Antibióticos na infância podem aumentar o risco de doenças mentais.

Apesar de todo o bem que fazem, os antibióticos, se usados demais, podem ter desvantagens bem drásticas. Em particular, o uso em excesso pode criar superbactérias resistentes a futuros antibióticos. Mas um novo estudo publicado na semana passada na JAMA Psychiatry sugere que existe uma outra consequência mais sutil do uso de antibióticos, pelo menos em pessoas jovens: um risco mais alto de desenvolver doenças mentais sérias, como transtorno obsessivo-compulsivo e esquizofrenia.

Nos últimos anos, tem havido um interesse científico renovado na ideia de que infecções comuns podem aumentar o risco de desenvolver a doença de Alzheimer na terceira idade. Mas pesquisadores também encontraram provas de que as infecções infantis podem aumentar o risco de doença mental ainda mais cedo na vida. Uma hipótese comum subjacente para ambas as teorias é que essas infecções podem causar inflamação crônica ou outros efeitos colaterais no corpo que danificam diretamente o cérebro.

Mas o autor do estudo, Robert Yolken, neurovirologista da Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, e sua equipe decidiram explorar uma possível explicação diferente para a razão pela qual as infecções estão ligadas à doença mental.

Yolken especulou que mudanças no microbioma intestinal — o mar vivo de bactérias que vive em nosso sistema digestivo — também podem prejudicar o cérebro. Isso porque o microbioma intestinal ajuda a coordenar o eixo cérebro-intestino, uma complexa rede de comunicação de sinais hormonais e nervosos entre o intestino e o cérebro que regula o corpo. E uma das maneiras mais destrutivas de mudar o microbioma é tomando antibióticos, muitos dos quais matam indiscriminadamente tanto bactérias inofensivas quanto as problemáticas.

Portanto, para o estudo, Yolken e seus colegas na Dinamarca analisaram o histórico médico de todos os residentes dinamarqueses nascidos entre 1995 e 2012, totalizando pouco mais de um milhão de crianças. Estudaram especificamente crianças que tinham tomado medicamentos antimicrobianos, quase sempre antibióticos, para alguma infeção antes dos 18 anos de idade. Em seguida, acompanharam o seu histórico de saúde mental durante uma média de 10 anos. Também compararam o seu destino a um grupo de controle de crianças dinamarquesas a quem tinham sido prescritos medicamentos para combater os germes, mas que, por qualquer razão, nunca os receberam de fato (uma razão comum pode ser que essas crianças simplesmente melhoraram sozinhas antes de os pais terem ido para a farmácia local).

“O que basicamente descobrimos foi que a exposição a antibióticos, particularmente antibióticos de longo prazo ou múltiplas doses de antibióticos, estava associada a um risco aumentado de qualquer número de distúrbios psiquiátricos diferentes”, disse Yolken ao Gizmodo.

Apenas 3,9% das crianças no total, cerca de 42 mil, foram posteriormente hospitalizadas e diagnosticadas com qualquer distúrbio de saúde mental, enquanto 5,2%, 56 mil crianças, mais tarde receberam uma receita para um medicamento antipsicótico. Mas, em comparação com as crianças não tratadas, as crianças que receberam antibióticos tiveram uma chance visivelmente maior de uma dessas coisas acontecer com elas.

Crianças que foram hospitalizadas e tratadas por uma infecção foram 84% mais propensas a serem hospitalizadas por doença mental e 42% mais propensas a receberem antipsicóticos. Mas mesmo as crianças que só foram prescritas antibióticos para uma infecção ainda tinham 40% e 22% mais probabilidade de serem hospitalizadas por doença mental ou receberem antipsicóticos, respectivamente. Em ambos os cenários, o maior risco associado foi visto em crianças que receberam antibióticos, enquanto nenhum risco adicional foi visto em crianças que receberam medicamentos antivirais ou antifúngicos.

“Isto não é para assustar ninguém. Se estamos falando de pais cujos filhos recebem antibióticos para uma infecção no ouvido — uma dose não vai fazer muito.”

O uso de antibióticos, obviamente, não é o único fator que influencia o risco de doença mental de uma pessoa. A equipe também conseguiu olhar para o histórico de saúde mental dos irmãos das crianças tratadas. Em comparação com os irmãos, as crianças tratadas tinham um maior risco de doença mental, mas em menor grau do que quando comparadas com o público em geral. Em outras palavras, a genética ou o ambiente compartilhado de uma pessoa também parece desempenhar um papel importante para torná-la vulnerável a doenças mentais.

Yolken também não descarta a possibilidade de que as próprias infecções, particularmente as que ameaçam a vida, ainda possam danificar diretamente o cérebro. Mas, quando olhamos para as infecções menores, os autores dizem que são os antibióticos que são provavelmente um fator maior.

Em última análise, um estudo populacional como esse não pode provar que A causa B ou vice-versa; só pode mostrar uma associação indireta entre eles. Mas o estudo, diz Yolken, é o maior e mais extenso do gênero. E Yolken e outros esperam seguir com pesquisas com animais que possam mostrar diretamente como um microbioma intestinal danificado por antibióticos pode aumentar o risco de doença mental.

“Isto não é para assustar ninguém. Se estamos falando de pais cujos filhos recebem antibióticos para uma infecção no ouvido — uma dose não vai fazer nada demais”, disse Yolken. “Mas, a nível de população, ou de cuidados médicos, eu acho que é importante tentar limitar os antibióticos que recebemos durante nossa infância, especialmente no primeiro ou segundo anos de vida.”

Por causa da crescente resistência aos antibióticos, já existe um esforço dedicado por parte de alguns médicos e hospitais para reduzir ou informar melhor o uso deles. Muitos médicos, às vezes a pedido dos pacientes, tendem a prescrever antibióticos quando não são necessários ou úteis, seja porque uma infecção é curta e leve ou porque não é causada por bactérias em primeiro lugar. Essas reformas incluem escrever menos prescrições antibióticas, encurtar a duração de um tratamento ou usar drogas de espectro mais reduzido que só podem visar alguns tipos de bactérias.

“Isso só acrescenta uma razão adicional para diminuir o uso de antibióticos”, disse Yolken.

Fonte: Gizmodo/uol


Vírus da herpes pode ser a causa do Mal de Alzheimer.

Por: Ruth Itzhaki, professora de Neurobiologia Molecular da Universidade de Manchester, no Reino Unido. Este artigo foi publicado originalmente em inglês no The Conversation.

Mais de 30 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem com a doença de Alzheimer – a forma mais comum de demência. Infelizmente, não há cura, apenas drogas para aliviar os sintomas. No entanto, minha última pesquisa sugere uma maneira de tratamento. Eu encontrei a mais forte evidência de que o vírus da herpes causa Alzheimer, sugerindo que medicamentos antivirais eficazes e seguros podem ser capazes de tratar a doença. Podemos até ser capazes de vacinar as crianças contra isso.

O vírus implicado na doença de Alzheimer, o herpes simplex tipo 1 (HSV1), é mais conhecido por causar herpes labial. Ele infecta a maioria das pessoas na infância e, em seguida, permanece dormente no sistema nervoso periférico (a parte do sistema nervoso que não é o cérebro e a medula espinhal). Ocasionalmente, se uma pessoa está estressada, o vírus é ativado e, em algumas pessoas, causa as feridas na boca.

Foi descoberto em 1991 que, em muitos idosos, o HSV1 também está presente no cérebro. E em 1997 mostramos que isso confere um forte risco para Alzheimer, principalmente quando presente no cérebro de pessoas que têm o gene APOE4.

O vírus pode se tornar ativo no cérebro, talvez repetidamente, e isso pode causar danos cumulativos. A probabilidade de desenvolver a doença de Alzheimer é 12 vezes maior para os portadores de APOE4 que têm HSV1 no cérebro do que para aqueles que não possuem nenhum fator.

Mais tarde, foi descoberto que a infecção por HSV1 das culturas celulares faz com que as proteínas Beta-amilóide e Tau anormal se acumulem. E o acúmulo dessas proteínas no cérebro é característico do Alzheimer.

Acreditamos que o HSV1 é um dos principais fatores que contribuem para a demência, e que ele entra no cérebro de pessoas idosas à medida que seu sistema imunológico diminui com a idade. É estabelecido uma infecção latente, da qual é reativada por eventos como estresse, sistema imunológico enfraquecido e inflamação cerebral induzida por infecção de outros micróbios.

A reativação leva ao dano viral direto nas células infectadas e à inflamação induzida por vírus. Sugerimos que a ativação repetida causa danos cumulativos, levando eventualmente à doença de Alzheimer em pessoas com o gene APOE4.

Presumivelmente, em portadores de APOE4, o Alzheimer se desenvolve no cérebro devido à maior formação de produtos tóxicos induzida por HSV1, ou menor reparo de danos.

Novos tratamentos?

Dados sugerem que agentes antivirais podem ser usados ​​para tratar Alzheimer. Os principais agentes antivirais, que são seguros, impedem a formação de novos vírus, limitando assim os danos.

Em um estudo anterior, foi descoberto que a droga antiviral anti-herpes, o Aciclovir, bloqueia a replicação do DNA do HSV1 e reduz os níveis de Beta-amilóide e Tau causados ​​pela infecção por HSV1 das culturas de células.

É importante notar que todos os estudos, incluindo os que participei, mostram apenas uma associação entre o vírus do herpes e o Alzheimer – eles não provam que o vírus é uma causa real. Provavelmente, a única maneira de provar que um micróbio é uma causa de uma doença é mostrar que uma ocorrência da enfermidade reduzida, seja por atacar o micróbio com um agente antimicrobiano específico ou seja por vacinação específica.

A prevenção bem sucedida de Alzheimer pelo uso de agentes anti-herpes específicos foi demonstrada em um estudo em larga escala, realizado em Taiwan. Espero que as informações em outros países, se disponíveis, produzam resultados semelhantes.

