Em defesa do Ato Médico e da população.

Por trás do projeto do ato médico existe muito interesse de mercado por parte dos conselhos de profissionais da área de saúde, como psicologia, farmácia, enfermagem, fisioterapia, etc. Todos querem ampliar suas atuações às custas da restrição do que está sendo definido como ato exclusivo do médico.
É o CFP defendendo que o psicólogo faça diagnósticos psiquiátricos e assim trate do paciente independente do médico, prescrevendo-lhe terapias, é o COREN brigando para que enfermeiros prescrevam medicamentos e assim tratem de doenças da atenção básica, como hipertensão e diabetes, façam partos, etc. Enfim, querem ampliar suas atuações profissionais, sem que estes possuam a qualificação para tal.
Quem estuda e conhece doenças, quem sabe fazer diagnósticos, prescrever remédios e identificar e tratar das complicações e dos efeitos colaterais, internar e dar alta em hospitais é o médico. Nenhum outro profissional da área de saúde tem formação, capacidade e experiência profissional para tal.
Se os conselhos de classe querem ampliar sua área de atuação, que comecem pela formação de seus profissionais e não simplesmente desqualificando o ato médico para abrir brechas para pessoas que, não devidamente preparadas, podem causar mal à população.
A aprovação do Ato Médico é um bem para todos e coloca definitivamente os pingos nos i´s, evitando assim que a população pague o preço da disputa pelo mercado.
***
A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado aprovou nesta quarta-feira, 8, o projeto de Ato Médico, que define as atividades da profissão. A versão retirou pontos polêmicos como a exclusividade dos médicos, concedida no projeto aprovado pela Câmara, em 2009, para execução de procedimentos como papanicolau e diagnóstico de problemas psicológicos e nutricionais.
Dos cinco pontos mais criticados, o relator Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) abrandou quatro. O texto aprovado afirma que diagnóstico de doenças pode ser feito apenas por médicos. Mas abre espaço para que outros diagnósticos, como a avaliação sobre a capacidade de realizar movimentos e articular sons, sejam feitos por outras especialidades, como fonoaudiologia.
O texto diz que médicos têm de coordenar procedimentos que permitem a assistência ventilatória do paciente, mas autoriza fisioterapeutas a atuar no processo. Exames como biópsias e citologia podem ser feitos por farmacêuticos e biomédicos - o que o texto anterior não permitia.
Ainda assim, médicos continuam tendo exclusividade na emissão de laudos de exames de endoscopia, exames de imagem e amostras de tecidos e órgãos.
“Foi a melhor versão possível”, resumiu Valadares. “Procuramos definir o que é ato médico, mas resguardar garantias de outras profissões.” O texto ainda tem de ser submetido à avaliação das comissões de Educação e de Assuntos Sociais antes de ir para o plenário do Senado.
O relator também retirou a exclusividade de médicos na aplicação de injeções subcutâneas, intramusculares e intravenosas. Mas não esclareceu se técnicos em acupuntura e tatuadores terão o direito de seguir com suas atividades. “Listo os métodos invasivos. Na prática, as questões vão sendo resolvidas.”
Manoel Carlos Neri Silva, presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), queixa-se da falta de definição. “A acupuntura, por exemplo, é um procedimento invasivo, e vários profissionais da saúde, não necessariamente médicos, fazem especialização nessa área”, diz.
Um ponto polêmico, que provocou irritação de profissionais de saúde, foi mantido. Apenas médicos podem manter cargos de chefia e direção de serviços médicos. Demais profissionais podem ficar com a chefia administrativa. O argumento das demais categorias era de que o atendimento é feito por uma equipe multidisciplinar, portanto integrantes de outras profissões poderiam chefiar o serviço.
Para o senador, o risco de o projeto aprovado ontem sofrer novas modificações é muito pequeno. Na Comissão de Educação, a relatoria deve ficar com a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), autora de texto semelhante aprovado no Senado. “A nova versão está melhor, mas há pontos preocupantes para fisioterapeutas e enfermeiros”, disse o integrante do Conselho Federal de Farmácia, Carlos Eduardo Queiroz.
Reclamações. Neri Silva, presidente do Cofen, diz que o projeto aprovado na quarte-feira, 8, mantém pontos confusos. Ele diz, por exemplo, que a nova versão atribui como atividade exclusiva dos médicos a prescrição de remédios no Programa Saúde da Família (PSF). “Hoje, os enfermeiros do programa já prescrevem medicamentos para tuberculose, hanseníase, hipertensão e diabete, seguindo o protocolo do Ministério da Saúde. Se não puderem mais fazer isso, será um prejuízo para a população que é atendida pelo SUS”, avalia.
Humberto Verena, presidente do Conselho Federal de Psicologia, diz que o projeto restringe a atuação dos psicólogos, impede-os de fazer diagnósticos de depressão ou outros transtornos e também os impede de prescrever terapias. “Quando você puxa para o médico o diagnóstico e a indicação terapêutica, você dá um golpe no trabalho em equipe. Os outros profissionais ficam satélites da opinião do médico.”
Para Silva, do Cofen, da forma como está, o projeto vai contra uma tendência mundial de atendimento de saúde multidisciplinar. “Querem centralizar tudo na figura do médico por puro corporativismo”, afirmou.
Roberto d’Avila, presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), diz que o projeto apenas formaliza o papel do médico: fazer diagnóstico e tratar doenças. “Isso é o senso comum. Vamos continuar fazendo o que fazemos. Não há subordinação.”
Sobre a ação de enfermeiros no PSF, d’Avila diz que eles podem apenas repetir a receita médica em casos de controle, para evitar que o paciente tenha de ir ao médico todo mês, mas nunca diagnosticar e prescrever por conta. “Os enfermeiros querem assumir a atenção básica, e isso é um absurdo”, diz.
Sobre o fato de psicólogos poderem diagnosticar depressão, d’Avila diz que, para isso, eles precisariam estudar psiquiatria. “Como tratarão neuroses, esquizofrenia? Só com papo e conversa? De jeito nenhum. Essas doenças são causadas por deficiências bioquímicas, e os pacientes precisam de medicamentos.”
→ Fonte: Gazeta


Problemas mentais de familiares podem moldar seus interesses.

Você gosta mais de português ou matemática? A resposta que você der pode ter ligação com os problemas mentais que existem em sua família. Um irmão com autismo ou uma avó com depressão podem ajudar a determinar quais são os assuntos pelos quais você se interessa intelectualmente, de acordo com um novo estudo que relacionou histórico psiquiátrico familiar e interesses intelectuais.
Uma recente pesquisa foi feita com 1.077 calouros da Universidade de Princeton, nos EUA, e mostrou uma influência genética nos interesses pessoais de jovens. Por exemplo, estudantes que planejavam estudar ciências humanas foram duas vezes mais propensos a relatar um membro da família com transtorno de humor, depressão ou vícios em substâncias. Estudantes de cursos de tecnologia, por outro lado, eram três vezes mais propensos a ter um irmão com autismo.
Os resultados são preliminares e baseados em relatos, portanto os pesquisadores não podem dizer ao certo por que essas relações existem. Mas de acordo com o pesquisador Sam Wang, professor de biologia molecular e neurociência na Universidade de Princeton, os dados são consistentes com a ideia de que os interesses são parcialmente hereditários.
Durante as últimas décadas, vários pesquisadores descobriram que em certas pessoas e seus familiares, transtornos de humor ou comportamento estão associados com carreiras relacionadas com a escrita e humanidades, enquanto condições relacionadas ao autismo apresentam uma ligação similar com carreiras científicas e técnicas.
Essas ligações são facilmente identificadas ao longo da história. Casos de poetas que lutaram contra a depressão são abundantes, e o próprio Aristóteles teria dito que pessoas com interesses em filosofia, política, poesia e artes tem tendências à melancolia.
Mais recentemente, laços entre autismo e tecnologia também existem aos montes. No Vale do Silício, por exemplo, personalidades da tecnologia e o transtorno de Asperger andam de mãos dadas. Em vários estudos da Universidade de Cambridge foi descoberto uma maior prevalência de transtornos de autismo em famílias de engenheiros e matemáticos.
É claro que isso não quer dizer que todos que gostam de programação de computador têm espectro do autismo ou que um pai bipolar vai ter um grande poeta como filho. Mas essa não é a primeira pesquisa a encontrar ligações entre doenças hereditárias e interesses intelectuais.
“Todo mundo tem interesses individuais específicos que resultam de experiências na vida, mas esses interesses surgem de um ponto de partida genético”, disse Wang. “Isso não significa que os nossos genes determinam nosso destino. Significa apenas que os nossos genes nos lançam por um caminho na vida, levando a maioria das pessoas a perseguir interesses específicos e, em casos extremos, levando outros para transtornos psiquiátricos”.
→ Fonte: livescience.com


