Consertar um 'defeito' em células cerebrais pode curar a esquizofrenia

Cientistas americanos descobriram que o mau funcionamento de um processo celular no cérebro está intimamente relacionado à esquizofrenia, doença mental que causa alucinações e pode impossibilitar o convívio social dos pacientes. Segundo o estudo, que foi publicado na versão online da revista Translational Psychiatry, drogas que já estão em estágio final de desenvolvimento, voltadas ao tratamento de outras doenças, podem ajudar a bloquear os sintomas da esquizofrenia.

O problema, segundo pesquisadores do Instituto de Pesquisas Scripps, na Califórnia, nos Estados Unidos, está no DNA dos doentes, embora a doença não seja genética. A espiral que contém o código genético está ‘muito apertada’ nas células de quem tem esquizofrenia, segundo os cientistas. Trata-se de um defeito epigenético. Isso quer dizer que o DNA não foi alterado, mas funciona de forma errada.

Uma estrutura de proteínas chamada histona dá ao DNA o aspecto espiralado. “Há tanto DNA em cada célula do corpo que ele nunca poderia caber nelas a menos que fosse bem embalado”, explica Elizabeth Thomas, neurocientista que liderou o estudo. As histonas passam por mudanças químicas para relaxar e apertar o espiral e expor ou não genes que precisam ser utilizados.

Se genes que deveriam ser expostos não são, o organismo sofre consequências como as doenças de Parkinson e Huntington ou predisposição para o vício em drogas.

Relaxamento — A equipe de Thomas estava estudando o papel da acetilação das histonas, como é chamado o relaxamento no jargão científico, na doença de Huntington, um mal degenerativo que afeta as capacidades mentais e motoras. Em estudos anteriores, eles haviam mostrado que certos genes em doentes de Huntington e esquizofrênicos eram muito menos ativos do que em pessoas saudáveis. Então os cientistas resolveram pesquisar se o mesmo processo desencadeava as duas doenças.

Eles pesquisaram cérebros de esquizofrênicos e de pessoas saudáveis após sua morte. Em comparação com cérebros saudáveis, as amostras do cérebro de indivíduos com esquizofrenia apresentaram níveis mais baixos de acetilação em porções da histona, o que bloqueou a expressão de certos genes. Em outras palavras, o DNA nessas pessoas estava mais “apertado”. Nos cérebros de vítimas jovens de esquizofrenia, o problema era bem mais acentuado.

Tratamento — Os pesquisadores não sabem o que causa o defeito na acetilação, mas podem conseguir reverter o problema. É o objetivo de drogas que estão em fase final de desenvolvimento em vários laboratórios pelo mundo. Sua aplicação poderá curar a esquizofrenia, sobretudo em pacientes jovens, segundo Thomas. As drogas que existem atualmente tratam apenas de seus sintomas e provocam efeitos colaterais severos, como a diabetes.

As possibilidades podem ser ainda maiores, porque alguns dos déficits cognitivos que afligem os idosos parecem ser bastante similares biologicamente com a esquizofrenia. Os medicamentos devem começar a ser testados em humanos em breve, mas geralmente são necessários vários anos para sua aprovação pelos órgãos de controle governamentais.

→ Fonte: Revista Veja


Fatores de risco do derrame também favorecem declínio mental

Um estudo publicado na revista Neurology, da American Academy of Neurology, mostrou que quanto maior for o risco de uma pessoa sofrer de um acidente vascular cerebral (AVC), mais chances ela tem de sofrer de declínio mental. A análise foi liderada por pesquisadores da Indiana University School of Medicine, nos Estados Unidos.
Mais de 23 mil pessoas de, no mínimo, 45 anos foram acompanhadas durante quatro anos. Neste período, 1.907 delas apresentaram comprometimento cognitivo ao longo do estudo. Os resultados mostraram que fatores de risco do derrame, como pressão alta, diabetes, tabagismo, idade avançada e doenças cardiovasculares, também eram indicadores de uma maior propensão ao comprometimento cognitivo.
Assim, a cada aumento de 10 milímetros na pressão arterial sistólica, o risco de declínio mental aumentava em 4%. Além disso, a cada década, o risco de declínio mental dobrava, resultado similar aos da probabilidade de se ter um AVC.
Segundo os pesquisadores, a descoberta é um alerta para que as pessoas façam exames periódicos para que seja possível o diagnóstico e o tratamento precoce da pressão alta, manutenção fundamental para a preservação do cérebro.
Fumo passivo também prejudica a saúde mental
A exposição à fumaça do cigarro pode aumentar os riscos de uma doença psiquiátrica, mesmo entre aqueles que não fumam, segundo um estudo da University College London, no Reino Unido.
Avaliando os níveis de cotinina na saliva, substância indicadora de exposição ao fumo, de 5,5 mil não fumantes e 2,7 mil fumantes sem histórico de doenças mentais, os especialistas descobriram que uma maior exposição ao cigarro estava associada a 50% mais chances de relatar sofrimento psicológico. Os riscos de desenvolver, futuramente, doença psicológica também aumentavam devido à maior exposição ao cigarro, seja ela direta ou indireta.
Os pesquisadores disseram que, com os grandes avanços em relação as leis de restrição do tabagismo em locais públicos, a exposição ao fumo passivo em casa está crescendo. E o novo estudo, publicado na revista Archives of General Psychiatry, indica que, além dos péssimos efeitos físicos do tabagismo no organismo, deve haver uma maior preocupação com a saúde mental daqueles que convivem com fumantes.
→ Fonte: R7


Estigma e violência.

O estigma é a carga mais pesada que uma pessoa com doença mental carrega. O estigma afeta oportunidades de moradia, emprego e socialização. Apesar dos esforços em seu combate, permanecem pouco explorados os motivos que levam a ele.

Uma constatação inicial é de que o estigma contra as pessoas com doenças mentais aumentou nos últimos 50 anos. Pesquisadores norte-americanos compararam as concepções da população geral sobre a doença mental nos anos de 1950 e 1996 e verificaram que, apesar de uma maior compreensão em 1996, as pessoas tinham mais preconceito do que em 1950. Quando eles compararam com a situação de 2006, viram que os avanços da ciência que fizeram da década de 90 a “década do cérebro” ajudaram a reduzir a discriminação, porém o estigma continuava alto entre os americanos. Embora a neurociência seja uma ferramenta importante para o combate ao estigma, os índices de discriminação permanecem relativamente fixos na população.

Uma razão para isso parece ser a associação entre doença mental e violência. Os estudos que mostraram um aumento do estigma também identificaram um aumento na percepção da violência de doentes mentais pela população. Surpreendentemente esta não parece ser a razão para o estigma na década de 50, já que os estudos demonstraram que a principal razão para a discriminação nesta época era a falta de informação e não a sensação de perigo em relação aos pacientes.