Fonte: Revista Galileu

Comentário: os exames para HSV1 e APOE4 podem ser facilmente realizados através da coleta de sangue em qualquer laboratório de análises clínicas. Converse com seu médico.


Especial Maconha e Psicose: Epidemiologia.

Parte I: Epidemiologia

A partir desse mês iniciaremos uma série de artigos especiais sobre a relação entre a maconha e a psicose. Hoje vamos abordar questões epidemiológicas a respeito do uso de maconha, particularmente nos EUA, onde temos dados estatísticos mais robustos, mas que ao meu ver podem ser perfeitamente extrapolados para a nossa realidade aqui no Brasil.

A maconha é uma planta e tem duas espécies: a cannabis sativa e a cannabis indica. Ela possui mais de 400 compostos, sendo 80 canabinóides, substâncias que agem no SNC, precisamente no sistema endocanabinoide.

A cannabis sativa, a planta que dá origem à maconha mais utilizada, possui centenas de cepas diferentes com distintos “blends” de canabinóides, com efeitos psicoativos diversos.

O delta-9-tetrahidrocanabinol, conhecido pela sigla THC, é o canabinóide que possui o maior efeito psicoativo da maconha, responsável pelas manifestações psíquicas e comportamentais da droga. Já o Canabidiol, conhecido pela sigla CBD, é um canabinoide que exerce um efeito protetor ao cérebro frente ao THC, minimizando os riscos e os efeitos psicoativos do mesmo.

Diferentes proporções de THC vs CBD existem nos diferentes tipos de maconha. O haxixe, p.ex., possui 5% de THC e 4% de CBD, enquanto o Skunk, um tipo mais forte da droga, possui 15% de THC e 0,1% de CBD. A relação de THC para CBD na maconha vem aumentando nas duas últimas décadas de maneira preocupante, saltando de 14:1 em 1994 para 80:1 em 2018, segundo as apreensões da droga nos EUA. Outro fator preocupante é o aumento do consumo de maconha de forma consistente desde 1970 nas Américas.

Nos EUA a maconha já é a droga ilícita mais usada, ultrapassando inclusive o tabaco em 2014. A concentração de THC na maconha mais do que dobrou desde 2002, saltando de 6 para 13% em 2014.

Um dos maiores estudos epidemiológicos sobre drogas nos EUA (NSDUH), realizado pela Secretaria de Saúde Mental e Abuso de Substâncias do Ministério da Saúde de lá (SAHMSA), mostrou que o uso da maconha subiu de 10 para 13% em 12 anos, entre 2002 e 2014, sendo que o número de usuários frequentes (diário ou quase diário) da droga quase dobrou, de 1,9% para 3,5%. Estima-se que nos EUA haja 32 milhões de usuários e 8,4 milhões de usuários frequentes, que usam a maconha diária ou quase diariamente, segundo os dados da pesquisa em 2014.

Uma das explicações para este aumento é que a liberação da maconha nos EUA para uso medicinal possa ter influenciado a percepção do risco da droga, uma vez que a percepção de não-risco saltou de 5,6% em 2002 para 15,1% em 2014 na população geral e de 17,4 para 47,4% entre os usuários de maconha.

A média de dias de uso de maconha subiu de 10 para 16 dias por ano, sendo que entre os usuários cresceu de 98 para 125 dias por ano, um aumento de 30%.

O perfil do usuário de maconha americano, segundo o estudo do SAHMSA é ser homem, jovem, solteiro, sem diploma de ensino médio, desempregado ou licenciado ou empregado em meio turno, usuário de outras drogas e portador de transtorno depressivo maior.

A pesquisa aponta que o uso de maconha é maior no grupo de pessoas que não percebem o risco, têm facilidade de obtenção ou, no caso dos jovens, cujos pais não reprovam o uso. O uso também foi maior entre jovens deprimidos, entre aqueles que iniciaram o uso aos 15 anos e no grupo que fuma cigarro.

Um dado positivo da pesquisa foi que, entre jovens de 12 a 17 anos, ocorreu uma redução do uso de maconha entre 2002 e 2014, caindo de 15,8% para 13,1% e o fator que mais se associou a isso foi a queda no uso de tabaco.

A importância desse estudo é mostrar o tamanho do problema para a saúde pública e a necessidade de agir preventivamente, principalmente na população mais jovem. Campanhas contra o cigarro refletiram positivamente entre os mais jovens, reduzindo o uso de maconha e comprovando a teoria do portão (gateway theory), ou seja, que o cigarro possa ser uma porta de entrada para o uso de maconha. O que preocupa é a baixa percepção do risco, tanto em usuários como em pais de jovens que podem iniciar o uso de maconha. Maior informação e campanhas educativas, mostrando o papel do THC e do CBD podem desfazer a impressão de que a maconha seja uma droga inócua, uma vez que tem sido utilizada de forma medicinal.

No próximo artigo vamos explicar mais sobre o sistema endocanabinoide e sua importância para o nosso funcionamento na sociedade e falar mais de alguns efeitos da maconha no cérebro. Não percam!


Setembro Amarelo: conheça a "aula de vida" criada em escola de Guaíba.

Por Aline Custódio

Em Guaíba, a Escola Estadual Ruy Coelho Gonçalves, no bairro de mesmo nome, mudou a rotina desde julho deste ano, quando registrou o primeiro caso de suicídio. No retorno das férias de inverno, a psicóloga Dayane Costa, especialista no atendimento mental de crianças e adolescentes e que há quatro anos palestra nas escolas sobre adolescência, voluntariou-se para conversar com os estudantes a partir do sexto ano. Num dos bate-papos, Dayane abordou o tema depressão. Quando perguntou aos alunos o que eles entendiam sobre a doença, ouviu respostas surpreendentes.

— É uma doença muito séria, e a gente não pode julgar quem tem — respondeu uma jovem.

— É invisível, diferente de uma pereba (espinha) que vai aparecendo na tua cara e as pessoas vão notar. A depressão ninguém nota — comparou um aluno.

— Muitos mostram ao público uma aparência feliz, mas no fundo estão tristes — resumiu outra estudante.

— Às vezes, a gente quer conversar e as pessoas ficam falando que tudo é drama — desabafou um adolescente.

Nos corredores da escola, cartazes com frases e poesias motivacionais foram espalhados pelas supervisoras escolares Maristela Rosa de Souza Pires e Patrícia Gonçalves, junto com a vice-diretora do turno da manhã, Berenice de Souza. Os próprios alunos produziram as mensagens.

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As três também organizaram um calendário de palestras até o final do ano e planejam mudar as cores das paredes do prédio com a ajuda dos próprios estudantes – numa ação coletiva de grafite. Pais e alunos estão sendo chamados para conversas com as supervisoras. Pela primeira vez, a instituição celebrará o Dia da Família, no próximo dia 29. O evento surgiu a partir da percepção dos professores de que era necessário comemorar com os responsáveis pelos alunos, independentemente de serem pais e mães biológicos.

Em sala de aula, a professora de português das turmas do Ensino Médio, Carmen de Vargas, observou a baixa autoestima de parte dos estudantes quando propôs à turma uma dissertação sobre o significado da palavra pai. Resistente à ideia, o grupo preferiu relatar em primeira pessoa os sentimentos relacionados à palavra. A tristeza pela ausência da figura paterna e a depressão, em alguns casos, ficaram expressas nas redações.

Numa longa conversa entre mestre e pupilos, anseios e dúvidas sobre a vida adulta foram confessados. Carmen teve a certeza de que os alunos apenas precisavam de uma oportunidade de serem ouvidos. As aulas de português, que já tinham textos motivadores – como a poesia Recomece, do poeta Bráulio Bessa –, ganharam mais um ingrediente: aula de vida, como a professora diz. A meta da professora é auxiliar os alunos a se tornarem mais autoconfiantes. Parece que as mensagens da docente estão sendo guardadas pela gurizada. Carmen emocionou-se ao encontrar na capa do caderno de um dos estudantes, escrita em letras garrafais, uma das frases ditas por ela em sala de aula: "O verbo mais importante da língua portuguesa é recomeçar".

Preste atenção

Sintomas de depressão

Alteração de padrão de sono – dorme mais
Alteração de padrão de apetite
Alteração de humor: pode ter choro frequente ou apenas demonstrar a alteração em atitudes mais impulsivas (se era uma criança ou adolescente calmo e passa a demonstrar irritação com situações comuns da rotina)
Sentimentos de desesperança, desamparo e desespero
Desânimo
Queda no rendimento escolar
Pensamento negativo
Diminuição de prazer
Isolamento
Tédio (não tem nada para fazer)
Uso contínuo de roupas compridas em períodos de calor
Uso de pulseiras para esconder os braços

Causas que podem desencadear a depressão

Abuso de substâncias
Abuso físico e sexual na infância
Bullying
Desemprego, perda recente do emprego ou endividamento dos pais
Dificuldade de integração e socialização na escola
Dificuldades em relação a identidade e orientação sexual
Histórico familiar de transtorno psiquiátrico
Problemas emocionais, familiares e sociais
Rejeição familiar
Situações de luto
Situações de assédio moral
Trabalho infantil
Violência familiar

Fonte: Gauchazh


Suicídios de estudantes acendem alerta em escolas.

No dia 14 de junho do ano passado, a rotina de uma família americana do estado de Nova Jersey foi interrompida bruscamente por uma tragédia. Aos 12 anos, a adolescente Mallory Grossman pôs fim à própria vida após ser vítima de bullying. Cerca de um ano depois do suicídio da jovem, seus pais decidiram mover uma ação judicial contra a Escola de Ensino Fundamental Copeland, por ter negligenciado seus alertas e não ter evitado a prática de bullying por parte dos colegas. A medida abriu uma discussão a respeito da responsabilidade das escolas no zelo pelo bem estar emocional e mental de seus alunos.