Depressão e ansiedade resistente: será bipolaridade?

Um dos mais antigos e ainda vigentes debates da psiquiatria trata da distinção e da separação entre depressão maior e transtorno bipolar. Essa distinção teve suporte em manuais diagnósticos recentes, mas, por outro lado, uma série de pesquisas atuais aponta uma constante entre esses diagnósticos. O transtorno bipolar do tipo II, com hipomania e ausência de mania plena, pode ser considerado um diagnóstico intermediário entre o tipo I e a depressão maior, ainda mais por haver uma grande predominância de sintomas depressivos em relação aos sintomas hipomaníacos.

Por causa dessa ascendência de sintomas depressivos, ocorrem quadros de bipolaridade não reconhecidos, muitas vezes ao longo de anos de tratamento. Enquanto não for diagnosticado como parte do espectro bipolar, tais pacientes com bipolaridade “leve” freqüentemente serão considerados portadores de depressão ou ansiedade resistente ou refratário ao tratamento. A avaliação clínica minuciosa sobre o curso, os sintomas, a história familiar e a resposta farmacológica auxilia a revelar a bipolaridade nesses pacientes. Por exemplo, na série consecutiva de 563 pacientes com sintomas depressivos avaliados na prática privada, 56,8% possuíam diagnóstico de bipolaridade. A noção de que os tipos de transtornos de humor são entidades categóricas independentes e separadas tem sido questionada por uma série de estudos recentes.

As características e os achados que favorecem a concepção de uma constante nos transtornos de humor, principalmente entre o transtorno bipolar do tipo II e a depressão maior, são:

  • a presença de episódios mistos e disfóricos, em que há uma concomitância de sintomas de polaridades opostas;
  • história familiar comum ou cruzada, na qual a depressão maior também é muito freqüente em familiares de bipolares e vice-versa em menor grau;
  • ausência de uma “zona de raridade” entre os transtornos;
  • há casos de depressão maior sem hipomanias claras, mas com várias características mais comuns à bipolaridade, como estados mistos, início precoce, características atípicas (hipersonia, hiperfagia, sensação de corpo pesado, co-hipersensibilidade interpessoal), história familiar de bipolaridade, irritabilidade, pensamentos rápidos ou que não desligam e agitação psicomotora;
  • alta taxa de virada ou de mudança no diagnóstico para a bipolaridade no acompanhamento de longo prazo;
  • casos de depressão sem hipomanias claras, mas com cursos cíclicos semelhantes;
  • resposta terapêutica a estabilizadores de humor em uma parcela de pacientes com depressão refratária;
  • resposta a antidepressivos em uma fração de pacientes com transtorno bipolar.

A impossibilidade de traçar uma linha divisória clara entre o transtorno bipolar e a depressão maior não signifi ca, contudo, que sejam quadros semelhantes ou com a mesma base biológica. Ou seja, um modelo contínuo não é sinônimo de um modelo unitário, no qual todos os quadros de humor fariam parte da mesma diátese. Por exemplo, um paciente bipolar com predominância de episódios e sintomas maníacos pode ser radicalmente diferente de um paciente com depressão maior em comorbidade com fobia social. Além desses fatores, a difi culdade diagnóstica aumenta, pois muitos pacientes com sintomas depressivos não reconhecem ou percebem a hipomania como um estado patológico. Portanto, não relatam fases hipomaníacas de forma espontânea, e mesmo os clínicos muitas vezes deixam de investigar a hipomania direta e sufi cientemente. Com freqüência, esta só é descoberta a partir de perguntas mais sutis e pela avaliação caso a caso de situações suspeitas. Em parte, a dificuldade da clara detecção da hipomania se deve ao fato de ela apresentar uma estrutura dimensional em vez de categórica.

A maior ênfase em sintomas de ativação e o menor destaque no critério de duração dos sintomas auxiliam na detecção de casos de bipolaridade menos típicos, muitas vezes tidos como refratários a vários tratamentos farmacológicos à base de antidepressivos. A partir da avaliação retrospectiva de hipomania, a exigência de quatro dias de hipomania, como proposto pelo DSM-IV, faz com que um de cada três pacientes com transtorno bipolar do tipo II seja classifi cado equivocadamente como portador de depressão maior unipolar.

A detecção da hipomania ainda é o requisito para considerar que um paciente faça parte do espectro bipolar. Apesar de haver pacientes ciclotímicos com depressão recorrente sem hipomania clara – que provavelmente fazem parte da diátese bipolar –, a presença de hipomania é altamente específica para a bipolaridade. A mania e a hipomania são formadas por sintomas e características comportamentais que podem ser divididos em dois fatores ou grupos principais: sintomas de “ativação/euforia” e sintomas de “irritabilidade e excessos”. Os sintomas de “ativação e euforia” são particularmente negligenciados como patológicos pelos pacientes.

Comparando pacientes bipolares dos tipos I e II, não há diferenças marcantes na distribuição desses sintomas entre a mania completa e a hipomania.

Pacientes com sintomas de ansiedade proeminentes classicamente eram tratados com benzodiazepínicos e, mais recentemente, com antidepressivos, em particular os serotonérgicos. No entanto, os quadros de depressão com ansiedade também ocorrem com freqüência em pacientes do espectro bipolar.

Muitas vezes, esses pacientes apresentam um quadro misto de humor com predominância depressiva (sintomas depressivos e três sintomas de hipomania concomitantes). A presença de alguns sintomas específi cos favorece a detecção de pacientes em episódio depressivo misto:

  • irritabilidade tem boa sensibilidade e especificidade;
  • distratibilidade e profusão de pensamentos têm alta sensibilidade e baixa especificidade;
  • agitação psicomotora e taquilalia têm alta especificidade, mas baixa sensibilidade.

Ou seja, pacientes que se apresentam com queixas depressivas proeminentes associadas a irritabilidade, agitação psicomotora, pensamentos que não desligam e/ou taquilalia estão provavelmente em um estado misto, e não em um estado depressivo puro. Nesses casos, é recomendado o uso de estabilizadores de humor.

Por Dr. Diogo Lara, M.D., Ph.D.*
A íntegra do artigo pode ser lida aqui.

* Dr Diogo Lara é Professor de psiquiatria da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na área de neuropsicofarmacologia, autor do livro Temperamento forte e bipolaridade: dominando os altos e baixos do humor (www.bipolaridade.com.br).


Iniciativas da Prefeitura do Rio para a Terceira Idade.

A Secretaria de Envelhecimento Saudável e Qualidade de Vida (SESQV) é o órgão municipal responsável pelas políticas públicas voltadas para a terceira idade.

