosticados com esquizofrenia e 88 pessoas em um grupo de controle.
Diagnóstico clínico
Para Benson, "sabe-se há mais de cem anos que indivíduos com doenças psicóticas têm diversas anormalidades no movimento dos olhos. Mas, até a realização do nosso estudo, usando uma nova bateria de testes, ninguém pensou que essas anormalidades eram sensíveis o bastante para serem usadas como forma de diagnóstico clínico".
Seu colega St Clair explica que, atualmente, o diagnóstico da esquizofrenia é feito "apenas com (a análise) de sintomas e de comportamento", na ausência de exames de sangue ou de tomografias para isso.
"Se você tem sintomas de distúrbios, o diagnóstico é fácil. Mas há muitos pacientes (cujo diagnóstico) não é tão simples", agrega. "É (um procedimento) caro, que consome tempo e requer indivíduos altamente treinados. Em comparação, esses testes de olhar são simples, baratos e podem ser feitos em questão de minutos."
Segundo ele, isso significa que um modelo semelhante ao usado no estudo poderia ser aplicado em hospitais e clínicas. "O próximo passo é descobrir quando essas anormalidades são passíveis de serem detectadas pela primeira vez e se isso podem ser usado como pontos de referência para estudos de como intervir na doença".
Fonte: Terra
O que a pesquisa não explica:
Qual a especificidade do teste? Alterações dos movimentos oculares ocorrem também em outros transtornos mentais, como autismo, transtorno bipolar e outras psicoses.
Essas alterações ocorrem em todos os pacientes esquizofrênicos? A amostra da pesquisa é pequena, inclui apenas 88 pacientes.
Esse teste serviria para diagnósticos precoces, ou seja, antes do primeiro surto? Os pacientes da pesquisa já tinham o diagnóstico de esquizofrenia, portanto, já apresentavam sinais claros da doença.
Existem pessoas saudáveis que podem ter as alterações citadas na pesquisa? A pesquisa testou somente 88 pessoas saudáveis. Essas alterações dos movimentos oculares podem ocorrer em familiares saudáveis de pacientes com esquizofrenia?
Pesquisas por biomarcadores da esquizofrenia ocorrem há mais de 3 décadas. Muitos achados, inclusive este dos olhos, já são conhecidos, mas nenhum marcador foi considerado ainda fidedigno para o diagnóstico definitivo da doença.
"Não dá nenhum barato": o risco da maconha.
O atual liberalismo em torno do consumo da droga está em descompasso com as pesquisas médicas mais recentes. As sequelas cerebrais são duradouras, sobretudo quando o uso se dá na adolescência.
"Hoje ainda, até o fim do dia, 1 milhão de brasileiros terão fumado maconha. A maioria dessas pessoas está plenamente convencida de a droga não faz mal. Elas conseguem trabalhar, estudar, namorar, dirigir, ler um livro, cuidar dos filhos... A folha seca e as flores de Cannabis são consumidas agora com uma naturalidade tal que nem parece ser um comportamento definido como crime pela lei penal brasileira. O aroma penetrante inconfundível permeia o ar nas baladas, nas áreas de lazer dos condomínios fechados, nos carros, nas imediações das escolas. A maconha que em outros tempos já foi chamada de "erva maldita", agora ganhou uma aura inocente de produto orgânico e muitos de seus usuários acendem os "baseados" como se isso fosse parte de um ritual de comunhão com a natureza, uma militância-. espiritual de sintonia com o cosmo. Ha uma gigantesca onda de tolerância com esse vício. Nos Estados Unidos, dezessete estados já regulamentaram seu uso medicinal. Em novembro, os estados de Washington E Colorado farão um plebiscito sobre a legalização. No Uruguai, o presidente José Mujica pretende estatizar a produção e a distribuirão da droga. Em maio deste ano, no Brasil, sob o argumento do direito à liberdade de expressão, o Supremo Tribunal Federal (STF) liberou a marcha da maconha - desde, é caro que ela não fosse consumida pelos manifestantes, em um de seus shows, em janeiro, Rita Lee causou tumulto ao interromper a apresentação em Sergipe para interpelar os policiais que tentavam reprimir o fumacê na platéia: "Este show é meu. Não é de vocês. Por que isso? Não pode ser por causa de um baseadinho. Cadê um baseadinho pra eu fumar aqui?".