Reportagens de jornais relacionando crimes a doentes mentais têm aumentado muito nas ultimas décadas e isto contribuiu para alimentar esta sensação na sociedade. A associação entre um crime de grande repercussão e a doença mental produz um rótulo muito forte nas pessoas e destrói todos os avanços que uma campanha anti-estigma de uma década poderia alcançar, constatam alguns pesquisadores.

Os episódios de violência cometidos por pessoas mentalmente enfermas são raros quando comparados à violência cotidiana, porém quando ocorrem tem uma repercussão muito maior. O comportamento agressivo pode ocorrer no início de um episódio psicótico e normalmente está associado à falta de tratamento e suporte psicossocial.

Um estudo com 802 pacientes mostrou que os violentos tinham quase duas vezes mais chance de não terem aderido ao tratamento do que os não violentos. Vários estudos confirmaram que o tratamento com antipsicóticos reduz o comportamento agressivo nos pacientes. O reconhecimento e o tratamento precoce dos pacientes podem ser, portanto, medidas úteis tanto para reduzir os casos de violência associados à doença mental como para combater o estigma na sociedade.

Campanhas anti-estigma têm repetido sistematicamente constatações verdadeiras de que “a maior parte dos atos violentos não são cometidos por pessoas mentalmente enfermas”, “pacientes são mais vítimas do que atores de algum tipo de violência” e “a maioria dos pacientes não é violenta”, porém esta estratégia não tem sido eficaz para reduzir o estigma na população. Estas afirmações não contradizem ou negam o fato de que uma minoria dos pacientes pode se tornar violenta se não for tratada e esta minoria é uma causa importante do estigma contra os doentes mentais.

Após a deputada Gabrielle Gifford ser baleada em Tucson, Arizona, por um homem que saiu atirando a esmo, uma mulher esquizofrênica escreveu para o presidente Obama: “Eu estou muito preocupada com o problema das pessoas com doença mental grave que não são tratadas neste país. Quando violentas, elas mancham a nossa reputação. Eu sinto isto na pele… Por favor, cuide para que tragédias como esta não se repitam.”

No Brasil, o assassinato de 12 crianças numa escola em Realengo, no Rio de Janeiro, e a conclusão infundada e precipitadamente divulgada pela mídia de que o assassino seria esquizofrênico causou reação semelhante. O portal recebeu algumas mensagens de pacientes e familiares, alguns repudiando o diagnóstico do assassino e outros preocupados com o efeito que o episódio teria sobre o estigma contra os doentes mentais.

O Jornal O Globo traz uma reportagem de capa em que afirma que peritos concluíram que o atirador Anders Breivik, que matou 77 pessoas na Noruega em julho deste ano, seria esquizofrênico.

O Estado precisa cuidar dessas pessoas que estão em risco, oferecer apoio e tratamento antecipando-se a possíveis tragédias. Seria uma maneira de prevenir que crimes cometidos por pessoas mentalmente doentes ocorram e ganhem a mídia. Dificilmente campanhas anti-estigma terão sucesso diante do efeito que notícias como estas têm sobre as pessoas.

→ Fonte: este texto foi baseado no artigo publicado na revista Schizophrenia Bulletin “Stigma and Violence: Isn´t it time to connect the dots?” por E. Fuller Torrey em setembro de 2011.


Enxaqueca pode aumentar o risco de depressão.

Pessoas que sofrem com dores de cabeça muito fortes correm mais riscos de desenvolver depressão clínica, sugere um novo estudo, realizado por especialistas do Canadá. A pesquisa, publicada na revista Headache (dor de cabeça em português), ainda sugere que as pessoas com depressão clínica também têm grandes chances de ter enxaqueca. De acordo com os pesquisadores, porém, essa segunda descoberta pode ter sido feita ao acaso.

Para a líder da equipe, Geeta Modgill, da Universidade de Calgary, aqueles que sofrem de enxaqueca e depressão precisam conhecer os sinais de ambos os males, já que sofrer de um deles pode significar vir a ter o outro.

Enxaquecas são dores de cabeça latejantes, às vezes em apenas um lado da cabeça, que podem vir acompanhadas de náuseas e sensibilidade à luz. Às vezes, elas podem ser precedidas de perturbações visuais conhecidas como 'auras'. Depressão é um transtorno mental grave definida por um conjunto de sintomas que podem incluir a tristeza, a insônia, a fadiga e dormência emocional.

Para realizar esse novo estudo, a equipe de Modgil utilizou dados da Pesquisa Nacional de Saúde da População Canadense, que avaliou mais de 15 mil pessoas, a cada dois anos, entre 1994 e 2007. No geral, cerca de 15% delas tiveram depressão e cerca de 12% sofreram enxaquecas ao longo desses 12 anos.

Casos de depressão foram significativamente mais comuns entre as pessoas que apresentaram enxaqueca no início do estudo - 22% dos pacientes com enxaqueca também tinham depressão, versus 14,6% daqueles que não tinham a doença.

Esse fato mostrou que pessoas com enxaqueca têm 80% mais probabilidade de desenvolver depressão do que pessoas sem essas dores de cabeça. A ligação também se manteve quando foram analisadas outras influências, como idade e sexo.

Pessoas com depressão também mostraram ter 40% mais probabilidade de desenvolver enxaqueca do que os não deprimidos, mas essa relação não era tão forte quanto a primeira. Além disso, a associação desapareceu quando os dados foram ajustados para o estresse e o trauma de infância.

Segundo os pesquisadores, certas situações vividas na infância podem alterar a forma como o cérebro responde ao estresse mais tarde, mas este tipo de estudo não serve para destrinchar os efeitos biológicos. A pesquisa também não pode determinar causa e efeito para o link percebido entre a depressão e a enxaqueca.

Apesar de nenhum mecanismo evidente, Geeta Modgill afirmou que 'algo está acontecendo aqui', merecendo ser estudado. "O próximo passo deve focar em como explorar esta informação e de que forma ela poderá ser usada por médicos", disse a pesquisadora.