A missão é implementar e promover políticas públicas, proporcionando qualidade de vida ao idoso da cidade do Rio de Janeiro.

O objetivo é promover a qualidade de vida, disseminar os hábitos saudáveis e melhorar a condição de vida da população da terceira idade.

Objetivos Específicos
• Atender às necessidades dos idosos previstas no Estatuto do Idoso.
• Instituir políticas públicas voltadas à construção de uma cultura de hábitos saudáveis.
• Articular, de maneira transversal, políticas públicas que promovam a qualidade de vida, principalmente do idoso carioca.

Abaixo relacionamos os principais programas que a Secretaria oferece:

Qualivida
Aulas gratuitas de ginástica em 120 núcleos espalhados pela cidade. As atividades são ministradas por um professor de educação física, com apoio de um profissional de saúde, e acontecem todos os dias, das 7h às 9h da manhã. Os principais objetivos são proporcionar à população de terceira idade a manutenção do vigor e da autonomia físicos, reintegração social e melhora na qualidade de vida.

Casas de Convivência e Lazer para Idosos
Referência no que diz respeito à inclusão social de idosos no município. As atividades desenvolvidas nas Casas de Convivência e Lazer, de forma totalmente gratuita, geram impacto direto na promoção da saúde física e emocional dos freqüentadores. São seis espaços em funcionamento, nos bairros da Gávea, São Conrado, Tijuca, Lagoa, Botafogo e Penha, que proporcionam um convívio saudável e prazeroso ao idoso, procurando reproduzir do modo mais fidedigno possível um ambiente familiar. Algumas das aulas das quais os usuários podem participar são: dança de salão, artesanato, tai chi chuan, inglês, francês, desenho, alongamento, ginástica localizada, percussão, entre muitas outras atividades lúdicas, esportivas e informativas. As Casas funcionam todos os dias, das 8h às 18h.

Academias da Terceira Idade (ATIs)
A primeira academia foi instalada, em agosto de 2009, na Praça Serzedelo Correia, no coração de Copacabana. Hoje, já existem outras 39 unidades em funcionamento, em diversos bairros: Leme, Urca, Flamengo, Botafogo (2), Largo do Machado, Cavalcanti, Glória, Anchieta, Penha, Ilha do Governador, Tijuca, Vila Isabel, Inhoaíba, Campinho, Méier, Bangu (2), Praça Seca, Merck, Copacabana, Ipanema, Grajaú, Leblon, Bairro Peixoto, Barra da Tijuca, Vigário Geral e Campo Grande. São composta por 10 aparelhos que permitem o desenvolvimento de exercícios de força e flexibilidade, atendendo diretamente às necessidade dos idosos. Aulas, supervisionadas por um profissional de educação física, acontecem, diariamente, das 7h às 10h e das 16h às 19h. Em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil (SMSDC), a SESQV também mantém ATIs em postos de saúde e em clínicas da família por toda a cidade.

Saúde Móvel
Promover a saúde e reduzir riscos de contaminação por doenças associadas ao envelhecimento, diminuindo as chances de dependência do idoso. Essa é a proposta deste projeto, que amplia o acesso daqueles com mais de 60 anos, prioritariamente os com dificuldades de locomoção, aos serviços de saúde oferecidos pelo governo municipal.

Veículos adaptados para funcionar como mini-consultórios médicos visitam os mais diversos bairros e comunidades, de forma intinerante, com profissionais especializados e toda a infra-estrutura necessária para a realização de consultas, exames e pequenos procedimentos, nas seguintes áreas: clínica médica, geriatria, oftalmologia e odontologia.

Mais informações acesse o site do SESQV


Ler livros e fazer quebra-cabeças reduz proteína relacionada com Alzheimer.

As pessoas que mantêm o cérebro ativo durante toda a vida com atividades cognitivamente estimulantes como leitura, escrita e jogos têm menores níveis de proteína beta amiloide, vinculada com o Mal de Alzheimer, indicou um estudo publicado na edição digital da revista "Archives of Neurology".

A proteína em questão forma placas senis no cérebro dos pacientes com Alzheimer ao concentrar-se e afetar a transmissão entre as células nervosas do cérebro.

Embora estudos anteriores já tenham sugerido que realizar atividades mentais poderia contribuir para evitar o Alzheimer na idade adulta, esta nova pesquisa identifica o fator biológico, o que pode ajudar a desenvolver novas estratégias para os tratamentos.
"Mais que simplesmente proporcionar resistência ao Mal de Alzheimer, as atividades de estímulo do cérebro podem afetar um processo patológico primário da doença", indicou um dos principais envolvidos no estudo, William Jagust, professor do Instituto de Neurociência da Universidade da Califórnia.

Isto indicaria que o tratamento cognitivo "pode ter um importante efeito 'modificador' da doença se forem aplicados os benefícios do tratamento com suficiente adiantamento, antes que apareçam os sintomas", explicou.

O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que afeta principalmente os adultos de idade avançada. Seu principal sintoma é a perda de memória, que tem como consequência a demência.

Os pesquisadores pediram a 65 adultos sãos, cognitivamente normais e maiores de 60 anos, que indicassem a frequência com a qual participaram de atividades mentais como ler livros e jornais e escrever cartas ou e-mails.
As perguntas foram focadas em vários pontos da vida desde os 6 anos até a atualidade.

Os participantes fizeram testes neuropsicológicos amplos para avaliar sua memória e outras funções cognitivas, além de terem se submetido a scanners cerebrais e a um exame desenvolvido no Laboratório de Berkeley a fim de visualizar as proteínas beta amiloides.
Os pesquisadores compararam os resultados dos indivíduos sãos com os de 10 pacientes diagnosticados com Alzheimer e os de 11 pessoas sãs de 20 anos, descobrindo uma associação significativa entre os níveis mais altos da atividade cognitiva durante toda a vida e níveis baixos da proteína.

"Esta é a primeira vez em que o nível de atividade cognitiva se relaciona com a acumulação de beta amiloide no cérebro", assinalou Susan Landau, pesquisadora do Instituto de Neurociência Helen Wills e do Laboratório de Berkeley (Califórnia).
"A acumulação dessas proteínas provavelmente começa muitos anos antes do aparecimento dos sintomas. O início da intervenção pode ser muito antes, e é por isso que estamos tentando identificar se os fatores de estilo de vida podem estar relacionados com as primeiras mudanças", explicou Susan.

Fonte: Estadão.com.br


Ações na justiça para garantir medicação pelo governo.

A Constituição Brasileira garante a universalidade da prestação de serviços de saúde, dentre eles que o Estado forneça medicamentos para o tratamento das doenças da população, garantindo direito e acesso iguais a todos os cidadãos.

No artigo intitulado "Da Falta de Efetividade à Judicialização Excessiva: Direito à Saúde, Fornecimento Gratuito de Medicamentos e Parâmetros para a Atuação Judicial” o Procurador do Estado do Rio de Janeiro e Professor titular de direito constitucional da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, Dr. Luis Roberto Barroso, faz uma análise crítica do papel do Judiciário, que “deve guardar parcimônia e, sobretudo, deve procurar respeitar o conjunto de opções legislativas e administrativas formuladas acerca da matéria pelos órgãos institucionais competentes. Em suma: onde não haja lei ou ação administrativa implementando a Constituição, deve o Judiciário agir. Havendo lei e atos administrativos, e não sendo devidamente cumpridos, devem os juízes e tribunais igualmente intervir. Porém, havendo lei e atos administrativos implementando a Constituição e sendo regularmente aplicados, eventual interferência judicial deve ter a marca da autocontenção.”

Abaixo destacamos alguns trechos do artigo que permitem compreender como a Constituição, Leis e Portarias do Ministério da Saúde abordam a questão.