— Os sistemas escolares são 100% responsáveis pelo aprendizado emocional e acadêmico. Nós, pais, somos obrigados a mandar nossos filhos para a escola, temos direito a um ambiente de aprendizagem seguro e protegido. Eles precisam ser responsabilizados financeiramente pelo papel que desempenharam na morte de Mallory. Quando as escolas aprenderem que estão sob risco de serem processadas, começarão a implementar sistemas para proteger nossos filhos — disse Dianne Grossman, mãe de Mallory, em entrevista ao GLOBO.

A pressão por resultados exercida por muitas escolas acaba depositando uma carga de estresse nos estudantes, o que também pode ser prejudicial. No Brasil, a discussão ganhou força com relatos de casos trágicos desde o final de 2017, quando um estudante de 14 anos que seria vítima de bullying abriu fogo contra seus colegas em uma escola em Goiânia. Em abril deste ano, o suicídio de dois estudantes do Colégio Bandeirantes, um dos mais tradicionais de São Paulo, rendeu novos questionamentos sobre o papel das instituições de ensino nesses casos.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, entre 2011 e 2015 — últimos dados disponíveis —, a taxa de mortalidade de pessoas de 5 a 19 anos por suicídio foi de 1,7 a cada 100 mil habitantes. Em relação às tentativas de suicídio, o Sistema de Informação de Agravos e Notificação (Sinan) registrou 10.583 casos entre 2011 e 2016 cometidos por pessoas de 10 a 19 anos.

O pai de um estudante brasileiro de 16 anos que cometeu suicídio e pediu para não ser identificado defende maior atenção das escolas, mas diz que é errado eleger um “culpado”.

— A escola tem um papel fundamental, essas crianças passam até seis horas por dia lá dentro. É preciso ter um olhar cuidadoso. Meu filho reclamava de a escola ser puxada, de não olhar para o ser humano e dar sentido às provas que são feitas. Eu acho que isso fez parte do caldeirão de emoções que ele estava sentindo, mas não sei se foi algo definitivo. É um somatório de fatores. Eu tenho a dizer para os pais que prestem mais atenção, mas não tentem imputar isso à escola ou a outro ator. O problema é com o indivíduo .

A gravidade da questão entra aos poucos no radar das instituições de ensino. Pesquisadora da Unesp e coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Moral (Gepem), que trabalha na prevenção ao bullying e no acolhimento de jovens, Luciene Tognetta afirma que quem mais recorre ao grupo não são as escolas, mas sim os pais de crianças e adolescentes. Criado em 2005, o Gepem treinou 15 instituições no estado de São Paulo, incluindo o Colégio Bandeirantes, para lidar com o apoio a jovens em situação emocional vulnerável.

— Existem casos em que o colégio assume para si uma responsabilidade, que não lhe cabe sozinho, mas que lhe cabe também. Ainda há no Brasil, no entanto, muitas escolas que não sabem o que fazer e optam por negligenciar esse tipo de problema ou silenciá-lo — diz ela.

A voluntária do Centro de Valorização da Vida (CVV) Patrícia Fanteza conta que, desde que os casos de suicídio de estudantes começaram a chamar mais atenção, ao longo do último ano, a procura de escolas por palestras aumentou.

— Muitos colégios perceberam que não podem mais fingir que isso não acontece — comenta. — O que eu mais ouço dos educadores é que eles conseguem ver quando existe algo errado com o aluno, mas não sabem como agir. Em muitos casos, acham a situação pode piorar se tocarem no assunto, então fingem que nada está acontecendo e torcem para que o jovem melhore sozinho. Para cada suicídio que ocorre, estima-se que haja pelo menos 20 tentativas. Não é pouca coisa.

HABILIDADES EMOCIONAIS

Especialista em suicídios e membro da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção do Suicídio (Abeps), Carlos Aragão Neto destaca que, no caso de jovens em idade escolar, os maiores fatores de risco para o suicídio são bullying, ciberbullying e ambiente de extrema pressão acadêmica. Aragão ressalta, porém, que nenhum suicídio é causado por apenas um aspecto.

— A grande característica do suicídio é ser multifatorial. Sem dúvida, o excesso de rigor em um colégio pode ser um fator de risco, e pode até ser um fator que chamamos de precipitante, que é a gota d'água. Mas, quando investigamos a fundo, vemos que houve uma longa história por trás daquele ato final (o suicídio). Nunca é um fator isolado, por isso acho grave apontar o dedo para uma instituição de ensino quando um suicídio acontece.

Mas, afinal, o que as escolas podem fazer? Para ele, é urgente inserir na matriz escolar métodos que desenvolvam habilidades sociais e emocionais, para que as crianças cresçam com mais resiliência para lidar com frustrações.

No Colégio Bandeirantes, após os dois suicídios do primeiro semestre, um grupo de alunos do ensino médio criou espontaneamente um grupo para acolher alunos com dificuldades. Eles participaram de treinamentos oferecidos pelo Gepem e se intitulam Comissão de Apoio Racional e Emocional (Care).

— Com o que aconteceu em abril, tivemos que contratar uma profissional em suicídio para que ela fizesse um trabalho que chama de posvenção, acolhendo os pais. Quanto à prevenção, já havíamos inserido aspectos de desenvolvimento emocional no colégio— conta Estela Zanini, coordenadora do programa do convivência do Colégio Bandeirantes.

Responsável pelo trabalho de posvenção no Bandeirantes, a psicóloga e pós-doutora pelo Instituto de Psicologia da USP, Karina Okajima Fukumitsu, diz que é preciso estabelecer uma relação de confiança entre escola e família:

— Cabe à escola orientar e informar aos pais quando houver uma mudança abrupta de comportamento. É necessário um pacto entre a escola e a família. A família, por sua vez, deve informar a escola caso o jovem tenha transtorno mental ou histórico de tentativas prévias de suicídio. É uma parceria.

Por Paula Ferreira / Clarissa Pains
Fonte: O Globo


OMS classifica vício em videogames como doença.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu nesta segunda-feira (18) a obsessão por videogames como um dos problemas de saúde mental que constam na 11ª Classificação Internacional de Doenças (CID).

A medida já tinha sido anunciada em janeiro, mas faltava a publicação.

A última revisão do manual de classificação de doenças da OMS descreve a compulsão por jogos eletrônicos como um "padrão de comportamento persistente ou recorrente" podendo se tornar tão intenso que "toma a preferência sobre outros interesses da vida".

A OMS alerta que a classificação de "gaming disorders" poderão ajudar os governos, pais e autoridades de saúde a identificar os riscos. A agência de saúde da ONU afirma, porém, que esses casos são muito raros, atingindo menos de 3% dos gamers.

Em alguns países a condição já era considerada um problema. Muitos, incluindo o Reino Unido, têm clínicas autorizadas a tratar o distúrbio.

Segundo Shekhar Saxena, diretor do departamento de doenças mentais e abusos de substâncias da OMS, a nova classificação se baseia em evidência científica, alertando para a "necessidade e demanda de tratamento em muitas partes do mundo", de acordo com entrevista à agencia DW.

Mark Griffiths, pesquisador da Universidade Nottingham Trent, que estuda há 30 anos a obsessão por vídeo games, acredita que a nova classificação deva ajudar a legitimar o problema e reforçar as estratégias de tratamento.

"Do ponto de vista psicológico, os vídeos games são um tipo de aposta não financeira. (...) Os apostadores usam o dinheiro como forma de manter um placar, enquanto os gamers usam os pontos." - Mark Griffiths

Na opinião de Mark Griffiths, a porcentagem de gamers com problema de compulsão seria de menos de 1%.

O manual Classificação Internacional de Doenças (ICD, na sigla em inglês), que vem sendo atualizado nos últimos dez anos, inclui 55 mil doenças, lesões e causas de morte. A publicação serve de plataforma para a OMS e outros especialistas registrarem e reagirem a tendências na saúde.

Em entrevista ao Jornal Nacional, o psiquiatra Cirilo Tissot diz que a decisão de incluir o vício em games como transtorno vai ajudar os médicos a fazer essa diferença. Ele explica: há uma predisposição genética na maioria dos casos e sinais que servem de alerta.

“Quando eu começo a deixar de fazer outras obrigações, ir na escola, estudar, frequentar relacionamentos sociais, de amigos, quando eu começo a fazer isso em função de jogo, esse é principal sintoma de que a pessoa está viciada, está compulsiva nessa atividade.” - Cirilo Tissot, psiquiatra

A dependência em games, assim como em outras atividades, tem uma explicação, uma reação bioquímica dentro do nosso cérebro: ele libera um neurotransmissor chamado dopamina, que dá uma sensação de prazer, euforia, recompensa. Quem se vicia, não consegue viver sem essa descarga de dopamina. Sempre quer mais e joga mais.

Vicio em jogos eletrônicos é caso de saúde pública em muitos países.

Fonte: G1


Assista ao video do Dia da Consciência sobre a Esquizofrenia no Rio de Janeiro.

Com o mote "Mais Amor, Menos Estigma" um grupo de pacientes e familiares que formam uma rede comunitária de apoio às pessoas que convivem com transtorno mental severo na cidade do Rio de Janeiro decidiu pela primeira vez organizar um dia pela Consciência da Esquizofrenia, seguindo a tradição de outros países que já marcam a data de 24 de maio para levar a informação correta à sociedade e, assim, combater o preconceito.

O local escolhido foi a Quinta da Boa Vista, onde ocorreram apresentações musicais, roda de conversa sobre a doença, depoimentos de pessoas que se recuperaram e um varal com frases e personalidades importantes no campo da saúde mental, como Nise da Silveira, Philippe Pinel e Franco Basaglia.

O vídeo com depoimentos de familiares e pacientes no dia do evento quer chamar a atenção para a importância da informação no combate ao estigma e ao preconceito, principais barreiras para que as famílias e as pessoas com esquizofrenia procurem ajuda e tratamento.

O tratamento precoce e fazer parte de sua comunidade, constituindo uma rede de apoio e solidariedade, são as principais armas para a recuperação e o bem estar. Procure um grupo de apoio na sua cidade, onde você encontrará pessoas que são exemplos de fé, esperança, força, atitude e superação.