Fonte: Jornal Pequeno


Bullying em mensagens de texto se torna mais comum, diz estudo

Cada vez mais crianças norte-americanas afirmam ter sido alvo de ofensas via mensagens de texto, o que inclui ameaças e boatos sobre elas espalhados para terceiros, de acordo com um estudo.
Dos mais de 1,5 mil alunos dos ensinos fundamental e médio pesquisados em 2008, 24% disseram ter sido "atormentados" por mensagens de texto --ante 14% em pesquisa com o mesmo grupo de estudantes um ano antes, de acordo com constatações publicadas pela revista Pediatrics esta semana.
No estudo, ser "atormentado" significa que colegas espalharam boatos sobre eles, fizeram comentários "rudes ou malévolos" ou os ameaçaram.
O bullying propriamente dito, definido como repetidas agressões morais, subiu a 8% dos estudantes pesquisados, ante 6% um ano antes.
Os pesquisadores, liderados por Michele Ybarra, da Internet Solutions for Kids, de San Clemente, Califórnia, disseram à Reuters Health que as constatações sugerem que é preciso dedicar mais atenção às mensagens de texto das crianças, mas que os pais não precisam se alarmar.
"Não é motivo para que eles se sintam incomodados ou decidam tirar os celulares de seus filhos. A maioria das crianças parece estar navegando de modo bastante saudável por essas novas tecnologias", disse ela.
O estudo inclui 1.588 crianças dos 10 aos 15 anos, pesquisadas online inicialmente em 2006. A pesquisa foi repetida em 2007 e 2008, e cerca de três quartos dos participantes originais participaram dos três levantamentos.
O trabalho publicado não informa por que os dados sobre a pesquisa concluída em 2008 só foram divulgados agora.
No que tange a agressões via internet, em contraste com as agressões via mensagem de texto, não houve tanta mudança ao longo do período. Em 2008, 39% dos pesquisados disseram ter sido "atormentados" on-line, e a maioria afirmou que isso aconteceu algumas vezes. Menos de 15% disseram ter sofrido bullying via internet.
Os estudantes agredidos parecem ter conduzido a situação no geral de maneira positiva, o que os pesquisadores dizem ser bom sinal.
Dos estudantes que disseram ter sido ofendidos on-line, 20% disseram ter ficado "muito ou extremamente incomodados" com o mais sério incidente do tipo, o que representa um total inferior aos 25% de 2006.
→ Fonte: Folha de São Paulo


Pesquisa do IPOBE mostra preocupações de cuidadores e familiares de pacientes com esquizofrenia.

Absorção em tempo integral e dedicação exclusiva. Essas são as principais características do cuidado ao paciente com esquizofrenia, conforme apontaram as entrevistas em profundidade com 12 cuidadores na parte qualitativa da pesquisa Ibope realizada pela Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Esquizofrenia – ABRE em parceria com o Programa de Esquizofrenia da Unifesp – PROESQ.
Todos associados à ABRE, os cuidadores forneceram longos e emocionados relatos que apontam a esquizofrenia como um distúrbio que afeta a vida pessoal, profissional e os laços conjugais. Também compromete seriamente o lazer dos cuidadores dos pacientes, independente da fase estável ou em recaída.
Além disso, segundo dados da pesquisa, a doença produz forte impacto sobre as finanças da família, já que tanto os pacientes quanto os cuidadores ficam impossibilitados de exercer atividade economicamente ativa. As pessoas de menor renda sofrem mais com a doença, pois possuem menos acesso à informação, tratamentos e instituições, além de maior dificuldade de deslocamentos pela cidade.
Os cuidadores revelaram ainda que até contam com ajuda de outras pessoas (vizinhos, por exemplo), mas a responsabilidade sempre recai sobre eles. Desse modo, a esquizofrenia é percebida como um fardo emocional, um tipo de aprisionamento. “O cuidador é convocado a viver em função do paciente. Não por acaso, vários deles se aposentam.”, afirma José Alberto Orsi, diretor adjunto da ABRE.
Recaída é o problema mais temido
Todos os cuidadores entrevistados pelo Ibope admitiram ter presenciado episódios de recaídas até o momento da entrevista e que isso está relativamente sob controle, mas é um acontecimento não descartado para o futuro. No entanto, o cuidador fica em estado de alerta permanente e a demanda por cuidados aumenta significativamente.
Dois terços dos entrevistados afirmaram que o convívio com amigos ou familiares diminuiu, mas que isso independe das recaídas. Entretanto, praticamente todos disseram que a recaída interfere em suas vidas, principalmente nos relacionamentos.
As recaídas relatadas com sofrimento pelo cuidador tiveram como detonador a interrupção e/ou inadequação do medicamento como primeira causa. Metade dos entrevistados afirmou que a cada recaída o paciente fica sempre do mesmo jeito, ou seja, não são percebidas alterações de intensidade na crise. O que sempre muda é a temática de cada crise. Mas a outra metade indicou que a recaída é responsável pela piora progressiva do quadro da doença.
Entre os sintomas mais comuns durante as recaídas estão: olhar enviesado, alucinações, comportamento antissocial ou bizarro, desconfiança e perseguição, agitação e insônia, delírios, sensações viscerais, agressividade, ameaça, tentativa de suicídio e TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo.
No entanto, os cuidadores revelaram que, durante a recaída, os atos violentos são pouco comuns. Ocorre mais autoagressão do que tentativa de prejudicar alguém e, esses atos foram, em sua maioria, descritos como acontecimentos do passado, em período anterior ao tratamento atual, indicando maior estabilidade do paciente no momento da pesquisa.
Durante a recaída, os cuidadores revelaram adotar vários recursos antes de utilizar a medicação: ouvir o paciente durante horas, se conter, falar muito pouco, não contra-argumentar, não retrucar e não desqualificar as percepções do paciente. É necessário também propor atividades relaxantes e ocupacionais: muitos disseram que fazer uma oração com o paciente pode ser um bom recurso para acalmá-lo.
É possível, a partir das falas dos cuidadores, dividir as repercussões entre emocionais e objetivas. Entre as emocionais, figuram responsabilidade e compromisso em tempo integral, demanda do paciente por atenção, aprisionamento e solidão do cuidador vistos como fardo pessoal, resignação, estado de alerta constante, medo e estresse, sentimentos contraditórios como: culpa, raiva etc.
Como impactos objetivos, os cuidadores apontaram a dificuldade de conciliar a vida pessoal com a profissional, pois a doença os obriga a abrir mão de projetos e atividades, restrição da liberdade de ir e vir, perdas financeiras, risco de agressão física e verbal (principalmente durante as recaídas) sendo o cuidador o próprio alvo de ataques.
“A prescrição da medicação adequada, na dose certa, com constantes ajustes é um trabalho de modelagem a partir da interação paciente, cuidador e psiquiatra. É comum levar anos para achar o ponto ideal. O que, no início é um drama – fornecer o medicamento -, hoje está no geral assimilado pelo próprio paciente como uma necessidade. O tempo da doença somado a incidência de recaída vão trazendo aprendizados.”, explica o psiquiatra Rodrigo Bressan, coordenador do PROESQ/Unifesp.
Recompensas aparecem nas entrelinhas do discurso
Nem tudo é visto como negativo pelos cuidadores e as recompensas a tanto sofrimento aparecem nas entrelinhas dos depoimentos. São sentimentos positivos, por exemplo, a rede de solidariedade e a união que a adversidade às vezes gera envolvendo membros da família, amigos e vizinhos.
Além disso, a parte boa de ser um cuidador é perceber-se como imprescindível e insubstituível, além de obter mais informações e conscientização sobre a doença. Há ainda o sentimento de dever cumprido, principalmente quando este cuidador consegue apoio e atendimento, unir a família, manter a situação sob controle com a ajuda de medicamentos e atenção e empatia do outro.
Fonte: bonde.com.br