Na contramão da liberalidade oficial, legal e até social com o uso da maconha, a ciência médica vem produzindo provas cada dia mais eloquentes de que a fumaça da maconha faz muito mal para a saúde do usuário crônico - quem fuma no mínimo um cigarro por semana durante um ano. Fumar na adolescência, então, é um hábito que pode ter consequências funestas para o resto da vida da pessoa. Aqueles cartazes das marchas que afirmam que "maconha faz menos mal do que álcool e cigarro" são fruto de percepções disseminadas por usuários, e não o resultado de pesquisas científicas incontrastáveis. Maconha não faz menos mal do que álcool ou cigarro. Cada um desses vícios agride o organismo a sua maneira, mas, ao contrário do que ocorre com a maconha, ninguém sai em passeata defendendo o alcoolismo ou o tabagismo. Diz um dos mais respeitados estudiosos do assunto, o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, da Universidade Federal de São Paulo: "Encarar o uso da maconha com leniência é uma tese equivocada, arcaica e perigosa".
Alguns dos argumentos para a legalização da maconha têm uma lógica perfeita apenas na aparência. Os defensores da legalização alegam que. vendida legalmente, a maconha também seria cultivada dentro da lei e industrializada. A oferta aumentaria e os preços cairiam. Isso tornaria inúteis os traficantes. Eles sumiriam do mapa, levando consigo todo o imenso colar de roubos, assassinatos e corrupção policial que a repressão à maconha provoca. O argumento não resiste ao mais simples teste de realidade embutido na pergunta: "Quem disse que traficante vende só maconha?". Se a maconha fosse liberada, o tráfico de cocaína, heroína e crack continuaria e todos os problemas sociais decorrentes do poder desse submundo ficariam intactos. Acrescente-se à equação o fato de que a maconha efetivamente faz mal à saúde, e a lógica dos defensores de sua legalização evapora-se no ar ainda mais rapidamente.
Um dos estudos mais impactantes e recentes sobre os males da maconha foi conduzido por treze reputadas instituições de pesquisa, entre elas as universidade Duke, nos Estados Unidos, e de Otago, na Nova Zelândia. Os pesquisadores acompanharam 1000 voluntários durante 25 anos. Eles começaram a ser estudados aos 13 anos de idade. Um grupo era composto de fumantes regulares de maconha. Os integrantes do outro grupo não fumavam. Quando os grupos foram comparados, ficou evidente o dano à saúde dos adolescentes usuários de maconha que mantiveram o hábito até a idade adulta. Os fumantes tiveram uma queda significativa no desempenho intelectual. Na média, os consumidores crônicos de maconha ficavam 8 pontos abaixo dos não fumantes nos testes de Q.I. Os usuários de maconha saíram-se mal também nos testes de memória, concentração e raciocínio rápido. Os resultados mostram que é falaciosa a tese de que fumar maconha com frequência não compromete a cognição. Diz o psiquiatra Laranjeira: "Se o usuário crônico acha que está bem, a ciência mostra que ele poderia estar muito melhor sem a droga. A maconha priva a pessoa de atingir todo o potencial de sua capacidade".
O cineasta paulistano Álvaro Zunckeller, de 32 anos, fumou maconha durante duas décadas, desde a adolescência, com os amigos, na roda do bar e na saída da escola. No início, era um cigarro a cada duas semanas. Chegou a três por dia. "Era um viciado, mas para a maioria das pessoas eu era um sujeito sossegado, apenas um pouco desatento", conta ele. Zunckeller é um caso típico da brasa dormida dos danos da maconha ao cérebro confundidos com um comportamento ameno e um estilo de vida mais contemplativo. Apenas 10% dos pacientes internados em clínicas de recuperação de dependentes foram parar ali para tentar se livrar do vício da maconha. Ainda assim, muitos dos usuários da droga nessas clínicas foram diagnosticados com esquizofrenia, bipolaridade, depressão aguda ou ansiedade — sendo o vício de maconha apenas um componente do quadro psicótico e não seu determinante.