Assista ao vídeo!


Estudo alerta para remédios que têm depressão como possível efeito colateral.

Analgésicos, anti-inflamatórios, anti-hipertensivos, antiácidos, anticoncepcionais. Os armários, mochilas e bolsas de brasileiros e brasileiras estão cheios de medicamentos de uso comum, muitos deles vendidos sem receita médica, que consomem regularmente e concomitantemente, numa situação conhecida como polifarmácia. Mas, além de seus esperados resultados benéficos, muitos destes remédios podem provocar efeitos indesejados que escapam à atenção tanto de médicos quanto de pacientes. E um dos mais negligenciados entre eles é a depressão, como mostra estudo publicado nesta terça-feira no periódico científico “Journal of the American Medical Association” (Jama).

Na pesquisa, cientistas da Universidade de Illinois em Chicago analisaram dados de mais de 26 mil americanos participantes de um amplo levantamento de longo prazo sobre os hábitos de saúde e nutrição da população dos EUA realizado entre 2005 e 2014, incluindo os medicamentos que tomavam. Destes, eles identificaram 203 remédios que têm entre seus possíveis efeitos colaterais relatados em bula depressão ou pensamentos suicidas.

E cruzando estas informações com relatos de sintomas de depressão também constantes do levantamento, os pesquisadores descobriram que os que tomavam um ou mais destes medicamentos têm um risco muito maior de sofrer com o transtorno de humor. Segundo eles, enquanto a prevalência de depressão entre os que não consumiam nenhum desses remédios no período do estudo foi de 4,7%, entre os que tomavam ao menos um deles essa taxa foi para 6,9%, subindo para 9,5% no caso de uso de dois e chegando a 15,3% na polifarmácia de três ou mais, em cálculos que já levaram em consideração outros possíveis fatores de risco para a depressão, como sexo, idade, etnia, estado civil, emprego ou desemprego, nível educacional, renda, índice de massa corporal e outras condições crônicas de saúde.

- A mensagem básica deste estudo é que a polifarmácia pode levar a sintomas de depressão e que pacientes e profissionais de saúde devem estar alertas para o risco de depressão trazido por todos estes tipos comuns de remédios, muito deles disponíveis sem prescrição médica – destaca Dima Qato, professora da universidade americana e líder da pesquisa. - Muitas pessoas podem ficar surpresas em saber que suas medicações, apesar de nada terem a ver com humor, ansiedade ou qualquer condição normalmente associada com a depressão, podem aumentar seu risco de sofrer com sintomas de depressão e acabar resultando em um diagnóstico de depressão.

E é uma situação de risco mais alto para a depressão que também está se tornando mais comum, acrescenta o estudo. Isso porque como o levantamento que serviu de base para a pesquisa teve ciclos bienais de coleta de dados, os cientistas também puderam observar uma tendência de aumento no consumo individual ou concomitante de vários dos medicamentos da lista com depressão ou pensamentos suicidas entre seus potenciais efeitos colaterais do período inicial, 2005-2006, para o final, 2013-2014.

No total, a proporção dos que tomaram pelo menos um destes remédios de forma regular subiu de 35% no primeiro ciclo do levantamento para 38,4% no último, enquanto a prevalência da polifarmácia de três ou mais deles foi de 6,9% para 9,5% na mesma comparação. Já entre as diferentes classes de medicamentos que trazem em suas bulas alertas sobre depressão, a que teve maior elevação no consumo foi a dos antiácidos inibidores de bombas de prótons ou antagonistas H2, como omeprazol e ranitidina, respectivamente, cuja prevalência de uso foi de 5,4% para 9,5% entre o início e o fim do levantamento.

- As pessoas não só estão usando cada vez mais estes remédios individualmente como simultaneamente, mas poucas destas drogas trazem alertas (sobre risco de depressão) nos seus rótulos – diz Qatro. - Então, até que tenhamos soluções públicas ou sistemáticas para isso, cabe aos pacientes e profissionais de saúde ficarem alertas para este perigo.

E apesar de o estudo ter sido feito com dados de americanos, a situação no Brasil deve ser semelhante ou até pior, avalia o psiquiatra Fernando Portela Câmara, integrante da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Isso porque aqui não só a depressão é um transtorno comum – dados da Organização Mundial de Saúde indicam que o país tem a quinta maior prevalência do problema no mundo, de 5,8% - como a automedicação é uma prática generalizada, o que aumenta o risco de polifarmácias que a tenham como efeito colateral.

- Este estudo mostrou o que já sabíamos ou desconfiávamos há tempos na prática clínica, é algo que está acontecendo agora – afirma Câmara. - E também representa mais um perigo da nossa cultura da automedicação, consequência principalmente da falta de assistência, seja no SUS (Sistema Único de Saúde), seja por meio dos planos de saúde. São pessoas tomando quilos e mais quilos de remédios do nada, numa enorme quantidade de medicações diferentes com frequência e interações importantes que somadas à predisposição, idade e condições psicossociais tornam estes efeitos colaterais mais um fator numa equação que só pode piorar a situação.

Câmara, no entanto, alerta que não é para as pessoas deixarem de tomar os remédios de uso contínuo que necessitam, como os anti-hipertensivos, só porque têm a depressão entre seus potenciais efeitos colaterais.

- Afinal, uma hipertensão fora de controle pode matar – lembra. - O que precisamos é de uma modificação das bulas para destacar este tipo de informação, para que tanto pacientes quanto prescritores fiquem mais atentos a estes possíveis efeitos colaterais no humor de remédios que aparentemente não têm relação com isso. E também não basta que uma pessoa vá ao médico, seja atendida, saia com uma receita e pronto, problema resolvido. É preciso que haja um acompanhamento posterior, de forma que o médico possa detectar este tipo de ocorrência e ajuste ou mude a medicação em função disso, ou então encaminhe o paciente para um psiquiatra.

POR CESAR BAIMA
Fonte: O Globo


Crianças afetadas pelo Zika podem desenvolver esquizofrenia ou autismo quando adultas.

Crianças afetadas pelo zika no Brasil devem ter no máximo três anos hoje -- considerando que a maioria das anomalias começaram a ser identificadas em 2015. Dada à urgência do caso, foram muitos os estudos que focaram na primeira fase da infecção... mas o que vai acontecer com essas crianças quando adultas? E com aquelas sem más-formações tão evidentes? Essas são perguntas que a ciência tenta responder.

Um estudo publicado nesta quarta-feira (6) no "Science Translational Medicine" é uma das tentativas de responder a essas perguntas. A pesquisa foi feita só por cientistas brasileiros (Universidade Federal do Rio de Janeiro e de São Paulo) e tentou prever, de forma inédita em cobaias, os efeitos a longo prazo do zika.

De modo geral, a pesquisa identificou que a infecção de fetos pelo vírus da zika pode trazer consequências neurológicas, distúrbios de comportamento (esquizofrenia, autismo), de memória e consequências motoras (em crianças com microcefalia ou sem).

Cientistas também testaram que o infliximabe, já usado para o tratamento da artride reumatoide (doença que causa dores e deformações nas articulações), pode ser útil na fase aguda da infecção por zika, diminuindo o número de convulsões.

Outro ponto frisado pelos pesquisadores é que, em média, só 10% das crianças infectadas pelo zika vão desenvolver microcefalia: o restante não. A microcefalia, no entanto, não é a única consequência do zika e os pesquisadores estão verificando agora que há uma série de crianças que podem ter consequências do vírus no futuro (como as de comportamento).

O estudo foi capaz de prever o que acontecerá com crianças por testes em cobaias: isso é possível porque o ciclo de vida da cobaia é mais curto: com isso, cientistas podem simular o que potencialmente acontecerá com fetos infectados no Brasil em 2015, por exemplo.

Outra parceira do estudo, a neurocientista Júlia Clarke, pesquisadora da Faculdade de Farmácia da UFRJ, destaca que os camundongos foram acompanhados por 100 dias: basicamente, o ciclo de vida do animal. O vírus da zika também foi injetado logo após o nascimento, o que corresponde ao terceiro trimestre de gestação em humanos.

A cientista explica que o vírus usado no camundongo foi isolado de um paciente de Recife em 2016. "Isso é importante porque outros estudos utilizaram cepas africanas e asiáticas", diz Clarke.

Outro achado da pesquisa mostra que o vírus da zika fica presente no cérebro das cobaias, mesmo na fase adulta. "Há a impressão de que você tem uma infecção ativa após o nascimento, que depois é resolvida, e vimos que não, o vírus permaneceu no cérebro desses animais", explica a especialista, indicando a possibilidade de um tratamento para neutralizar o zika, mesmo na fase adulta.

Outros resultados da pesquisa incluem:

- Cientistas descobriram que crianças afetadas pelo zika podem desenvolver quadro de epilepsia que diminuiu muito na fase adulta;
- Algumas convulsões podem voltar a depender do estímulo: traumas na cabeça ou acidentes, por exemplo;
- Pesquisadores observaram grande possibilidade de alterações comportamentais: há risco para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade e condições como autismo e esquizofrenia;
- Há problemas motores: crianças podem ter dificuldade de segurar uma caneta, por exemplo, mesmo na fase adulta;
- Há a possibilidade do vírus zika estar presente no cérebro de algumas crianças quando elas atingirem a fase adulta, sem grande reprodução.

Como os cientistas chegaram à conclusão sobre desordens comportamentais?

A neurocientista Júlia Clarke explica que há várias maneiras de testar se uma condição deflagra distúrbios de sociabilidade em animais. Uma das maneiras é colocar a cobaia afetada pelo vírus em um ambiente com duas portinhas: em uma delas, há um outro animal; na outra, não há ninguém.

"O animal com algum sintoma de sociabilidade vai entrar nas duas portas como se não tivesse ninguém. Já a cobaia sem essa condição, vai cheirar, vai ter sinais de medo; enfim, vai agir como se alguém estivesse lá" - Júlia Clarke.

