Qual o melhor tratamento para a esquizofrenia?

Esta é uma pergunta recorrente nos consultórios médicos e dúvida também de muitos leitores do site, por isso resolvemos abordar este tema de forma clara e abrangente, para que todos possam compreender os desafios que se colocam para a recuperação de uma pessoa que sofre de esquizofrenia.

Não se trata somente da escolha de um antipsicótico eficaz e bem tolerado, mas de uma constelação de fatores que vão desde a precocidade do diagnóstico e do tratamento até a escolha dos tratamentos psicossociais, como a psicoeducação de família, psicoterapia e terapias de reabilitação.

Um ponto central é o tempo para o diagnóstico e para um tratamento que seja capaz de trazer o paciente para um estado de remissão (sem sintomas positivos) o mais rapidamente possível.

Pesquisas mostram que um paciente com esquizofrenia é levado a um psiquiatra em média após 1 ano de doença, quando já sofre dos sintomas positivos, como delírios e alucinações. Geralmente o paciente apresenta também, algum tempo antes do primeiro surto, sintomas negativos, como apatia, desânimo e isolamento, e sintomas cognitivos, como problemas de memória e concentração, que prejudicam as suas atividades produtivas, como trabalho e estudo, muitas vezes descontinuando-as algum tempo antes. Esses sintomas raramente são atribuídos à doença e dificilmente o paciente é levado ao psiquiatra apenas por essa razão.

Portanto, na maioria dos casos, um tratamento é iniciado já com mais de um ano de adoecimento. Isto se o paciente não apresentar a resistência natural ao tratamento (por não ter consciência de sua doença) ou se a família adiar a procura pelo psiquiatra (é muito comum a negação ou subestimação do problema ou a crença de se tratar de algo espiritual ou de uma crise existencial da adolescência).

Os primeiros cinco anos de doença são considerados um período considerado crítico, pois estudos mostram que a gravidade da doença nos cinco anos iniciais influencia o prognóstico do paciente ao longo da vida. Todavia, quanto mais eficiente o tratamento no início do quadro, maiores as chances de recuperação, com a retomada progressiva das atividades do paciente antes de adoecer.

Isso ocorre porque alterações neurofuncionais e neuroanatômicas na esquizofrenia costumam ocorrer mais neste período do que com a cronicidade da doença, como se esta fosse uma fase de maior atividade biológica.

Pesquisas demonstraram que pacientes com esquizofrenia podem apresentar declínio de funções cognitivas, como memória, atenção e capacidade executiva, que podem não ser totalmente recuperadas passada esta fase, comprometendo o potencial de recuperação do paciente no futuro. Da mesma forma, alterações anatômicas, como redução do volume do lobo frontal, do núcleo estriado e do hipocampo, ocorrem mais no inicio da doença.

O tratamento com antipsicótico, medicação indicada no tratamento da esquizofrenia, tem um efeito neuroprotetor e pode evitar a progressão da doença em sua fase inicial, mas para isso é necessário que o medicamento seja iniciado precocemente, assim que identificado o transtorno, e garantida sua regularidade de administração, essencial para uma resposta terapêutica satisfatória e para a prevenção de recidivas (leia mais sobre Intervenção Precoce).

Adesão é o termo que se usa para definir essa regularidade do tratamento. Problemas de adesão são muito comuns na esquizofrenia e envolvem diferentes motivos. Um paciente pode não aderir ao tratamento porque não se acha doente, porque a medicação causa um efeito colateral intolerável para ele ou simplesmente porque a medicação não é eficaz o suficiente para o alivio dos sintomas, não fazendo sentido para o paciente o compromisso de tomar um medicamento diariamente. O paciente pode aderir ao tratamento no início e depois interromper, por achar que está curado e que não precisa mais do medicamento, o que também configura um problema de adesão, já que o tratamento de longo prazo é fundamental para o controle da doença, para a prevenção de recaídas e para a recuperação do paciente.

Problemas de não-adesão costumam estar presentes nos quadros mais graves ou de pior evolução, sendo um dos principais fatores relacionados ao conceito de resistência ou refratariedade ao tratamento (esquizofrenia refratária). Por isso a importância de se identificar precocemente a não adesão e tratar o paciente com medicamentos eficazes, mais toleráveis e que possam ser mais eficientes num tratamento a longo prazo, reduzindo assim os riscos de interrupção.

Os efeitos colaterais que mais comprometem a adesão ao tratamento são os efeitos extrapiramidais (do tipo parkinsonismo - tremores, lenhificação motora, alteração da marcha) e os metabólicos (como ganho de peso). Os antipsicóticos de segunda geração, que surgiram na década de 90, costumam ser opções mais eficientes do que os de primeira geração por causarem menos efeitos extrapiramidais e, entre eles, existem alternativas com melhor perfil metabólico e que causam menos ganho de peso.

Em dezembro de 2011 foi lançado no Brasil o primeiro antipsicótico de segunda geração injetável de longa duração e de uso mensal, o Palmitato de Paliperidona (Invega Sustenna). Até então só existiam antipsicóticos injetáveis (depósito) de primeira geração (Haldol Decanoato, Piportil L4, Flufenan Depot e Clopixol Depot) e um de segunda geração de uso quinzenal (Risperdal Consta).

Invega Sustenna representa um avanço no tratamento da esquizofrenia, especialmente no caso dos pacientes com histórico ou características de não-adesão ao tratamento oral (p.ex. pacientes que se recusam a tomar remédios ou que recaem com frequência porque param de tomar a medicação). Através de injeções mensais o paciente recebe níveis regulares da medicação antipsicótica sem a necessidade de comprimidos orais. É uma opção hoje para garantir um tratamento eficaz nos casos iniciais de esquizofrenia e evitar com isso a progressão da doença.

O medicamento, embora crucial, não é a única coisa importante no tratamento inicial da esquizofrenia. Hoje se sabe que a família tem um papel tão importante quanto o tratamento medico. Pesquisas mostraram de forma consistente desde a década de 80 que o ambiente familiar pode influenciar a evolução da esquizofrenia, inclusive determinar um maior número de recaídas e hospitalizações. As atitudes familiares mais relacionadas às recaídas foram aumento da critica, hostilidade, cobranças excessivas, aumento das expectativas, superproteção e superenvolvimento afetivo (viver essencialmente para o paciente, abdicando de suas atividades).

Um estudo em 2007 comparou dois grupos de pacientes, ambos moravam com familiares com alto nível de critica, mas somente um grupo tinha adesão ao tratamento médico, ou seja, usava antipsicótico regularmente. Ao final de um ano de acompanhamento, as taxas de recaída e hospitalização foram semelhantes entre o grupo que tomava e o que não tomava medicamentos, mostrando que o ambiente familiar com alto nível de critica anula os benefícios do antipsicótico.

Portanto, a cooperação da família é tão importante quanto o tratamento médico. Esta constatação é tão robusta que a psicoeducação de família, nome que se dá ao tratamento familiar para esquizofrenia, foi considerada a modalidade de tratamento psicossocial com maior nível de evidência cientifica, fazendo parte de todos os consensos internacionais para tratamento da doença. Lamentavelmente a cobertura deste tratamento para famílias de pacientes com esquizofrenia é menor do que 20%.