Um em cada 25 adolescentes americanos usam antidepressivos

Cerca de um em 25 adolescentes tomam antidepressivos nos Estados Unidos, segundo autoridades de saúde do país. A informação é de relatório do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças), divulgado nesta quarta-feira.
O estudo é o primeiro que analisa a relação de crianças e jovens de idade entre 12 a 17 anos com as drogas para depressão. A pesquisa avaliou cerca de 12 mil norte-americanos.
O consumo de antidepressivos aumentou 400% em 20 anos nos Estados Unidos e um em cada 10 americanos começa a tomá-los aos 12 anos.
Esses remédios são o terceiro medicamento mais prescrito para os americanos de todas as idades e o primeiro entre pessoas entre os 18 e os 44 anos, informaram os autores do relatório.
No entanto, dois terços dos americanos que sofrem de depressão grave aparentemente não são tratados, destacou o informe, ressaltando ainda que mais de 8% daqueles que tomaram antidepressivos não têm sintomas da doença.
Este último grupo "poderia incluir aqueles que tomam antidepressivos por outras razões ou cujos sintomas depressivos desapareceram", destacou o documento, baseado em estatísticas entre 2005 e 2008, comparadas com as do período 1988-1994.
Os pesquisadores também constataram que as mulheres são duas vezes e meia mais propensas do que os homens a tomarem antidepressivos, independentemente da gravidade da doença.
Os brancos consomem mais antidepressivos do que qualquer outro grupo racial ou étnico nos Estados Unidos, e os maiores de 40 anos tomam mais do que aqueles que têm entre 12 e 39 anos, demonstraram as estatísticas, que confirmaram tendências já demonstradas em outros estudos.
Ricos ou pobres, o relatório não demonstrou diferenças no uso de antidepressivos.
Fonte: Folha de São Paulo


Enfim ANVISA decide proibir as anfetaminas.

Demorou, mas a ANVISA tomou a medida de proibir as anfetaminas. Um avanço para quem costuma ver o outro lado da moeda: pacientes que já fizeram uso das anfetaminas, desenvolveram dependência, ficaram cronicamente deprimidos e ganharam mais peso do que tinham antes de fazer o tratamento com elas.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou que a sibutramina, substância utilizada como moderadora de apetite, continuará a ser vendida no mercado brasileiro. A decisão dos quatro integrantes da diretoria colegiada da agência cria regras de controle da venda do produto, que, de acordo com a Câmara Técnica de Medicamentos da Anvisa (Cateme), oferece riscos de aumento da pressão arterial dos pacientes. O diretor José Agenor Alvares foi voto vencido, contrário à comercialização da sibutramina.
A diretoria colegiada da Anvisa ainda decidiu, por unanimidade, proibir a venda de outras três drogas usadas como moderadores de apetite: dietilpropiona, femproporex e mazindol. A decisão atende integralmente o último relatório de técnicos da própria agência, liderado por Maria Eugênia Cury. O mesmo corpo técnico, no primeiro semestre, defendia a proibição de todas as drogas, inclusive da sibutramina.
- A sibutramina pode ter perfil de segurança favorável, excluindo os grupos de risco. Com plano adequado de minimização de risco. Há comprovação de perda de peso. E os atos do registro da sibutramina, nesse sentido, são consistentes. É verdade que não temos estudos desenhados sobre o desfecho clínico com relação à morbidade. As divergências residem nesse ponto. Temos uma situação em que a eficácia clínica da sibutramina não está definitivamente respondida pela ciência. Por isso, acatei no meu voto plano de manter no mercado, sob vigilância rigorosa - afirmou o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano.
Os fabricantes de sibutramina têm 60 dias para apresentar um plano de minimização de riscos. A sibutramina fica em monitoramento do perfil de segurança por 12 meses.
A sibutramina foi desenvolvida inicialmente como antidepressivo no final dos anos 80 e os testes clínicos mostraram que este remédio reduzia o apetite. A droga, de uso oral, é um inibidor seletivo da recaptação das substâncias serotonina e norepinefrina, mensageiros químicos que agem em áreas como o hipotálamo, no cérebro. Dessa forma, ela reduz o consumo de alimentos pelo aumento da saciedade e evita o declínio do gasto energético que se segue à perda de peso. O fármaco só dá resultado se acompanhado de dieta orientada por nutricionista e prática de atividade física.
A decisão atende aos endocrinologistas e aos nutrólogos, que contaram com o apoio do Conselho Federal de Medicina (CFM) para defender que a sibutramina continuasse a ser comercializada, sob pena de prejuízo ao tratamento contra a obesidade. Cardiologistas, entretanto, ponderavam que os riscos do uso são superiores aos benefícios potenciais do uso do remédio. Tese defendida pelo diretor da Anvisa, José Agenor Alvares.
- Não vejo evidência científica que justifique que essa substância continue no mercado. Vários países do mundo já adotaram a decisão de proibir. Se vários países retiraram, baseados em evidências científicas, essas evidências não podem ser desconsideradas por nós. As mesmas preocupações que temos com a nossa população, eles têm com a deles. A Anvisa não tem complexo de "vira-latas". Se vários países proibiram, acho que temos que pensar. Não existe um protocolo clínico de algum país que recomenda a sibutramina. Não vi protocolo de minimização de riscos. A minha posição é contrária à posição do relator - afirmou Alvares.
A diretora Maria Cecília disse que, até poderia ser contrária à liberação da sibutramina. Mas decidiu ponderar as alegações dos setores médicos e, especialmente, da área técnica da Anvisa.
- Não posso desconsiderar a complexidade da regulação desse processo e a responsabilidade da nossa área técnica. A manutenção da sibutramina deve ser considerada em observação e sob vigilância. Os termos de responsabilidade não são de conhecimento de quem os utiliza, a subnotificação ocorre em favor do mercado. Gostaríamos que estabelecemos um prazo de reavaliação desse processo, em cerca de um ano ou um ano e meio - afirmou Maria Cecília.
De acordo com o relatório aprovado, a sibutramina deve continuar no mercado seguindo regras especiais de controle. A a receita médica terá validade de 30 dias renováveis por um período máximo de 2 anos, com permissão de uso apenas por pacientes com massa corpórea (IMC) acima de 30 e que assinem documento em que atestam a ciência sobre os riscos do uso da droga. Toda reação adversa com o uso da droga deverá ser notificada.
De acordo com o diretor Dirceu Barbano, o Brasil responde, sozinho, por mais da metade das vendas de sibutramina no mundo. Em 2010, foram vendidas 5,6 toneladas, das quais 3 toneladas somente no Brasil. O fabricante parou de vender nos Estados Unidos e a União Européia proibiu sua venda. Na América do Sul, Argentina, Uruguai, Colômbia também proibiram o uso.
Desde o início deste ano a Anvisa discute o cancelamento do registro de medicamentos que contêm sibutramina, além dos anorexígenos anfetamínicos anfepramona, femproporex e mazindol. Nos EUA, o medicamento teve sua venda restrita em dezembro de 2009 após uma avaliação da Food and Drug Administration (FDA), que observou que a droga aumentava o risco de infartos e derrames. No início de 2010 a droga foi proibida nos EUA e na Europa junto com a divulgação do estudo "sibutramine cardiovascular outcomes trial (SCOUT)", que mostrou que o risco de infarto do miocárdio aumentou 16% em pessoas que tomaram o medicamento.
O representante do Conselho Federal de Medicina pediu a palavra, porém, o pedido foi negado porque não houve requisição de fala com antecedência de 24 horas.
Participaram da votação os diretores Jaime Oliveira, Maria Cecília Brito, José Agenor Alvares, além do direitor-presidente, Dirceu Barbano.
Fonte: O Globo Leia mais sobre esse assunto aqui.