Até pouco tempo atrás vigorou a tese de que a maconha só deflagra transtornos mentais em pessoas com histórico familiar dessas doenças. Essa noção benigna da maconha foi sepultada, entre outros trabalhos, por uma pesquisa feita pelo Instituto de Saúde Pública da Suécia. Um grupo de 50000 voluntários foi avaliado durante 35 anos. Eles consumiram maconha na adolescência. Os suecos demonstraram que o risco de usuário de maconha sem antecedentes genéticos vir a desenvolver esquizofrenia ou depressão é muito mais alto do que o da população em geral. Entre os usuários de maconha pesquisados, surgiram 3,5 mais casos de esquizofrenia do que na média da população. No que se refere à depressão, o número de casos clínicos foi o dobro. Os sinais de perigo da fumaça estão surgindo em toda parte. "O bombardeio repetido da maconha sobre o cérebro cria uma marca neuronal indelével", diz Ana Cristina Fraia, psicóloga da Clínica Maia Prime, em São Paulo, especializada no tratamento de dependência química.
A razão básica pela qual a maconha agride com agudeza o cérebro tem raízes na evolução da espécie humana. Nem ó álcool, nem a nicotina do tabaco; nem a cocaína, a heroína ou o crack; nenhuma outra droga encontra tantos receptores prontos para interagir com ela no cérebro como a cannabis. Ela imita a ação de compostos naturalmente fabricados pelo organismo, os endocanabinoides. Essas substâncias são imprescindíveis na comunicação entre os neurônios, as sinapses.
A maconha interfere caoticamente nas sinapses, levando ao comprometimento das funções cerebrais. O mais assustador, dada a fama de inofensiva da maconha, é o fato de que, interrompido seu uso, o dano às sinapses permanece muito mais tempo — em muitos casos para sempre, sobretudo quando o consumo crônico começa na adolescência. Em contraste, os efeitos diretos do álcool e da cocaína sobre o cérebro se dissipam poucos dias depois de interrompido o consumo.
Com 224 milhões de usuários em todo o mundo, a maconha é a droga ilícita universalmente mais popular. E seu uso vem crescendo — em 2007, a turma do cigarro de seda tinha metade desse tamanho. Cerca de 60% são adolescentes. Quanto mais precoce for o consumo, maior é o risco de comprometimento cerebral. Dos 12 aos 23 anos, o cérebro está em pleno desenvolvimento. Em um processo conhecido como poda neural, o organismo faz uma triagem das conexões que devem ser eliminadas e das que devem ser mantidas para o resto da vida. A ação da maconha nessa fase de reformulação cerebral é caótica. Sinapses que deveriam se fortalecer tornando-se débeis. As que deveriam desaparecer, ganham força.
Os efeitos psicoativos da maconha são conhecidos desde o ano 2000 antes de Cristo. Seu princípio psicoativo mais atuante é o tetraidrocanabinol (THC). Um outro componente da droga, o canabidiol, é o principal responsável pelos seus efeitos potencialmente terapêuticos. No campus de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, o psiquiatra José Alexandre Crippa estuda o efeito do canabidiol no tratamento da fobia social. Trinta e seis voluntários, metade deles composta de fóbicos, ingeriram cápsulas da substância e, em seguida, tiveram de falar em público. Os níveis de ansiedade apresentados pelos portadores do transtorno equivaleram aos registrados pelos participantes sem a fobia.