As prerrogativas de um tratamento de psicoeducação de família são informar os familiares sobre a doença (por isso o nome educação) e ajudar familiares e pacientes com os problemas advindos da convivência com a doença, através da terapia de solução de problemas, que pode ser feita individualmente com cada família e o paciente ou em grupo, com várias famílias e pacientes. A terapia em grupo se mostrou mais eficaz na prevenção de recaídas, na medida em que permite a troca de experiências entre pessoas que compartilham das mesmas vivencias.

A psicoeducação de família não só ajuda a prevenir recaídas, como também melhora a adesão ao tratamento médico, combate o estigma da doença entre familiares e pacientes, amplia a rede social dessas pessoas, melhora a qualidade de vida e auxilia na recuperação do paciente, inclusive na retomada de suas atividades (leia mais sobre prevenção de recaídas).

Portanto, respondendo a pergunta do titulo deste artigo, o melhor tratamento para a esquizofrenia é aquele que alia, desde o inicio, o tratamento médico, com um antipsicótico eficiente e que possa garantir a adesão do paciente, e a psicoeducação de família. Quanto antes começar esses tratamentos, menor a gravidade da doença e maiores as chances de recuperação (leia mais sobre recuperação).


Estresse e depressão afetam taxa de sobrevivência de pacientes com câncer

O estudo, publicado na revista PLoS ONE e liderado pelo oncologista Lorenzo Cohen, analisou um grupo de pacientes com carcinoma de células renais em estágio final. Os pacientes mais depressivos eram mais propensos a falecer.
A ciência já sabia que fatores emocionais tinham um impacto sobre a biologia. Nesse estudo, foi descoberto que eles podem influenciar os resultados de um câncer. Cohen acredita que o culpado por trás dessa ligação seja o cortisol, também conhecido como “hormônio do estresse”, que atua nas vias inflamatórias.
O cortisol é o hormônio produzido pela glândula adrenal em resposta ao estresse, e ajuda a regular a resposta inflamatória do corpo. Em circunstâncias normais, os níveis de cortisol são elevados de manhã e diminuem ao longo de todo o dia. Porém, pacientes com estresse crônico ou sintomas depressivos mantém níveis elevados de cortisol ao longo do dia.
No estudo, os pacientes com níveis de cortisol altos ao longo do dia tiveram um risco aumentado de mortalidade. Através de perfis genéticos, os pesquisadores concluíram que a associação entre a condição psicológica do paciente e o tempo de sobrevivência pode decorrer de uma desregulação na biologia inflamatória.
Outros estudos obtiveram resultados parecidos. Um da Universidade Carnegie Mellon (EUA) descobriu que o estresse psicológico crônico estava associado com a perda da capacidade do corpo de regular sua resposta inflamatória.
Ao longo de um período prolongado de estresse crônico, o tecido do corpo torna-se insensível ao cortisol e o hormônio perde a sua eficácia na regulação da inflamação. A inflamação é boa quando acionada como parte do esforço do organismo para combater a infecção, mas a inflamação crônica pode promover o desenvolvimento e a progressão de muitas doenças, incluindo depressão, doenças cardíacas, artrite reumatoide, diabetes e câncer.
De acordo com Lorenzo Cohen, o próximo passo é a realização de ensaios clínicos com pacientes de câncer que satisfazem os critérios para depressão e ansiedade. Um grupo vai receber tratamento para essas condições e outro não, para ver se há melhora na qualidade e expectativa de vida dos pacientes ao eliminar a depressão.
Por enquanto, Cohen sugere que pacientes com câncer e sua família tentem gerir de alguma forma o estresse associado com a doença.
Fonte: Hype Science


Estudos revelam riqueza genética no 'DNA lixo'

Essa descoberta ajuda a compreender melhor porque a interação gene-ambiente é tão importante para certas doenças como a esquizofrenia, o transtorno bipolar, entre outras. Essas sequências de DNA, que teriam a função de regulação da expressão gênica, podem ser uma das explicações porque fatores ambientais podem ativar alguns genes de predisposição à doença e fazer com que uma pessoa adoeça e outra não, apesar de possuírem o mesmo gene de susceptibilidade. Como explicar, p.ex., que no caso de gêmeos idênticos, quando um tem esquizofrenia, o outro adoeça somente em 48% dos casos?
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Onze anos atrás, quando o primeiro rascunho de sequenciamento do genoma humano foi publicado, uma das maiores surpresas foi constatar que apenas 2% das 3 bilhões de "letras" químicas que o compõem correspondem a genes propriamente ditos - sequências chamadas "codificadoras", que carregam as instruções genéticas necessárias para a síntese de proteínas. Os outros 98% foram apelidados de "DNA lixo", por não ter função conhecida no organismo. Um apelido que sempre incomodou muita gente.
Agora, mais de uma década de ciência depois, chega a redenção. Mais de 30 trabalhos publicados simultaneamente em quatro revistas científicas de peso, incluindo Nature e Science, descartam em definitivo o apelido pejorativo, confirmando várias evidências acumuladas ao longo dos anos de que o "DNA lixo", na verdade, não é lixo coisa nenhuma. Os resultados, oriundos do projeto Enciclopédia de Elementos de DNA (Encode, na abreviatura em inglês, que significa "codificar"), indicam que mais de 80% do genoma humano têm algum tipo de função bioquímica operacional.
"Eu diria que o termo DNA lixo pode ser definitivamente jogado no lixo", diz a geneticista Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP).
Dentro do que se chamava de lixo, os pesquisadores do Encode encontraram uma riqueza milionária de sequências chamadas reguladoras, que não codificam proteínas diretamente, mas interagem de alguma forma com o funcionamento dos genes. Algumas funcionam como interruptores, ligando-os ou desligando-os. Outras como um botão de volume, aumentando ou diminuindo a intensidade com que determinados genes se expressam em determinadas células, em determinadas situações.
É esse maquinário regulatório que permite ao ser humano ser uma espécie biologicamente tão complexa com "apenas" 20 mil genes - bem menos do que uma espiga de milho ou um grão de arroz. "O genoma humano é muito mais complexo do que imaginávamos", diz Mayana.
"O que eles estão confirmando é uma suspeita de muito tempo, de que essas sequências também têm um sentido biológico enorme", reforça Dirce Maria Carraro, diretora do Laboratório de Genômica e Biologia Molecular do Hospital A.C. Camargo. "É óbvio que elas não estão no genoma por acaso."
Os cientistas destacam a importância dos resultados para estudos clínicos que tentam relacionar mutações e outras formas de alterações genéticas à saúde. Milhares de alterações já foram identificadas que afetam a ocorrência ou a manifestação de doenças, mas a grande maioria não está nos genes (nos 2% do genoma que codificam proteínas), o que já era um forte indício de que o "DNA lixo" tinha alguma função relevante dentro das células - caso contrário, as mutações seriam inócuas.
Uma das teorias era de que o DNA lixo serviria como uma "zona de amortecimento", na qual mutações aleatórias poderiam se acumular ao longo do tempo sem maiores consequências para o organismo. Mas não. Os dados mostram que alterações nessas regiões reguladoras podem ser tão relevantes clinicamente quanto mutações nos genes.
Perspectivas. Os resultados acrescentam uma nova camada de complexidade ao estudo do genoma humano e mostram que é preciso bem mais do que uma sequência de letrinhas para entender como ele funciona. E que os genes são apenas parte de uma história que pode ser contada de diversas maneiras, dependendo de como o genoma é lido. Mayana prevê que os dados abrirão muitas perspectivas de tratamento, apontando para novos alvos genéticos fora das regiões codificadoras e melhorando o entendimento de como o genoma funciona de uma forma geral.
Uma das áreas médicas que certamente tirará proveito dos dados é a oncologia, na qual a relação entre genética e fisiologia se dá de forma mais acentuada. Dirce ressalta, porém, que os dados não têm aplicação imediata na medicina. Assim como foi o caso com o sequenciamento do genoma humano, os resultados do Encode servem como uma plataforma de conhecimento básico, sobre a qual novas pesquisas poderão ser construídas com finalidades mais aplicadas. Algo que levará tempo.
"É uma quantidade imensa de informações. Vai demorar um pouco para darmos sentido prático a tudo isso", diz a pesquisadora. "Teremos de decifrar devagarzinho todos esses achados."
Segundo uma reportagem que acompanha os trabalhos na revista Nature, se todas as sequências genéticas produzidas pelo projeto fossem impressas numa escala de mil pares de bases por centímetro quadrado, o resultado seria uma pilha de papel com 30 quilômetros de comprimento e 16 metros de altura.
Leitura suficiente para muitos e muitos anos de pesquisa.
Fonte: Estadão