“A Constituição Federal estabelece, no art. 196, que a saúde é “direito de todos e dever do Estado”, além de instituir o “acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. A partir da Constituição Federal de 1988, a prestação do serviço público de saúde não mais estaria restrita aos trabalhadores inseridos no mercado formal. Todos os brasileiros, independentemente de vínculo empregatício, passaram a ser titulares do direito à saúde.

Logo após a entrada em vigor da Constituição Federal, em setembro de 1990, foi aprovada a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/90). A lei estabelece a estrutura e o modelo operacional do SUS, propondo a sua forma de organização e de funcionamento. O SUS é concebido como o conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração direta e indireta. A iniciativa privada poderá participar do SUS em caráter complementar. Entre as principais atribuições do SUS, está a “formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção”.

No que toca particularmente à distribuição de medicamentos, a competência de União, Estados e Municípios não está explicitada nem na Constituição nem na Lei. A definição de critérios para a repartição de competências é apenas esboçada em inúmeros atos administrativos federais, estaduais e municipais, sendo o principal deles a Portaria nº 3.916/98, do Ministério da Saúde, que estabelece a Política Nacional de Medicamentos. De forma simplificada, os diferentes níveis federativos, em colaboração, elaboram listas de medicamentos que serão adquiridos e fornecidos à população.

Com efeito, ao gestor federal caberá a formulação da Política Nacional de Medicamentos, o que envolve, além do auxílio aos gestores estaduais e municipais, a elaboração da Relação Nacional de Medicamento (RENAME). Ao Município, por seu turno, cabe definir a relação municipal de medicamentos essenciais, com base na RENAME, e executar a assistência farmacêutica. O propósito prioritário da atuação municipal é assegurar o suprimento de medicamentos destinados à atenção básica à saúde, além de outros medicamentos essenciais que estejam definidos no Plano Municipal de Saúde. O Município do Rio de Janeiro, por exemplo, estabeleceu, através da Resolução SMS nº 1.048, de março de 2004, a Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME), instrumento técniconormativo que reúne todo o elenco de medicamentos padronizados usados pela Secretaria Municipal de Saúde.

A União em parceria com os Estados e o Distrito Federal ocupa-se sobretudo da aquisição e distribuição dos medicamentos de caráter excepcional, conforme disposto nas Portarias nº 2.577/GM, de 27 de outubro de 2006, e nº 1.321, de 5 de junho de 2007. Assim, ao gestor estadual caberá definir o elenco de medicamentos que serão adquiridos diretamente pelo Estado, particularmente os de distribuição em caráter excepcional. No caso específico do Estado do Rio de Janeiro, a Secretaria de Estado de Saúde criou Comitê Técnico Operacional, com as funções de adquirir, armazenar e distribuir os medicamentos de competência estadual (Resolução SES nº 2.471, de 20 de julho de 2004). Além disso, criou também o Colegiado Gestor da Política Estadual de Medicamentos e Assistência Farmacêutica (Resolução SES nº 2.600, de 2 de dezembro de 2004), que tem a função de auxiliar a Secretaria de Estado na gestão da Assistência Farmacêutica. Acrescenta-se ainda que o Governo Estadual possui um programa de assistência farmacêutica denominado Farmácia Popular, que fornece remédios à população a preços módicos.

Os medicamentos de “dispensação” em caráter excepcional são aqueles destinados ao tratamento de patologias específicas, que atingem número limitado de pacientes, e que apresentam alto custo, seja em razão do seu valor unitário, seja em virtude da utilização por período prolongado. Entre os usuários desses medicamentos estão os transplantados, os portadores de insuficiência renal crônica, de esclerose múltipla, de hepatite viral crônica B e C, de epilepsia, de esquizofrenia refratária e de doenças genéticas como fibrose cística e a doença de Gaucher.”

Diante da dificuldade de Estados e Municípios de garantirem este direito constitucional através dos programas de dispensação de medicamentos, muitas famílias e pacientes têm recorrido ao Judiciário para fazer valer seus direitos.

No tocante à esquizofrenia agrava-se o fato de ser uma doença crônica, que requer o uso contínuo de medicamentos, geralmente de alto custo e que causam um impacto financeiro grande para as famílias no longo prazo.

Soma-se a isto o fato do Ministério da Saúde incluir na lista de medicamentos excepcionais todos os antipsicóticos de segunda geração, disponibilizando regularmente na rede do SUS somente os medicamentos de primeira geração, sabidamente menos eficientes do que os mais modernos.

Portanto, para os pacientes que necessitam de antipsicóticos de segunda geração, a forma de consegui-los pelo Estado é através do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Portaria 2981), através das guias LME. Em alguns Estados, entretanto, o acesso ao programa é facultado somente aos pacientes que se tratam na rede do SUS, provocando muitas ações judiciais por parte de pacientes que se tratam na rede privada, mas que também não teriam como arcar com os custos dos medicamentos mais modernos.

Devido ao aumento da demanda por antipsicóticos de segunda geração tem havido em muitos Estados dificuldades no cadastramento de novos pacientes e irregularidades na dispensação de medicamentos, aumentando ainda mais a procura pelo Judiciário.

Uma forma de corrigir este problema seria rever os antipsicóticos da lista de medicamentos básicos e essenciais, incluindo os de segunda geração cuja patente expirou e para os quais já existem genéricos, desburocratizar e ampliar o acesso aos medicamentos excepcionais de maior custo para todos os pacientes.

A tendência mundial é que todos os pacientes com esquizofrenia sejam medicados com antipsicóticos de segunda geração, por serem mais bem tolerados, tratarem melhor os sintomas negativos e cognitivos, considerados sintomas crônicos da esquizofrenia, terem menor risco de discinesia tardia e aumentarem as chances de recuperação da doença.


Austrália testa spray bucal para tratar dependência à maconha

Pesquisadores na Austrália começaram a testar um spray bucal que contém substâncias derivadas da cannabis para combater a dependência à maconha e diminuir os efeitos da síndrome de abstinência, que provoca insônia e mudanças de humor, entre outros sintomas.
Os experimento com o fármaco Sativex, originalmente utilizado em tratamentos contra a esclerose múltipla, serão realizados em Sydney e na vizinha Newcastle.
A diretora do Centro Nacional de Prevenção e Informação sobre Maconha, Jan Copeland, disse à emissora de TV local ABC que o spray é um produto elaborado a partir de um extrato retirado da própria cannabis. A terapia é semelhante à aplicada contra o tabagismo, na qual se substitui a nicotina.
O spray bucal tem dose mínimas do princípio ativo THC (tetrahidrocanabinol) para evitar que o paciente fique narcotizado e, ao mesmo tempo, ajudar a reduzir o consumo de maconha.
Também tem grandes doses de ácidos carboxílicos que colaboram com a redução da ansiedade e tem efeitos antipsicóticos.
Cerca de 200 mil pessoas fumam maconha na Austrália, que tem uma população de 22,3 milhões de pessoas.
Austrália e Nova Zelândia são os países com a maior taxa de consumo de maconha e anfetamina no mundo, segundo um estudo publicado recentemente na revista médica "The Lancet".
Fonte: http://www.correiodoestado.com.br/noticias/australia-testa-spray-bucal-para-tratar-dependencia-a-maconh_137909/


Pesquisa diz que maus-tratos na infância alteram genes do estresse em adultos.

Uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade e do Hospital de Genebra descobriu que os maus-tratos na infância modificam a regulação dos genes que controlam o estresse na vida adulta, o que pode provocar o desenvolvimento de várias patologias.
Do estudo, participaram 101 adultos, todos eles vítimas de transtorno de personalidade limítrofe, também conhecido como "borderline".
A equipe de cientistas observou uma porcentagem significativamente superior de modificação genética no DNA de indivíduos que sofreram maus tratos, abuso físico, sexual, emocional ou carência afetiva em relação aos que não sofreram tais situações. As conclusões, publicadas na revista especializada "Translational Psychiatry", apontam que o estresse gerado por abusos provoca uma modificação epigenética do gene receptor de glucocorticóide que atua sobre o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal.
Este eixo regula o controle de estricção, segundo a equipe da Faculdade de Medicina da Universidade de Genebra e dos Hospitais Universitários de Genebra. Quando esse eixo se altera pode perturbar a gestão do estresse na idade adulta e causar o desenvolvimento de psicopatologias.
Os pesquisadores ressaltaram que se os voluntários tivessem sofrido o impacto de outros traumas violentos, como uma catástrofe natural ou um acidente aéreo, os resultados seriam semelhantes.
Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,pesquisa-diz-que-maus-tratos-na-infancia-alteram-genes-do-estresse-em-adultos,822227,0.htm


Capacidade cognitiva começa a diminuir a partir dos 45 anos.

As capacidades cognitivas do homem começariam a declinar a partir dos 45 anos, muito antes dos 60 anos como se acredita de maneira geral, segundo um estudo do Inserm (Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica) francês e da University College de Londres publicado no "British Medical Journal".
Apesar de estar claro que o rendimento cognitivo diminui com a idade, a data de início da queda gera controvérsia.
Estudos recentes descartaram que o fenômeno pudesse começar antes dos 60 anos, segundo o Inserm.
Uma série de testes de memória, vocabulário, raciocínio e expressão oral foram realizados com 5.198 homens e 2.192 mulheres de 45 a 70 anos, dentro de um estudo mais amplo, denominado "coorte Whitehall 2", baseado em dez anos de acompanhamento médico e em exames individuais.
"Os resultados mostram que o rendimento cognitivo [com exceção dos testes de vocabulário] diminui com a idade e isto cada vez mais rapidamente na medida que as pessoas envelhecem", destaca o Inserm.
Em dez anos, o rendimento de raciocínio caiu 3,6% para os homens de 45 a 49 anos e 9,6% para os de 65 a 70 anos.
No caso das mulheres, a queda é a mesma (-3,6%) para o primeiro grupo etário e menos considerável (-7,4%) para as mulheres de 65 a 70 anos.
Para Archana Singh-Manoux, que coordenou a equipe do Inserm, "é importante determinar a idade de início do declínio cognitivo, já que possivelmente é mais eficaz atuar desde o começo, em particular com medicamentos, para mudar a trajetória do envelhecimento cognitivo".


Consertar um 'defeito' em células cerebrais pode curar a esquizofrenia

Cientistas americanos descobriram que o mau funcionamento de um processo celular no cérebro está intimamente relacionado à esquizofrenia, doença mental que causa alucinações e pode impossibilitar o convívio social dos pacientes. Segundo o estudo, que foi publicado na versão online da revista Translational Psychiatry, drogas que já estão em estágio final de desenvolvimento, voltadas ao tratamento de outras doenças, podem ajudar a bloquear os sintomas da esquizofrenia.

O problema, segundo pesquisadores do Instituto de Pesquisas Scripps, na Califórnia, nos Estados Unidos, está no DNA dos doentes, embora a doença não seja genética. A espiral que contém o código genético está ‘muito apertada’ nas células de quem tem esquizofrenia, segundo os cientistas. Trata-se de um defeito epigenético. Isso quer dizer que o DNA não foi alterado, mas funciona de forma errada.

Uma estrutura de proteínas chamada histona dá ao DNA o aspecto espiralado. “Há tanto DNA em cada célula do corpo que ele nunca poderia caber nelas a menos que fosse bem embalado”, explica Elizabeth Thomas, neurocientista que liderou o estudo. As histonas passam por mudanças químicas para relaxar e apertar o espiral e expor ou não genes que precisam ser utilizados.

Se genes que deveriam ser expostos não são, o organismo sofre consequências como as doenças de Parkinson e Huntington ou predisposição para o vício em drogas.

Relaxamento — A equipe de Thomas estava estudando o papel da acetilação das histonas, como é chamado o relaxamento no jargão científico, na doença de Huntington, um mal degenerativo que afeta as capacidades mentais e motoras. Em estudos anteriores, eles haviam mostrado que certos genes em doentes de Huntington e esquizofrênicos eram muito menos ativos do que em pessoas saudáveis. Então os cientistas resolveram pesquisar se o mesmo processo desencadeava as duas doenças.

Eles pesquisaram cérebros de esquizofrênicos e de pessoas saudáveis após sua morte. Em comparação com cérebros saudáveis, as amostras do cérebro de indivíduos com esquizofrenia apresentaram níveis mais baixos de acetilação em porções da histona, o que bloqueou a expressão de certos genes. Em outras palavras, o DNA nessas pessoas estava mais “apertado”. Nos cérebros de vítimas jovens de esquizofrenia, o problema era bem mais acentuado.

Tratamento — Os pesquisadores não sabem o que causa o defeito na acetilação, mas podem conseguir reverter o problema. É o objetivo de drogas que estão em fase final de desenvolvimento em vários laboratórios pelo mundo. Sua aplicação poderá curar a esquizofrenia, sobretudo em pacientes jovens, segundo Thomas. As drogas que existem atualmente tratam apenas de seus sintomas e provocam efeitos colaterais severos, como a diabetes.

As possibilidades podem ser ainda maiores, porque alguns dos déficits cognitivos que afligem os idosos parecem ser bastante similares biologicamente com a esquizofrenia. Os medicamentos devem começar a ser testados em humanos em breve, mas geralmente são necessários vários anos para sua aprovação pelos órgãos de controle governamentais.

→ Fonte: Revista Veja


Fatores de risco do derrame também favorecem declínio mental

Um estudo publicado na revista Neurology, da American Academy of Neurology, mostrou que quanto maior for o risco de uma pessoa sofrer de um acidente vascular cerebral (AVC), mais chances ela tem de sofrer de declínio mental. A análise foi liderada por pesquisadores da Indiana University School of Medicine, nos Estados Unidos.
Mais de 23 mil pessoas de, no mínimo, 45 anos foram acompanhadas durante quatro anos. Neste período, 1.907 delas apresentaram comprometimento cognitivo ao longo do estudo. Os resultados mostraram que fatores de risco do derrame, como pressão alta, diabetes, tabagismo, idade avançada e doenças cardiovasculares, também eram indicadores de uma maior propensão ao comprometimento cognitivo.
Assim, a cada aumento de 10 milímetros na pressão arterial sistólica, o risco de declínio mental aumentava em 4%. Além disso, a cada década, o risco de declínio mental dobrava, resultado similar aos da probabilidade de se ter um AVC.
Segundo os pesquisadores, a descoberta é um alerta para que as pessoas façam exames periódicos para que seja possível o diagnóstico e o tratamento precoce da pressão alta, manutenção fundamental para a preservação do cérebro.
Fumo passivo também prejudica a saúde mental
A exposição à fumaça do cigarro pode aumentar os riscos de uma doença psiquiátrica, mesmo entre aqueles que não fumam, segundo um estudo da University College London, no Reino Unido.
Avaliando os níveis de cotinina na saliva, substância indicadora de exposição ao fumo, de 5,5 mil não fumantes e 2,7 mil fumantes sem histórico de doenças mentais, os especialistas descobriram que uma maior exposição ao cigarro estava associada a 50% mais chances de relatar sofrimento psicológico. Os riscos de desenvolver, futuramente, doença psicológica também aumentavam devido à maior exposição ao cigarro, seja ela direta ou indireta.
Os pesquisadores disseram que, com os grandes avanços em relação as leis de restrição do tabagismo em locais públicos, a exposição ao fumo passivo em casa está crescendo. E o novo estudo, publicado na revista Archives of General Psychiatry, indica que, além dos péssimos efeitos físicos do tabagismo no organismo, deve haver uma maior preocupação com a saúde mental daqueles que convivem com fumantes.
→ Fonte: R7


Estigma e violência.