Todos os estudos sérios sobre os potenciais usos médicos da maconha mediram os efeitos de uma única substância, selecionada e isolada em laboratório — e não da inalação da fumaça de um cigarro. Diz Crippa: "Os defensores do uso medicinal do cigarro da maconha querem mesmo é obter a liberação da droga". Nos Estados Unidos floresce uma indústria de falsificação de receitas depois da legalização da erva para o tratamento do glaucoma e no controle da náusea de pacientes submetidos a quimioterapia. Para a alegria dos viciados, médicos inescrupulosos prescrevem a droga por preços que variam de 100 a 500 dólares.
Em nenhum país a maconha é completamente liberada. Um dos mais notoriamente tolerantes é a Holanda, que permite o consumo da erva nos coffee shops, mas, ainda assim, os proprietários só estão autorizados a vender 5 gramas, o equivalente a um cigarro, para cada cliente. Recentemente, o governo holandês proibiu a venda da droga para estrangeiros. Nem sempre foi assim. Na década de 70, quando a Holanda descriminalizou a maconha e se tornou uma espécie de Disney libertária, fumava-se em praça pública. A festa acabou cedo. Desde então, o tráfico só aumentou. A experiência holandesa — e o recuo das autoridades — derruba um dos mais rígidos pilares da defesa pela liberação: o de que a venda autorizada poria fim ao tráfico. Não pôs.
No Brasil, desde 2006, com a lei antidrogas sancionada pelo então presidente Lula, foi estabelecida uma distinção na punição de traficantes e usuários. Os bandidos estão sujeitos a até quinze anos de prisão. O consumidor não vai para a cadeia. Nesse caso, o juiz decide por uma advertência verbal, pela prestação de serviços comunitários ou recomenda um tratamento médico. A lei brasileira não contempla o volume máximo da droga a ser classificado como uso pessoal. Luana Piovani e Isabel Filardis são algumas das celebridades que defendem a tese de que a maioria dos presos com maconha "nunca cometeu outros delitos, não tem relação com o crime organizado e portava pequenas quantidades da droga no ato da detenção". Do ponto de vista social, elas estão corretíssimas. Do ponto de vista da saúde e da aplicação das leis, nem tanto. O advogado criminalista Pedro Lazarini faz restrições: "Um bandido pode se valer desses limites para nunca ser condenado". O ideal seria que as evidências científicas incontestáveis sobre os ruinosos efeitos da maconha para a saúde sejam levadas em conta. Todos ganham com isso.
"Atualmente, "pega mal" ser contra a liberação da maconha"
Aos 66 anos, o paulistano Valentim Gentil Filho é um dos mais renomados psiquiatras do país. Com doutorado em psicofarmacologia clínica pela Universidade de Londres, ocupou o cargo de presidente do conselho diretor do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas durante doze anos — sem nunca ter abandonado a prática clínica. Tamanha experiência o levou a defender a condenação da maconha. "Trata-se da única droga a interferir nas funções cerebrais de forma a causar psicoses irreversíveis", disse a VEJA. "Se fosse para escolher uma única droga a ser banida, seria a maconha."
Nos últimos dois anos, a ideia da descriminalização para o usuário da maconha ganhou força no país. Recentemente, um grupo de juristas apresentou a proposta no Senado com o objetivo de a medida ser adotada na reforma do Código Penal. O que o senhor acha disso?
O tráfico deve adorar isso. Em hipótese alguma dá para liberar geral. Estamos fadando de substâncias altamente tóxicas. Um dos argumentos pró-maconha é que a legalização reduziria o consumo da droga. As pesquisas mostram, no entanto, que, quando o consumo é referendado e a droga é considerada segura, o adolescente experimenta mais. A história de que os jovens se sentem estimulados a usar drogas por serem proibidas se aplica apenas a uma minoria,
Há muitos médicos, inclusive da sua especialidade, que não pensam como o senhor.
Não é simpático expressar uma opinião contrária à cultura da "anticaretice" que impera no país em relação à maconha. Atualmente, "pega mal" ser contra a liberação da maconha. Até mesmo entre oi médicos. O fato de a maconha não ser tão agressiva como primeiras vezes contribui para isso. Mas ou esses médicos estão muito desinformados ou eles têm acesso a fontes científicas bem diferentes das minhas. Se fosse obrigado a escolher uma única droga a ser banida, seria a maconha, sem sombra de dúvida.
