Chega ao Brasil o Brexpiprazol, novo tratamento para depressão e esquizofrenia.
Começou a ser comercializado no Brasil este mês um novo medicamento, o Brexpiprazol, cujo nome comercial é Rexulti® e é produzido pela empresa dinamarquesa Lundbeck®, a mesma que produz o Lexapro® e o Brintellix®. Apesar da novidade em nosso país, a molécula foi aprovada pelo órgão regulador dos EUA (FDA) em 2015 tanto para o tratamento da esquizofrenia, como para o tratamento adjuvante da depressão, ou seja, como associação ao tratamento com antidepressivos. Em 2016 o FDA reforçou a indicação do Brexpiprazol como tratamento de manutenção da esquizofrenia.
O leitor deve estar se perguntando como um medicamento pode tratar duas doenças tão diferentes. Isso mesmo! Essa molécula faz parte de uma terceira geração de antipsicótico (nome que já vem sendo questionado, uma vez que essas moléculas possuem eficácia para além da esquizofrenia), a mesma que foi inaugurada com o lançamento do Aripiprazol (comercializado no Brasil inicialmente com o nome de Abilify® e depois como Aristab® – laboratório Aché), cuja aprovação nos EUA data de 2002.
Pouco mais de 10 anos depois os avanços na pesquisa fizeram com que fosse desenvolvida uma molécula mais aprimorada do que o Aripiprazol, que mantivesse sua eficácia no tratamento da esquizofrenia, mas fosse ao mesmo tempo melhor tolerada e mais eficaz na sua ação como antidepressivo, propriedade que já vinha sendo observada com a primeira molécula.
Essa terceira geração de antipsicóticos se destaca pela sua ação inovadora chamada de agonista parcial de receptores de dopamina, considerada, na época do lançamento do Aripiprazol, uma molécula “inteligente”. Diferentemente dos seus antecessores, os agonistas parciais agem mais como moduladores de dopamina, do que como bloqueadores (ação mais tradicional dos antipsicóticos antagonistas), que normalmente reduzem a dopamina cortical. Ao mesmo tempo que a redução de dopamina é desejada, pois seu excesso é uma das explicações para sintomas como delírios e alucinações, a falta de dopamina gera apatia, desânimo e desinteresse. Na atuação como agonistas parciais, tanto Aripiprazol como Brexpiprazol atuam inibindo ou estimulando diferentes sítios receptores, mantendo os níveis de dopamina mais equilibrados. Isso traz tanto uma resposta clínica diferenciada, como menor incidência de efeitos colaterais relacionados ao bloqueio da atividade dopaminérgica.
O que o Brexpiprazol traz de inovador em relação ao seu antecessor é uma maior capacidade de estabilizar a função dopaminérgica por ter uma maior ação em receptores de serotonina e uma menor atividade intrínseca nos receptores de dopamina, com ligações mais balanceadas entre receptores de dopamina e serotonina. Com isso, o Brexpiprazol, além de ter menos efeitos colaterais, como inquietação, ansiedade, acatisia e ganho de peso, possui maior eficácia no tratamento de sintomas depressivos e cognitivos.
Apesar de sua aprovação nas duas doenças, a empresa que comercializa o Rexulti® no Brasil optou pelo lançamento inicial somente para o tratamento adjuvante da depressão, por enquanto a única indicação em bula. Os estudos clínicos realizados para o lançamento do medicamento mostraram que ele melhorou os sintomas de depressão em pacientes que não melhoraram com um ou mais antidepressivos, como tristeza, desânimo, ansiedade, irritabilidade e a qualidade do sono, melhorando assim a funcionalidade do paciente, como desempenho na escola e trabalho, na vida social e familiar.
Os estudos tiveram uma baixa taxa de abandono e o Brexpiprazol mostrou um perfil favorável à classe à qual pertence, com baixo risco de ganho de peso, baixo impacto metabólico, sem aumento de prolactina e sem disfunção sexual.
Oi, gostaria de saber se esse medicamento tem grande influencia no peso?
Lribeiro, colocando em perspectiva ganho de peso e medicamentos da mesma classe do brexpiprazol, ele é um dos que menos provoca aumento de peso. Entretanto, há relatos de ganho de peso com ele e esse efeito colateral é muito individual, tem pacientes que ganham mais e outros menos. Tem que ver seu histórico de peso com esses medicamentos.
Minha irmã tem 51 anos epilética e esquizofrenia, há algum tempo não tem mais convulsões, mas tem tonturas cai mesmo deitada ou sentada fala tô caindo e cai. Vive no passado. Toma fenobarbital, carbamazepina, respiridona, quetiapina, fenitoína… Esse novo medicamento é caro?
Este medicamente funcionaria tb como um estabilizador de humor? Um psquiatra quer me introduzir esta medicação com este intuito (associada a um anti depressivo).
Mas não vejo muito sobre esta função, ate mesmo em artigos em ingles.
Guilherme, ele é um antipsicótico com ação semelhante ao Aripiprazol, em tese funcionaria como ele, que tem ação na Mania, no TBH, na esquizofrenia e na depressão em associação a um antidepressivo, porém segundo o FDA, órgão americano que regula medicamentos, a indicação do Brexipiprazol é somente para depressão e esquizofrenia, provavelmente por ainda necessitar de estudos nessas outras doenças.
Esse medicação é interessante em associação com o brintellix e a pregabalina? para tratar depressão e ansiedade?
Marcio, não tenho como afirmar se esta associação é mais efetiva, o que posso lhe dizer é que ambos são usados no tratamento da ansiedade, mas desconheço estudos sobre esta associação.
Pode ser usado conjuntamente com os antipsicóticos denominados antagonistas, como haldol, olanzapina e quetiapina por exemplo?
Benjamim, não existe nenhum impeditivo, embora esta não seja uma combinação comum, visto que ambos atuarão num mesmo receptor (um como agonista parcial e outro como antagonista).
Estou tomando Clopixol, já tomei Invega e todos os existentes. Sou esquizofrênico. O Rexulti seria o mais indicado ?
Rodrigo, o mecanismo de ação dele é diferente dos que você cita, sugiro conversar com seu médico. Ele é da família do Aripiprazol, que possui indicação no tratamento da esquizofrenia, mas se será opção para você, somente seu médico poderá lhe responder.
Esse Rexult pode tomar junto com Rivotril?
Amauri, essas questões medicamentosas não tenho como responder sem conhecer o paciente. Converse com seu médico.
Olá esse medicamento é bom para transtorno Bipolar ? Porque falam muito que antidepressivo não funciona para quem tem esse transtorno ,pode até é gerar episódio de mania .
Cristina, o tratamento de primeira linha no transtorno bipolar são os estabilizadores de humor, os antipsicóticos podem ser utilizados, no caso específico do Brexpiprazol, ele não possui aprovação para o transtorno bipolar.
Preciso tomar um estilizador de humor, eu estou insuportável, porém sustento tudo sozinha não posso me dar ao luxo de tomar alho que tenha fadiga, como efeito colateral? Qual medicamento poderia pedir ao meu médico?