Antipsicóticos surgem como alternativas eficazes no tratamento dos transtornos de humor.

Os antipiscóticos de segunda geração acumulam evidências crescentes de sua eficácia no tratamento dos transtornos de humor, bipolar e unipolar (depressão maior), através de inúmeras pesquisas na última década. Farmacologicamente este fenômeno pode ser explicado pela atuação desses medicamentos em receptores serotoninérgicos (estimulando a produção de serotonina), o que os diferencia dos antipsicóticos mais antigos, conhecidos como típicos ou de primeira geração, cujo protótipo mais conhecido é o haloperidol, que age somente em receptores de dopamina. O efeito in vivo dessas substâncias, entretanto, pode ser bem mais abrangente, atuando inclusive em outros sistemas de neurotransmissão, como glutamato (sistema menos conhecido, mas de grande importância para a psiquiatria).

Tanto o Congresso da Associação Americana de Psiquiatria (APA – Hawaii) como o Congresso da Associação Mundial de Psiquiatria (WPA – Buenos Aires) neste ano deram destaque ao tema em diferentes mesas redondas. A ideia é que os antipsicóticos de segunda geração sejam uma alternativa aos antidepressivos e estabilizadores de humor quando o paciente não responde ao primeiro medicamento. Alguns estudos têm demonstrado que um dos fatores que compromete a resposta terapêutica a longo prazo e deixa o paciente em risco de uma recaída é a presença de sintomas residuais, ou seja, sintomas depressivos, ansiosos, hipomaníacos ou mistos, mesmo com o uso do estabilizador de humor ou do antidepressivo.

O tempo de resposta também parece ser importante, sendo a demora na resposta terapêutica um fator preditivo de pior recuperação do episódio. Assim sendo, a alternativa de um antipsicótico de segunda geração deve ser considerada tão logo se observe que a resposta ao primeiro medicamento é inadequada.

Essas evidências têm encontrado respaldo de órgãos regulatórios, como o FDA (EUA) e o Ministério da Saúde (Brasil), que já autorizaram alguns medicamentos antipsicóticos de segunda geração a incluírem em bula as indicações para o tratamento dos transtornos de humor, por ora ainda restritos ao Transtorno Bipolar, em fases distintas como mania e depressão. Porém existe a expectativa de que em breve já conste a indicação do tratamento combinado para depressão maior na bula de algumas substâncias.

O efeito que essas medicações possuem na estabilização do humor e no controle da ansiedade pode ser um adicional interessante para pacientes que não conseguem atingir a estabilidade com o uso de antidepressivos ou estabilizadores de humor isoladamente.

Um problema na prática clínica é que muitos pacientes são resistentes ao uso dessas medicações por sua associação com o tratamento da esquizofrenia (primeira indicação em bula e patologia para a qual esses medicamentos foram inicialmente desenvolvidos ou estudados).

Um problema comum na psiquiatria e ao qual já fiz algumas referências aqui no blog é que o nome das classes medicamentosas dos psicofármacos é inadequada e confunde mais o paciente. Um exemplo clássico é o da classe dos antidepressivos: reúne substâncias com diferentes mecanismos de ação e com várias indicações que não somente a depressão, pois são muito utilizados no tratamento do pânico, da ansiedade, do TOC, do estresse pós-traumático, etc. Então deveriam ser chamadas também de anti-pânico, anti-obsessivos e assim por diante. O mesmo em relação aos estabilizadores de humor e antipsicóticos, cujo uso hoje extrapola os limites dos diagnósticos para os quais foram desenvolvidos ou estudados.

O que parece um mero detalhe traz um obstáculo para a prática dos consultórios, pois muitos pacientes acabam fantasiando, acreditando que possam ter um problema psiquiátrico mais grave, ou pensando que podem ficar com alguma sequela do tratamento. Poucos compreendem que sequelas ocorrerão se não tratarem adequadamente o transtorno de humor no presente, pois estudos já têm demonstrado a associação de depressão e transtorno bipolar ao longo da vida com demência na terceira idade, principalmente quando o controle destes transtornos não é adequado.

Os antipsicóticos de segunda geração são seguros, bem tolerados, causam bem menos sintomas extrapiramidais (conhecidos como impregnação) do que os de primeira geração e pacientes em uso deles conseguem manter suas atividades ou retomá-las sem prejuízos, não se justificando o temor que muitos pacientes têm de ficarem inutilizados pelos seus efeitos adversos.