Filhos de pais mais velhos nascem com mais mutações genéticas

As mutações "de novo" ocorrem durante a divisão celular da produção de espermatozóides e geram variações de cópias de genes (CNV). Com o avanço da idade do homem, o número de CNV aumenta e isso é transmitido para o filho no momento da fecundação. Essas mutações em geral não causam doenças, algumas podem ser inclusive benéficas, mas o que pesquisadores descobriram é que alguns genes que sofrem mutações "de novo" podem aumentar o risco de doenças como esquizofrenia e autismo no filho. Essas novas mutações farão parte do DNA do filho, que passa a transmitir as mutações para as gerações futuras, acarretando o mesmo risco, sendo que as próximas gerações receberão novas mutações "de novo" das gerações anteriores e assim por diante. O que contribui para a evolução da espécie agora se sabe que traz um risco também para algumas doenças genéticas.
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Um novo estudo islandês publicado nesta quarta-feira (22) pela revista “Nature” reforça uma descoberta recente dos cientistas de que a idade do pai no momento da concepção influencia a saúde da criança. Os filhos de pais mais velhos apresentam maior risco de desenvolver condições como o autismo e a esquizofrenia.
Em abril, uma pesquisa da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, já havia mostrado relação entre a diferença de idade entre pai e filho e o risco de autismo.
O atual estudo, liderado pelo grupo “deCODE Genetics” analisou o genoma de 78 homens islandeses e seus descendentes para calcular a quantidade de mutações genéticas nos filhos, de acordo com a idade do pai.
Os cientistas descobriram que o filho de um pai de 20 anos de idade nasce com uma média de 25 mutações genéticas. Se o pai tinha 40 anos no momento da concepção, esse número sobe para 65 mutações. Segundo o estudo, o aumento é da ordem de duas mutações para cada ano de vida do pai, ao longo da vida adulta.
O que o estudo levou em consideração foram as chamadas mutações “de novo”, características que surgem nos bebês, mas que não estavam presentes em seus pais.
A variação acontece só com o pai, e não com a mãe, porque as mulheres já nascem com todos os óvulos – células femininas que são fecundadas e dão origem aos bebês. Já os espermatozoides, células reprodutivas masculinas, são produzidos ao longo da vida. Por isso, elas sofrem mais divisões celulares e são mais sujeitas ao risco de mutações.
De forma geral, essas mutações nem sempre fazem mal ao bebê – inclusive fazem parte do processo evolutivo. Segundo os especialistas, cerca de 10% dessas mutações são maléficas, podendo causar problemas brandos ou mais graves, como o autismo e a esquizofrenia.
“As populações humanas modernas estão sujeitas a muito menos pressão seletiva do que aconteceu ao longo da história da evolução humana. Como as mutações maléficas são mais comuns que as benéficas, a evolução sob essa seleção relaxada inevitavelmente levará a um declínio da saúde média da população”, avaliou Alexey Kondrashov, da Universidade de Michigan, nos EUA, em um comentário também publicado pela “Nature”.
Fonte: G1


Sacrificar o sono para estudar piora o desempenho do aluno, revela estudo

Uma pesquisa feita pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), nos EUA, aponta que deixar de dormir algumas horas à noite para estudar um pouco mais piora o desempenho do aluno no dia seguinte. Esse é um comportamento comum principalmente nos últimos anos do ensino médio, que antecedem o vestibular.
O trabalho está publicado na atual edição da revista "Child Development" (Desenvolvimento Infantil) e conclui que os prejuízos por sacrificar o sono independem do quanto a pessoa estudou durante o dia.
Os cientistas, liderados pelo professor de psiquiatria e ciências biocomportamentais Andrew Fuligni, analisaram durante duas semanas variações em 535 alunos de três séries diferentes do ensino médio. Os participantes, de várias etnias e faixas socioeconômicas, tiveram que responder por quanto tempo estudavam e dormiam, se não entendiam algo ensinado nas aulas ou haviam tirado nota baixa em alguma prova escrita, oral ou tarefa de casa.
Para a surpresa dos pesquisadores, a falta de sono criou mais problemas relacionados ao desempenho nos exames do que à compreensão dos adolescentes sobre o que era falado. Fuligni destaca que o sucesso acadêmico depende, portanto, de estratégias que evitem comprometer o sono, como manter um horário consistente de estudo durante o dia, usar o período escolar da forma mais eficiente possível e diminuir o tempo gasto com outras atividades menos essenciais.
Foram analisados 535 adolescentes de 3 séries do ensino médio nos EUA. Comportamento de jovens é comum nos anos que antecedem o vestibular.
Fonte: G1


Portadores de transtornos psiquiátricos têm mais risco de se viciar em drogas

Doenças psiquiátricas como depressão, transtorno bipolar e transtorno obsessivo-compulsivo se mostraram presentes em 51% de dependentes de álcool e drogas, de acordo com uma pesquisa com 1,3 mil pessoas atendidas na unidade estadual de álcool e drogas do Hospital Lacan, em São Bernardo do Campo.
Os resultados refletem uma tendência maior à dependência química entre as pessoas que sofrem deste transtorno, segundo observa Sérgio Tamai, coordenador da área de saúde mental do órgão. "Um indivíduo que sofra de depressão, por exemplo, tem chance mais elevada de tentar buscar drogas estimulantes ou abusar de bebidas alcoólicas”, afirma o psiquiatra.
O estudo, conduzido pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, mostrou também que as mulheres são mais propensas dos que os homens a este tipo de doença e nesta condição - enquanto 50,1% deles apresentavam o quadro, 56% das mulheres estavam nesta situação.
De acordo com Tamai, já está comprovado que indivíduos com pré-disposição genética para doenças psíquicas que usam drogas aumentam em até sete vezes os riscos de desenvolvê-las. “O uso de drogas ou o abuso de bebidas alcoólicas pode ser entendido praticamente como uma roleta russa porque o paciente não pode prever exatamente quais serão as consequências”, explica.
Fonte: Terra


Entrevista com Iván Izquierdo sobre a memória

Iván Izquierdo é um dos maiores pesquisadores do tema em todo o mundo e dirige o Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul. Nesta entrevista ao Canal Livre da TV Bandeirantes ele fala sobre o funcionamento da memória, da importância de sua utilização ao longo da vida para prevenção de doenças como o Mal de Alzheimer. Para ele os inimigos da memória são o álcool, o estresse, a depressão e a ansiedade e algumas pessoas podem começar a perder a memória a partir dos 20 anos de idade. O Mal de Alzheimer é mais comum somente após os 65 anos de idade, mas existem outras causas de demência que podem ocorrer mais cedo. No caso da depressão a melhor forma de tratar a memória é tratando a depressão quimicamente, mas ele não descarta a importância de tratar a depressão também com terapia.
Parte 1

Parte 2

Parte 3

Parte 4


Entrevista do Dr. Leonardo Palmeira no Programa Sem Censura sobre Esquizofrenia.