O estigma é a carga mais pesada que uma pessoa com doença mental carrega. O estigma afeta oportunidades de moradia, emprego e socialização. Apesar dos esforços em seu combate, permanecem pouco explorados os motivos que levam a ele.

Uma constatação inicial é de que o estigma contra as pessoas com doenças mentais aumentou nos últimos 50 anos. Pesquisadores norte-americanos compararam as concepções da população geral sobre a doença mental nos anos de 1950 e 1996 e verificaram que, apesar de uma maior compreensão em 1996, as pessoas tinham mais preconceito do que em 1950. Quando eles compararam com a situação de 2006, viram que os avanços da ciência que fizeram da década de 90 a “década do cérebro” ajudaram a reduzir a discriminação, porém o estigma continuava alto entre os americanos. Embora a neurociência seja uma ferramenta importante para o combate ao estigma, os índices de discriminação permanecem relativamente fixos na população.

Uma razão para isso parece ser a associação entre doença mental e violência. Os estudos que mostraram um aumento do estigma também identificaram um aumento na percepção da violência de doentes mentais pela população. Surpreendentemente esta não parece ser a razão para o estigma na década de 50, já que os estudos demonstraram que a principal razão para a discriminação nesta época era a falta de informação e não a sensação de perigo em relação aos pacientes.

Reportagens de jornais relacionando crimes a doentes mentais têm aumentado muito nas ultimas décadas e isto contribuiu para alimentar esta sensação na sociedade. A associação entre um crime de grande repercussão e a doença mental produz um rótulo muito forte nas pessoas e destrói todos os avanços que uma campanha anti-estigma de uma década poderia alcançar, constatam alguns pesquisadores.

Os episódios de violência cometidos por pessoas mentalmente enfermas são raros quando comparados à violência cotidiana, porém quando ocorrem tem uma repercussão muito maior. O comportamento agressivo pode ocorrer no início de um episódio psicótico e normalmente está associado à falta de tratamento e suporte psicossocial.

Um estudo com 802 pacientes mostrou que os violentos tinham quase duas vezes mais chance de não terem aderido ao tratamento do que os não violentos. Vários estudos confirmaram que o tratamento com antipsicóticos reduz o comportamento agressivo nos pacientes. O reconhecimento e o tratamento precoce dos pacientes podem ser, portanto, medidas úteis tanto para reduzir os casos de violência associados à doença mental como para combater o estigma na sociedade.

Campanhas anti-estigma têm repetido sistematicamente constatações verdadeiras de que “a maior parte dos atos violentos não são cometidos por pessoas mentalmente enfermas”, “pacientes são mais vítimas do que atores de algum tipo de violência” e “a maioria dos pacientes não é violenta”, porém esta estratégia não tem sido eficaz para reduzir o estigma na população. Estas afirmações não contradizem ou negam o fato de que uma minoria dos pacientes pode se tornar violenta se não for tratada e esta minoria é uma causa importante do estigma contra os doentes mentais.

Após a deputada Gabrielle Gifford ser baleada em Tucson, Arizona, por um homem que saiu atirando a esmo, uma mulher esquizofrênica escreveu para o presidente Obama: “Eu estou muito preocupada com o problema das pessoas com doença mental grave que não são tratadas neste país. Quando violentas, elas mancham a nossa reputação. Eu sinto isto na pele… Por favor, cuide para que tragédias como esta não se repitam.”

No Brasil, o assassinato de 12 crianças numa escola em Realengo, no Rio de Janeiro, e a conclusão infundada e precipitadamente divulgada pela mídia de que o assassino seria esquizofrênico causou reação semelhante. O portal recebeu algumas mensagens de pacientes e familiares, alguns repudiando o diagnóstico do assassino e outros preocupados com o efeito que o episódio teria sobre o estigma contra os doentes mentais.

O Jornal O Globo traz uma reportagem de capa em que afirma que peritos concluíram que o atirador Anders Breivik, que matou 77 pessoas na Noruega em julho deste ano, seria esquizofrênico.

O Estado precisa cuidar dessas pessoas que estão em risco, oferecer apoio e tratamento antecipando-se a possíveis tragédias. Seria uma maneira de prevenir que crimes cometidos por pessoas mentalmente doentes ocorram e ganhem a mídia. Dificilmente campanhas anti-estigma terão sucesso diante do efeito que notícias como estas têm sobre as pessoas.

→ Fonte: este texto foi baseado no artigo publicado na revista Schizophrenia Bulletin “Stigma and Violence: Isn´t it time to connect the dots?” por E. Fuller Torrey em setembro de 2011.


Enxaqueca pode aumentar o risco de depressão.

Pessoas que sofrem com dores de cabeça muito fortes correm mais riscos de desenvolver depressão clínica, sugere um novo estudo, realizado por especialistas do Canadá. A pesquisa, publicada na revista Headache (dor de cabeça em português), ainda sugere que as pessoas com depressão clínica também têm grandes chances de ter enxaqueca. De acordo com os pesquisadores, porém, essa segunda descoberta pode ter sido feita ao acaso.

Para a líder da equipe, Geeta Modgill, da Universidade de Calgary, aqueles que sofrem de enxaqueca e depressão precisam conhecer os sinais de ambos os males, já que sofrer de um deles pode significar vir a ter o outro.

Enxaquecas são dores de cabeça latejantes, às vezes em apenas um lado da cabeça, que podem vir acompanhadas de náuseas e sensibilidade à luz. Às vezes, elas podem ser precedidas de perturbações visuais conhecidas como 'auras'. Depressão é um transtorno mental grave definida por um conjunto de sintomas que podem incluir a tristeza, a insônia, a fadiga e dormência emocional.

Para realizar esse novo estudo, a equipe de Modgil utilizou dados da Pesquisa Nacional de Saúde da População Canadense, que avaliou mais de 15 mil pessoas, a cada dois anos, entre 1994 e 2007. No geral, cerca de 15% delas tiveram depressão e cerca de 12% sofreram enxaquecas ao longo desses 12 anos.

Casos de depressão foram significativamente mais comuns entre as pessoas que apresentaram enxaqueca no início do estudo - 22% dos pacientes com enxaqueca também tinham depressão, versus 14,6% daqueles que não tinham a doença.

Esse fato mostrou que pessoas com enxaqueca têm 80% mais probabilidade de desenvolver depressão do que pessoas sem essas dores de cabeça. A ligação também se manteve quando foram analisadas outras influências, como idade e sexo.

Pessoas com depressão também mostraram ter 40% mais probabilidade de desenvolver enxaqueca do que os não deprimidos, mas essa relação não era tão forte quanto a primeira. Além disso, a associação desapareceu quando os dados foram ajustados para o estresse e o trauma de infância.

Segundo os pesquisadores, certas situações vividas na infância podem alterar a forma como o cérebro responde ao estresse mais tarde, mas este tipo de estudo não serve para destrinchar os efeitos biológicos. A pesquisa também não pode determinar causa e efeito para o link percebido entre a depressão e a enxaqueca.

Apesar de nenhum mecanismo evidente, Geeta Modgill afirmou que 'algo está acontecendo aqui', merecendo ser estudado. "O próximo passo deve focar em como explorar esta informação e de que forma ela poderá ser usada por médicos", disse a pesquisadora.