De que forma a maconha seria mais prejudicial do que as outras drogas?
Drogas como heroína, cocaína e crack são devastadoras porque podem matar a curto ou curtíssimo prazo. Além disso, é difícil se livrar dessas substâncias pelo alto grau de dependência que apresentam. Os danos que elas causam ao cérebro, porém, cessam quando deixam de ser usadas. Ou seja, passado o período de abstinência, as funções do organismo se restabelecem. Com a maconha a história é outra. É a única droga a interferir nas funções cerebrais de forma a causar psicoses definitivas, mesmo quando seu uso é interrompido.
Qualquer usuário está suscetível a tais danos?
Sim, mas em graus diferentes, a depender da frequência de consumo e da tolerância do organismo do usuário. É uma roleta-russa. O consumidor esporádico, aquele que fuma às vezes, está sujeito a sofrer estados psicóticos transitórios, como alucinação e paranoia, ataques de pânico e ansiedade. O efeito permanente nas conexões nervosas se dá no uso crônico. Aí, sim, absolutamente todos sofrem algum prejuízo.
O astrônomo americano Carl Sagan (1934-1996) foi usuário da maconha e um defensor ferrenho da droga. Ainda assim, deixou o legado de uma carreira brilhante. Ele teria sido uma exceção?
Sagan foi um gênio, e sou fã dele. Mas penso que, se não tivesse usado tanta maconha, ele teria sido um profissional ainda mais brilhante e mais responsável. Sagan tinha algumas idéias estapafúrdias para um astrônomo. Por exemplo: ele se tomou um dos líderes do Seti (Search for Extra-Terrestrial Intelligence — Busca por Inteligência Extraterrestre), que investiu centenas de milhões de dólares na busca de sinais alienígenas ou provas de alguma civilização extraterreste. Repito aqui: Não há exceções para os danos causados pela maconha.
É possível identificar os adolescentes mais propensos a usar a droga?
Há entre eles um traço de personalidade conhecido como "busca de novidade" (novelty seeking) ou "busca de sensações" (sensation seeking). Pessoas com esse perfil se expõem mais a riscos, têm menor controle sobre suas emoções, são mais impulsivas e têm maior probabilidade de se tomarem dependentes da maconha. No extremo oposto, alguns jovens introvertidos e ansiosos também ficam vulneráveis, dependendo do ambiente. Famílias estruturadas ajudam, e a presença dos pais monitorando o comportamento é uma proteção importante, mas não é garantia contra o uso.
Qual é a sua opinião sobre o uso medicinal da maconha?
Acredito em benefícios de determinadas substâncias extraídas da planta que dá origem à maconha, a Cannabis. Isso é diferente de preconizar o uso terapêutico da maconha fumada, que tem muitos compostos nocivos ao organismo, além da fumaça quente retida no pulmão, com potencial cancerígeno. Não acredito nem mesmo nas versões "purificadas" da planta, vendidas em alguns estados americanos e em coffee shops europeus. Não há tecnologia capaz de certificar que um baseado tenha apenas substâncias não tóxicas da planta. Aliás, a venda nesses lugares é uma bagunça. O filho de um amigo conseguiu comprar maconha medicinal na Califórnia porque no mesmo lugar onde comprou a droga comprou também a receita médica. Uma coisa tem de ficar clara: a agência de saúde oficial americana (FDA) não valida o consumo da maconha ou de outros preparados da Cannabis para fins medicinais. Alguns estados liberam por meio de seus governos.
0 senhor já fumou maconha?
Nunca. E jamais tive vontade.
Seus filhos já fumaram?
Não que eu saiba.