Nesta entrevista, que foi ao ar em 08/08/2012, o Dr. Leonardo Palmeira fala sobre a diferença entre a esquizofrenia e o transtorno bipolar, como a vulnerabilidade ao estresse, determinada geneticamente, desencadeia os surtos e que é possível se recuperar e levar uma vida normal através de um tratamento que englobe medicação, terapia e atendimento à família.

Segundo o psiquiatra, um dos pontos de maior conflito está na dificuldade da família compreender que os sintomas negativos são parte da doença e que nem sempre os pacientes conseguem controlá-los. A crítica, cobrança excessiva e pressão emocional aumentam o retraimento e o desânimo que muitos pacientes têm. Foi esclarecedor também o debate com a jornalista Leda Nagle que desmistifica o preconceito que muitas pessoas têm acreditando que esquizofrênicos sejam violentos.


Sofrimento emocional, mesmo os casos menos graves, já aumenta risco de vida.

O sofrimento emocional, mesmo os casos menos graves, como níveis mais baixos de stress, ansiedade, depressão e insegurança — sintomas que atingem uma em cada quatro pessoas —, aumenta o risco de morte causada pela maioria das causas em um período de oito anos. Essa é a conclusão de um extenso estudo publicado nesta terça-feira no periódico British Medical Journal (BMJ). Ainda de acordo com a pesquisa, a mortalidade decorrente de câncer é a única não afetada por problemas psicológicos leves: apenas distúrbios mais intensos e frequentes parecem interferir nesse risco.
Esse estudo, desenvolvido nas universidades de Londres e de Edimburgo, na Grã Bretanha, é o maior já feito sobre a relação entre problemas emocionais e mortalidade. Os pesquisadores levaram em consideração dez outras pesquisas das quais, ao todo, participaram 68.222 adultos com pelo menos 35 anos de idade que não apresentavam doenças graves, como câncer ou problemas cardiovasculares. Eles foram acompanhados ao longo de oito anos.
Os níveis de sofrimento psicológico foram medidos com base em questionários respondidos pelos participantes, que relataram intensidade e frequência com que sentiam sintomas de ansiedade, depressão, problemas de relacionamento e falta de confiança. Segundo os autores, a associação entre risco de morte e problemas psicológicos foi semelhante mesmo após os resultados serem ajustados em relação a outros fatores, como idade, sexo, tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo e hábitos alimentares.
Para o coordenador do trabalho, Tom Russ, esses resultados são preocupantes, já que, segundo ele, como os sintomas de problemas emocionais leves costumam não ser aparentes ou então ignorados pelos profissionais de saúde, os pacientes que apresentam esses distúrbios acabam não recebendo tratamento adequado. Para o pesquisador, esse estudo pode implicar em novas abordagens de terapia para problemas emocionais menos graves a fim de reduzir o risco de mortalidade entre indivíduos que apresentam esses distúrbios.
Fonte: Veja On Line


Jornal Extra: Tema da novela ‘Rebelde’, esquizofrenia atinge principalmente jovens.

De repente, a vilã Lucy (Ully Lages), da novela “Rebelde”, da TV Record, começou a achar que vivia em um reality show, com câmeras que a filmavam 24 horas por dia. Em seguida, passou a acreditar que seu irmão Miguel (Thiago Amaral) era um impostor. As percepções distorcidas da realidade fizeram com que a família da menina suspeitasse: Lucy pode ser esquizofrênica. Na vida real, a doença acomete principalmente os jovens.

— A esquizofrenia está relacionada a um excesso do neurotransmissor dopamina, responsável por fazer a comunicação entre os neurônios. Esse aumento da substância atinge principalmente as regiões do cérebro ligadas às emoções, à memória e ao raciocínio — explica o psiquiatra e autor do livro “Entendendo a esquizofrenia”, Leonardo Palmeira.

As causas para que a alteração aconteça são duas. A primeira é genética: uma predisposição familiar. A segunda tem a ver com o ambiente em que o jovem vive.

— Estresse ou traumas podem ativar esses genes que causam a doença. Isso acontece na adolescência porque é um momento de maiores conflitos, dificuldades para se afirmar no estudo ou em uma profissão — afirma.

O especialista também alerta: o consumo de drogas pode desencadear o surto — que tem como principais sintomas alucinações, ilusões e pensamento desordenado, que interrompem a vida social do paciente. Estudos apontam, por exemplo que o consumo de maconha antes dos 16 anos aumenta o risco da esquizofrenia 18 vezes.

— O tratamento tem três pilares: os remédios antipsicóticos, a terapia e o apoio da família. Se esses fatores funcionarem bem, a pessoa tem chances de voltar a ter uma vida ativa normal — diz.

A atriz Ully Lages, que interpreta a personagem da novela da Record, concorda.

— É importantíssimo amor e paciência dos familiares e de amigos, além do acompanhamento de um profissional, claro — diz.

No Brasil, dois milhões de pessoas têm esquizofrenia.

Como perceber?

Introspecção
Se seu filho passou a ficar mais calado, evitando amigos e sem querer ir à escola, atenção.

Estão me seguindo
Manias de perseguição também podem indicar o início do quadro de esquizofrenia.

Agressividade
Se o adolescente ficou agressivo de repente, por motivos sem importância, procure orientação médica.

Dores no corpo
O jovem esquizofrênico pode achar que está doente, sentir dores pelo corpo, arrepios, calafrios e até relatar que está “vendo” o corpo de forma diferente.

Perda de memória
Queda de rendimento no colégio ou no trabalho e lapsos de memória frequentes podem indicar que algo não vai bem.

Fonte: Jornal Extra


Saúde mental é afetada pela economia, diz pesquisa.

A desaceleração econômica, o ritmo da vida moderna e as novas tecnologias estão começando a afetar nossa saúde mental, de acordo com uma pesquisa. Segundo os dados, publicados pelo site Female First, o número de adultos que acessaram serviços especializados de saúde mental entre 1 de abril de 2010 e 31 março de 2011, no Reino Unido, foi o maior desde que os registros começaram em 2003 e 2004, chegando a 1,25 milhões de pessoas.