Abaixo está a lista dos antipsicóticos de segunda geração que podem ser úteis no tratamento dos transtornos de humor e seus respectivos nomes comerciais:

  • Quetiapina (Seroquel, Kitapen, Quetiapina genérica)
  • Olanzapina (Zyprexa, Zopix e Olanzapina genérica)
  • Aripiprazol (Abilify)
  • Ziprazidona (Geodon)
  • Clozapina (Leponex)
  • Amisulprida (Socian)
  • Paliperidona (Invega)
  • Risperidona (Risperdal, Riss, Respidon, Risperidon, Zargus, Esquidon, outros, inclusive genéricos)

Congresso Mundial de Psiquiatria - 18 a 22/09 - Buenos Aires

Participarei do Congresso Mundial de Psiquiatria, que este ano será na cidade de Buenos Aires, Argentina, entre os dias 18 e 22 de setembro. Estarei ausente de 10 a 25 de setembro.


Cientistas da UFRJ recriam neurônio a partir de célula da pele de paciente com esquizofrenia

Essa pesquisa parece ser promissora, os cientistas ainda vão analisar células de outros pacientes, para aprofundar os resultados e a metodologia, mas além de poder abrir uma janela para conseguirmos identificar as alterações neuronais da esquizofrenia, pode servir para testarmos novas drogas ou mesmo para nos certificarmos qual o melhor tratamento para aquele paciente individual. Agora precisamos ser cautelosos. Em pesquisa muita coisa que funciona bem em laboratório (in vitro), pode não funcionar "in vivo". O estudo também não revelou a cascata de eventos que ocorreram até a mudança de resposta da célula quando ela foi submetida ao àcido valpróico (substância utilizada no experimento). De qualquer forma é um passo importante e podemos nos orgulhar de ter saído de um laboratório nacional, principalmente sabendo do pouco investimento em pesquisa em nosso país. Compreendo o sentimento do Sr. José Augusto, mesmo porque lido com familiares de pacientes esquizofrênicos há mais de 10 anos. Eles precisam de uma notícia como esta para renovar a esperança, mas lembro que a esperança não pode se apagar nunca, afinal, mesmo com os tratamentos hoje disponíveis, podemos atingir a recuperação do paciente e de sua família. Esta tem sido a tônica do nosso trabalho no Instituto de Psiquiatria da UFRJ.
Cientistas brasileiros conseguiram criar, em laboratório, neurônios iguais aos de pacientes com esquizofrenia. A identificação de alterações nas células vai ajudar na busca por novos tratamentos. O estudo foi apresentado nesta terça-feira (30) na Academia Brasileira de Ciências.
O laboratório da Universidade Federal do Rio de Janeiro funciona como uma espécie de fábrica de células. Lá, os cientistas brasileiros conseguiram recriar neurônios de pacientes que sofrem de esquizofrenia, um transtorno mental sem cura, mas controlado com medicamentos.
Os pesquisadores usaram um pedaço de pele de uma pessoa esquizofrênica e com a ajuda de um vírus forçaram essas células a voltar no tempo até virarem células-tronco embrionárias, que dão origem a vários tecidos. Assim fabricaram os neurônios.
Durante a pesquisa, a equipe brasileira fez uma descoberta. Os pesquisadores conseguiram identificar certas alterações nos neurônios de um paciente esquizofrênico. Eles consomem mais oxigênio e produzem mais radicais livres, o que pode provocar danos às células.
Os neurônios criados em laboratório devem ajudar os cientistas a entender melhor esse distúrbio mental e a encontrar medicamentos mais eficientes para tratar a esquizofrenia. As descobertas feitas podem trazer maior esperança a quase dois milhões de brasileiros que sofrem desse mal. O futuro promete ainda mais.
“A médio e longo prazo podemos vislumbrar o que chamamos de medicina individualizada, que é basicamente pegar o fragmento da pele de um paciente, transformar aquela pele em célula-tronco e depois em neurônio, e partir daí testar medicamentos buscando aqueles que são mais eficazes especificamente para aquele determinado paciente”, explica Stevens Rehen, professor do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ.
Boa notícia para Ana Lucia e para a família. Já são 33 anos de convivência com a esquizofrenia, com médicos e preconceito. “Essa pesquisa é que vai resolver o nosso problema”, crê o aposentado José Augusto Jorge, pai de Ana Lucia. Emocionado, ele afirma que o choro é de esperança. Assista aqui ao vídeo
Fonte: Jornal Nacional - TV Globo


Estudo avalia efeitos psicológicos das redes sociais em crianças e adolescentes


Estudo apresentado em congresso de psicologia nos EUA aponta o bem e o mal que as redes sociais podem causar a jovens e adolescentes.
Um estudo apresentado no sábado (6/8) na 119.ª convenção anual da Associação Americana de Psicologia, em Washington DC (EUA), e divulgado no domingo (7/8) pelo site Science Daily afirma que o uso de redes sociais pode levar adolescentes a manifestar "tendências narcisísticas" e torná-los mais vulneráveis a ansiedade, depressão e outros problemas psicológicos.
Na apresentação, intitulada "Poke Me: How Social Networks Can Both Help and Harm Our Kids" (Cutuque-me: Como as redes sociais podem ao mesmo tempo ajudar e prejudicar nossas crianças), o PhD e professor de psicologia Larry D. Rosen, da Universidade Estadual da Califórnia, expôs que "particularmente entre jovens, estamos apenas começando a ver pesquisas sólidas que demonstram tanto o lado positivo quanto o negativo" de redes sociais como o Facebook.
Em seu estudo, Rosen aponta que adolescentes que usam Facebook tendem a apresentar com mais frequência tendências narcisísticas, enquanto jovens com forte presença no Facebook mostram mais sinais de outros problemas psicológicos, como comportamento antissocial, manias e tendências agressivas.
O abuso diário das mídias sociais e das tecnologias tem efeito negativo na saúde de todas as crianças, pré-adolescentes e adolescentes, que se tornam mais propensos a ansiedade, depressão e outros problemas psicológicos, além de deixá-los mais suscetíveis a problemas de saúde no futuro.
O psicólogo advertiu também sobre os efeitos do Facebook em estudantes: a rede social pode distrair e causar impacto negativo nos estudos. Rosen citou pesquisas que mostraram que alunos de colégio e de faculdade que visitaram o Facebook pelo menos uma vez durante um período de 15 minutos de estudo tiraram notas menores.
Benefícios
Entre os impactos positivos das redes sociais, Rosen destacou que os relacionamentos virtuais podem ajudar adolescentes introvertidos a aprender como se socializar. Além disso, as redes sociais podem fornecer ferramentas de ensino mais atraentes, capazes de promover o engajamento de jovens estudantes.
Aos pais, o professor recomendou que acompanhem as atividades dos filhos nos sites de redes sociais e discutam a remoção de conteúdo ou conexões impróprias. Os pais também precisam ficar atentos às tendências online e às últimas tecnologias, sites e aplicações que as crianças utilizam.
Estudo apresentado em congresso de psicologia nos EUA aponta o bem e o mal que as redes sociais podem causar a jovens e adolescentes.
→ Fonte: IDG Now


Entrevista sobre esquizofrenia no Canal Saúde da FIOCRUZ

Assistam à minha entrevista à jornalista Marcela Morato no Programa Ligado em Saúde, do Canal Saúde da Fiocruz, sobre a esquizofrenia. Espero que gostem!