Fonte: Veja
Maus tratos na infância afetam o desenvolvimento cerebral
A forma como o bebê é tratado pela mãe nos seus primeiros anos de vida poderá determinar se seu cérebro terá um bom funcionamento. Uma pesquisa da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) comparou os cérebros de duas crianças de três anos de idade: de um lado, bem tratada por seus familiares, principalmente pela mãe; e de outro, negligenciada. O resultado da pesquisa mostrou que no caso da mãe que deu amor, carinho e se comportou como totalmente responsável pelo bebê, o cérebro dele cresceu plenamente. Enquanto que no caso oposto, quando a criança sofreu abuso ou foi maltratada, o cérebro mostrou-se menor e com pontos mais escuros, indicando que é menos desenvolvido.
— O desenvolvimento do circuito cerebral depende potencialmente de uma interação positiva entre a mãe e o bebê — apontou o professor do Departamento de Psiquiatria e Ciências Comportamentais da UCLA, Allan Schore, ao jornal britânico “The Telegraph”.
De acordo Schore, isto ocorre porque 80% das células cerebrais se desenvolvem na faixa dos 2 anos de idade, e se o processo de formação de conexões (sinapses) for prejudicado ou não for estimulado, o déficit poderá ser permanente. Ele ressalta que o bebê maltratado poderá ter sua inteligência afetada. Além disso, poderá crescer com menos empatia para com outras pessoas, mais propensão a ser viciado em drogas e a se envolver em crimes violentos. Ele ainda terá mais chances de ficar desempregado com frequência e de ter problemas de saúde e mentais. Esta descoberta, segundo o pesquisador, poderia ser um dos fatores a explicar, por exemplo, por que algumas gerações de famílias tendem a enfrentar um ciclo difícil de quebrar de falta de escolaridade, desemprego persistente, pobreza, vícios como o de álcool e drogas, assim como o envolvimento em crimes.
Em janeiro deste ano, a Escola de Medicina da Universidade de Washington publicou o primeiro estudo mostrando mudanças na anatomia cerebral no caso de crianças que tinham sido negligenciadas por seus pais. A pesquisa, publicada no periódico “Proceedings of the National Academy of Sciences” (Pnas), apontou que crianças que foram bem cuidadas por suas mães nos primeiros anos de vida tinham o hipocampo do cérebro maior. Essa estrutura é fundamental para o aprendizado, a memória e a resposta ao estresse. Neste estudo, os pesquisadores analisaram as imagens dos cérebros de 92 crianças, revelando que aquelas que tinham recebido afeto e sido bem alimentadas tinham o hipocampo 10% maior que as crianças cujas mães tinham sido negligentes.
Fonte: O Globo
Pacientes com transtorno bipolar perdem a capacidade cerebral.
O diagnóstico tardio e o tratamento inadequado do Transtorno Bipolar pode causar a cada crise depressiva uma perda nos pacientes de 5 a 10 % do hipocampo, segundo dados fornecidos por especialistas durante o 30º Congresso Brasileiro de Psiquiatria realizado semana passada em Natal (RN).
O psiquiatra Fábio Gomes, pesquisador e professor da Universidade Federal do Ceará, explica que a cada crise de mania ou depressão vivenciada pelo paciente bipolar, importantes partes do cérebro são prejudicados. Segundo ele, repetidas ocorrências podem levar a danos muitas vezes irreversíveis.
A crise pode mexer com o equilíbrio do organismo, aumentando o estresse oxidativo em todo o corpo e agravar a doença em si. “A cada cinco quadros depressivos, há uma perda de 5 a 10% no hipocampo”, quantifica o especialista. O hipocampo é uma estrutura localizada no lobo temporal do cérebro, responsável principalmente pela memória e pela cognição. Nesses casos, por exemplo, os resultados são a falta de concentração e dificuldade na leitura, explica o especialista.
De acordo com a psiquiatra Ângela Miranda Scippa, presidente da Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB) e diretora do Centro de Estudo de Transtorno de Humor e Ansiedade – (CETHA) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), o transtorno bipolar é uma doença tóxica, e a cada episódio de depressão são liberadas substâncias tóxicas ao cérebro que atuam na destruição dos neurônios, levando a perda de capacidade mental.