O fenômeno já havia sido registrado entre os anos de 2009 e 2010 também. De acordo com nova pesquisa realizada pelo site Mootu, esse aumento pode estar relacionados a três fatores principais. O estudo revela que os adultos no Reino Unido acreditam que a crise econômica (83%), o ritmo da vida moderna (65%) e, o mais interessante, a nova tecnologia (27%) são as razões para o aumento de problemas mentais e dependências.


Os resultados foram liberados para lançar o site que oferece um novo serviço de busca por auxílio profissional. Essa é a primeira rede no Reino Unido a oferecer aconselhamento e psicoterapia via videoconferência pelo Skype.


Apesar de um crescente reconhecimento de que problemas de saúde mental são um problema no Reino Unido (dois terços dos adultos acreditam que essa questão está crescendo), um número surpreendente de pessoas admite que não iria procurar ajuda. Essa opção prevalece particularmente entre os desempregados, já que quase 50% desse grupo sofre em silêncio. No entanto, 63% dos britânicos disseram que iriam consultar um terapeuta ou conselheiro, se pudessem fazê-lo na privacidade da sua casa ou sem ter que se afastar do trabalho.


É preocupante que, mesmo com um número de celebridades conhecidas, como Sarah Harding do Aloud e o jogador de rugby Duncan Bell, enfrentarem batalhas contra depressão, mais de um quarto dos pesquisados afirmaram que não procurariam ajuda devido ao estigma associado com tais problemas e quase 60% preferiam se virar sozinhos.
Fonte: Terra


Estudo descobre mutação genética que protege contra Alzheimer.

Uma equipe internacional de cientistas descobriu uma mutação genética que protege contra o mal de Alzheimer e a perda de capacidade de aprendizagem causada pelo envelhecimento, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira (11) pela revista científica “Nature”.

O grupo liderado por Kari Stefansson, do centro “deCODE Genetics”, em Reykjavik, na Islândia, estudou o genoma completo de 1.795 islandeses. Eles descobriram uma mutação em um gene chamado APP que funciona como uma defesa natural do cérebro.

Segundo os pesquisadores, essa mutação reduziria em até 40% a formação de uma substância conhecida como proteína amiloide em idosos saudáveis. Esta proteína se acumula e forma placas no cérebro dos pacientes, provocando o surgimento do mal de Alzheimer.

“Pelo que sabemos até agora, [esta mutação] representa o primeiro exemplo de uma alteração genética que confere uma proteção forte contra o mal de Alzheimer”, afirma o artigo.

Os cientistas descobriram também que esta mesma mutação freia a perda de capacidade de aprendizagem nos idosos que não sofrem do mal de Alzheimer. Por isso, o trabalho indica que os dois transtornos possam ter mecanismos no mínimo similares.
O estudo mostrou que a função cognitiva dos idosos de 80 a 100 anos portadores dessa mutação funcionava muito melhor que a daqueles que não a tinham.

Stefansson considera que o Alzheimer poderia representar o caso mais extremo de deterioração da função cognitiva relacionado à idade.

Até o momento, os cientistas descobriram 30 mutações no gene APP, 25 das quais se considera causadoras da doença em idades avançadas, mas esta é a primeira vez que se detecta uma mutação relacionada com a proteção contra o Alzheimer em idosos.

Mais de 5% dos maiores de 60 anos sofrem de algum tipo de demência e, em dois terços dos casos, se trata de Alzheimer.

Fonte: G1


Pesquisa aponta hormônio como possível tratamento da depressão

Em pesquisas com ratos, a adiponectina, hormônio também presente em humanos, se mostrou eficiente no tratamento da depressão e mostrou potencial para ser usada principalmente em pacientes que têm diabetes
Pesquisadores da Universidade do Texas descobriram que um hormônio presente nos ratos ajuda a aliviar os sintomas da depressão nesses animais. Eles testaram o papel da adiponectina, um hormônio produzido pelo tecido adiposo e também presente nos humanos, no controle da depressão. O estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
Resultado: Depois dos 14 dias, os animais começaram a apresentar sinais de depressão, como um declínio na interação social. Nesses ratos, os níveis do hormônio adiponectina estavam muito menores do que o normal. A adiponectina é responsável por controlar o metabolismo do açúcar e da gordura no corpo e é capaz de atravessar a barreira hematoencefálica. Segundo os pesquisadores, ela tem propriedades antidiabéticas – quanto menor for seu nível no sangue, maiores são as chances de o indivíduo ter diabetes tipo 2. Estudos anteriores mostraram que pacientes com esse tipo de diabetes tinham duas vezes mais chance de sofrer de depressão. A partir desses dados, os cientistas resolveram pesquisar se havia alguma relação entre os níveis do hormônio e a doença.
Para isso, os autores submeteram ratos a 14 dias de stress seguidos. Eles introduziram os animais em gaiolas que continham um rato maior e mais agressivo, onde foram fisicamente derrotados. Depois da derrota, os ratos permaneceram na gaiola, mas foram separados por um divisor plástico que permitia contato visual, auditório e olfativo com seu agressor. A cada 24 horas, o procedimento era repetido. No final dos 14 dias, os ratos apresentavam sintomas de depressão, como aversão ao convívio social.
Dois dias depois do último encontro com o agressor, os pesquisadores mediram os níveis de adiponectina no sangue desses ratos. A depressão coincidiu com uma queda nos níveis do hormônio no sangue.
Depois disso, os cientistas compararam o comportamento de ratos normais com ratos geneticamente modificados, que possuíam deficiência nos níveis da adiponectina. Os últimos demonstraram maior predisposição a sintomas relacionados com a depressão, como a aversão social, pouco estímulo por recompensas e desamparo, recusando oportunidades de melhorar suas circunstâncias.
Por último, os pesquisadores injetaram o hormônio no cérebro de ratos normais e diabéticos, e viram que ele teve um efeito antidepressivo. Como resultado, o estudo concluiu que a adiponectina tem um grande potencial terapêutico para tratar a depressão, principalmente em pacientes com diabetes.
Fonte: Veja


Carbonato de Lítio (Carbolitium).

O lítio (grego lithos, pedra ) é um elemento químico de símbolo Li, número atómico 3 e massa atómica 7 u, contendo na sua estrutura três protons e três electrons. Na tabela periódica dos elementos químicos, pertencente ao grupo (ou família) 1 (anteriormente chamado 1A), entre os elementos alcalinos.

Na sua forma pura, é um metal macio, de coloração branco-prateada, que se oxida rapidamente no ar ou na água. É um elemento sólido porém leve, sendo empregado especialmente na produção de ligas metálicas condutoras de calor, em baterias elétricas e, seus sais (principalmente o carbonato de lítio), no tratamento do transtorno de humor.

É um metal escasso na crosta terrestre, encontrado disperso em certas rochas, porém nunca livre, dada a sua grande reatividade. É encontrado, também, em sais naturais, águas salgadas e águas minerais.

Desde a Segunda Guerra Mundial, a produção de lítio aumentou enormemente, sendo obtido de fontes de água mineral, águas salgadas e das rochas que o contêm, sempre por eletrólise do cloreto de lítio. Os principais minerais do qual é extraído são lepidolita, petalita, espodúmena e ambligonita. Nos Estados Unidos é extraído de salinas existentes na Califórnia e Nevada, principalmente. Na América do Sul, existem salinas de lagos com alto teor de lítio no Atacama, Chile.