Segundo a neurocientistas, outros estudos vêm demonstrando a possibilidade de infecções ter um papel no desenvolvimento de distúrbios de comportamento. Um deles foi publicado na revista "Science" em 2016.

O artigo cita que, depois de 1964, durante uma pandemia de rubéola, o índice de autismo e de esquizofrenia, que contabilizavam menos de 1% dos casos, aumentaram para 13% e 20%, respectivamente.

Ainda, o estudo científico cita outros que fazem a mesma associação entre infecções e diversas desordens psiquiátricas: há aumento de casos de distúrbios mentais após pandemias de gripes, poliomielite, sarampo, cachumba, episódios de gripes e varíola.

"A relação entre infecção e desordem de comportamento não é simples, mas existe. Primeiro, no caso do zika, há uma preferência do vírus por neurônios. Outro fator estudado é a influência da inflamação após a infecção no surgimento de condições como autismo e esquizofrenia" - Júlia Clarke.

Medicamento diminuiu convulsões

Além de identificar as consequências do vírus, cientistas também testaram que um medicamento já aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pode ajudar no tratamento dos efeitos do zika. "Observamos que a terapia diminuiu muito as convulsões das cobaias na fase mais aguda", explica Júlia Clarke.

Cientistas utilizaram o infliximabe, uma droga já usada para o tratamento da artride reumatoide (condição que provoca dores nas articulações e deformidades) e outras condições. O medicamento age inibindo a ação da TNF alfa, uma proteína que fica aumentada após a infecção por zika.

O próximo passo da pesquisa é verificar se o tratamento poderá ser usado na fase adulta, como uma tentativa de diminuir os efeitos da inflamação no cérebro. Primeiro, os novos testes serão feitos em cobaias. Não há previsão para testes em humanos por enquanto.

Por Monique Oliveira,
Fonte: G1.com


Problemas na placenta podem aumentar o risco de esquizofrenia.

Uma nova origem para a esquizofrenia pode ter surgido: a placenta. Uma placenta disfuncional no útero pode afetar o desenvolvimento do cérebro do feto, tornando a doença mais provável - particularmente se a mãe tiver complicações durante a gravidez ou o parto.

A esquizofrenia envolve alucinações e delírios e geralmente começa quando as pessoas são adolescentes ou na faixa dos vinte anos. A causa é desconhecida e fatores ambientais - como problemas durante a gravidez e o trauma na infância - parecem desempenhar um papel.

No entanto, a genética também parece influenciar a esquizofrenia, e várias centenas de genes foram implicados na doença. Em 2014, um estudo de referência identificou 108 regiões em nosso DNA que podem aumentar ligeiramente a probabilidade de uma pessoa desenvolver a doença. Como é de se esperar, muitas dessas regiões contêm genes ativos no cérebro, mas outras não.

Daniel Weinberger, do Instituto Lieber de Desenvolvimento do Cérebro, em Maryland, e sua equipe se perguntaram se a genética poderia explicar por que apenas algumas pessoas cujas mães têm complicações durante a gravidez desenvolvem a esquizofrenia. Para investigar, eles concentraram-se em um grupo de complicações que foram ligadas à doença, incluindo infecções durante a gravidez, pré-eclâmpsia, restrição do crescimento fetal e vários problemas específicos durante o parto. Juntos, esses fatores afetam até um quinto das gestações, mas apenas 1% das pessoas tem esquizofrenia.

Link perdido

A equipe analisou dados de quase 2900 pessoas, algumas das quais tinham esquizofrenia, e algumas delas eram semelhantes a essas pessoas de outras maneiras, mas não tinham o distúrbio. A análise revelou que as 108 regiões genéticas pareciam estar associadas a esquizofrenia, se as pessoas tivessem tido complicações no útero ou no parto.

Quando a equipe analisou essas regiões, descobriu que cerca de metade delas parece estar envolvida na função da placenta e contém genes particularmente ativos durante a pré-eclâmpsia e a restrição do crescimento fetal. "A placenta é o elo perdido entre o risco materno e o desenvolvimento do cérebro fetal", diz Weinberger. "Ele tem se escondido à vista de todos por um longo tempo."

As descobertas são "inesperadas, mas muito plausíveis", diz Elizabeth Tunbridge, da Universidade de Oxford. "Se você tem uma placenta menos eficiente, pode não estar consumindo os nutrientes ou o oxigênio de que precisa."

Mini placentas

Essa restrição de nutrientes e oxigênio pode afetar o desenvolvimento do cérebro de uma forma que predispõe a pessoa à esquizofrenia mais tarde na vida - particularmente se as complicações durante a gravidez ou o parto exacerbam o problema.

A equipe de Weinberger agora está investigando o que os genes específicos fazem, cultivando placentas em miniatura no laboratório. Estas têm apenas algumas centenas de micrômetros de diâmetro e são geradas a partir de células da pele doadas por pessoas com esquizofrenia.

Eles esperam que, se descobrirem como as placentas ligadas à esquizofrenia se comportam de maneira diferente de outras placentas durante as complicações, isso poderia levar a tratamentos para mitigar quaisquer efeitos que isso possa ter no cérebro do feto. "Talvez haja uma maneira de melhorar a saúde placentária durante os períodos de complicações", diz Weinberger.

Referência de revista: Nature Medicine, DOI: 10.1038 / s41591-018-0021-y

Fonte: Newcientist.com


Semana da Consciência sobre a Esquizofrenia: eventos pelo Brasil.

No dia 24 de maio vários países comemoram o Dia da Consciência sobre a Esquizofrenia, um dia dedicado a levar informações de qualidade sobre a doença para a sociedade, com o objetivo de elevar a compreensão e combater o estigma, muitas vezes alimentado por falsas crenças acerca da doença.

Pela primeira vez no Brasil alguns centros dedicados ao tratamento e à pesquisa da Esquizofrenia irão organizar eventos abertos à comunidade para marcar esta semana. Vejam!

Navegação rápida ↓

São Paulo/SP - UNIFESP | São Paulo/SP - USP | Campinas/SP | Belo Horizonte/MG | Montes Claros/MG | São João Del Rei/MG | Porto Alegre/RS | Rio de Janeiro/RJ


21 a 26 de Maio - São Paulo/SP: Evento PROESQ/UNIFESP


PROESQ_2018


22 de Maio - São Paulo/SP: Evento PROJESQ/IPq-USP

Dia-da-Pessoa-com-Esquizofrenia-22-de-Maio-de-2018


24 de Maio - Campinas/SP

UNICAMP-1


24 de Maio - Belo Horizonte/MG

ufmgLOCAL: Faculdade de Medicina da UFMG
Avenida Professor Alfredo Balena, 190. Bairro: Santa Efigênia
Belo Horizonte – Minas Gerais
SALA: 224
HORÁRIO: 19H

19 – 19:15h: ABERTURA – Por que um dia para a pessoa com esquizofrenia?
Dr. Thiago Rodrigo – NAVeS/UFMG

19:15 – 19:30h: Primeiro episódio Psicótico: a importância de prevenir.
Dra. Kelly Pereira – NAVeS/UFMG

19:30 - 19:45h: Depoimento de uma mãe
Sra. Elisabeth Marcolino

19:45-20h: Depoimento de um paciente

20 - 20:20h: COFFEE BREAK

20:20 - 20:35h: Reabilitação em Esquizofrenia
Dr. Frederico Duarte Garcia – NAVeS/UFMG

20:35 – 21h: Inclusão Social e direitos do paciente com esquizofrenia
Dra. Mariana Batista – Advogada

21h: Como podemos fazer mais?
Thiago Rodrigo
Frederico Garcia
Kelly Pereira
Daniel Barra
Elisabeth Marcolino
Paciente


24 de Maio - Montes Claros/MG

Montes Claros 1


Montes Claros 2


24 de Maio - São João Del Rei/MG

SJD Rei


24 de Maio - Porto Alegre/RS

Porto AlegreLOCAL: Parque Farroupilha (Redenção), próximo ao Monumento do Expedicionário
De 10 às 17h

Danças circulares

Gincanas

Artesanatos

As entidades da AGAFAPE que prestam uma importante colaboração voluntária, auxiliam na concretização deste evento: SAGE, Faculdade de Psicologia do IPA, Coordenação de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do Município de Porto Alegre, ONG Parceiros Voluntários, Ritter Alimentos S.A., AVESOL, Mesa Sul.

Em caso de mau tempo as atividades serão realizadas nas dependências da AGAFAPE - Gal. Malcon, 6º andar.


27 de Maio - Rio de Janeiro/RJ

campanha LOCAL: Quinta da Boa Vista – São Cristovão, Rio de Janeiro
De 09 às 16h

Piquenique

Leitura de poesias

Roda de música instrumental e canto com participação de músicos dos grupos de apoio da cidade do Rio de Janeiro

Partilha entre os presentes (dinâmicas sobre estigma/preconceito): construção de um varal com textos/frases/fotos/desenhos feitos por pacientes e familiares que remetam à reflexão sobre o preconceito/estigma em geral, sobre a importância do respeito e compreensão em relação aos transtornos mentais e sobre formas de ajuda (grupos de apoio, tratamento, equipe multiprofissional)

Distribuição de panfletos com frases que chamem a atenção sobre o assunto e orientem onde procurar ajuda



24 de Maio: Dia Mundial da Consciência sobre a Esquizofrenia.

No dia 24 de Maio é comemorado em vários países o Dia da Consciência sobre a Esquizofrenia ("Schizophrenia Awareness Day"), dia dedicado a divulgar informações para combater o estigma e o preconceito que ainda cercam a doença.

No Rio de Janeiro haverá uma mobilização organizada por familiares e pacientes que integram os grupos de apoio comunitários da cidade (para conhecer a experiência de grupos de apoio no Rio de Janeiro, CLIQUE AQUI).