Fonte: Jornal Pequeno


Bullying em mensagens de texto se torna mais comum, diz estudo

Cada vez mais crianças norte-americanas afirmam ter sido alvo de ofensas via mensagens de texto, o que inclui ameaças e boatos sobre elas espalhados para terceiros, de acordo com um estudo.
Dos mais de 1,5 mil alunos dos ensinos fundamental e médio pesquisados em 2008, 24% disseram ter sido "atormentados" por mensagens de texto --ante 14% em pesquisa com o mesmo grupo de estudantes um ano antes, de acordo com constatações publicadas pela revista Pediatrics esta semana.
No estudo, ser "atormentado" significa que colegas espalharam boatos sobre eles, fizeram comentários "rudes ou malévolos" ou os ameaçaram.
O bullying propriamente dito, definido como repetidas agressões morais, subiu a 8% dos estudantes pesquisados, ante 6% um ano antes.
Os pesquisadores, liderados por Michele Ybarra, da Internet Solutions for Kids, de San Clemente, Califórnia, disseram à Reuters Health que as constatações sugerem que é preciso dedicar mais atenção às mensagens de texto das crianças, mas que os pais não precisam se alarmar.
"Não é motivo para que eles se sintam incomodados ou decidam tirar os celulares de seus filhos. A maioria das crianças parece estar navegando de modo bastante saudável por essas novas tecnologias", disse ela.
O estudo inclui 1.588 crianças dos 10 aos 15 anos, pesquisadas online inicialmente em 2006. A pesquisa foi repetida em 2007 e 2008, e cerca de três quartos dos participantes originais participaram dos três levantamentos.
O trabalho publicado não informa por que os dados sobre a pesquisa concluída em 2008 só foram divulgados agora.
No que tange a agressões via internet, em contraste com as agressões via mensagem de texto, não houve tanta mudança ao longo do período. Em 2008, 39% dos pesquisados disseram ter sido "atormentados" on-line, e a maioria afirmou que isso aconteceu algumas vezes. Menos de 15% disseram ter sofrido bullying via internet.
Os estudantes agredidos parecem ter conduzido a situação no geral de maneira positiva, o que os pesquisadores dizem ser bom sinal.
Dos estudantes que disseram ter sido ofendidos on-line, 20% disseram ter ficado "muito ou extremamente incomodados" com o mais sério incidente do tipo, o que representa um total inferior aos 25% de 2006.
→ Fonte: Folha de São Paulo


Pesquisa do IPOBE mostra preocupações de cuidadores e familiares de pacientes com esquizofrenia.

Absorção em tempo integral e dedicação exclusiva. Essas são as principais características do cuidado ao paciente com esquizofrenia, conforme apontaram as entrevistas em profundidade com 12 cuidadores na parte qualitativa da pesquisa Ibope realizada pela Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia – ABRE em parceria com o Programa de Esquizofrenia da Unifesp – PROESQ.
Todos associados à ABRE, os cuidadores forneceram longos e emocionados relatos que apontam a esquizofrenia como um distúrbio que afeta a vida pessoal, profissional e os laços conjugais. Também compromete seriamente o lazer dos cuidadores dos pacientes, independente da fase estável ou em recaída.
Além disso, segundo dados da pesquisa, a doença produz forte impacto sobre as finanças da família, já que tanto os pacientes quanto os cuidadores ficam impossibilitados de exercer atividade economicamente ativa. As pessoas de menor renda sofrem mais com a doença, pois possuem menos acesso à informação, tratamentos e instituições, além de maior dificuldade de deslocamentos pela cidade.
Os cuidadores revelaram ainda que até contam com ajuda de outras pessoas (vizinhos, por exemplo), mas a responsabilidade sempre recai sobre eles. Desse modo, a esquizofrenia é percebida como um fardo emocional, um tipo de aprisionamento. “O cuidador é convocado a viver em função do paciente. Não por acaso, vários deles se aposentam.”, afirma José Alberto Orsi, diretor adjunto da ABRE.
Recaída é o problema mais temido
Todos os cuidadores entrevistados pelo Ibope admitiram ter presenciado episódios de recaídas até o momento da entrevista e que isso está relativamente sob controle, mas é um acontecimento não descartado para o futuro. No entanto, o cuidador fica em estado de alerta permanente e a demanda por cuidados aumenta significativamente.
Dois terços dos entrevistados afirmaram que o convívio com amigos ou familiares diminuiu, mas que isso independe das recaídas. Entretanto, praticamente todos disseram que a recaída interfere em suas vidas, principalmente nos relacionamentos.
As recaídas relatadas com sofrimento pelo cuidador tiveram como detonador a interrupção e/ou inadequação do medicamento como primeira causa. Metade dos entrevistados afirmou que a cada recaída o paciente fica sempre do mesmo jeito, ou seja, não são percebidas alterações de intensidade na crise. O que sempre muda é a temática de cada crise. Mas a outra metade indicou que a recaída é responsável pela piora progressiva do quadro da doença.
Entre os sintomas mais comuns durante as recaídas estão: olhar enviesado, alucinações, comportamento antissocial ou bizarro, desconfiança e perseguição, agitação e insônia, delírios, sensações viscerais, agressividade, ameaça, tentativa de suicídio e TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo.
No entanto, os cuidadores revelaram que, durante a recaída, os atos violentos são pouco comuns. Ocorre mais autoagressão do que tentativa de prejudicar alguém e, esses atos foram, em sua maioria, descritos como acontecimentos do passado, em período anterior ao tratamento atual, indicando maior estabilidade do paciente no momento da pesquisa.
Durante a recaída, os cuidadores revelaram adotar vários recursos antes de utilizar a medicação: ouvir o paciente durante horas, se conter, falar muito pouco, não contra-argumentar, não retrucar e não desqualificar as percepções do paciente. É necessário também propor atividades relaxantes e ocupacionais: muitos disseram que fazer uma oração com o paciente pode ser um bom recurso para acalmá-lo.
É possível, a partir das falas dos cuidadores, dividir as repercussões entre emocionais e objetivas. Entre as emocionais, figuram responsabilidade e compromisso em tempo integral, demanda do paciente por atenção, aprisionamento e solidão do cuidador vistos como fardo pessoal, resignação, estado de alerta constante, medo e estresse, sentimentos contraditórios como: culpa, raiva etc.
Como impactos objetivos, os cuidadores apontaram a dificuldade de conciliar a vida pessoal com a profissional, pois a doença os obriga a abrir mão de projetos e atividades, restrição da liberdade de ir e vir, perdas financeiras, risco de agressão física e verbal (principalmente durante as recaídas) sendo o cuidador o próprio alvo de ataques.
“A prescrição da medicação adequada, na dose certa, com constantes ajustes é um trabalho de modelagem a partir da interação paciente, cuidador e psiquiatra. É comum levar anos para achar o ponto ideal. O que, no início é um drama – fornecer o medicamento -, hoje está no geral assimilado pelo próprio paciente como uma necessidade. O tempo da doença somado a incidência de recaída vão trazendo aprendizados.”, explica o psiquiatra Rodrigo Bressan, coordenador do PROESQ/Unifesp.
Recompensas aparecem nas entrelinhas do discurso
Nem tudo é visto como negativo pelos cuidadores e as recompensas a tanto sofrimento aparecem nas entrelinhas dos depoimentos. São sentimentos positivos, por exemplo, a rede de solidariedade e a união que a adversidade às vezes gera envolvendo membros da família, amigos e vizinhos.
Além disso, a parte boa de ser um cuidador é perceber-se como imprescindível e insubstituível, além de obter mais informações e conscientização sobre a doença. Há ainda o sentimento de dever cumprido, principalmente quando este cuidador consegue apoio e atendimento, unir a família, manter a situação sob controle com a ajuda de medicamentos e atenção e empatia do outro.
Fonte: bonde.com.br