O carbonato de lítio (Carbolitium) foi recomendado pela primeira vez para o tratamento de transtornos de humor (na época chamados de doença afetiva endógena) em 1893 por Frederick Lange. Depois disso o carbonato de lítio foi redescoberto em 1951, quando Noack e Trautner e, posteriormente em 1954, Schou descreveram suas propriedades terapêuticas e profiláticas na mania e na depressão: “pacientes que tinham 10 a 12 episódios por ano antes do tratamento com lítio passaram após dois anos de tratamento contínuo a apresentar uma normalização das oscilações de humor, sem que as emoções normais fossem afetadas”, afirmou Shou, que também cunhou o termo “estabilizador ou normalizador de humor”.

O lítio possui efeito em diferentes neurotransmissores, como serotonina, noradrenalina, dopamina, GABA e glutamato, facilitando a neurotransmissão. Ele possui também propriedades neuroprotetoras e neurotóficas, aumentando os níveis de N-Acetil-Aspartato (NAA), marcador de viabilidade neuronal, aumentando o volume da substância cinzenta e do hipocampo em pacientes bipolares. A eficácia clínica do lítio pode, por este motivo, demorar meses ou mesmo anos para se consolidar.

Como equilibrar a eficácia do lítio com os efeitos colaterais indesejados que ocorrem com o aumento de sua concentração plasmática permanece sendo um grande desafio na prática clínica e esta decisão precisa ser individualizada para cada paciente, levando em conta sua sensibilidade e adaptação.

Gelenberg e colaboradores compararam em 1989 pacientes com níveis de lítio no sangue considerados “padrão” (0,8 a 1,0 mEq/l) com pacientes com níveis mais baixos (0,4 a 0,6 mEq/l) e verificaram que, embora os pacientes com níveis mais altos tinham uma proteção superior contra recaídas, eles abandonavam mais o tratamento por causa dos efeitos colaterais. Maj e colaboradores acompanharam 80 pacientes com diferentes níveis plasmáticos de lítio e os grupos com níveis acima de 0,4 (0,46-0,6; 0,61-0,75; 0,76-0,9) demonstraram uma redução significativa dos episódios de humor e menor morbidade.

Em 2011 participei de uma mesa redonda no Congresso Americano de Psiquiatria (APA) em Honolulu e os principais pesquisadores do transtorno bipolar na atualidade debatiam justamente sobre os benefícios do lítio em doses baixas (níveis plasmáticos até 0,6/0,8) em detrimento das doses altas (e pouco toleradas) praticadas antigamente. A conclusão é que os efeitos benéficos do lítio (que não são alcançados pelos demais estabilizadores de humor e que dependem da exposição prolongada ao lítio - > 2 anos) são sentidos mesmo por pacientes que utilizam doses baixas, mesmo que eles precisem de associações com outros estabilizadores de humor ou antipsicóticos para uma melhor prevenção de recaídas. Esses pesquisadores demonstraram preocupação com a queda de utilização do lítio em detrimento às novas medicações, apesar dos benefícios de longo prazo do lítio serem incomparáveis.

A maior parte dos pesquisadores atuais recomenda doses plasmáticas de lítio entre 0,4 e 0,8 mEq/L, que costumam ser bem toleradas pelos pacientes. A prevenção de depressão precisa de doses mais baixas (entre 0,4 e 0,6), enquanto de mania doses mais altas (0,6 a 0,8).

A dosagem de lítio deve ser obtida sempre que houver alteração da dosagem oral, piora clínica ou a cada 6 meses como rotina.

A maior parte dos efeitos colaterais do lítio é dose dependente e pode ser atenuada reduzindo a dosagem ou utilizando comprimidos de liberação controlada (Carbolitium CR) que evitam o pico plasmático. Os efeitos colaterais mais comuns são: boca seca, sede, aumento da frequência urinária, retenção de líquido, diarréia, tremores finos das mãos. Esses efeitos podem ser transitórios, reduzir com o tempo ou melhorar com a redução da dosagem.

O lítio possui alguns efeitos colaterais que aparecem no longo prazo:

Hipotireoidismo – não está comprovado que o lítio cause hipotireoidismo, porém alguns pacientes com hipotireoidismo subclínico ou predisposição a doenças da tireóide (história familiar) podem precisar de suplementação de hormônio tireoidiano depois que iniciarem o lítio. Por isso é importante solicitar de rotina os níveis de TSH, para se antecipar à necessidade do uso de hormônio tireoidiano, já que o hipotireoidismo está associado à depressão e ganho de peso. Hipotireoidismo é uma comorbidade frequente em pacientes com transtorno bipolar, mesmo naqueles que nunca usaram lítio.

Ganho de peso – o mecanismo de ganho de peso é desconhecido, acredita-se que no inicio do tratamento possa estar relacionado à retenção de líquido (geralmente são ganhos inferiores a 3kg). O ajuste da dosagem ou diuréticos de alça ou poupadores de potássio podem aliviar este efeito. Aproximadamente um quarto dos pacientes tem um ganho de peso entre 5 e 10%. Nestes casos é preciso indicar uma dieta com restrição de carboidratos, exercícios e dosar os hormônios tireoidianos.

Função renal – o lítio é completamente eliminado pelos rins, por isso a necessidade de monitoramento da função renal. Problemas renais decorrentes do uso de lítio são muito raros, mas pacientes com hipertensão arterial, doença renal preexistente ou problemas familiares ou ambientais que possam acometer os rins devem ser monitorados com mais cuidado. A dosagem de creatinina no sangue deve ser pedida de rotina e pacientes com resultados acima de 1,6 mg/dl devem ser encaminhados à avaliação pelo especialista. Não existem estudos que demonstrem efeitos isolados do lítio na usência de outros fatores de risco para doenças renais.

Problemas dermatológicos – acne, não é muito frequente e costuma ser transitória, respondendo bem ao tratamento tópico para acne.

Toxicidade – existe um risco de intoxicação pelo lítio quando a dosagem plasmática excede 1,5 mEq/l. Isto pode ocorrer quando o paciente ingere dosagens acima das recomendadas pelo médico ou quando ocorre desidratação. Por isso o paciente precisa estar consciente da necessidade de ingerir bastante líquido, principalmente quando a perda for significativa (atividades físicas e calor). O recomendado é de 2 a 3 litros de água por dial. Outro ponto que o paciente precisa saber é que anti-inflamatórios e diuréticos podem aumentar a concentração do lítio no sangue e que antes de tomá-los deve consultar o seu médico. Os riscos de intoxicação são pequenos quando o paciente é mantido em dosagens de litio no sangue até 0,8mEq/l.

Os sinais de intoxicação são principalmente do SNC, como perda de equilíbrio, dificuldade de andar, tremores amplos (ataxia), além de náuseas e vômitos. Neste caso o paciente deve procurar a emergência de um hospital, pois precisa receber hidratação venosa e cuidados médicos.