No domingo, dia 27/05, de 09 às 16h, na Quinta da Boa Vista, ocorrerão atividades de lazer e cultura, com informações e rodas de conversas sobre a esquizofrenia, com a participação das famílias e de profissionais da área de saúde.

Veja a programação:

  • Piquenique.
  • Leitura de poesias.
  • Roda de música instrumental e canto com participação de músicos dos grupos de apoio.
  • Partilha entre os presentes (dinâmicas sobre estigma/preconceito): construção de um varal com textos/frases/fotos/desenhos feitos por pacientes e familiares que remetam à reflexão sobre o preconceito/estigma em geral, sobre a importância do respeito e compreensão em relação aos transtornos mentais e sobre formas de ajuda (grupos de apoio, tratamento, equipe multiprofissional).
  • Distribuição de panfletos com frases que chamem a atenção sobre o assunto e orientem onde procurar ajuda.

Evento gratuito.

Local: Quinta da Boa Vista - São Cristovão, Rio de Janeiro. Domingo, 27 de Maio, de 09 às 16h.

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Remédios anticolinérgicos para depressão e Parkinson aumentam risco de demência.

O uso prolongado de determinados medicamentos utilizados no tratamento de depressão, Parkinson e incontinência urinária aumenta o risco de demência. De acordo com um estudo publicado recentemente no periódico científico BMJ, pessoas que tomaram esses remédios, prescritos especialmente para idosos, por mais de um ano apresentaram uma probabilidade 30% maior de desenvolver a doença.

Os anticolinérgicos, que atuam bloqueando os efeitos da acetilcolina, molécula neurotransmissora que afeta o humor, o movimento e a bexiga, já foram associados a outros problemas de saúde como quedas, confusão e problemas de memória. Mas esse estudo é o primeiro a relacionar o uso desses medicamentos ao aumento do risco de demência.

Demência e anticolinérgicos

A pesquisa analisou o risco de demência de início recente em cerca de 350.000 idosos no Reino Unido. Usando informações recolhidas no Banco de Dados de Pesquisa Clínica do Reino Unido, eles buscaram identificar 40.770 pacientes com idades entre 65 e 99 anos diagnosticados com demência entre abril de 2006 e julho de 2015. Para comprovarem a relação entre a demência e os anticolinérgicos, os pesquisadores compararam quantas doses diárias dessa medicação foram prescritas entre um intervalo de tempo de quatro a vinte anos anteriores ao estudo.

“No total, 27 milhões de prescrições foram analisadas durante esse período. Descobrimos que cerca de 9% dos pacientes com demência haviam tomado anticolinérgicos no passado, em comparação com cerca de 6% dos pacientes no grupo de controle, no qual havia 30.000 indivíduos”, disse George Savva, principal autor do estudo, durante coletiva de imprensa.

Esse resultado indica que pacientes com um novo diagnóstico de demência tiveram significativamente mais exposição a medicamentos anticolinérgicos durante o período de estudo do que aqueles sem a doença.

A probabilidade de um indivíduo aleatório desenvolver demência é de 10%. Entretanto, o uso de anticolinérgicos aumenta esse risco para 13%.

Fatores de risco

Os anticolinérgicos como amitriptilina (usado para tratar a depressão), oxibutinina (incontinência urinária) e prociclidina (doença de Parkinson), por exemplo, foram associados a um risco aumentado em cerca de 30% no desenvolvimento de demência. “Para os urológicos e antidepressivos, há uma associação bastante clara entre o uso a longo prazo e a incidência de demência. Para medicamentos antiparkinsonianos, o risco existe, mas há muito menos dessas prescrições no banco de dados, então há muito menos certeza”, afirmou Savva.

Apesar de o risco ser consideravelmente alto, os cientistas ainda não sabem determinar os motivos que levam ao aumento do risco de demência entre pessoas que tomam certos medicamentos anticolinérgicos.

Além disso, essa porcentagem é menor do que a associada a outros fatores de risco para a demência, como tabagismo, isolamento social e inatividade física. De acordo com um estudo realizado no ano passado, esses fatores relacionados ao estilo de vida mostraram um aumento de 40% a 60% na probabilidade de desenvolver demência.

Alzheimer e demência

Demência é uma determinação genérica que classifica todas as formas de doenças que causam declínio no funcionamento cerebral de um indivíduo. Já o Alzheimer é a forma mais comum da doença, representando 60% a 70% dos casos de demência, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a Mayo Clinic, uma instituição de pesquisas médica dos Estados Unidos, até o momento sabe-se que os níveis de acetilcolina são significativamente mais baixos em pessoas com Alzheimer. Portanto, algumas drogas anticolinérgicas podem bloquear a atividade normal da acetilcolina em regiões do cérebro associadas à memória e à cognição, resultando em sintomas do Alzheimer.

“Há também algumas evidências de que os anticolinérgicos podem afetar a neuroinflamação. Assim, uma rota presumida é que ela pode criar uma cascata inflamatória, que leva à deposição de tau e amiloide”, comentou Savva. Tau e amiloide são proteínas encontradas nos cérebros de muitos pacientes com demência, particularmente aqueles com Alzheimer.

Recomenda-se cautela

Segundo o Martin Rossor, professor de neurologia clínica da University College London, na Inglaterra, o estudo foi de natureza observacional, o que torna difícil tirar conclusões definitivas sobre a causalidade. “É importante ser cauteloso sobre as associações, pois elas não provam a causa. Por exemplo, a depressão é comum antes do início da demência e, portanto, aqueles indivíduos que recebem um antidepressivo com efeitos anticolinérgicos podem já ter uma doença como Alzheimer que levará à demência em dez anos”, alertou.

No entanto, esses mesmos resultados alertam os médicos sobre a necessidade de procurar alternativas viáveis para evitar prescrever anticolinérgicos sempre que possível. Os pesquisadores também alertam que os pacientes devem sempre consultar seus médicos antes de mudar qualquer regime de medicação.

Fonte: Veja.com


Celular na hora de dormir está ligado a depressão em adolescentes.

Muitos jovens têm o hábito de ficar no celular até altas horas da noite. Os motivos são vários, e a internet oferece diversas formas de entretenimento. Porém, este hábito pode não apenas desregular o relógio biológico de nosso corpo, como também prejudicar nossa saúde mental e sensação de bem estar. Um estudo de longa duração realizado pela Universidade de Murdoch, na Austrália, mostrou como o uso de celular a noite está relacionado a uma saúde mental fragilizada.

Segundo Lynette Vernon, que conduziu a pesquisa, o número de adolescentes que mandam mensagens pelo celular durante as horas destinadas ao sono vêm aumentando a cada ano. Para ela, este aumento está conectado com uma crescente falta de descanso presente entre os adolescentes, o que causa um decréscimo na sensação de bem estar.

Como o estudo foi feito

Durante um pouco mais de quatro anos, um grupo de 1.101 adolescentes com idades entre 13 e 16 anos, foram acompanhados durante o período escolar. Todos eles tinham hábitos noturnos com seus celulares, o que causava um sono de menor qualidade. Ao serem questionados sobre seus estados emocionais, relataram sensação de baixa autoestima, dificuldades de raciocínio e tendências depressivas. Estes sintomas influenciaram diretamente em seu rendimento escolar.

Um fato assustador, é que os próprios adolescentes afirmam que se sentem estressados, pois no momento em que a noite chega, eles são incapazes de se desconectarem de seus celulares.

Outros estudos apontam para o problema

Um estudo de menor escala, ocorrido em 2014, feito por Elizabeth Englander, professora de psicologia na Universidade estadual de Bridgewater, acompanhou 642 adolescentes e descobriu que 80% deles mantinham o hábito de mexer no celular a noite ao invés de dormir, perdendo até duas horas de sono diárias. 45% dos participantes disseram estar lutando contra a depressão.

O que fazer para evitar que isso ocorra

É necessário dialogar com os filhos e estabelecer limites, para que o uso excessivo do celular não acabe gerando maiores problemas em um futuro próximo. O rendimento das crianças e adolescentes em diversas áreas de suas vidas pode ficar comprometido caso este auxílio não ocorra. Veja algumas dicas concebidas pela psicóloga Marina Vasconcellos, para que você possa ajudar seus filhos a se desconectarem do celular a noite:

Desabilite as notificações

Para que você possa dormir sem distrações, é importante desativar quaisquer sons que seu celular possa produzir, para que não ocorra a tentação de ver o que acontece na tela, desviando sua concentração do sono.

Compre um despertador

Ao desligar o celular durante a noite, e optar por um despertador tradicional para acordar no dia seguinte, você elimina pouco a pouco a conexão entre o uso de celular e a hora de dormir.

Não tenha medo de desligar

Se for para relaxar, numa viagem ou num final de semana, não tenha receio de desligar o celular. A maior parte dos seus problemas pode esperar até a segunda-feira. A fácil conexão entre as pessoas pode ser benéfica em casos de emergências, mas também pode ser prejudicial no momento em que lhe deixa prisioneiro de sua rotina.

Procure um especialista

Caso não consiga bloquear o uso do celular na hora de dormir, e isto esteja lhe causando mal estar e estresse, é válido buscar ajuda de um especialista. Marina faz uma ressalva: "Procure um profissional que esteja familiarizado com esse tipo de problema, evitando conselhos que envolvam a proibição da internet no celular. As conexões são cada vez mais necessárias, portanto, o cuidado deve focar em preservar sua rotina além da dependência dos aparelhos", conclui.

Fonte: minhavida.com.br


‘Mapa genético’ da depressão abre caminho para novos tratamentos.

Equipe internacional de cientistas identifica 44 variantes genéticas relacionadas com a doença que afeta 300 milhões de pessoas no mundo.

Mesmo com vivências parecidas, duas pessoas podem ter respostas diferentes em relação à depressão. Para os cientistas, parte da resposta para essa questão está na genética. Por esse motivo, uma equipe internacional formada por mais de 200 pesquisadores conduziu um estudo sem precedentes para identificar genes relacionados ao distúrbio mental. Os resultados, publicados na revista “Nature Genetics” revelam 44 variantes genéticas, ou loci, com associação estatisticamente significativa com a doença.