A especialista preferiu não precisar números, mas destaca que o fato da doença ter sintomas parecidos com os transtornos de ansiedade e Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDH), muitos pacientes podem levar até dez anos para ser diagnosticado bipolar.
Por conta disso, muitos acabam entrando em constantes crises depressivas ocasionando atrofia de áreas do sistema nervoso central trazendo prejuízos a vida do indivíduo como alterações no humor, perda de memória e dificuldade de concentração.
Apesar da gravidade da doença, em Salvador não existe distribuição adequada de medicamentos para tratamento e controle do bipolar para a população carente. “A assistência a saúde mental por parte do Estado em Salvador é precária. Falta unidade de tratamento, medicação e vagas de internação. Pacientes sem tratamento podem chegar a cometer suicídio, além de ter uma grande perda neuronal a cada crise”, destacou Ângela.
No entanto, a psiquiatra destaca que a medicação é um forte aliado no tratamento da bipolaridade. “A medicação retira os sintomas do paciente protegendo o cérebro da agressão da doença evitando a perda neuronal. Em Salvador, cerca de 2 % da população carente, que sofre com o tipo mais brando da doença, não tem acesso a medicamentos para o tratamento e controle bipolar.
Os remédios são muitos caros variando de R$ 80 a R$ 1.000 além disso, foram fechados vários hospitais e com isso muitos pacientes com quadros mais graves ficam desasistidos”, destacou a médica.
Na capital, apenas o CETHA, que funciona no ambulatório Magalhães Neto, no bairro do Canela oferece atendimento e interação gratuita para portadores da doença. Porém, segundo a psiquiatra, a unidade está superlotada e falta medicamentos para atender a todos os pacientes. “Aqui em Salvador, não existe uma priorização para a saúde mental. Muitos pacientes após saírem da internação ficam sem o medicamento de uso contínuo. E isso é muito grave, podendo levá-lo a cometer suicídio em momentos de crise”, criticou a médica.
O impacto do diagnóstico da doença é muito forte tanto para o portador quanto para familiares. Nenhum deles sabe lidar bem com a situação do diagnóstico, a crise, o tratamento que não pode ser interrompido e que leva algum tempo para se obter o resultado almejado.
Muitas vezes a negação da doença, a suspensão do tratamento, o descompasso do apoio familiar geram atraso no controle da doença e perda significativa da qualidade de vida. A compreensão da família sobre as manifestações da doença e a instabiliadde dos portadores é muito importante para garantir o controle e gerar mais qualidade de vida para o portador e familiares.
A Associação Brasileira de Familiares Amigos e Portadores de Trasntornos Afetivos ( ABRATA), oferece informações a pacientes e familiares sobre como lidar com a doença através do site : www.abrata.org.br
Fonte: Tribuna da Bahia
Leia mais sobre Transtorno Bipolar clicando aqui.
A atividade física regular na terceira idade pode ajudar a evitar o encolhimento do cérebro.
A pesquisa foi feita pela Universidade de Edimburgo, na Escócia, e analisou dados de 638 pessoas com 70 anos que foram submetidas a exames cerebrais.
Os resultados mostraram que aqueles que eram fisicamente mais ativos tiveram menor retração do cérebro do que os que não se exercitavam.
Por outro lado, os que realizavam atividades de estimulação mental e intelectual, como fazer palavras cruzadas, ler um livro ou socializar com os amigos, não tiveram efeitos benéficos em relação ao tamanho do cérebro, constatou o estudo, publicado na revista Neurology.
Deterioração
A ciência já provou que a estrutura e funcionamento do cérebro se deterioram com o passar dos anos.
Também são inúmeros os registros na literatura médica de que o cérebro tende a encolher com o envelhecimento.
Tal encolhimento está ligado a uma perda de memória e das capacidades cerebrais, dizem as pesquisas.
Os estudos têm mostrado que as atividades sociais, físicas e mentais podem contribuir para a prevenção desta deterioração.
No entanto, até agora não tinham sido realizados amplas pesquisas com imagens cerebrais para observar essas mudanças na estrutura do cérebro e seu volume.