Um em cada 25 adolescentes americanos usam antidepressivos

Cerca de um em 25 adolescentes tomam antidepressivos nos Estados Unidos, segundo autoridades de saúde do país. A informação é de relatório do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), divulgado nesta quarta-feira.
O estudo é o primeiro que analisa a relação de crianças e jovens de idade entre 12 a 17 anos com as drogas para depressão. A pesquisa avaliou cerca de 12 mil norte-americanos.
O consumo de antidepressivos aumentou 400% em 20 anos nos Estados Unidos e um em cada 10 americanos começa a tomá-los aos 12 anos.
Esses remédios são o terceiro medicamento mais prescrito para os americanos de todas as idades e o primeiro entre pessoas entre os 18 e os 44 anos, informaram os autores do relatório.
No entanto, dois terços dos americanos que sofrem de depressão grave aparentemente não são tratados, destacou o informe, ressaltando ainda que mais de 8% daqueles que tomaram antidepressivos não têm sintomas da doença.
Este último grupo "poderia incluir aqueles que tomam antidepressivos por outras razões ou cujos sintomas depressivos desapareceram", destacou o documento, baseado em estatísticas entre 2005 e 2008, comparadas com as do período 1988-1994.
Os pesquisadores também constataram que as mulheres são duas vezes e meia mais propensas do que os homens a tomarem antidepressivos, independentemente da gravidade da doença.
Os brancos consomem mais antidepressivos do que qualquer outro grupo racial ou étnico nos Estados Unidos, e os maiores de 40 anos tomam mais do que aqueles que têm entre 12 e 39 anos, demonstraram as estatísticas, que confirmaram tendências já demonstradas em outros estudos.
Ricos ou pobres, o relatório não demonstrou diferenças no uso de antidepressivos.
Fonte: Folha de São Paulo


Enfim ANVISA decide proibir as anfetaminas.

Demorou, mas a ANVISA tomou a medida de proibir as anfetaminas. Um avanço para quem costuma ver o outro lado da moeda: pacientes que já fizeram uso das anfetaminas, desenvolveram dependência, ficaram cronicamente deprimidos e ganharam mais peso do que tinham antes de fazer o tratamento com elas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que a sibutramina, substância utilizada como moderadora de apetite, continuará a ser vendida no mercado brasileiro. A decisão dos quatro integrantes da diretoria colegiada da agência cria regras de controle da venda do produto, que, de acordo com a Câmara Técnica de Medicamentos da Anvisa (Cateme), oferece riscos de aumento da pressão arterial dos pacientes. O diretor José Agenor Alvares foi voto vencido, contrário à comercialização da sibutramina.
A diretoria colegiada da Anvisa ainda decidiu, por unanimidade, proibir a venda de outras três drogas usadas como moderadores de apetite: dietilpropiona, femproporex e mazindol. A decisão atende integralmente o último relatório de técnicos da própria agência, liderado por Maria Eugênia Cury. O mesmo corpo técnico, no primeiro semestre, defendia a proibição de todas as drogas, inclusive da sibutramina.
- A sibutramina pode ter perfil de segurança favorável, excluindo os grupos de risco. Com plano adequado de minimização de risco. Há comprovação de perda de peso. E os atos do registro da sibutramina, nesse sentido, são consistentes. É verdade que não temos estudos desenhados sobre o desfecho clínico com relação à morbidade. As divergências residem nesse ponto. Temos uma situação em que a eficácia clínica da sibutramina não está definitivamente respondida pela ciência. Por isso, acatei no meu voto plano de manter no mercado, sob vigilância rigorosa - afirmou o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano.
Os fabricantes de sibutramina têm 60 dias para apresentar um plano de minimização de riscos. A sibutramina fica em monitoramento do perfil de segurança por 12 meses.
A sibutramina foi desenvolvida inicialmente como antidepressivo no final dos anos 80 e os testes clínicos mostraram que este remédio reduzia o apetite. A droga, de uso oral, é um inibidor seletivo da recaptação das substâncias serotonina e norepinefrina, mensageiros químicos que agem em áreas como o hipotálamo, no cérebro. Dessa forma, ela reduz o consumo de alimentos pelo aumento da saciedade e evita o declínio do gasto energético que se segue à perda de peso. O fármaco só dá resultado se acompanhado de dieta orientada por nutricionista e prática de atividade física.
A decisão atende aos endocrinologistas e aos nutrólogos, que contaram com o apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) para defender que a sibutramina continuasse a ser comercializada, sob pena de prejuízo ao tratamento contra a obesidade. Cardiologistas, entretanto, ponderavam que os riscos do uso são superiores aos benefícios potenciais do uso do remédio. Tese defendida pelo diretor da Anvisa, José Agenor Alvares.
- Não vejo evidência científica que justifique que essa substância continue no mercado. Vários países do mundo já adotaram a decisão de proibir. Se vários países retiraram, baseados em evidências científicas, essas evidências não podem ser desconsideradas por nós. As mesmas preocupações que temos com a nossa população, eles têm com a deles. A Anvisa não tem complexo de "vira-latas". Se vários países proibiram, acho que temos que pensar. Não existe um protocolo clínico de algum país que recomenda a sibutramina. Não vi protocolo de minimização de riscos. A minha posição é contrária à posição do relator - afirmou Alvares.
A diretora Maria Cecília disse que, até poderia ser contrária à liberação da sibutramina. Mas decidiu ponderar as alegações dos setores médicos e, especialmente, da área técnica da Anvisa.
- Não posso desconsiderar a complexidade da regulação desse processo e a responsabilidade da nossa área técnica. A manutenção da sibutramina deve ser considerada em observação e sob vigilância. Os termos de responsabilidade não são de conhecimento de quem os utiliza, a subnotificação ocorre em favor do mercado. Gostaríamos que estabelecemos um prazo de reavaliação desse processo, em cerca de um ano ou um ano e meio - afirmou Maria Cecília.
De acordo com o relatório aprovado, a sibutramina deve continuar no mercado seguindo regras especiais de controle. A a receita médica terá validade de 30 dias renováveis por um período máximo de 2 anos, com permissão de uso apenas por pacientes com massa corpórea (IMC) acima de 30 e que assinem documento em que atestam a ciência sobre os riscos do uso da droga. Toda reação adversa com o uso da droga deverá ser notificada.
De acordo com o diretor Dirceu Barbano, o Brasil responde, sozinho, por mais da metade das vendas de sibutramina no mundo. Em 2010, foram vendidas 5,6 toneladas, das quais 3 toneladas somente no Brasil. O fabricante parou de vender nos Estados Unidos e a União Européia proibiu sua venda. Na América do Sul, Argentina, Uruguai, Colômbia também proibiram o uso.
Desde o início deste ano a Anvisa discute o cancelamento do registro de medicamentos que contêm sibutramina, além dos anorexígenos anfetamínicos anfepramona, femproporex e mazindol. Nos EUA, o medicamento teve sua venda restrita em dezembro de 2009 após uma avaliação da Food and Drug Administration (FDA), que observou que a droga aumentava o risco de infartos e derrames. No início de 2010 a droga foi proibida nos EUA e na Europa junto com a divulgação do estudo "sibutramine cardiovascular outcomes trial (SCOUT)", que mostrou que o risco de infarto do miocárdio aumentou 16% em pessoas que tomaram o medicamento.
O representante do Conselho Federal de Medicina pediu a palavra, porém, o pedido foi negado porque não houve requisição de fala com antecedência de 24 horas.
Participaram da votação os diretores Jaime Oliveira, Maria Cecília Brito, José Agenor Alvares, além do direitor-presidente, Dirceu Barbano.
Fonte: O Globo Leia mais sobre esse assunto aqui.