Antidepressivos têm sua indicação questionada na depressão de pacientes com demência

Um estudo publicado este mês no The Lancet questiona o benefício dos antidepressivos em pacientes idosos diagnosticados com demência, como a doença de Alzheimer. Os autores avaliaram 300 pacientes com doença de Alzheimer diagnosticada ou suspeita durante 3 meses e verificaram que aqueles que utilizaram antidepressivos não tiveram nenhum benefício em comparação com os que utilizaram placebo, pelo contrário, o grupo tratado com antidepressivos teve mais efeitos adversos.
Um dos autores, Dr. Sube Benerjee, professor do King´s College London, Inglaterra, disse-se surpreso com o resultado e alerta para uma prática comum nos dias de hoje, que é receitar um antidepressivo para um paciente com Alzheimer. "Estou surpreso com a qualidade dos nossos resultados que permitem uma conclusão inequívoca de que o uso de antidepressivos nesta população como um tratamento de primeira linha deveria ser revisto", afirma o autor.
Este é o maior estudo até hoje que aborda o tratamento da depressão em pacientes com demência.
→ Fonte


"Bullying é um problema socioecológico"

Vale a pena a leitura desta reportagem do site Bonde. Concordo plenamente com a psicóloga Susan Swearer quando ela diz que o Bullying encontra campo fértil, seja em casa, na escola ou na comunidade e alerta para o papel das redes sociais. Observo que alguns ambientes, particularmente as escolas e as famílias, podem ter uma influencia negativa na estimulação deste tipo de comportamento, por às vezes tolerar este tipo de conduta. Às vezes o bully começa em casa, numa disputa entre primos, p.ex., e continua na escola.
Apesar de ocupar recente destaque na mídia, o bullying é um fenômeno antigo. Data do início dos anos 80 um dos primeiros estudos sobre o assunto, de autoria do professor Dan Olweus, da Universidade de Bergen, Noruega. Ele investigava o caso de três jovens com idades entre 10 e 14 anos, que haviam cometido suicídio em 1982, como resultado da agressão de um bully – quem pratica o bullying.
Quase 20 anos depois, os resultados das agressões continuam tendo o mesmo fim e por este motivo o assunto tem preocupado além de pais, professores e profissionais, autoridades que buscam nas políticas públicas tentar coibir a ação dos chamados "valentões".
"Existe uma relação entre saúde mental e bullying. Sejam os jovens agressores, vítimas, os dois (quando sofrem e praticam bullying) ou espectadores, sabemos que em muitos casos, a depressão e a ansiedade podem ser co-ocorrência de problemas. Eu sempre avalio para depressão e ansiedade quando estou trabalhando com os jovens que estão envolvidos em bullying. Bullying é um problema de saúde mental", afirma Susan Swearer, professora na Universidade de Nebraska, nos EUA, e autora de diversos estudos sobre o tema.
De acordo com a psicóloga, o fenômeno varia de acordo com o local onde ocorre. Isto sugere que existam condições psicológicas e sociais que favorecem a ocorrência deste tipo de agressão. "Estou cada vez mais convencida de que o bullying é um problema socioecológico e que o indivíduo, a família, os pares, a escola, a comunidade e todos os fatores sociais influenciam ou não sua ocorrência".
Neste sentido, para a autora, as intervenções devem ser elaboradas com base em dados coletados nos locais onde ocorrem. "As intervenções devem se basear em evidências. O que pergunto a alunos, pais e educadores é: Quais são as condições em sua escola (família, comunidade) que permitem a ocorrência deste tipo de agressão? Na resposta encontramos as áreas que devemos abordar em uma intervenção. Já que o fenômeno varia, cada local deve ter seus próprios dados para planejar intervenções eficazes, a fim de mudar as condições que estão alimentando o bullying em sua própria escola e comunidade".
Falta de padrões dificulta identificação de agressor e vítima.
Segundo Susan, não existe um perfil padrão de quem será um possível bully. "Se as condições ambientais são favoráveis, então qualquer um pode ser um bully. A mãe de uma menina vítima de bullying que cometeu suicídio me disse que as garotas que agrediam sua filha eram apenas ‘crianças normais’. As condições naquela escola e naquela cidade eram um campo fértil para agressores".
A pesquisadora aponta que existe uma dinâmica entre bullying e vitimização. De acordo com um de seus estudos, crianças que sofrem bullying em casa de seus irmãos ou parentes são mais propensas a serem bully na escola. "O que sabemos é que, se não tratadas, as crianças aprendem que praticar bullying é uma forma eficaz de conseguir o que se quer. E é provável que continuem com este comportamento na idade adulta. Assim, é fundamental intervir e parar o bullying durante os anos em idade escolar".
Da mesma forma, não existe um perfil das crianças mais propensas a cometer suicídio como resultado do bullying, por exemplo. "No livro Bullycide in America (‘Bullycídio na América’, 2007), mães de crianças vítimas de bullying que haviam cometido suicídio compartilham suas histórias e todas são diferentes. Em comum, apenas o trágico desfecho". Segundo Susan, existe uma conexão entre sofrer bullying e desenvolver depressão, e a depressão é um fator de risco para o suicídio. "Desta forma, pais e educadores devem prestar atenção em crianças com sinais e sintomas de depressão".
Tecnologia impacta bullying de forma negativa.
"Computadores, telefones celulares, sites e redes sociais são condições que permitem que o bullying ocorra. O que antes se limitava a um encontro cara a cara e em locais específicos, agora pode acontecer durante 24 horas, sete dias por semana". Uma maneira indicada por Susan de proteger as crianças é limitar ou monitorar o uso destas tecnologias. "Eu pergunto aos pais: você deixaria sua filha de 12 anos andar sozinha por um beco escuro? Então, por que a deixa usar o computador e mandar mensagens de texto sem acompanhar?". Para a psicóloga, pais e filhos não conseguem perceber o lado negativo da tecnologia e das redes sociais.
→ Fonte