Situações especiais:

Gravidez – o risco de teratogenia (malformações fetais) com o lítio é baixo. A anomalia mais conhecida é uma malformação cardíaca chamada anomalia de Ebstein, cujo risco é de 1 em cada 1.000 a 1 em cada 2.000 nascidos vivos. Mesmo assim recomenda-se a redução ou suspensão temporária do lítio para as mulheres que quiserem engravidar ao menos no primeiro trimestre de gestação. Depois disso o lítio é seguro e não tem sido relacionado a outras malformações. Ele deve ser interrompido dois dias antes do parto para prevenir intoxicação pelo lítio no recém-nascido, embora dosagens de lítio menores do que 0,3 mEq/l raramente causem intoxicação no neonato. O lítio deve ser descontinuado ao longo de semanas, pois a interrupção abrupta coloca a mulher em risco de recaída, principalmente no pós-parto, quando aumentam os riscos de depressão ou psicose pós-parto (o risco pode ser de 50-75%).

Amamentação – o lítio não recomendável na amamentação, pois de 24 a 72% da concentração materna de lítio é encontrada também no leite materno. Existem outras opções mais seguras e que a mulher pode continuar amamentando seu bebê. As mulheres que não puderem ficar sem o lítio por piora do quadro devem ser orientadas a não amamentar seu filho.

O Carbonato de lítio é comercializado no Brasil pelo laboratório Eurofarma na forma de liberação imediata (Carbolitium) e de liberação controlada (Carbolitium CR) e pelo laboratório Moksha8 na forma de liberação imediata (Carbolim).


Castigos físicos aumentam chances de crianças apresentarem distúrbios mentais na vida adulta

Já são conhecidos os danos que maus tratos graves, como abuso sexual, podem causar à saúde mental das crianças. Nova pesquisa demonstra que bater e empurrar também podem desencadear abuso de álcool e drogas, transtorno de ansiedade e outros problemas de comportamento.
Punições físicas aplicadas pelos pais para disciplinar os filhos podem desencadear uma série de problemas mentais entre as crianças ao longo da vida. Segundo um novo estudo publicado nesta segunda-feira na revista Pediatrics, agressões — mesmo que não sejam as formas mais graves de abuso, como sexual ou negligência, comprovadamente prejudiciais à saúde mental — como empurrar, bater e agarrar, estão associadas a distúrbios de ansiedade e de personalidade.
Segundo os autores do trabalho, está clara a relação entre maus tratos às crianças, tanto físicos e emocionais quanto abuso sexual, e problemas emocionais apresentados por elas durante a vida adulta. No entanto, de acordo com eles, pouco foi estudado sobre os efeitos negativos das punições físicas que são usadas como uma forma de castigo, para a saúde mental dos indivíduos.
Para a pesquisa, uma equipe da Universidade de McMaster, no Canadá, se baseou em dados de 600 americanos inscritos no Exame Nacional de Epidemiologia em Álcool e Condições Relacionadas, dos Estados Unidos, que coletou dados de 34.653 pessoas maiores do que 20 anos entre 2004 e 2005. Os autores observaram que entre 2% e 7% dos distúrbios mentais apresentados pelos participantes -- entre eles os transtornos de humor, ansiedade, bulimia, transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e abuso de álcool e drogas -- foram atribuídos a punições físicas na infância.
Os autores da pesquisa explicam que, embora essa porcentagem pareça pequena, ela já é suficiente para mostrar que os castigos físicos podem ser considerados como fatores de risco para problemas mentais. Eles acreditam que esses resultados reforçam a ideia de que reduzir o castigo físico pode ajudar a diminuir a prevalência de transtornos mentais na população em geral.
Brasil — Uma pesquisa divulgada em junho pelo Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo indicou que um em cada cinco brasileiros sofreu punição física regular, ou seja, ao menos uma vez por semana, na infância, e que pouco mais de 70% apanharam ao menos uma vez quando crianças. O levantamento, feito em 2010 com 4.025 pessoas de onze capitais do país, também mostrou que os indivíduos que relataram sofrer mais punições físicas apresentavam mais chances de adotar a violência na criação de seus filhos.
Fonte: Veja
Leia também: Pesquisa diz que maus-tratos na infância alteram genes do estresse em adultos.


EUA aprovam nova droga contra a obesidade

Após 13 anos sem aprovar novos remédios para a obesidade, a FDA liberou ontem a comercialização do Belviq (cloridrato de lorcaserina).
Fabricado pela Arena Pharmaceuticals, o remédio age ativando um receptor de serotonina no cérebro, o 2C. Esse mecanismo colabora para a diminuição do apetite e para a sensação de saciedade após as refeições.
O cloridrato de lorcaserina foi aprovado para pacientes com sobrepeso e obesos, com IMC (índice de massa corporal) a partir de 27 e pelo menos uma complicação ligada ao excesso de peso, como pressão alta e diabetes.
Estudos viram que usuários do remédio tiveram perda média de 3,7% do peso. Ou seja, alguém com 100 kg conseguiria emagrecer, em média, menos de 4 kg.
"É uma perda modesta. Sem dúvida, entre as opções que eles tinham para aprovar, a locaserina é a que menos emagrecia", avalia Rosana Radominski, presidente da Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).
Segundo ela, porém, mesmo com o emagrecimento pouco expressivo, o remédio pode ser benéfico para alguns pacientes, uma vez que ele ajuda a controlar problemas associados à obesidade, como pressão alta e complicações metabólicas.
O novo remédio não deve ser usado por grávidas e, em combinação com alguns remédios, como certos antidepressivos, pode causar sérios efeitos adversos. "O Belviq também pode causar distúrbios de atenção ou memória", diz a FDA.
A última droga contra a obesidade aprovada pela agência havia sido o Xenical, da Roche, em 1999. Um dos efeitos colaterais da droga é o excesso perceptível de gordura eliminada nas fezes.
"A FDA demora mais a aprovar as drogas contra a obesidade porque há uma série de exigências muito rígidas contra os efeitos colaterais. Afinal, esses medicamentos agem no sistema nervoso central", diz Rosana.
Com a maior população de obesos do planeta, os Estados Unidos estão enfrentando uma pressão grande para a liberação de novas drogas contra o distúrbio.
Fonte: Folha de SP


Ganho de peso com medicações psiquiátricas.

Sem sombra de dúvida este é o efeito colateral mais temido e menos tolerado por pacientes que estão em tratamento com medicações psiquiátricas. Por este motivo decidi escrever mais sobre o tema, com as informações e orientações que costumo passar aos meus pacientes.

Primeiramente é preciso entender que este efeito colateral é o mais pessoal de todos, o que significa que um mesmo medicamento pode provocar ganho de peso em uns e não em outros. Geralmente alguns aspectos individuais contribuem para esta diferença:
- Facilidade para ganhar peso: algumas pessoas têm mais facilidade de engordar do que outras. Isto pode ser determinado geneticamente, por questões hormonais e do metabolismo de cada um, por hábitos como dieta e atividades físicas, por doenças pré-existentes, dentre outros motivos. Neste caso pacientes com maior facilidade para ganhar peso terão também mais risco de engordar com alguns medicamentos.

- Sedentarismo: a falta do hábito de uma atividade física regular, ao menos quatro vezes na semana, contribui para o aumento de peso, mesmo que o paciente não esteja em uso de medicações ou tenha modificado sua dieta, portanto, pacientes sedentários terão também maior probabilidade de ganho de peso com o tratamento.