— Nós mostramos que todos nós carregamos variantes genéticas para a depressão, mas aqueles com uma carga maior são mais suscetíveis — explicou a colíder do estudo Naomi Wray, pesquisadora na Universidade de Queensland, na Austrália. — Nós sabemos que muitas experiências de vida também contribuem para o risco de depressão, mas identificar os fatores genéticos abre novas portas para pesquisas dos fatores biológicos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, existem mais de 300 milhões de pessoas que sofrem de depressão, sendo a principal causa de problemas de saúde e incapacidade para o trabalho no mundo. Em casos extremos, a condição pode levar ao suicídio, que mata 800 mil pessoas todos os anos. Mesmo com esses números, o tratamento não é oferecido a todos. Em muitos países, menos de 10% dos pacientes são atendidos. Com a identificação das variantes genéticas para a doença, novos tratamentos podem ser desenvolvidos.

— Este estudo é um divisor de águas — afirmou Patrick Sullivan, professor da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA, que também esteve à frente das pesquisas. — Descobrir a base genética da depressão foi muito difícil. Um número imenso de pesquisadores em todo o mundo colaborou para fazer este artigo, e agora nós temos uma visão mais profunda sobre a base dessa doença terrível. Com mais trabalho, seremos capazes de desenvolver ferramentas importantes para o tratamento e até mesmo a prevenção deste mal.

GENES ASSOCIADOS COM A ESQUIZOFRENIA

Os cientistas revisaram estudos já realizados no campo, com a análise de dados de 135 mil pacientes com depressão e 344 mil controles. Das 44 variantes genéticas encontradas, 14 já haviam sido identificadas em artigos científicos, mas as outras 30 foram identificadas pela primeira vez. Além disso, foram identificados 153 genes significativos, e descoberto que a depressão compartilha seis variantes genéticas associadas com a esquizofrenia.

Os resultados também indicam que algumas variantes se relacionam com outras desordens mentais, como ansiedade e desordem bipolar. Mas a parte do DNA que predispõe para a obesidade também eleva o risco para depressão. Como esperado, muitos dos genes identificados agem sobre o crescimento e o funcionamento dos neurônios, sobretudo no córtex pré-frontal e no cingulado anterior. De acordo com Gerome Breen, algumas das variantes genéticas identificadas estão relacionadas a neurotransmissores como a serotonina, onde os atuais medicamentos atuam, mas outras apontam para novos mecanismos biológicos que podem ser alvo de novas drogas.

— A esperança é que nos novos dados nós identifiquemos novos processos que possam ser alvo de novos tipos de drogas, com mecanismos de ação diferentes das medicações existentes — afirmou Breen, ao “Guardian”, destacando que os tratamentos existentes são ineficazes para metade dos pacientes.

Um trabalho anterior com gêmeos sugere que a genética responde por cerca de 40% da depressão, com o resto sendo influenciado por outros fatores biológicos e experiências de vida. Se as pessoas forem ranqueadas de acordo com o número de fatores genéticos de risco que carregam, os primeiros 10% têm duas vezes e meia mais chances de desenvolver a depressão que os últimos 10%.

Segundo Cathryn Lewis, professora de estatística na universidade King’s College, em Londres, mesmo triplicando o número de variantes genéticas associadas à depressão, é possível que a ciência tenha descoberto apenas uma pequena fração dos loci envolvidos com a doença.

— Nós sabemos que milhares de genes estão relacionados com a depressão, com cada um contribuindo com um efeito muito modesto sobre o risco de uma pessoa — explicou Cathryn, ao “Guardian”. — Certamente não existe um gene único para a depressão.

Fonte: O Globo


Novos avanços para controlar alucinações auditivas na esquizofrenia.

Pacientes com alucinações auditivas verbais (AAV) que não responderam ao tratamento podem apresentar melhora com duas novas técnicas, mostram novas pesquisas.

Um estudo realizado pelo Dr. Alexandre Dumais, do Institute Philippe Pinel de Montreal (Canadá), incluiu mais de 50 pacientes com esquizofrenia com AAV refratárias ao tratamento. Os pacientes foram aleatoriamente designados para serem submetidos a uma terapia computadorizada na qual criaram um avatar de seus algozes antes de enfrentá-los, ou a terapia cognitivo-comportamental (TCC) padrão.

Os pacientes que realizaram a terapia com avatar não apenas tiveram melhorias significativas nas alucinações auditivas verbais, mas também nos níveis de sintomas de ansiedade e esquizofrenia, e na qualidade de vida. Ambos grupos de pacientes demonstraram uma melhoria nos escores de depressão.

Os pesquisadores observam que, embora o estudo envolva um pequeno número de pacientes, os resultados, no entanto, embasam a superioridade da terapia com avatar nas alucinações auditivas verbais.

"O presente estudo contribuirá para a validação de uma nova abordagem inovadora, respondendo a uma necessidade clínica fundamental", escrevem eles.

Em um segundo estudo, o Dr. Jean-Pierre Lindenmayer, professor clínico do Departamento de Psiquiatria da NYU Langone Health, Nova York (EUA), designou aleatoriamente quase 30 pacientes para receber estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) ativa ou simulada, uma técnica de neuroestimulação não invasiva.

Com o tratamento ativo, os pacientes apresentaram melhoras significativas nos escores em uma medida que avalia alucinações auditivas. As melhoras incluíram reduções no número e na frequência das vozes ouvidas, bem como um aumento da memória de trabalho.

Os pesquisadores observam que seus resultados "indicam que pacientes antes ultrarresistentes a tratamentos antipsicóticos, e que receberam tratamento prolongado com ETCC, apresentaram diminuição significativa das alucinações auditivas e da psicopatologia como um todo".

Os dois estudos foram apresentados no Encontro Bienal da Schizophrenia International Research Society (SIRS) 2018.

Terapia com avatar

Até 70% dos pacientes com esquizofrenia apresentam alucinações auditivas verbais. Embora a terapia farmacológica reduza tais alucinações na maioria dos pacientes, aproximadamente um terço deles segue ouvindo vozes, o que pode ser extremamente angustiante.

A terapia cognitivo-comportamental obteve sucesso moderado na redução das alucinações auditivas verbais. Técnicas baseadas em computador têm se mostrado promissoras para pacientes com esquizofrenia, permitindo-lhes entrar em diálogo com as próprias "vozes".

Depois de realizar um estudo-piloto bem-sucedido de uma terapia com avatar em 15 pacientes com AAV refratária, Dr. Dumais e colaboradores iniciaram um estudo randomizado maior de pacientes adultos com esquizofrenia resistente ao tratamento ou transtorno esquizoafetivo que estavam ouvindo vozes persecutórias. Os pacientes não responderam a ≥ 2 ensaios com medicamentos antipsicóticos.

Os pacientes foram aleatoriamente designados com cegamento simples para receber terapia com avatar ou TCC.

A terapia com avatar consistiu em nove sessões semanais. Na primeira sessão os pacientes criaram um avatar. Nas oito sessões terapêuticas seguintes, os pacientes foram confrontados com uma reprodução da própria experiência alucinatória, e foram encorajados a entrar em diálogo com seu algoz virtual.

A TCC envolveu nove sessões semanais, consistindo em módulos de aprendizagem e designação de tarefas que eram focadas na normalização das alucinações e nos mecanismos de enfrentamento.

No início e no pós-tratamento, os pacientes foram submetidos à avaliação das alucinações auditivas verbais com a Escala de Graduação de Sintomas Psicóticos (EGSP; Psychotic Symptoms Rating Scale). Os desfechos secundários incluíram mudanças nos escores de ansiedade, sintomas, depressão e escalas de qualidade de vida.

O Dr. Dumais apresentou resultados preliminares para 52 pacientes, dos quais 30 receberam terapia com avatar e 22 TCC. Oitenta e três por cento dos pacientes tinham diagnóstico de esquizofrenia. O restante tinha transtorno esquizoafetivo.

A maioria (67%) dos participantes era do sexo masculino, e a média de idade foi de 41 anos. Os pacientes eram tipicamente brancos (85%), solteiros (75%), e desempregados (77%).

Melhora significativa

Os pacientes submetidos à terapia com avatar apresentaram melhora significativa nos escores das subescalas total (P = 0,001), angústia (P < 0,001) e frequência (P < 0,029) da EGSP.

Além disso, os pacientes que receberam terapia com avatar tiveram melhorias significativas nas pontuações de estado (P = 0,046) e de traço (P < 0,001) na Avaliação do Estado e Traço de Ansiedade, bem como melhorias nas pontuações total (P = 0,002), positiva (P = 0,001) e geral (P = 0,003) na Escala de Síndromes Positiva e Negativa.

Os pacientes que receberam terapia com avatar também mostraram melhora significativa nos escores de qualidade de vida total (P = 0,002) no Questionário de Satisfação e Qualidade de Vida.

Pacientes nos grupos de terapia com avatar e TCC mostraram melhoras significativas nos escores total e cognitivo na Escala de Depressão de Beck.

O Dr. Dumais disse ao Medscape que as melhoras observadas com a terapia com avatar em comparação com a TCC podem ser devidas ao fato de que o avatar se aproxima mais de uma "experiência real".

Ele observou que, com a TCC, o paciente precisa descobrir estratégias de enfrentamento avançadas e executá-las. Por outro lado, a terapia com avatar é interativa, de forma que os pacientes experimentam imediatamente a voz em tempo real, disse o Dr. Dumais.

Ele explicou que a técnica é, em essência, um desenvolvimento da técnica da "cadeira vazia", na qual o paciente é encorajado a imaginar que seu algoz está sentado em uma cadeira vazia na frente dele.

O Dr. Dumais observou que a terapia com avatar é particularmente popular entre os pacientes mais jovens.