Anvisa a um passo de proibir os emagrecedores no Brasil

Agência reguladora não se convence das desvantagens de proibir a venda dos inibidores de apetite em reunião técnica com especialistas e deve, até agosto, anunciar a proibição desses medicamentos.
Após meses de intensos debates, deve se confirmar a proibição da venda de remédios inibidores de apetite no Brasil, sugerida em nota técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em fevereiro deste ano. A discussão acerca do assunto foi encerrada em um painel promovido, na terça-feira, pelo órgão, conforme adiantado pelo Correio em 8 de junho. Segundo a chefe do núcleo de investigação em vigilância sanitária da Anvisa, Maria Eugênia Cury, o encontro reforçou as conclusões da agência reguladora de que não há margem de garantia para o consumo da sibutramina e dos anorexígenos anfetamínicos (anfepramona, femproporex e mazidol) com segurança por pacientes obesos. "Nós não conseguimos ter uma resposta objetiva de qual população se beneficia. Que o medicamento tem problemas de segurança, eu não tenho dúvidas. Reforçou (o painel) a avaliação de que o perfil de segurança do remédio é mais desfavorável do que favorável", afirma Maria Eugênia.
Boa parte da discussão voltou-se ao uso dos medicamentos, bastante receitados no Brasil. Segundo o presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, o mundo consumiu 5,7t de sibutramina em 2010. Dessas, 3,3t foram vendidas na América do Sul e quase 80% desse valor, cerca de 2,6t, foram consumidas por pacientes brasileiros. A maior divergência entre a agência e as entidades médicas e farmacêuticas envolvidas girava em torno do estudo Scout, que levou à proibição da sibutramina na Europa. No painel técnico, segundo Maria Eugênia Cury, foi possível analisar os dados do estudo e mostrar para os médicos que não havia equívoco em falar sobre os riscos para qualquer obeso, e não apenas para aqueles que já tenham histórico de doenças cardiovasculares. "A gente conseguiu ver que há técnicos e cientistas que não são da Anvisa e que confirmaram a nossa avaliação de que esse estudo, aliado a outros, demonstra riscos na utilização em uma população que não é só essa de contraindicação", explica a coordenadora.
Cury afirma que muitas das 15 questões enviadas às entidades médicas a respeito da segurança do uso dos emagrecedores permaneceram em aberto mesmo após os debates de terça. O representante da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), Ricardo Meirelles, afirma, no entanto, que todas foram sanadas. "Elas foram respondidas embasadas em publicações de revistas científicas, mostrando que não era a opinião de alguns especialistas, mas conclusões de trabalhos feitos em diversos países. A sensação que se teve é de que a Anvisa já está com uma ideia pré-concebida e não parece muito disposta a mudar", queixa-se. "Para os defensores da manutenção desses medicamentos, o estudo Scout foi mal interpretado porque foi feito com pacientes que já tinham doença cardiovascular prévia. O estudo apenas confirmou a bula, e a Anvisa, a exemplo da Agência Europeia, está querendo estender a proibição a toda a população de obesos", diz Meirelles.
O argumento usado pelos médicos, segundo o cardiologista e autor de livros de farmacologia clínica Flávio Danni Fuchs, não foi convincente. "Não se tem evidência concreta de que (o medicamento) seja útil em pacientes. Infelizmente, ele aumenta a pressão arterial e se mostrou perigoso em indivíduos com doença vascular e diabetes. Medicamentes que não têm segurança não devem ser autorizados para uso", sustenta Fuchs.
Se antes havia um clima de otimismo entre os médicos diante da possibilidade de recuo da Anvisa, agora há apreensão. "Se for mantida essa posição, vai ser um prejuízo para todos os obesos, que atualmente são mais de 15% da população brasileira", afirma Meirelles, representante da Sbem.
A Anvisa tem dois pareceres favoráveis à suspensão do registro dos inibidores de apetite no país. Depois do último painel de discussão, será elaborado um documento que será submetido à avaliação da Diretoria Colegiada da agência reguladora, que deve decidir pela proibição dos emagrecedores. A previsão é de que a resposta final saia até agosto, segundo o presidente Dirceu Barbano.
Fonte: Correio Braziliense - 16/06/11


Doença mental é a que mais prejudica adolescentes

Mais um motivo de alerta para os pais! O tratamento precoce, na adolescência, é o caminho para melhorar a saúde mental na fase adulta e prevenir as complicações e a interrupção no desenvolvimento.
As doenças neuropsiquiátricas são a principal causa de afastamento do trabalho e do estudo na adolescência, aponta um artigo publicado na revista The Lancet. Cerca de 45% dos casos de afastamento na faixa etária de 10 a 25 anos estão associados a problemas psíquicos - especialmente depressão, alcoolismo, esquizofrenia e transtorno bipolar.
É a primeira análise científica que tenta traçar um panorama global de fatores que podem levar à invalidez na juventude. Os autores, da Organização Mundial da saúde (OMS), utilizaram dados de 2004 do Global Burden of Disease, levantamento internacional do impacto das doenças na família, na economia e na sociedade.
Os cientistas avaliaram um índice chamado Daly, que mede o tempo de vida perdido por morte prematura ou doença debilitante. A região que apresentou os piores índices foi a África, com valores cerca de 2,5 vezes maiores que os observados nos países ricos.
De um modo geral, o índice Daly para rapazes de 15 a 19 anos, em todas as regiões, apresentava valores 12% maiores que o das garotas na mesma idade.
As três principais causas de afastamento do estudo e do trabalho, na ordem, são: doenças psiquiátricas (45%), acidentes (12%, especialmente no trânsito) e doenças infecciosas ou parasitárias (10%).
O estudo também aponta os principais fatores de risco para a saúde durante a adolescência: pela ordem, alcoolismo, sexo inseguro, deficiência de ferro e gravidez precoce.
Em um comentário que acompanha o estudo, de John Santelli e Sandro Galea, da Universidade Columbia, os pesquisadores argumentam a necessidade de intervenções que aumentam "as conexões dos adolescentes às comunidades, escolas e famílias". "Elas são essenciais para a promoção da saúde entre os jovens", argumenta o texto.
Cerca de 27% da população mundial está na faixa etária analisada pelo estudo - de 10 a 24 anos - o equivalente a 1,8 bilhão de pessoas. Estima-se que, em 2032, chegará a 2 bilhões, com 90% vivendo em países de baixa ou média renda.
As doenças neuropsiquiátricas são a principal causa de afastamento do trabalho e do estudo na adolescência, aponta um artigo publicado na revista The Lancet. Cerca de 45% dos casos de afastamento na faixa etária de 10 a 25 anos estão associados a problemas psíquicos - especialmente depressão, alcoolismo, esquizofrenia e transtorno bipolar.
Fonte: O Estado de São Paulo