- Hábito alimentar: pacientes que não costumam se alimentar em horários regulares ou fazem longos períodos de intervalo entre as alimentações estão mais sujeitos ao ganho de peso, pois o organismo quando passa muito tempo sem receber alimento entende que o mesmo está escasso, que passará por privações e o resultado é um aumento do apetite para carboidratos, gorduras e açucares (alimentos com maior teor calórico que permitem o armazenamento de gorduras no tecido adiposo). Todo o indivíduo com fome fará em sua próxima refeição escolha por carboidratos ou terá mais vontade de “beliscar” doces e salgados com alto teor calórico (isto pode ocorrer sem que o paciente se dê conta). A melhor dica é se alimentar de 3 em 3 horas em pequenas quantidades ou interpor às principais refeições (café, almoço e jantar) uma fruta ou um lanche leve. Os pacientes que comem espaçadamente, fazem apenas uma ou duas grandes refeições ao dia ou são “beliscadores” tenderão a ganhar peso também com as medicações psiquiátricas.

- Compulsão alimentar: indivíduos obesos ou com sobrepeso que já tenham dificuldade para controlar o peso por apresentar algum transtorno alimentar, seja compulsão alimentar periódica, bulimia ou anorexia nervosa, precisam tratar do transtorno alimentar independentemente de tratarem também do outro transtorno mental. Da mesma forma os pacientes que descontam a ansiedade na comida (geralmente “beliscadores compulsivos”) precisam relatar ao médico este sintoma para um tratamento específico.

- O próprio transtorno: existem transtornos psiquiátricos que causam aumento de peso, p.ex. transtorno bipolar, algumas formas de depressão (principalmente as ansiosas), outros transtornos de ansiedade e, claro, os transtornos alimentares. A melhor forma de perder peso é tratar o transtorno de base.

Em segundo lugar deve-se ter em mente que o fato de um medicamento “poder causar ganho de peso” não deve inviabilizar o tratamento. A grande maioria dos medicamentos psiquiátricos pode provocar ganho de peso. Um maior exemplo disso é a fluoxetina, antidepressivo usado com frequência por endocrinologistas para emagrecimento. Embora a fluoxetina cause emagrecimento nos primeiros meses, por um efeito colateral de enjoo e perda do apetite, a maioria dos pacientes ganha peso após 1 ano de uso da fluoxetina.
Se você for se preocupar mais com o possível efeito colateral do que com o efeito terapêutico do medicamento, não vai conseguir se tratar. Você pode iniciar o medicamento e paralelamente monitorar seu peso. Em caso de ganho de peso, deve relatar ao médico e discutir com ele as alternativas, sem precisar abrir mão do seu tratamento e de sua estabilidade.

Muitos argumentam que aumentando o peso sentir-se-ão pior psicologicamente (com o que concordo plenamente, não é agradável para ninguém ganhar peso!). Porém é preciso considerar que este ganho pode ser transitório, que você pode vir a perder peso novamente e, por se sentir melhor de seu transtorno de base, conseguir manter hábitos de vida mais saudáveis e compatíveis também com um corpo mais em forma.

Costuma ser assim com grande parte dos medicamentos psiquiátricos que causam aumento do peso. Após um período, que geralmente não ultrapassa os 6 meses, esse ganho se estabiliza e o paciente começa a perder. Claro que no início do tratamento, dependendo do ritmo de ganho de peso, será possível decidir se podemos ou não aguardar este prazo.

Portanto:
1) Não se desespere ou desista do tratamento antes de tentá-lo. Você pode estar “queimando” um medicamento que pode fazer grande diferença no seu transtorno e você nem sabe ainda se ele terá ou não consequências no seu peso.
2) Não se deixe levar por fóruns na internet, geralmente as pessoas que postam lá são as que estão insatisfeitas com o medicamento ou não o toleraram.
3) Lembre-se de que cada caso é um caso. Existem pessoas que ganham peso, outras que perdem, outras que ganham por um período e depois perdem, enfim, você só poderá perceber qual o seu caso se experimentar o medicamento.
4) Seu médico vai ouvi-lo e acompanhá-lo passo a passo, caso esteja ganhando peso além do esperado isto será considerado e alternativas serão discutidas com você.
5) Procure fazer a sua parte: faça uma atividade física regular, cuide de sua dieta, não passe muito tempo sem se alimentar, se estiver beliscando muito, peça uma ajuda para controlar este comportamento, dose seus hormônios, pesquise se existem outras causas para o ganho de peso.

Não vamos fazer do ganho de peso mais um tabu para não cuidar da saúde mental. Já basta a resistência de aceitar o transtorno e a necessidade de tratamento psiquiátrico. Juntos podemos encontrar as alternativas e vencer o problema.


Suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens no mundo.

Uma série de estudos publicada no periódico "Lancet" chama a atenção para um assunto tabu: o suicídio.
Segundo um dos artigos, essa é a primeira causa de morte entre meninas de 15 a 19 anos. Entre os homens, o suicídio ocupa o terceiro lugar, depois de acidentes de trânsito e da violência.
No Brasil, o suicídio é a terceira causa de morte entre jovens, ficando atrás de acidentes e homicídios.
"As taxas sempre foram maiores na terceira idade. Hoje a gente observa que, entre os jovens, elas sobem assustadoramente", afirma Alexandrina Meleiro, psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP.
Entre os jovens, a taxa multiplicou-se por dez de 1980 a 2000: de 0,4 para 4 a cada 100 mil pessoas.
Segundo o estudo, os adolescentes evitam procurar ajuda por temerem o estigma e que rumores sobre seus pensamentos suicidas se espalhem pela escola.
Há outra mudança no perfil dos que cometem suicídio. O risco, que sempre foi maior entre homens, tem aumentado entre as meninas.
Segundo Meleiro, isso se deve a gestações precoces e não desejadas, prostituição e abuso de drogas.
SILÊNCIO
O problema, porém, é negligenciado, como mostram dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). A entidade afirma que os casos de suicídio aumentaram 60% nos últimos 45 anos e que 1 milhão de pessoas no mundo morrem dessa forma por ano.
No Brasil, estima-se que ocorram 24 suicídios por dia. O número de tentativas é até 20 vezes maior que o de mortes.
"O suicídio é uma epidemia silenciosa. E o preconceito em torno das doenças mentais faz com que as pessoas não procurem ajuda", diz Meleiro. Cerca de 90% dos suicídios estão ligados a transtornos mentais.
Segundo a OMS, pouco tem sido feito em termos de prevenção. Os pesquisadores, da Universidade de Oxford e da Universidade Stirling, na Escócia, dizem que mais pesquisas são necessárias para compreender os fatores de risco e melhorar a prevenção.
Uma estratégia é limitar o acesso a meios que facilitem o suicídio, como armas.
Meleiro diz ainda que as pessoas costumam dar sinais antes de uma tentativa. "Acredita-se que perguntar se a pessoa tem pensamentos suicidas vai estimulá-la, mas isso pode levá-la a procurar ajuda."
A psiquiatra da infância e da adolescência Jackeline Giusti, do Hospital das Clínicas da USP, afirma que é importante prestar atenção a sinais de automutilação nos adolescentes, porque a prática aumenta o risco de suicídio.
"Professores, clínicos e pediatras têm que ficar atentos a essa possibilidade e investigar. É um sinal de que algo não está legal e merece cuidados. Em geral os adolecescentes que se mutilam são deprimidos, têm ansiedade e têm uma dificuldade enorme pra dizer o que estão sentindo ou para pedir ajuda."
Fonte: Folha de São Paulo
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