Segundo o estudo, que levou três anos para ser concluído, o médico Alan Gow e sua equipe pediram aos participantes que levassem um registro de suas atividades diárias.
No final desse período, quando completaram 73 anos, os participantes passaram por scanners de ressonância magnética para analisar as mudanças no cérebro.
Depois de levar em conta fatores como idade, sexo, saúde e inteligência, os resultados mostraram que a atividade física estava "significativamente associada" com a menor atrofia do tecido cerebral.
"As pessoas de 70 anos que fizeram mais exercício físico, incluindo uma caminhada, várias vezes por semana, apresentaram uma retração menor do cérebro e outros sinais de envelhecimento da massa cerebral do que aqueles que eram menos ativos fisicamente", exlicou Grow.
"Além disso, nosso estudo não mostrou nenhum benefício real no tamanho do cérebro com a participação em atividades mental e socialmente estimulantes, como observado por imagens em scanners de ressonância magnética durante os três anos de estudo", acrescentou.
Segundo o pesquisador, a atividade física foi também associada a um aumento no volume de massa cinzenta.
Esta é a parte do cérebro onde se originam as emoções e percepções. Em estudos anteriores, essa região está relacionada à melhora da memória de curto prazo.
Quando os cientistas analisaram o volume de substância branca, responsáveis pela transmissão de mensagens no cérebro, descobriram que as pessoas fisicamente ativas tinham menos lesões nessa área do que as que se exercitavam menos.
Causas
Embora estudos anteriores já tenham mostrado os benefícios do exercício para prevenir ou retardar a demência, ainda não está claro os motivos por que isso acontece.
Os pesquisadores acreditam que as vantagens da atividade esportiva podem estar ligadas ao aumento do fluxo de oxigênio no sangue e de nutrientes para o cérebro.
Mas uma outra teoria é que, como o cérebro das pessoas encolhe com a idade, elas tendem a se exercitar menos e, assim, acabam tendo menos benefícios.
Seja qual for a explicação, dizem os especialistas, os resultados servem para comprovar que o exercício físico é benéficio para a saúde.
"Este estudo relaciona a atividade física à redução dos sinais de envelhecimento do cérebro, sugerindo que o esporte é uma forma de proteger a nossa saúde cognitiva", disse Simon Ridley, da entidade Alzheimer's Research no Reino Unido.
"Embora não possamos dizer que a atividade física é o fator causal deste estudo, nós sabemos que o exercício na meia idade pode reduzir o risco de demência futura", acrescentou.
"Vai ser importante acompanhar tais voluntários para ver se essas características estruturais estão associadas com maior declínio cognitivo nos próximos anos", disse.
"Também será necessário mais pesquisas para saber detalhadamente sobre por que a atividade física está tendo esse efeito benéfico", afirmou.
Já o professor James Goodwin, da organização Age UK, que financiou a pesquisa, disse: "Este estudo destaca novamente que nunca é tarde para se beneficiar dos exercícios, seja uma simples caminhada para fazer compras ou um passeio no jardim", concluiu.
"É crucial que, se o fizermos, permanecer ativo à medida que envelhecem", acrescenta.
Fonte: Diário de Pernambuco
Leia Mais sobre Memória
Mais resultados sobre Alzheimer
Congresso Europeu de Neuropsicofarmacologia
Vou participar do Congresso Europeu de Neuropsicofarmacologia entre 13 a 17 de outubro em Viena e aproveito para tirar alguns dias de férias a partir de hoje, retornando ao consultório no dia 21/10. Se você é meu paciente, clique aqui para informações sobre colegas meus que você pode consultar em caso de emergência (você precisa estar logado no site para visualizar a página). Você pode neste período se comunicar comigo por e-mail se necessário. Espero retornar com muitas novidades, este congresso vai discutir as novas perspectivas para a psiquiatria e apresentar avanços na área da farmacologia, novas moléculas que poderão estar disponíveis em breve para tratamento. Um abraço a todos!