"Muitos deles realmente não queriam fazer nenhuma psicoterapia porque a acham chata, porque estão vendo um terapeuta, mas isso é uma coisa de alta tecnologia, então eles querem vir; eles acham divertido", disse ele.

Estimulação cerebral

No segundo estudo, Dr. Lindemayer e colaboradores inscreveram 28 pacientes internados com esquizofrenia que tinham alucinações auditivas verbais refratárias que persistiram por mais de cinco anos. Os pacientes foram aleatoriamente designados para receber ETCC ativa ou simulada.

O tratamento com ETCC foi administrado em sessões de 20 minutos duas vezes ao dia por cinco dias consecutivos usando o estimulador de dois canais CHA-1335 (Chattanooga). A duração do tratamento foi de quatro semanas e os pacientes completaram uma bateria de avaliações no início e após o tratamento.

Os dois grupos de tratamento foram comparáveis em termos de características iniciais. Vinte e um pacientes completaram o estudo; três pacientes abandonaram o grupo de tratamento ativo com ETCC e quatro do grupo controle abandonaram o estudo após receberem alta hospitalar.

O tempo de internação psiquiátrica variou de um a 25 meses (média de 2,9 meses), e os pacientes estavam recebendo vários medicamentos antipsicóticos.

Os que receberam ETCC ativa apresentaram reduções significativas nas pontuações totais na Escala de Graduação de Alucinações Auditivas (Auditory Hallucinations Rating Scale) em comparação com os pacientes que receberam tratamento simulado (P = 0,025), bem como reduções significativas nas pontuações nas subescalas de frequência de alucinação auditiva (P = 0,044) e duração da alucinação (P = 0,033).

A ETCC ativa foi associada a melhoras significativas na memória de trabalho em comparação com o tratamento simulado (P = 0,046). Nenhuma outra alteração significativa foi observada.

A equipe concluiu que "a ETCC pode ser eficaz não apenas para pacientes ambulatoriais com maior funcionalidade, mas também pode ser adaptada e usada para pacientes com esquizofrenia crônica e muito menos funcionais, e que tenham alucinações auditivas verbais refratárias a medicamentos".

Não foi declarado financiamento para os estudos. Os pesquisadores não declararam conflitos de interesses relevantes.

Encontro Bienal da Schizophrenia International Research Society (SIRS) 2018. Pôster S58, apresentado em 7 de abril de 2018; e pôster T43, apresentado em 5 de abril de 2018.

Fonte: Medscape.com


Dia Mundial do Transtorno Bipolar.

O transtorno bipolar é caracterizado por alterações marcantes do humor, energia e níveis de atividade que afetam a habilidade da pessoa de lidar com as tarefas do dia a dia. Todo mundo pode sentir mudanças de humor, mas elas não são duradouras e nem associadas a mudanças do nível de energia ou do comportamento. E para ampliar o debate sobre o tema e eliminar o estigma social, 30 de março é comemorado o Dia Mundial do Transtorno Bipolar. A data é celebrada no dia do aniversário do pintor Vincent Van Gogh, que foi diagnosticado, postumamente, como provável portador do transtorno.

Como parte do aprimoramento da Política Nacional de Saúde Mental, o Ministério da Saúde lançou, em dezembro de 2017, a possibilidade de os municípios implantarem equipes multiprofissionais de saúde mental (AMENT) justamente para atender a demanda como a de pacientes bipolares, que necessitem de consultas, psicoterapia e suporte em assistência social.

Para esclarecer mais sobre o assunto, confira a entrevista sobre o transtorno bipolar com a psiquiatra Doris Moreno, do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

O que é o transtorno bipolar?

Doris Moreno: O transtorno bipolar (TB) é uma doença do cérebro, geneticamente determinada, que se inicia na infância/adolêscencia ou no adulto jovem e evolui em crises de depressão, ansiedade/mistas e de hipo/mania (expansividade/irritabilidade e aumento de energia) ao longo da vida.

Como posso identificar o transtorno bipolar?

DM: O transtorno bipolar é identificado pelas fases de hipomania e de mania. A mania é caracterizada por irritabilidade/agressividade/pavio-curto, expansividade do humor e aumento da energia. Estes pacientes chamam a atenção porque interagem muito mais e com impaciência e pressa. Existe uma sensação de aceleração de pensamentos e a pessoa pode ficar mais falante (pessoalmente, ao celular, no Facebook, etc), dificuldade de concentração, e os pensamentos são enviesados para o positivo. Por exemplo, grandiosidade, megalomania, achar-se sempre na razão, melhor que os outros, ficar mais irônico, arrogante ou cínico. Como consequência a pessoa pode ter planos insensatos e grandiosos, muitas ideias e dar o passo maior que a perna nos negócios, nos esportes, no trabalho, na direção veicular arriscada, etc.Os impulsos podem aumentar: mais uso de álcool/drogas, mais gastos/presentes e dívidas, maior libido - aumento da atividade sexual, das paixões, mais sedutor, consumo de pornografia, etc, mais piercings/tatuagens e visual mais chamativo ou bizarro. Bastam 7 dias neste estado para se fazer o diagnóstico. A mania caracteriza como transtorno bipolar de tipo I, a forma clássica da doença. Uma característica grave é a perda da auto-crítica e assim o paciente pode arruinar finanças, reputação, saúde, relacionamentos interpessoais, etc.

A hipomania é a mania leve, muito comum e pouco diagnosticada, que pode durar poucos dias, com os mesmos sintomas, mas sem a mesma gravidade. Ela traz consequências nos relacionamentos por causa da irritabilidade e impaciência com os outros, principalmente os mais próximos. O paciente se sente melhor que o habitual, ou os outros percebem que ela mudou. Em geral o paciente fica obstinado por alguma coisa: ele faz, pensa ou quer exageradamente ou obstinadamente alguma coisa e o foco da vida fica centrado nisso - em alguma pessoa, projeto, compra, viagem, programa, etc. Pode até varar noites na atividade. No transtorno bipolar de tipo II o paciente nunca teve mania, somente crises de hipomania de pelo menos 4 dias de duração durante a vida.

Em ambos os casos (mania e hipomania), há episódios de depressão, mas isso também acontece nas pessoas que não são bipolares. Existe a depressão unipolar e a bipolar, que faz parte das crises do transtorno bipolar. Na depressão aparecem humor deprimido ou perda de interesse, perda da capacidade de sentir prazer nas coisas da vida, dificuldade de raciocínio, cansaço, apatia, falta de energia/ânimo, negativismo e pessimismo, entre outros pensamentos negativos, inclusive de desesperança e morte em casos mais graves.

A insonia é frequente na depressão e na mania a necessidade de dormir diminui. O TB é a doença de maior risco de suicídio e está associada a taxas maiores de doenças cardio-vasculares e enxaquecas.

Qual a importância do apoio familiar no transtorno bipolar?

A família é quem costuma alertar o paciente de que não está bem e precisa buscar auxílio, principalmente se a depressão for grave. Na mania às vezes o paciente não aceita que precisa de tratamento e também é a família que precisa intervir.
É a família que auxilia na correta tomada da medicação, apoia o paciente durante as crises e leva ao médico. Quando melhora, continua ajudando no cuidado do dia a dia. Por outro lado a família e o paciente necessitam de apoio e psicoeducação para entender o transtorno bipolar e conseguir atenuar as novas crises, inclusive preveni-las cada vez melhor.

Qual o tratamento disponível no SUS e como conseguir os medicamentos?

O tratamento é com medicamentos estabilizadores do humor, que se obtém nos postos de saúde - lítio, ácido valproico e carbamazepina, e outros utilizados em casos de não resposta, que fazem parte da lista de alto custo do SUS: olanzapina, quetiapina, risperidona, lamotrigina.

O que fazer em caso de uma crise? Como agir para ajudar outra pessoa em caso de crise?

É preciso levar ao médico para tratamento medicamentoso. Em casos de depressão grave com risco de vida, deve-se levar ao pronto socorro. Na mania e na hipomania é preciso convencer o paciente a tomar remédios. Se ele se recusar e correr riscos pessoais, ele precisa da proteção de uma internação, como se indica em quaisquer quadros médicos graves. Infelizmente com frequência não há acesso a tratamento adequado, por falta de vagas e de acesso a médicos e medicamentos.

Fonte: Blog da Saúde/ Ministério da Saúde


Depressão pós-parto também pode afetar os pais.

Um relatório no Journal of the American Medical Association alerta que 10% dos homens de todo mundo apresentam sinais de depressão, muitas vezes referido como depressão pós-parto (PPPD), desde o primeiro trimestre da gravidez de sua esposa até seis meses após a criança ter nascido. O impressionante é que esse é mais do dobro da taxa de depressão comuns nos homens, de acordo com James F. Paulson, autor principal da pesquisa.

Quando os homens começam a se sentir ansiosos, vazios ou fora de controle, eles não entendem e não pedem ajuda, então sofrem de uma depressão silenciosa. Já as mulheres tendem a compartilhar histórias e estratégias durante a gravidez e a vida como mãe. Os especialistas acreditam que a depressão pós-parto nos homens pode ser mais prevalente agora porque esta geração de pais está sentindo os mesmos estresses psicológicos, sociais e econômicos que algumas mães experimentaram há muito tempo.

A depressão nos homens geralmente se manifesta de forma diferente da das mulheres. Os homens podem sentir-se inúteis, perder o interesse pelo sexo ou atividades que costumavam trazer alegria, se envolver em comportamentos tão arriscados como abuso de álcool ou drogas, jogos de azar ou assuntos extraconjugais e passar mais tempo que o normal no trabalho.

Coloque na cabeça que esse é um problema familiar, que vocês devem enfrentar juntos. Vá atrás de uma ajuda profissional e procure grupos de suporte e sites que forneçam fatos sobre PPPD e atuam como um fórum online onde os homens podem compartilhar seus sentimentos.

Fonte: Pais e Filhos